ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

domingo, 31 de dezembro de 2017

6 aninhos de coragem e amor: Antonietta Meo, a “Nennolina”, pode ser a santa mais jovem da Igreja!

6 aninhos de coragem e amor: Antonietta Meo, a “Nennolina”, pode ser a santa mais jovem da Igreja!


Queridos irmãos e irmãs, como é bom estar em comunhão com Criso e com sua mãe, pois nos momentos de dor, sofrimento nós unimos mais a Jesus que morreu por nós. Estamos nesse mundo fazendo a travessia com os outros irmãos e irmãs de caminhada. O que nos fortalece é a eucaristia, a Palavra da Igreja e a Palavra de Deus.

Apesar das dificuldades e dos desencontros, nós tornamos fortes nas decisões e na pratica do amor fraterno com todos. A Igreja tem inúmeros testemunhos que nos faz crermos que Deus nos fortalece de modo admirável e a nossa vida se enche da graça de Deus. Cada espinho que nos envolve nos permite não perder a beleza da rosa que espalha em nosso viver.
Que 2018 seja um ano propicio de caminhar na estrada de Cristo juntamente com a Mãe de Deus para que sejamos pessoas renovadas na fé, na caridade e no perdão. Amem (bacharel em Teologia e filósofo Jose Benedito Schumann Cunha)

Maria Paola Daud | Jan 19, 2017

O câncer não a deixou chegar aos 7 anos, mas o amor por Jesus e Maria lhe deu forças para viver com incrível profundidade um desafio extraordinário
Antonietta Meo, chamada carinhosamente de “Nennolina”, poderá tornar-se a santa mais jovem da Igreja, excetuando-se os mártires: ela tinha apenas 6 anos de idade quando faleceu devido a um câncer. Nascida em 1930 numa família romana, era uma menina esperta, alegre, inquieta e de caráter forte, a quem as amiguinhas amavam e obedeciam.

Aos 5 anos, a pequena sofreu uma queda e machucou um joelho, que ficou consideravelmente inchado. Os dias passavam e a menina não melhorava. Os médicos, que no começo não entenderam a natureza do problema, acabaram diagnosticando osteossarcoma, ou câncer nos ossos, e tiveram de lhe amputar a perninha.

Nennolina passou a usar uma pesada prótese ortopédica, mas nunca se desanimou nem deixou de continuar brincando com as outras crianças apesar da muita dor que sentia.

Antes de aprender a ler e escrever, ensaiou suas primeiras palavras escritas com a ajuda da mãe: os nomes de Jesus e de Maria.

Depois, começou a escrever cartinhas para Jesus e Maria, cartinhas que chegaram a mais de uma centena e que revelam uma vida de união mística extraordinária e de surpreendente beleza.

Nennolina passou a escrever uma carta a cada noite e a colocava aos pés de Jesus crucificado. Falava à sua querida Nossa Senhora, ou “Madonna”, em italiano, com muito afeto e emoção:

“Querida Madonnina, a senhora é tão boa! Pega o meu coração e leva para Jesus”.

Em sua idade tão curta, Nennolina compreendeu o sofrimento de Maria por seu Filho e escreveu:

“Querido Jesus… Para ti, que sofreste tanto na cruz, eu quero oferecer muitas florzinhas e quero estar sempre no Calvário bem pertinho de ti e da tua mãezinha” (28 de janeiro de 1937).

Aos 6 anos, a menina começou a ir à escola com a prótese que lhe causava muitos transtornos e uma dor intensa, mas oferecia tudo a Jesus:

“Cada passo que eu dou, que seja uma palavrinha de amor”, dizia.

No dia do aniversário da amputação, quis celebrar com um grande almoço e com uma novena a Nossa Senhora de Pompeia, porque foi graças a esse acontecimento que ela pôde oferecer seu sofrimento a Jesus.

Também aos 6 anos ela pediu receber a primeira Comunhão.

Embora a sua dor fosse ficando cada vez mais violenta, Nennolina parou de se lamentar. Uma enfermeira da clínica onde ela se tratava testemunhou:

“Certa manhã, enquanto ela ajudava a enfermeira a arrumar o quarto, entrou o pai dela, acariciou a menininha e lhe perguntou: ‘Você está com muita dor?’. E Antonietta respondeu: ‘Papai, a dor é como o tecido; quanto mais forte, mais valor tem’. Seu eu não tivesse escutado isso com meus próprios ouvidos, não teria acreditado”.

Depois de um longo e atroz sofrimento, a pequena grande Antonietta Meo faleceu sem chegar aos 7 aninhos, em 3 de julho de 1937 – um sábado, dia da sua “Madonnina”. Seu corpo está hoje na Basílica da Santa Cruz, em Roma, na qual está representado, aliás, o Calvário de Nosso Senhor Jesus Cristo.

AS PALAVRAS DO PAPA BENTO

Em 17 de dezembro de 2007, o Papa Bento XVI a declarou venerável e, três dias depois, durante uma audiência com os jovens da Ação Católica, dedicou a ela estas preciosas palavras:

“Alegrou-me que, alguns instantes atrás, tenham citado uma menina, Antonia Meo, chamada de Nennolina. Faz três dias que decretei o reconhecimento das suas virtudes heroicas e espero que, em breve, seja levada a bom termo a sua causa de beatificação.

Que exemplo tão luminoso nos deixou esta pequena coetânea de vocês! Nennolina, menina romana, em sua brevíssima vida —apenas seis anos e meio— demonstrou uma fé, uma esperança e uma caridade especiais, assim como as demais virtudes cristãs.

