A manifestação de estudantes das escolas públicas de Montes Claros, que aconteceu ontem de manhã na Prefeitura de Montes Claros e foi organizada pelo vereador Lipa Xavier (PCdoB), tem um motivo justo: a adoção do passe escolar. O que não pode acontecer é protestos como esse descambar para a violência. A mobilização provocou um confronto desnecessário entre estudantes e policiais militares. A ordem na Polícia Militar (PM) é, caso haja depredação de patrimônio público, como ocorreu, dispersar os manifestantes com meios nada humanos. Pensamos que é inadequado destruir nosso patrimônio municipal. Ele já se encontra numa situação de tamanho sucateamento que não convém aprofundar mais esse problema.
Vale a pena seguir o relato e a sugestão implícita de Chico Alencar, historiador e deputado federal pelo Psol, em entrevista à revista "Caros Amigos", edição de abril de 2008. "Eu vejo no Congresso Nacional, como via na Assembléia Legislativa, como via na Câmara de Vereadores, ou seja, a história vem de longe. Quando temos qualquer votação importante e as galerias começam a se encher, o incômodo dos representantes do povo é enorme. "Que pessoal é esse? Quem está trazendo? 'Presidente, limita: ó, já lotou o espaço'." Deve ser o contrário do craque de futebol, o craque que vibra com o estádio cheio. Como nós somos, na maioria, uns pernas-de-pau, ficamos com medo. Então o desencanto com a política interessa muito aos que estão cada vez mais voltados para o mundo particular deles mesmos".
Sugerimos então a qualquer manifestante que não esteja satisfeito com a situação de seu bairro, comunidade, cidade, estado, país e mundo que proteste, acampe nos pátios públicos e nas praças públicas, faça apitaço, panelaço, siga o exemplo dos nossos irmãos argentinos, participe presencialmente das reuniões nas câmaras municipais, mas tudo pacificamente. Só de as pessoas observarem e sentirem você e mais gente se organizando em algum lugar, já será incômodo para nossas autoridades públicas. E que o episódio de ontem na Prefeitura não seja utilizado para outros fins politiqueiros. Como escreve Frei Betto em seu livro "Calendário do Poder", Política é uma coisa muito séria para estar nas mãos de profissionais e de marqueteiros.
sexta-feira, 25 de abril de 2008
quinta-feira, 24 de abril de 2008
O Jaíba e a Jaíba
No dia 12 de abril de 2008, no Centro Marista de Pastoral (CMP), Colégio São José, em Montes Claros, aconteceu o 1º Encontro das Assembléias Populares (APs) no Norte de Minas. As APs nascem para ser um trabalho de base popular contínuo e permanente para identificar os problemas sociais, políticos e econômicos e apontar soluções para os mesmos.
Na AP do dia 12 de abril, uma das críticas se direcionou para o Projeto Jaíba que, com a justificativa de melhorar a vida da população local, apenas trata de beneficiar os grandes projetos de irrigação das fazendas dos japoneses, dos paulistas, etc. A produção é praticamente voltada para exportação e não para a subsistência dos habitantes da cidade.
Na AP do dia 12 de abril, uma das críticas se direcionou para o Projeto Jaíba que, com a justificativa de melhorar a vida da população local, apenas trata de beneficiar os grandes projetos de irrigação das fazendas dos japoneses, dos paulistas, etc. A produção é praticamente voltada para exportação e não para a subsistência dos habitantes da cidade.
terça-feira, 22 de abril de 2008
É importante registrar estes dados
A edição das 19h do programa radiofônico "A Voz do Brasil" desta terça-feira, 22 de abril de 2008, dentre as várias notícias políticas divulgadas, informou que o Brasil já teve cerca de cinco milhões de índios. Hoje restam aproximadamente no país 400 mil indígenas - praticamente uma Montes Claros. Hoje celebram-se 508 anos que os portugueses chegaram a esta nação e a desbravaram com unhas e dentes - literalmente -, e os índios não nos deixam mentir.
Estes nossos nativos foram os primeiros povos a sentir na pele a dureza de uma colonização exploratória - os portugueses faziam os outros trabalharem, contabilizavam a riqueza produzida e voltavam para a terrinha. Nada contra Portugal. O que causa estranhamento e revolta é que há até hoje tanta gente se aproveitando dos índios e da sua cultura. A área indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima, que o diga. Que o Governo Federal cumpra o prometido e retire pacificamente os não-índios dessa terra.
Estes nossos nativos foram os primeiros povos a sentir na pele a dureza de uma colonização exploratória - os portugueses faziam os outros trabalharem, contabilizavam a riqueza produzida e voltavam para a terrinha. Nada contra Portugal. O que causa estranhamento e revolta é que há até hoje tanta gente se aproveitando dos índios e da sua cultura. A área indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima, que o diga. Que o Governo Federal cumpra o prometido e retire pacificamente os não-índios dessa terra.
sexta-feira, 18 de abril de 2008
"O Sonho de Rose" e de todos, e os 20 anos da Constituição que tem muito pouco de cidadã
Do Grupo de Comunicação Bandeirantes, o "Jornal da Band" vai ao ar de segunda a sábado, às 19h e 20min. A edição desta sexta-feira, 18 de abril de 2008, terminou com um editorial lido pelo jornalista Ricardo Boechat que praticamente tenta criminalizar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) por causa das recentes ocupações de propriedades ociosas (improdutivas) feitas pelo organismo social no Brasil inteiro.
