ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Que pais é esse em que vivemos

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Que pais é esse em que vivemos

Estes últimos dias vimos como o nosso país ficou refém de poderes paralelos da república. Ficamos reféns de uma manifestação que tem aparência de reivindicação justa, mas que extrapola o âmbito de uma classe que necessita de justiça social.

As pessoas ficaram sem saída diante dos desabastecimentos de toda ordem nas cidades grandes e pequenas do nosso país e ainda com perdas irreparáveis de produtos perecíveis. A saúde, a educação, a alimentação, a segurança, enfim tudo que é necessário e urgente para que possamos ter o direito de viver, de ter e de ir e vir.

Não podemos ficar parados e assistir essa desobediência civil e a falta de uma autoridade que possamos confiar nas suas decisões. O filosofo Roberto Romano faz algumas ponderações que devemos pensar e refletir como, por exemplo: 

-"Existem múltiplas tentativas de explicar o que acontece hoje. A mais sólida é que estamos chegando ao ápice de uma crise de Estado e sociedade na qual não existem mais condições de comando e obediência", resume o doutor em filosofia Roberto Romano, professor de ética da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), sobre o desenrolar da greve dos caminhoneiros, iniciada na semana passada. Cf. www.uol.com.br (Juliana Carpanez Do UOL, em São Paulo 31/05/201804h01... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/05/31/roberto-romano-paralisacao-greve-dos-caminhoneiros.htm?cmpid=copiaecola)

A democracia, mesmo com tantos percalços no Brasil, ainda vale a pena, mas é preciso que o povo tenha consciência da sua responsabilidade de escolher bem os novos mandatários do país e dos estados. Não se pode ter visão obliqua somente de resolver problemas imediatos, mas procurar ver programa de governo em longo prazo. Sabemos que muitos países de pôs guerra ou catástrofes resolveram seus problemas mediante sacrifícios de todos e desse modo puderam ver solução para os seus graves problemas vividos. Não há solução mágica e nem salvadores da pátria. 

Continuando o pensamento do filosofo Romano que diz: "Um presidente tem de demonstrar e exercitar sua autoridade, o que não acontece hoje. Michel Temer é um pato manco [termo usado nos EUA para um político que deixará em breve o cargo], não tem voz de comando. Essa crise se agrava desde o governo Dilma [Rousseff], que pouco antes do impeachment já não governava mais, estava apenas defendendo seu mandato."

O que vimos de modo triste, como salienta o filósofo Romano: “Uma coisa é questionar a política do governo. Outra são grupos poderosos se sentirem autorizados a desafiar o poder público, defendendo seus interesses e colocando a população como refém. Cf. ” www.uol.com.br (Juliana Carpanez Do UOL, em São Paulo 31/05/201804h01... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/05/31/roberto-romano-paralisacao-greve-dos-caminhoneiros.htm?cmpid=copiaecola

O Brasil tinha uma rede ferroviária em crescente avanço até a década de 1950, mas outros interesses governamentais, eles resolveram dar lugar a rede rodoviária, favorecendo as grandes empreiteiras  até os dias de hoje. A visão do filosofo Roberto Romano é para gente pensar e refletir, assim foi o que ele diz: 

-"O mapa ferroviário crescia no país nos anos 1950, mas então houve a opção pelo transporte rodoviário. Isso em um país que poderia ter uma grande rede ferroviária e com capacidade fluvial enorme para o transporte de pessoas e mercadorias. Investiram-se bilhões em estradas de rodagem, o que também foi a chave para a corrupção das empreiteiras. Hoje o que se tem é uma malha viária em péssimo estado, mesmo nos trechos terceirizados. Some isso ao preço dos combustíveis e estamos no pior dos mundos", conclui. (cf www.uol.com.br (Juliana Carpanez Do UOL, em São Paulo 31/05/201804h01... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/05/31/roberto-romano-paralisacao-greve-dos-caminhoneiros.htm?cmpid=copiaecola

Então, é preciso que encontremos pessoas com grande capacidade de liderança e coerência politica para dar um sentido na politica de um país e que possamos ter um líder que dirija e comanda a nação em todos os momentos, mesmo nos momentos de dificuldades e crises.

Sabemos que a politica é a arte de governar e procurar o bem comum com equidade para todos. Que o Brasil acerte o seu rumo para o desenvolvimento e progresso a  onde todos possam participar com justiça, com trabalho e paz para todos. 