Embora fosse uma menina frágil, ela conseguiu dar um testemunho forte e robusto do Evangelho e deixou uma profunda marca na comunidade diocesana de Roma. Nennolina pertencia à Ação Católica. Vocês podem considerá-la como sua amiga, como um modelo no qual inspirar-se.

A sua vida, tão singela e ao mesmo tempo tão importante, demostra que a santidade é para todas as idades: para as crianças e para os jovens, para os adultos e para os idosos. Cada etapa da nossa vida pode ser propícia para nos decidirmos a amar Jesus a sério e segui-lo fielmente.

Em poucos anos, Nennolina atingiu o ápice da perfeição cristã que todos somos chamados a escalar; ela percorreu velozmente a estrada que leva até Jesus. Mais ainda: como vocês mesmos recordaram, Jesus é a verdadeira Estrada que nos leva ao Pai e à sua casa, a nossa casa definitiva, que é o Paraíso.

Como vocês sabem, Antonia vive agora em Deus e, do céu, está perto de vocês: sintam-na presente com vocês, nos seus grupos. Aprendam a conhecê-la e a seguir os seus exemplos”.

(Papa Bento XVI, audiência com os jovens da Ação Católica, 20 de dezembro de 2007)

fonte Aleteia

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Papa denuncia ações para 'distorcer' o Natal

Papa denuncia ações para 'distorcer' o Natal
Francisco criticou quem ignora relação com nascimento de Jesus


O papa Francisco denunciou nesta quarta-feira (27), durante sua audiência geral no Vaticano, um movimento para "distorcer" o Natal em nome de um "falso respeito de quem não é cristão".


Papa francisco durante audiência geral no Vaticano

Papa francisco durante audiência geral no Vaticano
Foto: ANSA / Ansa - Brasil
SAIBA MAIS


Segundo o líder da Igreja Católica, esse fenômeno, que "esconde a vontade de marginalizar a fé", é particularmente comum na Europa, onde as pessoas "eliminam da festa qualquer referência ao nascimento de Jesus".


"Mas, na realidade, esse acontecimento é o único e verdadeiro Natal! Sem Jesus, não existe Natal. E se ele está no centro, então todo o entorno, isto é, as luzes, os sons, as várias tradições locais, até as comidas típicas, criam a atmosfera da festa. Mas se o tiramos, a luz se apaga e tudo vira falso", disse.

Segundo Francisco, até a troca de presentes deve ser vista como um símbolo do "dom que Deus nos deu: Jesus".
colaboração: Teólogo e Filosofo Jose Benedito Schumann Cunha
fonte: 

Praça pública

POR Breno Gonçalves

Você já foi a uma praça pública nestes tempos pós-modernos? Acredite, mas o amor verdadeiro está mais presente ali do que nos ambientes particulares e no dia-a-dia. Um jovem anda de skate. Escuta Bob Marley. A maresia está no ar. As pessoas conversam. Um casal de namorados se abraça e beija-se em plena praça pública. Um adolescente leva o pai com acidente vascular cerebral para passear. O patriarca relembra histórias municipais. Outro casal é levado pelo cachorro para tomar um ar menos impuro. Um outro indivíduo lê jornal. A cachorrada manca espalhada pela cidade sente o faro de restos de comida nas gramas da praça, antes que o calazar volte à tona. O amor está no ar na noite escura e solitária.

A maioria que está ali não liga se o dinheiro acabou. Sente apenas o clima bom e afetivo. A praça está de frente a um hospital. A todo instante, famílias passam por ali com o semblante de preocupação. Algumas quebram o protocolo e oferecem uma saudação de boa noite. Outras, engessadas na rotina maçante da sociedade contemporânea, simplesmente transitam... Mas o amor está no ar na praça pública na solidão do centro da cidade. Podem se beijar e se abraçar à vontade. O amor em público é muito mais bonito.     


Breno Gonçalves é terapeuta ocupacional. Exerce o ofício no Centro de Apoio Psicossocial (Caps) no Belém, do Pará. 

Pra onde foi a espontaneidade?

POR Bruna Gomes

O amor espontâneo nasce como de um passe de mágica. A gente começa a ter atitudes inconcebíveis para a razão cada vez mais científica e humana. A fé nos impulsiona. Temos força física para enfrentar exércitos, a exemplo da Santa Joana Darc. Não é uma fé baseada em preceitos religiosos. É uma fé real, tão real que nos surpreende a nós mesmos. O problema é ter fé na sociedade contemporânea capitalista. Esta tudo dilacera.

As relações sociais passam a ser mecantilizadas. Alimento-me não porque tenho fome, mas porque estou habituado a me alimentar exatamente naquele horário. Rico se alimenta para saciar a sua ansiedade. Pobre se alimenta para tentar saciar a sua imensa carência de fome. A rotina operacionalizada desgasta tanto que não há amor e fé que resistam. Só se esses sentimentos estejam também operacionalizados e mecânicos.  


Bruna Gomes é técnica em assistência social. Trabalha no Centro de Apoio Psicossocial (Caps) de Campo Grande, no Matogrosso. Escreve para desabafar, pois, considera que a literatura é melhor que a morte e a angústia na sociedade contemporânea capitalista.  

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Sem pé, nem cabeça, mas com consciência social brilhante

POR Pabllo Vittar

Enquanto a nata empresarial do tráfico de drogas compra sua cara cocaína e cheira-a com champagne nos condomínios fechados, o operariado do mercado paralelo é mais fraterno e, mesmo assim, sabe ri com as imensas dores da vida. O traficante tem cinco passagens pela polícia. Apronta. Peita os seguranças que tiveram quitados pelo governo pimentécio corrupto os seus salários e proventos, enquanto professores e aposentados receberão apenas em abril de 2018 todas as esquartejadas parcelas salariais duramente pagas quando exerciam o seu ofício. E a hipócrita sociedade contemporânea capitalista dita democrática homenageia a professora que salvou as crianças do incêndio na escola infantil sucateada de Janaúba, no Norte de Minas Gerais.