Convém lembrar que o Grupo Bandeirantes possui um canal a cabo de televisão chamado "Terra Viva" - “o canal de quem planta e cria” -, e que divulga as “boas” ações do agronegócio brasileiro. Nada contra o agronegócio. Há bons e maus trabalhos nesta tentativa de mercantilizar a agricultura e a agropecuária, assim como o MST não é a erva daninha responsável por esta profunda e violenta crise institucional pela qual passa a sociedade brasileira.
O MST é um movimento social que representa os mais marginalizados deste país, apesar da mídia grande transmitir um pensamento estereotipado da organização. O movimento deseja conscientizar da função social que a questão da terra possui e fazer reforma agrária séria no país não é só questão urgente e necessária, mas questão de soberania nacional. Há um filme muito interessante sobre o MST. Intitulado “O Sonho de Rose", o documentário foi produzido pela jornalista e diretora Tetê Moraes em 1985 e trata muito bem o tema da propriedade rural no Brasil.
A cineasta contextualiza corretamente o momento histórico brasileiro. Saíamos da Ditadura Militar. Era o ano da transição democrática com a eleição de Tancredo Neves. A Constituição Federal era promulgada três anos depois. Mas, no próprio filme “O Sonho de Rose”, uma sem-terra critica a elaboração da carta magna brasileira, que em 05 de outubro deste ano completará 20 anos. A sem-terra comenta que a Constituição já viria pronta e acabada para a sociedade brasileira, sem a possibilidade de discuti-la com os trabalhadores e trabalhadoras.
Ou seja, caminha-se no Brasil para o fim das mobilizações sociais e dos grandes debates públicos. Torcemos e apoiemos para que este caminho seja sempre atrapalhado por militantes do MST com suas ocupações legítimas e por estudantes universitários com suas lutas contra aproveitadores do dinheiro público.
Abaixo, algumas sugestões de links para você aprofundar mais sobre o assunto e contrastar com as informações que você recebe diariamente da mídia grande.
> http://www.klepsidra.net/klepsidra17/rose.htm
> http://www.terra.com.br/cinema/noticias/2001/05/03/011.htm
> http://www.terra.com.br/cinema/noticias/2000/10/18/027.htm
> http://br.cinema.yahoo.com/dvd/filme/9705/terrapararose
> http://www.ac.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1994&Itemid=116
> http://www.tvterraviva.com.br/
> http://www.cptnac.com.br/?system=news&action=read&id=1502&eid=170
> http://band.com.br/home.asp
Convém lembrar que o Grupo Bandeirantes possui um canal a cabo de televisão chamado "Terra Viva" - “o canal de quem planta e cria” -, e que divulga as “boas” ações do agronegócio brasileiro. Nada contra o agronegócio. Há bons e maus trabalhos nesta tentativa de mercantilizar a agricultura e a agropecuária, assim como o MST não é a erva daninha responsável por esta profunda e violenta crise institucional pela qual passa a sociedade brasileira.
O MST é um movimento social que representa os mais marginalizados deste país, apesar da mídia grande transmitir um pensamento estereotipado da organização. O movimento deseja conscientizar da função social que a questão da terra possui e fazer reforma agrária séria no país não é só questão urgente e necessária, mas questão de soberania nacional. Há um filme muito interessante sobre o MST. Intitulado “O Sonho de Rose", o documentário foi produzido pela jornalista e diretora Tetê Moraes em 1985 e trata muito bem o tema da propriedade rural no Brasil.
A cineasta contextualiza corretamente o momento histórico brasileiro. Saíamos da Ditadura Militar. Era o ano da transição democrática com a eleição de Tancredo Neves. A Constituição Federal era promulgada três anos depois. Mas, no próprio filme “O Sonho de Rose”, uma sem-terra critica a elaboração da carta magna brasileira, que em 05 de outubro deste ano completará 20 anos. A sem-terra comenta que a Constituição já viria pronta e acabada para a sociedade brasileira, sem a possibilidade de discuti-la com os trabalhadores e trabalhadoras.
Ou seja, caminha-se no Brasil para o fim das mobilizações sociais e dos grandes debates públicos. Torcemos e apoiemos para que este caminho seja sempre atrapalhado por militantes do MST com suas ocupações legítimas e por estudantes universitários com suas lutas contra aproveitadores do dinheiro público.
Abaixo, algumas sugestões de links para você aprofundar mais sobre o assunto e contrastar com as informações que você recebe diariamente da mídia grande.
> http://www.klepsidra.net/klepsidra17/rose.htm
> http://www.terra.com.br/cinema/noticias/2001/05/03/011.htm
> http://www.terra.com.br/cinema/noticias/2000/10/18/027.htm
> http://br.cinema.yahoo.com/dvd/filme/9705/terrapararose
> http://www.ac.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1994&Itemid=116
> http://www.tvterraviva.com.br/
> http://www.cptnac.com.br/?system=news&action=read&id=1502&eid=170
> http://band.com.br/home.asp
sábado, 12 de abril de 2008
Modesta Proposta Número Dois
Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. O ditado popular é válido, principalmente no trânsito. No final de quinta-feira, 10 de abril de 2008, por volta das 23h e 30min, dois acidentes movimentaram a noite do centro comercial montes-clarense. Um acidente ocorreu na esquina das ruas Dom Pedro II e Camilo Prates, que tem sinalização mais que adequada. O outro ocorreu no cruzamento das ruas Dom Pedro II e Doutor Veloso, também com sinalização adequada.
