ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Enquanto você gritava gol...

Era o dia 24 de julho de 2013. O jogo entre Atlético-MG e Olímpia do Paraguai mobilizava o Brasil para a definição do Campeão da Copa Libertadores daquele ano. O Olímpia havia vencido os mineiros por dois a zero no jogo de ida. O grito de “Eu acredito!”, e não o de “Nós acreditamos!”, unia atleticanos e até não-atleticanos.

O primeiro jogo da finalíssima no Estádio Reformado Governador Golpista José de Magalhães Pinto seguia para o segundo tempo depois de uma primeira etapa de muito sofrimento, como qualquer jogo de futebol ensina e a vida bate o cartão.

Guilherme chuta de fora da área e marca o primeiro do Atlético-MG. Quando ninguém mais esperava, a bola é alçada na área e a torre gêmea Leonardo Silva marca de cabeça o segundo gol do time preto e branco.

Enquanto você gritava o primeiro gol do jogo, a moça bonita de 28 anos era submetida na Santa Casa de Montes Claros a uma curetagem para retirada de restos da gravidez que perdeu após um aborto espontâneo, após resistir durante três meses, sofrer calada ao lado do filho e companheiro do primeiro relacionamento conjugal com hemorragias seguidas e tentar gerar a vida que todos são a favor, mas que quase ninguém é obreiro o suficiente para oferecer condições de saúde ideais a todo brasileiro para que ele nasça, alimente-se e cresça da melhor forma possível. No segundo gol do jogo, ela já estava sedada para dormir e descansar em paz após aquele procedimento médico curativo.

O jogo vai para a prorrogação. O zero a zero persiste. Já são mais de meia-noite: 25 de julho de 2013, quinta-feira. No calendário religioso, celebra-se São Cristóvão, o carregador de cristos e, no calendário da história, recorda-se o dia do trabalhador rural. Como duas equipes de operários urbanos que são oprimidos e forçados a esquecer as suas raízes rurais, Atlético-MG e Olímpia vão decidir a Copa Libertadores de 2013 nas penalidades máximas, na loteria esportiva. A trave mata o Olímpia e glorifica o Atlético-MG.

Porém, a noite no hospital é de melancolia e dor. Mais um filho teu fugiu à luta, enquanto você gritava é campeão ou chorava a perda de um título como se fosse um olimpiano. Libertas que serás também libertado! E ainda cospem e voltam a cuspir e a degustar no prato em que comem: o campeonato mineiro é apelidado pejorativamente de rural, essa nostalgia que teima em permanecer na alma da gente.  


“A consciência é, pois, um produto social e continuará a sê-lo enquanto houver seres humanos. A consciência é, antes de tudo, a consciência do meio sensível imediato e de uma relação limitada com outras pessoas e outras coisas situadas fora do indivíduo que toma consciência; é simultaneamente a consciência da natureza que inicialmente se depara ao ser humano como uma força francamente estranha, toda poderosa e inatacável, perante a qual os seres humanos se comportam de uma forma puramente animal e que os atemoriza tanto como os animais; por conseguinte, uma consciência de natureza puramente animal (religião natural)”


[Karl Marx e Friedrich Engels escrevem homens no século XIX, uma época em que o papel entre homem e mulher era mais delimitado, o que não quer dizer necessariamente que Marx, Engels e os comunistas fossem e são machistas. Muito pelo contrário. A obra de Karl Marx e Friedrich Engels é marcada por um humanismo nunca visto até então. Marx se torna comunista ao ter contato com o operário J. Moll. Marx ainda anota sobre a questão da religião natural que “compreende-se imediatamente que esta religião natural ou este tipo de relações com a natureza estão condicionados pela forma da sociedade e vice-versa. Neste caso, como em qualquer outro, a identidade entre o ser humano e a natureza toma igualmente esta forma, ou seja, o comportamento limitado dos seres humanos perante a natureza condiciona o comportamento limitado dos seres humanos entre si e este condiciona por sua vez as suas relações limitadas com a natureza, precisamente porque a natureza mal foi modificada pela história.] 

A Ideologia Alemã (Primeiro Capítulo), por Karl Marx e Friedrich Engels

Polêmicas e perversidades pequeno-burguesas

Outra polêmica a se desfazer é sobre a seguinte frase de Karl Marx: “a religião é o ópio do povo”. Essa expressão marxista ganhou ares universais, como se Marx, Engels e todos os comunistas fossem inimigos das religiões. Marx nasceu e cresceu sob a influência da religião judaica na Alemanha. Casou-se e só teve uma mulher por quem nutriu o mais profundo e real amor. Criou e multiplicou sete descendentes em um período social e econômico muito mais complicado do que este século XXI.  