O traficante estava armado: com uma faca. Mas foi ele o atingido. Está na Policlínica Alpheu Gonçalves de Quadros, lotada como sempre, sem equipamentos suficientes, com trabalhadores da saúde super-pressionados e impossibilitados de prestarem um serviço decente. A namorada de 17 anos espera o moço. Mulher crê no impossível. Por isso têm fé inabalável. Não é crença de templos religiosos ou doutrinários. É simplesmente fé. Diria São Paulo: acreditei, por isso falei. Espera, espera, espera. Nada do namorado chegar.

Ouve um senhor negro viciado em crack declamar seus problemas. “Quem vê cara não vê coração”. “Pimenta nos olhos dos outros é refresco”, sabe de cor ditados populares passados de geração em geração, a nossa sabedoria milenar sertaneja, o aparente drogado bem vestido e de aparelho de telefone celular que diz ser um investigador, colaborador da “puliça” e que deseja salvar a sua família. Ama o seu netinho. “Família é sagrada”, declara raivosamente o homem possivelmente viciado em crack.


Não para de falar. Desabafa. O policial militar aparece de soslaio. Teme ser alvejado. Atende o celular e corre pelas ruas. A cada moto, carro e ambulância que sai das garagens e passa pela rua, ele pensa ser um indício de perigo. Está sem comer e sem beber água há dias. Só caminha. Largou o trabalho e sua bicicleta cargueira para procurar o que restou de sua família: seu neto, que já é aviãozinho do tráfico de drogas e cresce como nunca na vida. Já tem carro, casa, mulher gostosa e ouve funk no seu mais novo empreendimento: o condomínio fechado do Parque do Independência ou Morte.                

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Perda de sentido

Você já mentalizou uma palavra na cabeça e repetiu-a mentalmente várias vezes? Notou como ela perde o sentido? Comigo aconteceu com o futebol, a política e a religião. Torci apaixonadamente para o Flamengo durante uns 10 anos. Havia reciprocidade só do lado do torcedor. De tanto repetir a paixão roxa, a torcida pelo rubro-negro se esvaziou. O mesmo ocorreu pela seleção brasileira masculina de futebol e pelo esporte de um modo geral. Fiz jornalismo. Formei-me em 2003. Trabalhei apaixonada e operacionalmente por 10 anos seguidos em serviços alternativos religiosos. 

Vivi, em junho de 2009, o acórdão do ministro do Supremo do Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, baixar a medida que retirou a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão, o que precarizou em demasia a atividade outrora profissional e hoje bastante técnica. O esgotamento completo foi em meados de julho de 2013. Ao invés de descansar, parti para trabalhar em um hotel. Durei três anos e meio. Portanto, fui proativo durante 13 anos e meio. Por mais que mudemos de função, a repetição intensa operacional diferente era tamanha que o esgotamento mental e físico também se deu. Além disso, raramente consigo voltar aos locais de trabalho em que passei.

A rotina maçante da religião, da política e do futebol através dos meios de comunicação social nos joga em um mar sem sentidos e sem sentimentos. A gente torce, torce, torce, trabalha, trabalha, trabalha, vota, vota, vota para tudo permanecer na mesma situação ou pior. Você muda em infinitas oportunidades, torna-se uma “metamorfose ambulante” (na famosa expressão emblemática de Raul Seixas) e nada cria, nada perde, nada transforma, apenas reproduz o que está aí há milênios. São 34 natais e nada muda. Já faz quatro anos que praticamente não consigo celebrar o Natal.  

O chefe da propaganda nazista de Adolf Hitler, Paul Joseph Goebbels (1897-1945), ensinava que uma ideia dita inúmeras vezes na cabeça das pessoas se tornava uma verdade. Comigo aconteceu o inverso. De tanto eu estar rodeado sempre pelos mesmos serviços e fatos cotidianos, o esgotamento humano se fez sentir. O ceticismo tomou conta de minha pessoa. A forma seriada como os contextos se desenvolvem na sociedade capitalista contemporânea nos faz ser uma “metamorfose ambulante” reificadora de relações sociais reprodutoras dos mesmos conceitos.


Em 25 de julho de 2016, segunda-feira, curiosamente Dia do Trabalhador Rural, sei lá, tive uma espécie de surto psicótico. Fui à psiquiatra pela primeira vez. Ela me diagnosticou com embotamento afetivo. Aí me pergunto: será esse um sintoma meu individual ou um sintoma de uma sociedade doente? Quando ando pelas ruas urbanas da cidade onde nasci, sinto os mesmos sintomas intimistas. As pessoas não mais se cumprimentam em público. Não têm tempo para nada. Estão sempre cheias de compromissos inadiáveis. São raras as expressões de afetividade na sociedade capitalista.


Talvez por isso o movimento homo-afetivo seja tão bem-vindo. Porém, os adeptos desse movimento não se manifestam politicamente. Não são politizados, com raras exceções. Seguem a cartilha do bom mocismo: casam-se, trabalham disciplinadamente, respeitam as normas capitais, alugam apartamentos, honram seus compromissos sociais, pagam as suas contas em dia.