Ambos os acidentes envolveram motos e carros, e a imprudência foi a causa desses problemas urbanos. Não adianta inventar moda e colocar sinais de trânsito em demasia nos centros comerciais das cidades se a educação dos motoristas não é das melhores. Por isso que, quando o mundo contemporâneo age cada dia mais em velocidade selvagem, a prudência e a paciência são virtudes a serem cultivadas.
Ambos os acidentes envolveram motos e carros, e a imprudência foi a causa desses problemas urbanos. Não adianta inventar moda e colocar sinais de trânsito em demasia nos centros comerciais das cidades se a educação dos motoristas não é das melhores. Por isso que, quando o mundo contemporâneo age cada dia mais em velocidade selvagem, a prudência e a paciência são virtudes a serem cultivadas.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Estudantes da Universidade de Brasília renovam nossas esperanças
De DarcyRibeiro@org para Mulholland@com
Elio Gaspari
PREZADO REITOR Timothy Mulholland,
Essa universidade aí de Brasília quem fez fui eu, Darcy Ribeiro. É minha filha. Saia de sua reitoria. Vá-se embora. Quando correu por aqui a história da sua lixeira de R$ 990 eu achei que era mais uma cavilação da direita. Talvez você não lembre, pois em 1964 tinha apenas 14 anos, mas essa ferrugem moralista acusou o Anísio Teixeira de ter praticado irregularidades aí na reitoria. E eu? Teria fugido para o Uruguai numa avioneta, com US$ 10 milhões.
Gastaram R$ 350 mil na decoração do seu apartamento funcional e depois veio o saca-rolhas de R$ 859. Eu já tinha ouvido coisa assim. O Gilberto Freyre disse que o presidente de Stanford usou dinheiro público (US$ 180 mil) na manutenção do seu iate e perdeu o emprego.
Matutei um dia inteiro, querendo lembrar o antecedente brasileiro. Vi o Samuel Wainer com o Porfirio Rubirosa e caiu a ficha. Iluminou-se o bidê que o professor Eremildo Viana mandou instalar em seu gabinete da rádio Ministério da Educação. O Stanislaw Ponte Preta transformou a vida daquele dedo-duro num inferno.
Como você deve saber, adoro falar bem de Darcy Ribeiro. Veja o que escrevi nos anos 50 a respeito de uma "característica distintiva" da universidade brasileira: "seu pendor ao esbanjamento de recursos públicos escassos tanto negativamente, pela subutilização das disponibilidades materiais e humanas, como positivamente, pelo faraonismo das edificações".
Professor, a inhaca do bidê do Eremildo grudou nas suas costas. Esperei dois meses para lhe mandar esta mensagem. Resolvi expedi-la quando a garotada invadiu sua reitoria. Em 1963, eu estava na chefia da Casa Civil e a estudantada saiu por Brasília ocupando prédios. Mandei que lhes dessem uma coça e aquietaram-se. Mesmo assim, confesso que tenho um fraco por reitorias invadidas.
A garotada quer que você vá embora. Vá. Você deveria ter se licenciado logo depois das denúncias, à espera das conclusões dos inquéritos. Sei lá por que, preferiu ficar no cargo e abandonar o apartamento, num gesto de exclusiva soberba, pois o dinheiro público já havia sido queimado com besteiras. Se quiser, finja licenciar-se, mas renuncie daqui a um mês.
Eu estive na sua sala. As coisas estão em ordem. Dancei forró segurando as cadeiras de uma menina que estuda biologia. Ela tinha um "Fora" escrito na testa e as bochechas pintadas como os índios com quem passei tantos e tão gratos tempos.
Qual a graça de ter 20 anos, querer um país sem roubalheiras, ou uma terra sem males, e deixar passar o enterro de um reitor que gasta R$ 350 mil montando uma casa onde a lixeira sai por R$ 990? Lembra-se da garotada de 1967, aquela que enxotou o embaixador americano John Tuthill? Pois lá estava um garoto, apanhando. Era o Collor. (Apanhou pouco, porque não aprendeu nada.)
Percorra os salões de Brasília. Cada geração de poderosos guarda consigo as doces lembranças das manifestações de 1968 e de 1977. Chamavam-nas de badernas. Que assim seja. Bem-aventurado seja aquele que carrega com orgulho as lembranças de badernas passadas. A garotada de hoje, como a de sempre, tem razão: "polícia para quem precisa".
Sem mais,
Darcy Ribeiro
Fonte: http://www.folha.com.br
Elio Gaspari
PREZADO REITOR Timothy Mulholland,
Essa universidade aí de Brasília quem fez fui eu, Darcy Ribeiro. É minha filha. Saia de sua reitoria. Vá-se embora. Quando correu por aqui a história da sua lixeira de R$ 990 eu achei que era mais uma cavilação da direita. Talvez você não lembre, pois em 1964 tinha apenas 14 anos, mas essa ferrugem moralista acusou o Anísio Teixeira de ter praticado irregularidades aí na reitoria. E eu? Teria fugido para o Uruguai numa avioneta, com US$ 10 milhões.
