POR Fabiana Brochetti
fabiana@fabicomunica.com.br
Em
tempos de crise econômica onde se destacam o desemprego e o preconceito e,
consequentemente, aumentam o risco de suicídio decorrente da falta de
esperança, dificuldades de se enquadrar no ambiente social e econômico, as
Edições Loyola publicam a obra intitulada “E foram deixados para
trás - Uma reflexão sobre o fenômeno do suicídio”, do padre Lício de Araújo
Vale, ex-secretário executivo do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) - (São Paulo).
Filho de um suicida, padre Lício aborda o assunto a partir de sua
experiência pessoal e pastoral, somada a uma cuidadosa pesquisa e depoimentos
que fazem do livro um instrumento de apoio para a compreensão desse tema pouco
falado e que, por essa razão, tornou-se um verdadeiro tabu.
“A ideia de escrever estas páginas nasceu exatamente do desejo de
contribuir para lançar luzes sobre o problema do suicídio, colaborar para que
se fale mais a respeito da questão, aumentar a conscientização, partilhar como
filho a experiência vivida pela minha família, cooperar com a superação do tabu
em relação ao tema, defender a vida e divulgar a prevenção”, diz o autor na
apresentação.
Logo no primeiro capítulo, o autor apresenta números alarmantes que
estão escondidos por trás do silêncio. Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), o suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2012, mais de 800 mil pessoas,
no mundo, morrem por suicídio todos os anos, sendo ele a segunda principal causa
de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos.
A obra conta com a apresentação do Dalcides Biscalquin, apresentador da Rede Vida de Televisão,
e o prefácio do psiquiatra Neury
José Botega, uma das maiores autoridades sobre o assunto. É professor
titular da Universidade Estadual de Campinas, fundador da Associação Brasileira
de Estudos de Prevenção do Suicídio (Abeps) e assessor científico do Centro de
Valorização da Vida (CVV). “A dor causada por um suicídio é silenciada na vida
das pessoas e ocultada na história das famílias. Então, sobre o que não se
conversa, podemos ter a impressão de que não aconteceu e não acontece”, esclarece
Botega e acrescenta. “O processo do luto por um suicídio é bem mais difícil,
justamente pelos sentimentos e pelo constrangimento que esse tipo de morte
desperta”, afirma.
Prevenção do suicídio não quer dizer evitar todos os suicídios e sim
evitar uma boa parcela dessas mortes. Para isso, Botega sugere que a
memorização do acrônimo ROC: Risco: o primeiro passo é
a suspeita de que uma pessoa venha a se matar; Ouvir: o segundo
passo é ouvir com atenção e respeito, sem julgar; e, por fim, Conduzir:
direcionar o potencial suicida até um profissional de saúde mental, ou seja,
não ficar de braços cruzados, paralisados.
Padre Lício aborda com clareza a dor dos que ficam, dos que foram
deixados para trás e a visão de diversas religiões sobre o assunto, catolicismo,
protestantismo, protestantismo pentecostal, neopentecostal, judaísmo,
islamismo, budismo, espiritismo, umbandismo e candomblé. Também discorre sobre um
assunto que dificilmente é apresentado à sociedade capitalista contemporânea, o
suicídio de líderes religiosos. Fala da retomada da vida depois do luto e
dedica um capítulo inteiro para indicar onde é possível procurar ajuda.
Enfim, o objetivo da obra é trazer informações técnicas importantes
sobre o tema, dados atuais e, como padre, o autor não poderia deixar de lado a
sua fé. Abordar o assunto é extremamente importante para que as perguntas
não sejam empecilhos, ao contrário, tornem-se caminhos para a compreensão desse
tema e, quem sabe, salvação para aqueles que, no momento de desespero, veem o
suicídio como única alternativa e não conseguem encontrar espaço para expressar
sobre isso, sem serem tachados de loucos. Nessa hora, a informação, a escuta
qualificada e a ausência de julgamentos podem salvar vidas.
SOBRE O AUTOR DA OBRA
PADRE LÍCIO DE ARAÚJO VALE é bacharel em Filosofia pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e em Teologia pela Faculdade de
Teologia Nossa Senhora da Assunção. É padre diocesano desde 1983, incardinado
na Diocese de São Miguel Paulista/SP. Foi secretário
executivo do Regional Sul 1 da CNBB (SP) por oito anos (1996-2003). Atualmente
é pároco da Paróquia Sagrada Família de Vila Praia, São Paulo/SP.
SERVIÇO
Título: E foram
deixados para trás - uma reflexão sobre o fenômeno do suicídio, do padre Lício
de Araújo Vale, Formato: 14 x 21 cm, Páginas: 136, Preço: 29,90