Lembra daquela letra de música “Apesar de você”, de Chico Buarque, que ele compôs na época da Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1985)? “Hoje você é quem manda/Falou, tá falado/Não tem discussão, não/A minha gente hoje anda/Falando de lado/E olhando pro chão, viu/Você que inventou esse estado/E inventou de inventar/Toda a escuridão/Você que inventou o pecado/Esqueceu-se de inventar/O perdão/Apesar de você/Amanhã há de ser/Outro dia/Eu pergunto a você/Onde vai se esconder/Da enorme euforia/Como vai proibir/Quando o galo insistir/Em cantar/Água nova brotando/E a gente se amando/Sem parar/Quando chegar o momento/Esse meu sofrimento/Vou cobrar com juros, juro/Todo esse amor reprimido/Esse grito contido/Este samba no escuro/Você que inventou a tristeza/Ora, tenha a fineza/De desinventar/Você vai pagar e é dobrado/Cada lágrima rolada/Nesse meu penar/Apesar de você/Amanhã há de ser/Outro dia/Inda pago pra ver/O jardim florescer/Qual você não queria/Você vai se amargar/Vendo o dia raiar/Sem lhe pedir licença/E eu vou morrer de rir/Que esse dia há de vir/Antes do que você pensa/Apesar de você/Amanhã há de ser/Outro dia/Você vai ter que ver/A manhã renascer/E esbanjar poesia/Como vai se explicar/Vendo o céu clarear/De repente, impunemente/Como vai abafar/Nosso coro a cantar/Na sua frente/Apesar de você/Amanhã há de ser/Outro dia/Você vai se dar mal Etc. e tal/Lá lá lá lá laia”. 

             
Continuo com a mesma impressão do Chico Buarque do período ditatorial brasileiro. Não mudo de opinião. Na democracia, “a minha gente hoje anda/Falando de lado/E olhando pro chão, viu”. Quer dizer: a minha gente hoje anda olhando pro chão, desconfiada de tudo e de todos, tateando uma tela de vidro eletrônica. Não ri. Fica séria o tempo todo. Apenas os espaços privados estão reservados à alegria em família.

Em 05 de maio de 2018, celebraremos os 200 anos de nascimento de Karl Heinrich Marx (1818-1883). Ao estudar a religião ou as atividades espirituais, Marx, muito incompreendido ao afirmar aquela frase que ficou mais famosa que o seu texto completo de ser a religião o ópio do povo, analisou que a religião é o suspiro da criatura acabrunhada, fruto de relacionamentos sociais sem coração e sem espírito. É preciso ressaltar que Karl Marx nasceu no século XIX, em uma família de classe média alemão-judaica, no período em que um papa chegou a declarar que o maior erro da Igreja católica foi ter perdido o contato com a classe operária.

A internet e as redes sociais nos fazem ser proativos, trabalhadores manuais, o que dificulta o nosso foco em uma atividade intelectual, como ler um livro, produzir arte, centrar-se naquela leitura atenta e prazerosa. Desde já peço desculpas se meu texto está com um discurso e comportamento desorganizados, esquizofrênicos. Ultimamente tenho tido como métodos organizar e bagunçar meus objetos pessoais a todo instante. Portanto, estou esquizofrênico ainda. Sou de origem de uma classe média, mimada sim, que nasceu e cresceu com mais liberdade, brincou na rua, em um bairro chamado de Funcionários. Isso mesmo, bairro constituído de trabalhadores. Tenho um caráter mais firme, ora conservador, ora libertário. Se não consigo um determinado objetivo, deixo pra lá, perco, coleciono mais derrotas que vitórias, e caminho “do jeito que a vida quer”, como canta Benito di Paula.

Não sei quando este mal estar e este nó na garganta vão passar. Sempre me sinto mais seguro em eventos coletivos do que em eventos festivos particulares, como aniversários e comemorações familiares. Não gosto muito de solenidades. Sofro do mal de ser mais chegado em movimentos sociais que buscam melhorar a sociedade contemporânea todo dia e não só em épocas de gigante acordado. Consegui em 2017 participar novamente do Grito dos Excluídos, apesar, assumo, de não ser excluído. Mas já viu pobre gritar por seus direitos e deveres? Os postos de saúde estão vazios, sem remédios, sem estrutura mínima. As pessoas desistem de ir nesses meios que poderiam ser preventivos de saúde pública para procurar pelas farmácias comerciais.


Está tudo muito estranho. Parece que estamos vivendo os fantasmas da Revolução Bolchevique Russa de 07 de novembro de 1917 ou a Grande Depressão de 1929 com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque (EUA). No tratamento, chamam-me de bipolar. Não entendo essa palavra. Se nosso cérebro tem dois pólos, o esquerdo (o das emoções e que controla o lado direito do corpo) e o direito (o da razão e que controla o lado esquerdo do corpo), como não ser bipolar, como não utilizar o materialismo dialético e histórico como método de pesquisa teórico-prático, como não ser marxista-leninista?    

A partir daí, questiono: o embotamento afetivo ou anedonia (perda de prazer pela vida na sociedade contemporânea, portanto, capitalista) é uma doença mesmo ou é decorrente da sociedade em que vivemos?      

João Renato Diniz Pinto
terça-feira, 26/12/2017, às 2h e 48min

Conversa sobre o Caminho de Compostela

POR Mara Narciso

Num lugar escuro, com música acelerada, o pensamento a acompanha, a conversa é gritada e o tempo passa depressa. A antítese disso é acompanhar a caminhada do casal Bento e Tudinha, na verdade, Alberto Sena Batista e Sílvia Batista no percurso de 800 km em 40 dias, saindo de Saint-Jean-de-Pied-de-Port na França até Santiago de Compostela, na Espanha. É natural ler devagar, pensando em cada passo. Para gente urbana, que toda hora quer lavar as mãos, usar o banheiro, comer e escovar os dentes, andar meia hora e descansar, percorrer o famoso roteiro de dimensões gigantescas causa admiração.