Gastaram R$ 350 mil na decoração do seu apartamento funcional e depois veio o saca-rolhas de R$ 859. Eu já tinha ouvido coisa assim. O Gilberto Freyre disse que o presidente de Stanford usou dinheiro público (US$ 180 mil) na manutenção do seu iate e perdeu o emprego.
Matutei um dia inteiro, querendo lembrar o antecedente brasileiro. Vi o Samuel Wainer com o Porfirio Rubirosa e caiu a ficha. Iluminou-se o bidê que o professor Eremildo Viana mandou instalar em seu gabinete da rádio Ministério da Educação. O Stanislaw Ponte Preta transformou a vida daquele dedo-duro num inferno.
Como você deve saber, adoro falar bem de Darcy Ribeiro. Veja o que escrevi nos anos 50 a respeito de uma "característica distintiva" da universidade brasileira: "seu pendor ao esbanjamento de recursos públicos escassos tanto negativamente, pela subutilização das disponibilidades materiais e humanas, como positivamente, pelo faraonismo das edificações".
Professor, a inhaca do bidê do Eremildo grudou nas suas costas. Esperei dois meses para lhe mandar esta mensagem. Resolvi expedi-la quando a garotada invadiu sua reitoria. Em 1963, eu estava na chefia da Casa Civil e a estudantada saiu por Brasília ocupando prédios. Mandei que lhes dessem uma coça e aquietaram-se. Mesmo assim, confesso que tenho um fraco por reitorias invadidas.
A garotada quer que você vá embora. Vá. Você deveria ter se licenciado logo depois das denúncias, à espera das conclusões dos inquéritos. Sei lá por que, preferiu ficar no cargo e abandonar o apartamento, num gesto de exclusiva soberba, pois o dinheiro público já havia sido queimado com besteiras. Se quiser, finja licenciar-se, mas renuncie daqui a um mês.
Eu estive na sua sala. As coisas estão em ordem. Dancei forró segurando as cadeiras de uma menina que estuda biologia. Ela tinha um "Fora" escrito na testa e as bochechas pintadas como os índios com quem passei tantos e tão gratos tempos.
Qual a graça de ter 20 anos, querer um país sem roubalheiras, ou uma terra sem males, e deixar passar o enterro de um reitor que gasta R$ 350 mil montando uma casa onde a lixeira sai por R$ 990? Lembra-se da garotada de 1967, aquela que enxotou o embaixador americano John Tuthill? Pois lá estava um garoto, apanhando. Era o Collor. (Apanhou pouco, porque não aprendeu nada.)
Percorra os salões de Brasília. Cada geração de poderosos guarda consigo as doces lembranças das manifestações de 1968 e de 1977. Chamavam-nas de badernas. Que assim seja. Bem-aventurado seja aquele que carrega com orgulho as lembranças de badernas passadas. A garotada de hoje, como a de sempre, tem razão: "polícia para quem precisa".
Sem mais,
Darcy Ribeiro
Fonte: http://www.folha.com.br
quinta-feira, 10 de abril de 2008
“Cultura da corrupção perpassa as malhas de nossa história política”, afirma CNBB
Os bispos participantes da 46ª Assembléia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovaram, na manhã de quarta-feira, 09 de abril de 2008, a Declaração sobre as Eleições Municipais, que acontecem em outubro de 2008. "Os cidadãos e as comunidades eclesiais têm aí um amplo campo de atuação. A tradição da Doutrina Social da Igreja considera a participação na política uma forma elevada de exercício da caridade - uma maneira exigente de viver o compromisso cristão a serviço do próximo". Na Declaração, a CNBB condena, mais uma vez, a "cultura da corrupção" que "perpassa as malhas da nossa história política".
"A corrupção pessoal e estrutural convive com o atual sistema político brasileiro e vem associando à estrutura econômica que acentua a legitima desigualdade" diz a Declaração. Os bispos reforçam a importância da Lei 9.840/99 que já cassou 660 políticos. "É relevante e urgente aplicar com empenho a Lei 9.840, decorrência da qual já foram cassadas em torno de 660 pessoas. Esta lei ajuda assegurar a lisura das eleições na campanha eleitoral". Ao mesmo tempo, manifestam apoio ao Projeto de Lei de Iniciativa Popular, lançado hoje pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), "proibindo a candidatura de quem já foi condenado em primeira instância".
Fonte: http://www.cnbb.org.br
"A corrupção pessoal e estrutural convive com o atual sistema político brasileiro e vem associando à estrutura econômica que acentua a legitima desigualdade" diz a Declaração. Os bispos reforçam a importância da Lei 9.840/99 que já cassou 660 políticos. "É relevante e urgente aplicar com empenho a Lei 9.840, decorrência da qual já foram cassadas em torno de 660 pessoas. Esta lei ajuda assegurar a lisura das eleições na campanha eleitoral". Ao mesmo tempo, manifestam apoio ao Projeto de Lei de Iniciativa Popular, lançado hoje pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), "proibindo a candidatura de quem já foi condenado em primeira instância".