É de se ter bom senso para ler a frase completa e não difundi-la fora do seu contexto histórico ou por pura perversidade pequeno-burguesa.

05 DE MAIO DE 2018: CELEBRAÇÃO DOS 
200 ANOS DE NASCIMENTO DE KARL MARX

A primeira vez que vimos essa frase foi na Coleção Folha Grandes Fotógrafos (2007). A introdução da coleção destacava a frase completa de Marx: “a religião é o ópio do povo, é o suspiro da criatura oprimida, fruto de situações sociais sem coração e sem espírito”.




Muito antes do inventado Estado de Israel surgir em 1949, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), do saudoso Vladimir Lênin, já protegia os judeus dos preconceitos de classe e de religião burgueses. Hoje os judeus estão presentes mais na Rússia. O inventado Estado de Israel conta atualmente em sua população com 70% de judeus ateus por causa da absurda guerra movida contra os palestinos, os verdadeiros donos da terra prometida.


Muito certamente, se Karl Marx e Friedrich Engels tivessem, por exemplo, nascido no Norte de Minas Gerais, onde a religião se desenvolveu de forma mais progressista a partir de 1910 [hoje vemos uma religião claramente intimista e para dentro dos templos, característica histórica de épocas de crises econômicas], provavelmente eles teriam outra visão da religião.


E no tempo histórico (século XIX) em que Marx e Engels viveram, não tínhamos outros ópios do povo, como verificamos hoje: o consumo desenfreado, o desejo incontrolável de possuir bens, carnaval, o futebol, a mídia, a cocaína, a maconha, a bebida alcoólica, os clubes de maçons e rotarianos, o trabalho, o lazer, etc.


No século XIX, Marx alertava também para a questão da “mulher como presa e servidora da luxúria coletiva”, problemática intensificada nestes tempos confusos posmodernosos em que o trabalho é definido como lazer. O trabalhador só é feliz em seu período de folga, já alertavam Karl Marx e Friedrich Engels.



O trabalho pleno só pode ser seriamente desenvolvido na sociedade socialista. Já a sociedade capitalista precisa da produção de desempregados (reserva de mercado) para se reproduzir, mesmo com meios de subsistência suficientes para suprir todos os nove bilhões de seres humanos que vivem neste Planeta Terra, como os da Somália, na super-explorada África.       

       


Se Karl Marx, Friedrich Engels e os marxistas ortodoxos estão errados, o que levaria então um sumo pontífice a fazer a seguinte declaração ou seria profecia: “O grande escândalo da Igreja no século XIX foi ter perdido o contato com a classe operária”, Papa Pio XI.


“Relativamente aos Alemães, que se julgam desprovidos de qualquer pressuposto, devemos lembrar a existência de um primeiro pressuposto de toda a existência humana e, portanto, de toda a história, a saber, que os seres humanos devem estar em condições de poder viver a fim de ‘fazer história’. Mas, para viver, é necessário antes de mais nada beber, comer, ter um teto onde se abrigar, vestir-se, etc. O primeiro fato histórico é pois a produção dos meios que permitem satisfazer as necessidades, a produção da própria vida material; trata-se de um fato histórico, de uma condição fundamental de toda a história, que é necessário, tanto hoje como há milhares de anos, executar dia a dia, hora a hora, a fim de manter os seres humanos vivos. Mesmo quando a realidade sensível se reduz a um simples pedaço de madeira, ao mínimo possível, como em São Bruno, essa mesma realidade implica a atividade que produz o pedaço de madeira. Em qualquer concepção histórica, é primeiro necessário observar este fato fundamental em toda a sua importância e extensão e colocá-lo no lugar que lhe compete. Todos sabem que os alemães nunca o fizeram; nunca tiveram uma base terrestre para a história e nunca tiveram, por isso, nenhum historiador. Tanto os franceses como os ingleses, se bem que apenas se apercebessem da conexão entre este fato e a história de um ponto de vista bastante restrito, e sobretudo enquanto se mantiveram prisioneiros da ideologia política, não deixaram por isso de levar a cabo as primeiras tentativas para dar à historiografia uma base materialista, escrevendo as primeiras histórias da sociedade civil, do comércio e da indústria.”

A Ideologia Alemã (Primeiro Capítulo), por Karl Marx e Friedrich Engels

Pastoral Carcerária solicita doação de objetos de uso pessoal

A Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Montes Claros pede a sua fraternidade, da sua família, associação, igreja, fundação ou sociedade educativa para a doação de objetos de uso pessoal, como sabonetes, escova e pasta de dentes, papel higiênico, moldes, etc para serem repassados a mais de 60 mulheres que cumprem penas nas cadeias da cidade. A solicitação é do coordenador arquidiocesano da Pastoral Carcerária, Dílson Antônio Marques. Qualquer doação pode ser entregue no Setor Social da Arquidiocese de Montes Claros, cujo endereço é Rua Januária, 387, Centro, perto do Colégio Indyu. Ou na sede da Legião de Assistência Recuperadora/O NOSSO LAR, cujo endereço é Rua Glaucilândia, 75, Bairro São Judas.    