Católico devoto, Alberto me enviou e-mail dizendo que eu tinha de ter fé em alguma coisa, quando soube ser eu desprovida dela. Então, sei que ele crê, e em busca de transcendência e enriquecimento espiritual fez o Caminho de Santiago de Compostela duas vezes e pretende fazer o percurso outra vez. As questiúnculas de conforto não entram na conta das 192 páginas do relato, que finaliza em fotos. As questões humanas são a segurança quanto à temperatura corporal, a água, o alimento, o banho e o repouso noturno. Jornalista esperto, não disse, mas suponho que tenha feito um diário, ou pelo menos anotações.

Ainda que o caminho receba peregrinos do mundo todo há mais de 1500 anos, atraindo um movimento econômico nada desprezível, não são descritas aglomerações, exceto ao final do dia, na chegada às hospedagens. Atribuindo o fato à providência divina, Bento e Tudinha não dormiram ao relento. Uma vez num colchão ruim, que, pelas normas não poderia ser colocado no chão e duas vezes em hotéis novos, com direito à cama confortável, visão de estrelas e sutis referências ao amor.


Sendo primavera, o caminho é coberto por flores, mas, como chove, é preciso estar atento à vestimenta adequada, para não ter hipotermia, caso de Bento, ou dor no tornozelo, caso de Tudinha. Bolhas nos pés são ocorrências previstas. Tecnologia descartada, antes de começar, a pessoa se despe das suas posses, poses e seus consequentes preconceitos, voltando para si mesmo, enquanto penetra na natureza, seus campos e florestas.

O roteiro é marcado por setas amarelas, e ainda que a quarentena da caminhada possa sugerir monotonia para uma cética como eu, a escrita habilidosa de Alberto Sena, que em alguns pontos mescla as duas viagens, mantém o leitor curioso. Pontua o caminho com o nome dos povoados, fala das suas características, dos personagens generosos e ruins (ataque de um cão, negação de um pedaço de pão), fazendo da narrativa em capítulos um rico enredo.

Renunciar a um objeto precioso numa doação, não é desapego. O real significado de abnegação aflora nessa viagem, quando todos os pertences estão numa mochila com 10% do peso de quem a carrega. E na mão, um cajado, para dar apoio, suporte e servir de defesa. Ele pode ser comprado ou confeccionado pelas próprias mãos, como fez Bento, que, passo a passo foi humanizando seu companheiro, tornando-o um filósofo.

O peregrino pode ir de carro, ou andar parte do percurso a pé com apoio de vans, ou ir de bicicleta ou a cavalo ou a pé. A paisagem muda, e os fatos cotidianos revigoram o interesse pelo relato de cada dia. Porque estou aqui? Para a confirmação da fé, encontro com o divino, o transcendental, o mágico; para o autoconhecimento através da imersão nos próprios pensamentos (mesmo acompanhado, a caminhada é solitária); para a consciência corporal cuja fadiga e insignificância são transmutadas pela penitência em algo poderoso e forte.

“Nos Pirineus da Alma - 40 dias no Caminho de Santiago de Compostela” é o 1º livro do premiado jornalista Alberto Sena. Pelo tema, um livro místico e poético. As convicções do escritor nos deixam lições durante todo o trajeto. A felicidade está no durante e não na chegada à catedral de Santiago, o apóstolo que andou por ali, divulgando os primórdios do Cristianismo. A obra fala sobre fé de forma natural, sem intenção de catequização e de superação, ensinamentos para a vida. Na caminhada, se podem jogar bons sentimentos ao vento, enquanto se vive a transformação individual, mas, quando a mudança é compartilhada, se torna universal.

23 de dezembro de 2017

domingo, 24 de dezembro de 2017

Fé exige respeito aos imigrantes, diz Papa Francisco na Missa do Galo

Fé exige respeito aos imigrantes, diz Papa Francisco na Missa do Galo

Papa Francisco beija estátua do Menino Jesus durante tradicional Missa do Galo, na Basílica de São Pedro, no Vaticano



O papa Francisco fez uma forte defesa dos imigrantes na tradicional Missa do Galo, celebrada à meia-noite do sábado para o domingo (horário local), comparando-os a Maria e José buscando um lugar para ficar em Belém e dizendo que a fé exige que estrangeiros sejam bem recebidos.

Celebrando o quinto Natal de seu papado, Francisco liderou a Missa solene diante de 10 mil pessoas na Basílica de São Pedro, no Vaticano, enquanto muitos outros acompanharam o cerimônia da praça do lado de fora.

O Evangelho lido durante a Missa recontou a história de como Maria e José tiveram de viajar de Nazaré para Belém devido ao censo ordenado pelo imperador romano César Augusto.

"Tantos passos estão escondidos nos passos de José e Maria. Vemos o percurso de famílias inteiras forçadas a fugir nos nossos dias. Vemos o percurso de milhões de pessoas que não escolhem fugir, mas são expulsas de sua terra e deixam para trás seus entes queridos", disse o papa na homilia.

Mesmo os pastores que, segundo a Bíblia, foram os primeiros a ver o Menino Jesus "foram forçados a viver às margens da sociedade" e considerados estrangeiros sujos e mal-cheirosos, disse o pontífice. "Tudo neles gerava desconfiança. Eles eram homens e mulheres a serem deixados à distância, a serem temidos".