Fonte: http://www.cnbb.org.br
quarta-feira, 9 de abril de 2008
CNBB deve divulgar nota sobre eleições hoje
Nesta quarta-feira, 09 de abril de 2008, as atividades da 46ª Assembléia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece em Itaici, Indaiatuba, São Paulo, iniciam com a celebração da Missa às 7h, presidida pelo Arcebispo Emérito de Vitória, Espírito Santo, Dom Silvestre Scandian. Na primeira sessão de trabalhos, às 8h e 45min, deverá ser aprovada nota da CNBB sobre as Eleições 2008. Na mesma sessão, serão apresentados temas relacionados à Doutrina da Fé.
Assuntos de Liturgia, exposição da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e do Fórum Social Mundial estão nas pautas da segunda sessão, ainda de manhã. À tarde, a Assembléia volta a destacar o tema central - Diretrizes de Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil -, encerrando com questões sobre Família, Ética e Liturgia.
Fonte: www.cnbb.org.br
Assuntos de Liturgia, exposição da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e do Fórum Social Mundial estão nas pautas da segunda sessão, ainda de manhã. À tarde, a Assembléia volta a destacar o tema central - Diretrizes de Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil -, encerrando com questões sobre Família, Ética e Liturgia.
Fonte: www.cnbb.org.br
terça-feira, 8 de abril de 2008
Projeto que pune trabalho escravo corre risco de não ser aprovado
O projeto que torna mais clara a definição de trabalho escravo e aumenta a pena para quem pratica esse crime acabou retirado da pauta da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara porque o deputado Vicentinho (PT-SP) pediu tempo para analisá-lo. "Havia muitos ruralistas e não posso pôr em risco esse projeto", admitiu. A notícia é do jornal "O Estado de São Paulo", de domingo, 06 de abril de 2008.
Um abaixo-assinado pedindo a urgente aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) já está circulando em diversas partes do Brasil, através das entidades ou pela internet. Os interessados ou as interessadas em assinar o documento devem acessar os sites www.humanosdireitos.org ou www.reporterbrasil.org.br.
Fonte: Paróquia Senhor do Bonfim de Bocaiúva
Um abaixo-assinado pedindo a urgente aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) já está circulando em diversas partes do Brasil, através das entidades ou pela internet. Os interessados ou as interessadas em assinar o documento devem acessar os sites www.humanosdireitos.org ou www.reporterbrasil.org.br.
Fonte: Paróquia Senhor do Bonfim de Bocaiúva
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Aprimorar a democracia...
Aprimorar a democracia - eis o desafio que o futuro nos apresenta. Isso significa fazê-la avançar de meramente representativa, viciada por regras abaixo de qualquer suspeita, para torná-la efetivamente participativa. Não basta o sufrágio universal para caracterizar a verdadeira democracia. De que liberdade estamos falando quando o mundo rico vive de explorar a imensa parcela pobre da humanidade? Pode-se chamar de liberdade esse direito meramente virtual de expressão, locomação e acesso a bens essenciais, da maioria da população?
Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto
página 526 do seu livro "Calendário do Poder", Editora Rocco, 2007
Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto
página 526 do seu livro "Calendário do Poder", Editora Rocco, 2007
domingo, 6 de abril de 2008
Modesta Proposta Número Um
Valorizar e incentivar o voluntariado, sobretudo para adolescentes, o que reforçaria a noção de compromisso e responsabilidade social na cabeça desses jovens. Um gesto voluntário simples ocorre quando se conscientiza alguém da importância do meio ambiente. Por exemplo: jogar papel de bala, papel comum, bitucas de cigarro, garrafas e latinhas de refrigerante, panfletos, dentre outro objetos, em vias públicas é uma ação incorreta, pois a cidade fica suja e, em épocas chuvosas, os bueros podem entupir, causando problemas como alagamentos de ruas, engarrafamentos, enfim, caos urbano.
sábado, 5 de abril de 2008
Assembléia Popular: da cidade que temos para a cidade que queremos!
Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem
Lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize
- Boaventura de Sousa Santos, sociólogo português -
Prezados irmãos e irmãs,
Companheiros de todas as lutas
Alegria e Paz!
É chegado um grande momento da voz do povo! Estaremos realizando o 1º Encontro da Assembléia Popular de Montes Claros no dia 12 de abril de 2008. A Assembléia Popular é uma tentativa de construirmos em nosso município um grande movimento de mobilização popular para debater os reais problemas que afetam a vida do povo na busca pela construção do poder popular.
A Assembléia Popular virou prática em várias cidades e estados do país. Estamos presenciando algo novo, no qual vários de nós já estamos envolvidos. Uma dinâmica está se constituindo que pode marcar uma etapa importante na participação do povo e na transformação e construção da sociedade que queremos, no exercício do poder popular.
Gostaríamos de convocá-lo a participar deste importante momento da vida da população do nosso município. Para isto, estamos pedindo dois representantes de cada Paróquia do Setor Centro, sendo o Conselheiro, um representante da Comissão do Serviço Paroquial, ou alguém que possa articular na Paróquia esta atividade. Pedimos que, além dos representantes eclesiais, que possam ser convidados os presidentes de associação de moradores, ONGs, sindicatos, representantes de escolas e outras entidades para que possamos reunir todas as forças sociais do nosso município e buscar alternativas para a cidade que queremos.
Local: Colégio Marista
Horário: 7h e 30min às 17h
Pauta: O que é Assembléia Popular?
E como podemos constituí-la em nosso Município?