“Na relação com a mulher, como presa e servidora da luxúria coletiva, expressa-se a infinita degradação na qual o homem existe para si mesmo, pois o segredo desta relação tem sua expressão inequívoca, decisiva, manifesta, desvelada na relação do homem com a mulher e no modo de conceber a relação imediata, natural e genérica.” Karl Marx (1818-1883)



















segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Ídolo: ame-o ou deixe-o!

POR Mara Narciso

No dia do seu 72º aniversário, Lula e seguidores estiveram em Montes Claros. Os nomes nacionais que passaram por aqui no dia 27 de outubro foram Gleise Hoffmann, Fernando Haddad, Benedita da Silva, Fernando Pimentel, Lindbergh Farias, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva. A manifestação política se deu na Praça da Catedral, e, marcada para as 18 horas, Lula falou as 21 e 30. Um palco imenso foi montado, e, com um som bastante alto, músicas da MPB distraíam os manifestantes, até o início dos discursos.


Quando a festa começou, com praça cheia, porém com alguns espaços nas laterais para o público se movimentar (imagem de drone), percebeu-se o quanto um ídolo pode ser amado. Por ser aniversário de Lula, mas também em outras ocasiões, montes de presentes foram entregues no palanque, por uma multidão embevecida. De pé todo o tempo, sem ter onde se encostar, todo sacrifício foi feito por quem gosta dele. Mais tarde teve bolo e parabéns.



E os que o detestam? Ainda de manhã, os opositores a Lula postaram fotos detratando-o, nas redes sociais. Uns diziam: Lula, Montes Claros te recebe de grades abertas! Ou, junto a uma foto com a praça quase vazia: por enquanto, só os idiotas, os ladrões ainda não chegaram. Vídeos mostraram grupos vaiando Lula, assim como, alguns descontentes com a visita, protestavam vestidos de verde e amarelo.



Ainda na parte da tarde, integrantes do MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra estavam no local. Suas fotos correram as redes sociais, sugerindo que hostilizavam jornalistas. Os simpatizantes de Lula, em sua maioria vestidos de vermelho, apareceram assim, naturalmente.




O curioso é Lula não ter receio de enfrentar a multidão, andando desenvolto pelo meio dela. Muitos o abraçavam, comovidos, como se estivessem abraçando um santo. Outros, imitando Gabriel, o Pensador, que soltou um remake recente do seu “Matei o presidente”, feito para Fernando Collor, e agora visando Michel Temer, querem destruir Lula.




Vidas perigosas têm os líderes, levados à condição de guias, gurus, quase semideuses. Mal comparando, Jesus Cristo era seguido, adorado, tendo os seus pés beijados, no entanto, quando Pôncio Pilatos perguntou à multidão quem deveria morrer, Cristo ou Barrabás, a multidão escolheu o Nazareno. Mahatma Gandhi, admirado por ter levado a Índia à libertação pelos caminhos da verdade e da não violência, teve sua vida ceifada por Nathuram Godse, que o baleou. Quando estava no auge, John Lennon foi morto aos 40 anos, na porta da sua casa, por um fã, Mark David Chapman, que buscava notoriedade. Também foram alvejados o Papa João Paulo II por Ali Agca, o qual foi perdoado, e Ronald Reagan, que levou tiros proferidos por John Hinckley. Sem contar o misterioso Lee Oswald, que matou John Kennedy, despedaçando sua cabeça.



Em geral, gente precisa de ídolos, de heróis. Têm suas vidas ocas, tão medíocres que correm atrás de alguém que brilhe, para adorá-lo ou destruí-lo, ou as duas coisas.  Por isso gente famosa anda com seguranças. Ter fama, dinheiro ou poder ou tudo isso desperta sentimentos contraditórios.


As mentes frágeis - outras bem fortes - consomem seu tempo odiando e insuflando ódio, enquanto gastam os joelhos rezando. Simultaneamente apedrejam, destruindo quem pensa diferente delas. É preciso desmoralizar, acabar com quem tenha a audácia de se contrapor aos seus objetivos.




Nas redes sociais e no mundo real, as inteligências e as burrices andam inflamadas, sedentas de sangue. O negócio não é opinar, é preciso triturar o opositor, arrancar-lhe as vísceras e pisotear sobre elas. A Sociologia e Sigmund Freud não conseguem explicar. A crescente paixão para o mal sugere que o mundo está precisando se acabar. Ou melhorar. Tudo tem dois lados, ainda que a Lua mostre um lado só.