"NOVA IMAGINAÇÃO SOCIAL"

Usando vestes brancas, o papa Francisco pediu uma "nova imaginação social em que ninguém deve ter medo de que não há lugar para eles nesta terra".

Francisco, 81, filho de imigrantes italianos e nascido na Argentina, tem feito da defesa de imigrantes um dos maiores faróis de seu papado, com frequência colocando-se em oposição aos líderes políticos.

Em sua homilia, ele afirmou: "Nosso documento de cidadania" vem de Deus, tornando o respeito aos imigrantes uma parte integral de ser cristão.

"Esta é a alegria que nós somos chamados hoje a compartilhar, a celebrar e proclamar. A alegria com a qual Deus, em sua infinita infinita misericórdia, abraçou nós, pagãos, pecadores e estrangeiros, e nos pede que façamos o mesmo", disse Francisco.

O papa também condenou os traficantes de pessoas, que fazem dinheiro dos imigrantes desesperados, dizendo que são "os Herodes de hoje", com sangue em suas mãos, em uma referência à história bíblica do rei que ordenou a matança de todos os primogênitos próximo a Belém porque temia que Jesus um dia iria destroná-lo.

Mais de 14 mil pessoas já morreram tentando cruzar o Mediterrâneo para chegar à Europa nos últimos quatro anos, fugindo das guerras no Oriente Médio e na África

sábado, 23 de dezembro de 2017

O que é o Sindicalismo Classista

O que é o Sindicalismo Classista

Quando o sindicato serve aos trabalhadores

Jornal dos Jornais
Caderno Especial Nº 4
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QUANDO UM SINDICATO É CLASSISTA

1.  QUANDO RECONHECE QUE HÁ INTERESSES OPOSTOS ENTRE A CLASSE OPERÁRIA E A CLASSE CAPITALISTA.
2.  QUANDO RECONHECE A NECESSIDADE DE QUE A CLASSE OPERÁRIA SE ORGANIZE E LUTE COM INDEPENDÊNCIA DE CLASSE.

AS CLASSES TÊM INTERESSES OPOSTOS

Este é o ponto de partida do classismo. Afirma que os capitalistas e os operários são duas classes que estão constantemente em luta porque seus interesses são contrários.

O sindicalismo pelego não reconhece essa grande diferença. Não reconhece que é impossível exigir igualdade entre os interesses da classe capitalista e os interesses da classe operária. O sindicalismo pelego sempre tratou e trata ainda hoje de juntar num mesmo saco patrões e operários.

Para vermos com mais clareza essa primeira característica do classismo, vamos fazer três perguntas que discutidas e respondidas nos ajudarão a entender melhor o que é o classismo:

A.  O QUE DIFERENCIA OS OPERÁRIOS DOS CAPITALISTAS?
B.  PORQUE A CLASSE OPERÁRIA LUTA CONTRA A CLASSE CAPITALISTA?
C.  COMO LUTA A CLASSE OPERÁRIA E COMO LUTA A CLASSE CAPITALISTA?

Para sermos mais claros, colocaremos numa coluna os capitalistas e em outra a classe operária e, dessa forma, vamos comparar a situação de cada classe e como elas se comportam.

CLASSE CAPITALISTA (BURGUESA):

1.  Os capitalistas são os proprietários dos meios de produção (as fábricas, as máquinas, as terras)
2.  Os capitalistas investem capital para obter lucros e comprar mão-de-obra (força de trabalho) por um salário
3.  Os capitalistas são donos das mercadorias que são produzidas nas fábricas e ficam com os lucros que elas rendem

CLASSE OPERÁRIA (PROLETARIADO)

1.  A classe operária não é proprietária de nenhum meio de produção
2.  A classe operária vende sua força de trabalho (suas energias, que é sua única propriedade) por um salário
3.  A mercadoria é produto do trabalho da classe operária, mas os operários não são donos dela e nem recebem os lucros que ela rende

Essas comparações nos ajudam a compreender as diferenças entre as classes. Essas diferenças são reais e verdadeiras. Por isso o sindicalismo classista parte desses fatos e é por isso também que o trabalhador não pode se descuidar deles.

Nesse ponto convém esclarecer algumas coisas.

Primeiro: a primeira coisa que tem que ficar bem claro é que as diferenças entre a classe capitalista e a classe operária não é essa explicação que nós vivemos ouvindo que diz que “os ricos são melhores e mais inteligentes” ou que “o pobre é pobre porque Deus quis assim”. NÃO! Os capitalistas dominam tudo porque eles são donos do capital (as máquinas, as fábricas, as terras e o dinheiro) e é isso que garante a eles a exploração do trabalho dos operários.

Segundo: Outra coisa importante é saber que, além da classe operária, existem outros trabalhadores que também são explorados. Por exemplo, dentro de uma fábrica existem os operários, mas tem também outros trabalhadores como o pessoal do escritório e os técnicos. Além disso, em nosso país, existem os camponeses, os trabalhadores rurais, os trabalhadores do comércio, os bancários, os motoristas de ônibus, os médicos, os estudantes, etc.

A classe operária deve saber, em cada momento da luta, quais os trabalhadores que estão realmente ao seu lado e quais os trabalhadores que estão do lado dos exploradores.

Terceiro: Todos os capitalistas, sejam eles donos de fábricas, donos de bancos, fazendeiros, todos estão unidos pelo mesmo interesse e querem ganhar cada vez mais lucros, através da exploração cada vez maior dos trabalhadores. Para a classe operária lutar contra os capitalistas precisa ter consciência de que todos os explorados do país estão na mesma situação.