Outras informações com a Sônia Gomes de Oliveira na Casa de Pastoral Comunitária ou pelo telefone (38) 3221-2982. É muito importante que todos se empenhem em enviar pessoas da sua Paróquia, Sindicato, ONG, Associação para participar. Esta atividade consta em nosso Calendário Arquidiocesano. Que o Cristo Ressuscitado Senhor da Vida nos ajude para gerarmos vida às outras vidas ameaçadas!
Abraços Fraternos,
Padre Reginaldo Wagner dos Santos
- Coordenador Arquidiocesano de Pastoral -
Sônia Gomes de Oliveira
- da Equipe Arquidiocesana de Animação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) -
Fonte: http://www.arquimoc.org.br/
Lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize
- Boaventura de Sousa Santos, sociólogo português -
Prezados irmãos e irmãs,
Companheiros de todas as lutas
Alegria e Paz!
É chegado um grande momento da voz do povo! Estaremos realizando o 1º Encontro da Assembléia Popular de Montes Claros no dia 12 de abril de 2008. A Assembléia Popular é uma tentativa de construirmos em nosso município um grande movimento de mobilização popular para debater os reais problemas que afetam a vida do povo na busca pela construção do poder popular.
A Assembléia Popular virou prática em várias cidades e estados do país. Estamos presenciando algo novo, no qual vários de nós já estamos envolvidos. Uma dinâmica está se constituindo que pode marcar uma etapa importante na participação do povo e na transformação e construção da sociedade que queremos, no exercício do poder popular.
Gostaríamos de convocá-lo a participar deste importante momento da vida da população do nosso município. Para isto, estamos pedindo dois representantes de cada Paróquia do Setor Centro, sendo o Conselheiro, um representante da Comissão do Serviço Paroquial, ou alguém que possa articular na Paróquia esta atividade. Pedimos que, além dos representantes eclesiais, que possam ser convidados os presidentes de associação de moradores, ONGs, sindicatos, representantes de escolas e outras entidades para que possamos reunir todas as forças sociais do nosso município e buscar alternativas para a cidade que queremos.
Local: Colégio Marista
Horário: 7h e 30min às 17h
Pauta: O que é Assembléia Popular?
E como podemos constituí-la em nosso Município?
Outras informações com a Sônia Gomes de Oliveira na Casa de Pastoral Comunitária ou pelo telefone (38) 3221-2982. É muito importante que todos se empenhem em enviar pessoas da sua Paróquia, Sindicato, ONG, Associação para participar. Esta atividade consta em nosso Calendário Arquidiocesano. Que o Cristo Ressuscitado Senhor da Vida nos ajude para gerarmos vida às outras vidas ameaçadas!
Abraços Fraternos,
Padre Reginaldo Wagner dos Santos
- Coordenador Arquidiocesano de Pastoral -
Sônia Gomes de Oliveira
- da Equipe Arquidiocesana de Animação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) -
Fonte: http://www.arquimoc.org.br/
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Recordando artigo recente, ainda explicamos o nome deste Blog...
- terça-feira, 13 de dezembro de 2007 -
Brasil adota "Modesta Proposta", de Swift, condenando crianças à morte lenta
por Cristovam Buarque
Em 1729, o escritor Jonathan Swift apresentou o que chamou de "modesta proposta" para resolver o problema da infância abandonada no seu país. Na abertura, ele diz que sua "'modesta proposta' é para evitar que as crianças dos pobres da Irlanda se tornem um fardo para seus pais ou para seu país, e para torná-las benéficas ao público". O livro com a proposta foi recentemente publicado no Brasil pela prestigiosa Editora Unesp com ótimo prefácio de R. Morais.
A proposta é um relato de terror: o famoso satírico recomenda que as famílias pobres vendam seus filhos para serem degustados como refinada iguaria pelas famílias ricas. Segundo ele, na sua sátira-terror, sua "modesta proposta" daria renda aos pobres e uma nova delícia gastronômica à nobreza, criaria empregos na rede hoteleira e tiraria da rua a infância abandonada. Além disso, segundo o Dr. Swift, reduziria o roubo, a mendicância, o complexo de culpa dos ricos e, sobretudo, o sofrimento das crianças e de suas famílias.
Eliminaria a angústia das mães que não sabem onde os filhos estão ou que riscos eles correm perambulando pelas ruas. Pela "modesta proposta" de horror, as mães saberiam do destino do filho. E dormiriam tristes, mas tranqüilas. Além disso, obteriam uma renda, ao vender seus filhos. Felizmente, a proposta não foi aceita, por causa do tabu contra o canibalismo. A sociedade que abandona suas crianças defende a vida delas, por maior que seja seu sofrimento.
Swift morreu em 1745. Tivesse vivido até o século XX, veria sua idéia adaptada e adotada em diversos países, sob formas diferentes, disfarçadas para serem aceitas, driblando os tabus religiosos contra o canibalismo. Em alguns países, a "modesta proposta" de Swift condena as crianças pobres ao trabalho infantil, fabricando sapatos que serão usados pelas crianças ricas de outros países.