Viva o Brasil e viva a democracia.
Bacharel em teologia e filosofo Jose Benedito Schumann Cunha

quarta-feira, 30 de maio de 2018

"As flores são plantadas ao longo do caminho para que saibamos encontrar a primavera o ano todo."


"As flores são plantadas ao longo do caminho para que saibamos encontrar a primavera o ano todo."
Anônimo

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Queridos irmãos e irmãs em Cristo, fomos resgatados não por dinheiro ou por metais preciosos para podermos estar em comunhão com Deus, mas foi pelo precioso sangue de Cristo derramado na cruz, “cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo” (1 Pedro 1,19). Nós vimos o seu poder quando foi manifestado para aquele povo e a seus discípulos e hoje a nós. Única que devemos fazer é ser obediente a Ele e ter fé Nele, pois desse modo seremos purificado através da prática do amor a Deus e aos outros. Deve ser uma amor sincero que vem do fundo do nosso coração. Sabemos que somos fracos e frágeis, perecemos como uma flor que nasce de manha e a noite já fenece.. se estivermos ligado a Cristo na sua palavra que é anunciada pelo evangelho.
Assim glorificamos o Senhor, pois Ele nos abençoou com a sua graça e ainda nos dá carinho que nenhum povo antes teve. Os seus preceitos são eternos e vale sempre até hoje.
O evangelista Marcos  nos mostra que Jesus não veio para ser servido mas para servir.. Jesus estava a caminho de Jerusalém, e Ele sabia  que ia acontecer em Jerusalém, os discípulos estava triste e com medo pelas coisas que Jesus falou. Jesus diz: "Eis que subimos a Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e entregá-lo-ão aos gentios.34 Escarnecerão dele, cuspirão nele, açoitá-lo-ão, e hão de matá-lo; mas ao terceiro dia ele ressurgirá.

Dois discípulos pediram a Jesus privilégios, mas os repreendeu dizendo que eles não sabiam o que estavam pedindo, pois não depende dele quem deve estar sentado perto de si. Jesus fala que entre eles e a nós também não devemos pedir privilégios por estar em missão do evangelho, pois devemos ser servidores como Jesus o foi. (cf.Mc 10,32-45)

É importante saber que Jesus não veio para ter privilégios e ser bajulado, mas para servir a todos e ainda doando-se plenamente na cruz.

Hoje devemos pensar e refletir sobre isso. Não podemos pensar em ter regalias e ser prestigiado, mas servidores do evangelho que liberta e salva a todos.

Tudo por Jesus nada sema Maria!

Bacharel em Teologia Jose Benedito Schumann Cunha

terça-feira, 29 de maio de 2018

“Você também fez o Inferno ?”

Salve Maria!




Em seu livro esclarecedor sobre Medjugorje – UN ESERCITO CONTRO IL MALE – Padre Gabriele Amorth nos dá incríveis detalhes sobre o Inferno.

Várias vezes perguntei ao diabo durante os exorcismos: “Você também fez o Inferno ?” E o diabo sempre me respondia: “Colaboraram todos os demônios. O Inferno foi feito pelos demônios.”

Padre Cândido Amantini estava exorcizando um demônio de um possesso e lhe disse com ironia: “Vai, vai, que o Senhor te preparou uma bela casinha aquecida !” O demônio com raiva respondeu: “Você não sabe de nada !” O exorcista força em nome de Deus que o demônio diga a verdade: “Não foi DEUS que criou o Inferno, mas somos nós os diabos a realiza-lo. ELE nunca nem mesmo pensou nisto”.

Padre Amorth citando a visita de Santa Faustina ao Inferno nos lembra que segundo a visão de Santa Faustina, a maior parte dos condenados não acreditava na existência do Inferno e muitas vezes não acreditavam nem mesmo na existência do demônio.  Segundo Santa Faustina as almas no inferno sofrem 7 tipos de punições pessoais:

 A perda de Deus, que é já um Inferno.
O contínuo remorso que lhe atravessa
Saber que aquele estado não mudará nunca, porque é eterno. A vida pode ser longa, mas não é nada diante da Eternidade.
Um fogo terrível que penetra na alma.
Uma contínua escuridão e fedor sufocante.
A incessante companhia de satanás que está sempre diante de cada um dos condenados para sempre.
O desespero, o ódio contra DEUS, as blasfêmias.
Padre Amorth fala também sobre o crescimento das seitas satânicas no mundo e cita os três princípios nos quais se baseiam o satanismo:

Faça tudo aquilo que quiser
Ninguém tem o direito de dar ordens
Você é o próprio DEUS
E cita também uma mensagem de Nossa Senhora que fala sobre o destino eterno daqueles que não creem:

“Sofro muito pelos que não creem. Também eles são MEUS filhos ! Não sabem qual o tremendo destino lhes esperam ! Todos os segredos que lhes confiei se realizarão. Também as advertências acontecerão. Não deve pensar por isto que Deus tenha um coração duro. Olhem em torno e se darão conta do quanto estão imersos no pecado os homens de hoje e assim não dirão que Deus tem o coração duro. Portanto, vocês devem rezar mais pelos que não creem e pelos pecadores.” 25/10/1985

colaboração Bacharel em Teologia Jose Benedito Schumann Cunha

fonte: Gabriel Paulino
Foto do perfil de Gabriel Paulino
contato@medjugorjebrasil.com

domingo, 27 de maio de 2018

Uma luneta para o céu

POR Mara Narciso

Tenho acompanhado o trabalho dos fotógrafos Manoel Freitas e Eduardo Gomes e a particularidade de fotografarem a Lua em todas as suas fases e esplendor, colocando horizonte, montanhas e vegetação, tornam mais belas suas produções. Isso me fez recordar de uma luneta que pertencia ao meu Tio Tom, Petronilho Narciso Júnior. Meu avô o presenteou, e eu, fã desse tio criativo e cheio de imaginação, seis anos mais velho do que eu, ficava encantada, pedindo-o para dar uma espiada no mundo através das lentes da sua luneta.

Era um canudo branco, com um anel preto na parte de trás, que a fechava. Na parte da frente ficava o lugar de se colocar o olho. A imagem nos aproximava de tudo. Era mágico e eu ficava louquinha, ainda que mal alcançasse o visor sobre o tripé. A casa dos meus avós era na Rua Carlos Pereira, 61, no centro da cidade, perto da Catedral. Bem em frente tinha um poste de luz. Sobre o passeio, Tio Tom colocava a luneta, apontava para algo que lhe despertasse curiosidade e fazia o foco. Quando já estava no ponto deixava a gente ver. Numa emoção em estado puro, eu era capaz de ficar horas envolvida nesse gostoso lazer, desvendando os mistérios daquilo que não era visto a olho nu, mas que, através das lentes mostrava todos os detalhes.

Debaixo do sol forte, Tio Tom escolhia uma direção e palmilhava o espaço, buscando algo interessante. Éramos crianças e nem imaginávamos em bisbilhotar os vizinhos. Naquele tempo quase não tinha prédios em Montes Claros. A intenção era apenas ver de perto algo que estivesse distante, coisas e pessoas na rua. Como a cidade tem vários morros, o horizonte não é tão longe e mirávamos para cima dessas elevações.

A bela Catedral de Nossa Senhora Aparecida, construída entre 1926 e 1950, une os estilos romântico e gótico, cabe 3.000 fieis e tem três torres, sendo a central de 65 metros. No topo dela tem um crucifixo de estrutura metálica, de quatro faces, de vidros azuis e amarelos como vitrais iluminados e, faltava um deles, tinha também raios metálicos irradiando do centro. Sem o aumento, nunca poderíamos imaginar tal detalhamento. Ganhávamos horas de prazer olhando a torre da igreja, seu grandioso telhado, janelas e vitrais.

O tempo era diferente, passava mais devagar. Meu Tio Tom era bom e tinha paciência comigo e com a minha curiosidade. Também foi ele quem me ensinou a andar de bicicleta quando eu tinha sete anos. Ele me emprestou a dele, que era verde, segurou para eu subir, e me empurrou um pouco. Então soltou e eu saí pedalando.

À noitinha nós íamos para a rua, colocávamos a luneta no passeio do outro lado, e ficávamos esperando pela Lua. Em qualquer fase, observávamos as crateras, que, sabemos de cor como são. Afinal a Lua só nos mostra um lado, ainda que tenha, como a Terra movimentos de rotação sobre seu eixo e de translação, seguindo o planeta em volta do Sol.