Respondida a primeira questão, passemos à segunda:

B: POR QUE A CLASSE OPERÁRIA LUTA CONTRA A CLASSE CAPITALISTA?

Os patrões aceitam que existam diferenças entre eles e os operários, mas dizem que não existem interesses contrários. A verdade é que por terem interesses contrários é que a classe operária luta constantemente contra os capitalistas, isso é o que se chama de LUTA DE CLASSES.

Os capitalistas não querem reconhecer que existe a luta de classe, porque para eles a sociedade boa é essa que nós vivemos, onde só eles têm privilégios, só eles mandam. E é por isso que eles fazem de tudo para que os operários não tenham consciência de que os interesses da classe operária são diferentes dos interesses dos capitalistas.

Sem dúvida, a vida na fábrica, a luta no sindicato e as greves são oportunidades que os operários têm para entender o que que interessa aos patrões não interessa à classe operária. Os patrões querem continuar com a exploração e os operários querem acabar com qualquer tipo de exploração.

Todo operário com consciência compreende que não se pode melhorar a situação e nem acabar com a exploração, a não ser lutando contra os capitalistas. Por isso a LUTA DE CLASSES vai existir enquanto houver patrões.

Para demonstrar isso, vamos voltar a usar as duas colunas onde vocês poderão perceber algumas oposições entre patrões e operários.

CLASSE CAPITALISTA (BURGUESIA)

1)  Para aumentar seus lucros, os capitalistas tratam de baixar os custos de produção e para isso rebaixam os salários.
2)  Os capitalistas querem sempre aumentar a produção sem contratar mais gente, fazendo os operários trabalharem mais para aumentar a produtividade. Para isso, eles aumentam a velocidade das máquinas, compram máquinas mais sofisticadas ou simplesmente exigem mais horas de trabalho.
3)  Os capitalistas têm interesse em destruir ou enfraquecer o sindicato. Para isso, através do Ministério do Trabalho, usam de manobras nas eleições, intervém nos sindicatos, cassam dirigentes combativos. Nas campanhas salariais jogam a polícia em cima dos trabalhadores. Para os patrões e o governo o bom é deixar os sindicatos nas mãos dos pelegos.
4)  O capitalista luta para manter a exploração. Quer continuar sendo o dono dos meios de produção, continuar se apropriando daquilo que o operário produz e continuar organizando o país de acordo com o seu interesse.

CLASSE OPERÁRIA (PROLETARIADO)

1.  A classe operária luta constantemente para aumentar os seus salários e nisso se opõe aos capitalistas.
2.  A classe operária luta para defender sua força de trabalho, que é a sua única propriedade. Para isso, ela procura conseguir melhores condições de trabalho, redução das horas de trabalho, redução das horas de trabalho, assistência médica decente, salubridade nas fábricas, etc.
3.  A classe operária luta sem descanso para se unificar, para conseguir vitórias nas suas lutas, para garantir, fortalecer e organizar sindicatos que realmente lutem por seus interesses, ou seja, a classe operária luta para construir sindicatos classistas.
4.  A classe operária procura se conscientizar cada vez mais e se organizar para acabar com a exploração a que estão submetidos todos os trabalhadores.

O que foi dito até aqui permite reafirmar com maior fundamento que a classe operária e a classe capitalista são classes distintas, contrárias e que estão constantemente em luta.

Fica assim respondida a segunda questão. Agora já entendemos melhor porque a classe operária luta contra a classe capitalista. Vamos responder agora a terceira pergunta:

C.  COMO LUTA A CLASSE OPERÁRIA E COMO LUTA A CLASSE CAPITALISTA

Os operários e os capitalistas defendem cada um os seus interesses. Se participamos da luta sindical, principalmente durante as negociações salariais, vamos ver claramente o comportamento dos patrões e a luta que os sindicalistas e a classe levam para alcançar vitórias.

Vamos mais uma vez usar as colunas para dar diversos exemplos de como os operários e como os capitalistas estão organizados e lutam para defender os seus interesses.

CLASSE CAPITALISTA (BURGUESA)

1.  Os capitalistas se organizam em associações, sindicatos, federações e confederações, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), etc.
2.  O capitalista tenta subornar os trabalhadores mais combativos, que lutam dentro das fábricas para defender o interesse dos seus companheiros. Quando não consegue subornar com promoções, aumentos ou vantagens, ele simplesmente demite esses trabalhadores.
3.  Quando existe uma disputa entre patrões e operários, o Ministério do Trabalho sempre fica do lado dos patrões.
4.  Quase sempre as leis favorecem os capitalistas. Quando uma lei é contrária aos seus interesses, eles simplesmente passam por cima dela. Para isso, eles têm muito dinheiro, bons advogados e o governo a seu lado.   
5.  Os capitalistas, além do que já dissemos, têm também ao seu lado os meios de comunicação como a Rede Globo e os jornais da grande imprensa. Esses órgãos também são empresas capitalistas e só informam aquilo que interessa aos patrões. Esses meios de comunicação são usados para confundir os trabalhadores e impedir que eles tomem consciência de seus interesses.
6.  Nas greves, os capitalistas usam de todos os recursos que se dispõem: o Ministério do Trabalho, as leis, etc. Põem a polícia e o exército na rua para reprimir o trabalhador. Contam ainda com a grande imprensa, a TV e as rádios para defender os seus interesses e desmobilizar a classe operária.