O tempo roubado de suas vidas infantis é transformado em sapatos. Em vez de servi-las à mesa, pisa-se nas suas infâncias. No Brasil, a idéia de Swift também foi adaptada e adotada. O tabu da antropofagia, trazido pelos portugueses, criou uma solução ainda mais sofisticada. Em vez de comer as crianças, como sugeria a "modesta proposta" de Swift, adotamos a opção de bebê-las na forma do suco das laranjas que elas colhem, com as mãos que deveriam usar lápis quando deviam estar na escola. Transforma-se em suco e toma-se a infância.
Aqui também preferimos outra vertente da "modesta proposta" de Swift: a prostituição infantil. Os banquetes nas mesas dos castelos são substituídos pelas camas dos motéis. As crianças não são assassinadas para servirem ao paladar, mas seus corpos são usados em vida para servirem à luxúria. Swift ficaria impressionado com outra solução brasileira: a de comprar as crianças dos pobres pagando um valor mensal às suas mães para que as crianças continuem vivas. Sem escola, sem futuro, crescendo para ter filhos que viverão como elas vivem hoje, às custas de uma bolsa mensal para cada família.
A "modesta proposta" foi adaptada para evitar o horror ao canibalismo explícito proibido pelo cristianismo, mas adotada com requintes às vezes mais cruéis, embora menos horrorosos. Porque, na sátira horripilante de Swift, a morte de criança seria um gesto simples, instantâneo e quase indolor, tal qual fazemos com bois, frangos, porcos. Na forma adaptada e adotada no Brasil, a criança é submetida a uma morte lenta, que dura toda a sua infância - corpos vivos, cérebros abortados, vidas tristes.
Há algo de errado na lógica da civilização adotada pelos seres humanos. Enquanto as sociedades antropofágicas cuidavam bem de suas crianças, nas sociedades que abandonam e exploram suas crianças, o canibalismo é tabu, é um ato abominável. Para respeitarem o horror à antropofagia, as perversas sociedades modernas abandonam suas crianças ao horror de um neocanibalismo. Muitas vezes, sem nem sequer perceberem. Tudo isto por falta de outra "modesta proposta": em vez do neocanibalismo atual, escola igual para todos.
Cristovam Buarque é Ph.D. em Economia. Foi governador do Distrito Federal de 1995 a 1998. Em 2002, elegeu-se senador pelo PT com a maior votação dada a um político no Distrito Federal. Foi ministro da Educação do Governo Lula de 2003 a 2004. Integra o Instituto de Educação da Unesco. Foi candidato à Presidência da república pelo PDT em 2006.
Site: http://www.cristovam.com.br
E-mail: mensagem@cristovam.com.br
Fonte: http://www.brazil-brasil.com/content/view/799/28/
Brasil adota "Modesta Proposta", de Swift, condenando crianças à morte lenta
por Cristovam Buarque
Em 1729, o escritor Jonathan Swift apresentou o que chamou de "modesta proposta" para resolver o problema da infância abandonada no seu país. Na abertura, ele diz que sua "'modesta proposta' é para evitar que as crianças dos pobres da Irlanda se tornem um fardo para seus pais ou para seu país, e para torná-las benéficas ao público". O livro com a proposta foi recentemente publicado no Brasil pela prestigiosa Editora Unesp com ótimo prefácio de R. Morais.
A proposta é um relato de terror: o famoso satírico recomenda que as famílias pobres vendam seus filhos para serem degustados como refinada iguaria pelas famílias ricas. Segundo ele, na sua sátira-terror, sua "modesta proposta" daria renda aos pobres e uma nova delícia gastronômica à nobreza, criaria empregos na rede hoteleira e tiraria da rua a infância abandonada. Além disso, segundo o Dr. Swift, reduziria o roubo, a mendicância, o complexo de culpa dos ricos e, sobretudo, o sofrimento das crianças e de suas famílias.
Eliminaria a angústia das mães que não sabem onde os filhos estão ou que riscos eles correm perambulando pelas ruas. Pela "modesta proposta" de horror, as mães saberiam do destino do filho. E dormiriam tristes, mas tranqüilas. Além disso, obteriam uma renda, ao vender seus filhos. Felizmente, a proposta não foi aceita, por causa do tabu contra o canibalismo. A sociedade que abandona suas crianças defende a vida delas, por maior que seja seu sofrimento.
Swift morreu em 1745. Tivesse vivido até o século XX, veria sua idéia adaptada e adotada em diversos países, sob formas diferentes, disfarçadas para serem aceitas, driblando os tabus religiosos contra o canibalismo. Em alguns países, a "modesta proposta" de Swift condena as crianças pobres ao trabalho infantil, fabricando sapatos que serão usados pelas crianças ricas de outros países.
O tempo roubado de suas vidas infantis é transformado em sapatos. Em vez de servi-las à mesa, pisa-se nas suas infâncias. No Brasil, a idéia de Swift também foi adaptada e adotada. O tabu da antropofagia, trazido pelos portugueses, criou uma solução ainda mais sofisticada. Em vez de comer as crianças, como sugeria a "modesta proposta" de Swift, adotamos a opção de bebê-las na forma do suco das laranjas que elas colhem, com as mãos que deveriam usar lápis quando deviam estar na escola. Transforma-se em suco e toma-se a infância.
Aqui também preferimos outra vertente da "modesta proposta" de Swift: a prostituição infantil. Os banquetes nas mesas dos castelos são substituídos pelas camas dos motéis. As crianças não são assassinadas para servirem ao paladar, mas seus corpos são usados em vida para servirem à luxúria. Swift ficaria impressionado com outra solução brasileira: a de comprar as crianças dos pobres pagando um valor mensal às suas mães para que as crianças continuem vivas. Sem escola, sem futuro, crescendo para ter filhos que viverão como elas vivem hoje, às custas de uma bolsa mensal para cada família.