29 de outubro de 2017

Sugestão de Vídeos
(clique nas expressões acima para ver cada clip)

domingo, 29 de outubro de 2017

Bate coração

POR Marinês
Compositor: Cecéu

Bate, bate, bate coração
Dentro desse velho peito
Você já está acustumado a ser maltratado
A não ter direito

Bate, bate, bate coração,
Não ligue deixe quem quiser falar
Porque o que se leva dessa vida coração
É o amor que a gente tem pra dar


Oi tum, tum bate coração
Oi tum coração pode bater
Oi tum, tum bate coração
Que eu morro de amor com muito prazer

(duas vezes)

As águas deságuam para o mar,
Meus olhos vivem cheios d’água
Rolando, molhando o meu rosto de tanto desgosto
Me causando mágoa

Mas meu coração só tem amor
E amor tivera mesmo pra valer
Por isso a gente pena,
Sofre e chora coração
E morre todo dia sem saber. 

Oi tum, tum, bate coração
Oi tum coração pode bater
Oi tum, tum bate coração
Que eu morro de amor com muito prazer

(duas vezes)


Oricurí (Segredos do Sertanejo)

POR Clara Nunes (intérprete)

Oricurí madurou
E é sinal, que Arapuá já fez mel
Catingueira fulorou lá no sertão
Vai cair chuva a granel

Arapuá esperando
Oricurí madurecer
Catingueira fulorando
Sertanejo esperando chover

Lá no sertão, quase ninguém tem estudo
Um ou outro que lá aprendeu ler
Mas tem homem capaz de fazer tudo, doutor!
Que antecipa o que vai acontecer

Catingueira fulora: vai chover
Andorinha voou: vai ter verão
Gavião se cantar: é estiada
Vai haver boa safra no sertão

Se o galo cantar fora de hora:
É mulher dando fora, pode crer
Acauã se cantar perto de casa:
É agouro,é alguém que vai morrer

São segredos
Que o sertanejo sabe
E não teve o prazer
De aprender ler

Oricurí madurou

E é sinal, que Arapuá já fez mel...

Sagarana

POR Clara Nunes (interpretação)
 
A ver, no em-sido
Pelos campos-claros: estórias
Se deu passado esse caso
Vivência é memórias

Nos Gerais
A honra é-que-é-que se apraz
Cada quão
Sabia sua distrição

Vai que foi sobre
Esse era-uma-vez, sas passagens
Em beira-riacho
Morava o casal: personagens
Personagens, personagens, personagens

A mulher
Tinha a morenês que se quer
Verde olhar
Dos verdes do verde invejar
Dentro lá deles
Diz-que existia outro gerais
Quem o qual, dono seu
Esse era erroso, no à-ponto-de ser feliz demais

Ao que a vida, no bem e no mal dividida
Um dia ela dá o que faltou, ô, ô, ô

É buriti, buritizais
É o batuque corrido dos gerais
É buriti, buritizais
É o batuque corrido dos gerais

O que aprendi, o que aprenderás
Que nas veredas por em-redor Sagarana
Uma coisa é o alto bom-buriti
Outra coisa é buritirana

A pois que houve
No tempo das luas bonitas
Um moço êveio
Viola enfeitada de fitas
Vinha atrás
De uns dias pra descanso e paz
Galardão, Mississo-redó, Falanfão,
No-que se abanque que ele deu nos óio o verdêjo
Foi se afogando
Pensou que foi mar, foi desejo
Foi desejo, foi desejo, foi desejo

Era ardor
Doidava de verde o verdor
E o rapaz quis logo querer os Gerais
E a dona deles: “Que sim”
Que ela disse verdeal
Quem o qual, dono seu
Vendo as olhâncias, no avôo virou bicho-animal

Cresceu nas facas
O moço ficou sem ser macho
E a moça sem verde ficou, ô, ô, ô

É buriti, buritizais
É o batuque corrido dos gerais
É buriti, buritizais
É o batuque corrido dos gerais

O que aprendi, o que aprenderás
Que nas veredas por em-redor Sagarana
Uma coisa é o alto bom-buriti
Outra coisa é buritirana

Quem quiser que cante outra
Mas à-moda dos Gerais
Buriti: rei das veredas

Guimarães: buritizais!
Guimarães: buritizais!
Guimarães: buritizais!


“Música de João de Aquino e de Paulo César Pinheiro. Sagarana é um livro de contos publicado por João Guimarães Rosa”, Jota Lacerda


“Entender um texto de Guimarâes Rosa é um desafio pra quem não é muito afinado em cultura. Digo, porque esta letra é baseada nos contos dele. Mas na interpretação poética e magnífica de Clara Nunes, qualquer texto se torna uma maravilha e fácil de se entender.” Noel Costa