CLASSE OPERÁRIA (PROLETARIADO)

1.  A classe operária também se organiza em grupos de fábrica, comissões de fábrica, interfábricas, sindicatos. Quando está unida e organizada nacionalmente cria centrais sindicais para melhor defender os seus interesses.
2.  Os trabalhadores mais combativos são apoiados pelos seus companheiros de fábrica. Para se defenderem dos patrões, os operários se organizam dentro das fábricas e no sindicato.
3.  A classe operária não pode contar com órgãos do governo, como o Ministério do Trabalho. A única forma dos operários garantirem vitórias é a sua organização e um sindicato classista.      
4.  Quase sempre as leis favorecem os capitalistas, mas, a classe operária, na sua luta, faz com que alguns de seus direitos sejam transformados em leis. Mas, muitas dessas leis, não são conhecidas e, por isso, não são aplicadas. O nosso esforço é fazer com que essas leis sejam conhecidas e aplicadas.   
5.  Quando a classe operária toma consciência, ela faz seus próprios jornais e, através deles, difunde as ideias do proletariado. Atualmente, existe a imprensa alternativa que também defende os interesses dos trabalhadores. A partir de abril de 1980, terroristas de Direita começam a incendiar bancas de jornal e ameaçar jornaleiros que vendem jornais alternativos como “Em Tempo”, “Movimento”, “Companheiro”, “Pasquim”, “O Repórter”, “Convergência Socialista”, “O Trabalho”, “Tribuna da Luta Operária” e muitos outros. [A Ditadura Militar Brasileira de Direita de 1º de abril de 1964 a 1985 se utilizou muito bem da mídia grande. Planejava atos de terrorismo para culpar a Esquerda. Esta não tinha outra opção, senão a luta revolucionária armada]. Mesmo assim, essa imprensa é pequena e pouco divulgada, sendo ainda de pouco ajuda para que a classe trabalhadora tome conhecimento das ideias classistas e de seus verdadeiros interesses.
6.  Para derrotar os capitalistas, a classe operária só pode contar com sua própria organização. Daí a importância dos grupos, comissões de fábrica, dos comandos de greve e do apoio dos outros trabalhadores  também explorados.    

Os fatos até aqui destacados permitem apreciar as táticas da classe patronal e a resposta da classe operária. Também podemos começar a explicar a situação de cada uma das partes e o poder que possuem.

Assim, podemos nos perguntar sobre os capitalistas: por acaso, eles se contentam em ter apenas uma empresa? Eles só querem o poder econômico?

A força da classe operária está na unidade pela base e em sua organização. Nós podemos dizer que, em nosso país, predominam as ideias classistas?

Se queremos avançar no sentido do classismo, devemos aprofundar essas ideias e resolver essas perguntas.

A classe operária tem que conhecer bem os seus interesses e lutar diariamente por eles.

Cada trabalhador tem que ter consciência de que o que está em jogo não é apenas o seu interesse pessoal, mas também a defesa de sua classe e de todos os trabalhadores explorados. O objetivo de sua luta é uma sociedade sem explorados e sem exploradores.

A INDEPENDÊNCIA DA CLASSE

A Independência da Classe é a segunda coisa mais importante do sindicalismo classista e pode ser resumida no seguinte:

Para que um sindicato seja realmente classista, é necessário que a Independência de Classe seja mantida a qualquer preço. Ou seja, a classe operária não pode de forma nenhuma conciliar com a classe capitalista, que é sua inimiga.

Apesar da importância da Independência de Classe, essa característica básica do sindicalismo classista é pouco conhecida e ainda menos praticada nos meios sindicais.

A - O QUE NOS EXIGE A INDEPENDÊNCIA DE CLASSE

1.  A classe operária não pode permitir que as suas reivindicações e o seu sindicato estejam a serviço dos capitalistas. Portanto, a classe operária perde sua independência quando:

Ø Quando reivindica melhores salários e os pelegos aceitam qualquer migalha;
Ø Quando alguns dirigentes sindicais não preparam bem as suas bases e não medem direito as suas forças, levando a luta ao fracasso. Quando uma luta fracassa, os capitalistas ficam mais fortes.

2.  A classe operária não pode esperar que outros organizem, lutem e resolvam os problemas de seu sindicato. Portanto, ela não pode entregar aos outros os trabalhos que ela mesma tem que fazer, pois, isso compromete a independência de sua classe.

Ø A classe operária não deve deixar a defesa de seus interesses só por conta dos dirigentes sindicais, esperando que a sabedoria do dirigente leve à vitória;
Ø A classe operária não deve pensar que existem patrões bonzinhos e gerentes “boa gente” e que eles vão solucionar os problemas de todos, sem demora e sem necessidade de pressões;
Ø A classe operária não deve esperar passivamente do Ministério do Trabalho ou de qualquer outro órgão do governo soluções favoráveis para suas negociações.

[Faltam páginas 16 e 17]

5.  Os dirigentes classistas e os trabalhadores tem que SABER DISTINGUIR ENTRE SEUS AMIGOS E SEUS INIMIGOS. Isto é, entre os grupos e as classes que podem ajudar a luta operária e os que apoiam a classe patronal. Quando conhece seus amigos e aliados, a classe operária deve UNIR-SE COM ELES, tratando de ser uma grande força que assegure triunfos para todos os explorados.     
6.  A unidade da classe operária e a unidade e a organização com os seus aliados responde a um grande objetivo e supõe A GRANDE TAREFA DE ACABAR COM A MISÉRIA E A EXPLORAÇÃO.

Para terminar, diremos que é tarefa dos classistas DIFUNDIR ESSAS IDEIAS no sindicato, no bairro, na fábrica, em todas as partes e em toda oportunidade. Tempos que semear o classismo, pois somente assim poderemos colher os frutos de UMA CLASSE OPERÁRIA ORGANIZADA COMO CLASSE, PODEROSA E COMBATIVA.
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