A "modesta proposta" foi adaptada para evitar o horror ao canibalismo explícito proibido pelo cristianismo, mas adotada com requintes às vezes mais cruéis, embora menos horrorosos. Porque, na sátira horripilante de Swift, a morte de criança seria um gesto simples, instantâneo e quase indolor, tal qual fazemos com bois, frangos, porcos. Na forma adaptada e adotada no Brasil, a criança é submetida a uma morte lenta, que dura toda a sua infância - corpos vivos, cérebros abortados, vidas tristes.
Há algo de errado na lógica da civilização adotada pelos seres humanos. Enquanto as sociedades antropofágicas cuidavam bem de suas crianças, nas sociedades que abandonam e exploram suas crianças, o canibalismo é tabu, é um ato abominável. Para respeitarem o horror à antropofagia, as perversas sociedades modernas abandonam suas crianças ao horror de um neocanibalismo. Muitas vezes, sem nem sequer perceberem. Tudo isto por falta de outra "modesta proposta": em vez do neocanibalismo atual, escola igual para todos.
Cristovam Buarque é Ph.D. em Economia. Foi governador do Distrito Federal de 1995 a 1998. Em 2002, elegeu-se senador pelo PT com a maior votação dada a um político no Distrito Federal. Foi ministro da Educação do Governo Lula de 2003 a 2004. Integra o Instituto de Educação da Unesco. Foi candidato à Presidência da república pelo PDT em 2006.
Site: http://www.cristovam.com.br
E-mail: mensagem@cristovam.com.br
Fonte: http://www.brazil-brasil.com/content/view/799/28/
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Relembrando e esclarecendo...
24/09/2001 - 04h00
Francis Fukuyama insiste em teoria do fim da história
GIULIANO GUANDALINI - do jornal "Folha de São Paulo"
Então não passava de conversa toda aquela polêmica sobre o fim da história? Negativo, pelo menos para o autor do livro que detonou a controvérsia - "O Fim da História e o Último Homem", há quase dez anos. O cientista político norte-americano Francis Fukuyama, 48, continua inabalável em sua tese de que o liberalismo político e econômico saiu vitorioso da batalha contra o socialismo e o comunismo. "Não apareceu nenhuma ideologia nova", afirmou, em entrevista à "Folha", de Washington, Estados Unidos.
Questionado se estaríamos presenciando um novo começo da história, Fukuyama hesitou e riu. Em seguida, reafirmou suas idéias. "O que aconteceu foi uma reação aos Estados Unidos, à globalização e à alternativa que eles representam".Para ele, a violência da reação terrorista mostra o poder do ideário liberal, que ameaçaria o interesse de certas pessoas e países. "Quem seriam os ameaçados? Ditaduras comunistas, como Coréia do Norte, e nações islâmicas governadas com mão-de-ferro, como Afeganistão e Iraque".
Na época da Guerra do Golfo, perguntaram-lhe se o conflito seria uma prova de que a história estaria longe do fim. O cientista político respondeu que a operação não passaria de uma nota de pé de página na história dos EUA.O desmoronamento das torres gêmeas com certeza terá um espaço bem mais generoso nos livros de história do país. Mas, para Fukuyama, o liberalismo segue inabalável como o grande vitorioso dos conflitos ideológicos do século passado e os que ainda resistem a ele um dia cederão.
Fonte: http://www.folha.com.br/
Francis Fukuyama insiste em teoria do fim da história
GIULIANO GUANDALINI - do jornal "Folha de São Paulo"
Então não passava de conversa toda aquela polêmica sobre o fim da história? Negativo, pelo menos para o autor do livro que detonou a controvérsia - "O Fim da História e o Último Homem", há quase dez anos. O cientista político norte-americano Francis Fukuyama, 48, continua inabalável em sua tese de que o liberalismo político e econômico saiu vitorioso da batalha contra o socialismo e o comunismo. "Não apareceu nenhuma ideologia nova", afirmou, em entrevista à "Folha", de Washington, Estados Unidos.
Questionado se estaríamos presenciando um novo começo da história, Fukuyama hesitou e riu. Em seguida, reafirmou suas idéias. "O que aconteceu foi uma reação aos Estados Unidos, à globalização e à alternativa que eles representam".Para ele, a violência da reação terrorista mostra o poder do ideário liberal, que ameaçaria o interesse de certas pessoas e países. "Quem seriam os ameaçados? Ditaduras comunistas, como Coréia do Norte, e nações islâmicas governadas com mão-de-ferro, como Afeganistão e Iraque".
Na época da Guerra do Golfo, perguntaram-lhe se o conflito seria uma prova de que a história estaria longe do fim. O cientista político respondeu que a operação não passaria de uma nota de pé de página na história dos EUA.O desmoronamento das torres gêmeas com certeza terá um espaço bem mais generoso nos livros de história do país. Mas, para Fukuyama, o liberalismo segue inabalável como o grande vitorioso dos conflitos ideológicos do século passado e os que ainda resistem a ele um dia cederão.
Fonte: http://www.folha.com.br/
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