Quando Tio Tom perdeu o interesse pela sua luneta, ela me foi dada de presente e eu a levei para o apartamento em que morávamos, na Avenida Santos Dumont, perto do Colégio Marista São José. Da janela do meu quarto, no segundo andar, o mundo se descortinava numa maravilhosa festa verde. Havia muitos lotes vagos na década de 1970. Eu tinha 15 anos e Geraldo Macedo, meu colega no Colégio São José foi meu primeiro namorado. Geraldo jogava futebol no time do Colégio e na Associação Desportiva Ateneu de Montes Claros. Podia ver o campo do meu quarto, e a luneta ampliava minha visão. Dava para reconhecer os jogadores no colégio. No dia de treino eu ficava vendo o jogo, que vinha para pertinho de mim. Observar o mundo pela luneta era um tratamento contra o tédio. Eu já gostava de futebol e mais ainda através das lentes, que me levavam para longe, fazendo do longe perto e do impossível algo real e verdadeiro.

As pequenas conquistas costumavam demorar muito para chegar, e por isso traziam um prazer mais durável do que os de hoje, quando tudo é descartado de forma rápida. Não me recordo da minha luneta ter se quebrado e nem de tê-la dado a outra pessoa. Não sei que fim levou, mas as imagens que proporcionava permanecem em mim.

Sábado, 26 de maio de 2018

sexta-feira, 25 de maio de 2018

A Trindade, mistério da vida intima de Deus

A Trindade, mistério da vida intima de Deus

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Queridos irmãos e irmãs, hoje é a Festa da Santíssima Trindade, que é um mistério e nós o celebramos e nele devemos contemplar. A nossa inteligência humana não abarca todo esse mistério, mesmo querendo é muito difícil, mas se estivemos em comunhão com Ele nós podemos abraça-lo de modo admirável e isso nos dá a plena felicidade. A trindade se revela para nós nas três pessoas que é o Pai, o Filho e o Espirito Santo, mas em só Deus.

No Livro do Deuteronômio nos mostra o Deus da Aliança feita com a humanidade. Sabemos que Deus criou todas as coisas e o universo foi feito de modo admirável por Ele. A sabedoria de Deus está em toda parte, tudo manifesta a gloria de Deus. Moisés, um grande libertador do Povo de Deus, guiado pelo poder de Deus e desse modo o povo foi tirado da escravidão do Egito para a Terra prometida. Ele já no final da sua vida resume para nós a Aliança feita por Deus e que tem exigência para unir novamente o Povo de Deus. 

Assim devemos lembrar e contemplar os feitos de Deus que fez para o seu Povo escolhido. A história disso não pode ser esquecida. Moises nos mostra o rosto de Deus e nós o reconhecemos na comunhão e intimidade Dele com seu povo, para isso deve cumprir os mandamentos de Deus, pois Ele é fiel e sempre nos procura para estar com Ele, apesar das nossas transgressões, Ele sempre vem até nós para nos reconciliarmos com Ele, pois Ele é bom e misericordioso. O povo antigo não conhecia esse mistério da Trindade, mas já tinha uma ideia da unicidade e espiritualidade; e também reconhecia os atributos como onipotência e a misericórdia de Deus. (cf. Dt 4, 32-34.39-40)

Na carta de São Paulo aos romanos nos exorta para a proximidade de Deus ao homem e por sua bondade nos tornou filhos amados e adotivos em Jesus Cristo. Hoje podemos chamar Deus de Pai quando pronunciamos o abba. Nós não somos mais órfãos e temos um Pai que zela pelo nosso bem na conquista da felicidade eterna no céu que começa aqui na terra nosso dia a dia, buscando a justiça e o verdadeiro bem. (cf. Rm 8,14-17)

O evangelista Mateus nos narra, no seu evangelho, o encontro final entre Jesus com seus discípulos e nos dá a formula do Batismo que é usado no sacramento de iniciação cristão. Somos batizados na trindade santa, isto é em nome Pai, do Filho e do Espirito Santo. Assim participamos, pelo Batismo, da trindade Santa. Aqui também nasce o nosso compromisso batismal que é ser missionário, cumprindo o mandato de Cristo que é: ide pelo mundo, anunciai o evangelho e os que creem, batize-os na trindade santa, e desse modo se agrega a grande comunidade que é a Igreja de Cristo. (cf. Mt 28,16-20)
O prefacio desta missa de hoje nos fala muito que é: "Com o vosso Filho único e o Espírito Santo sois um só Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus. Tudo o que revelastes e nós cremos a respeito de vossa glória  atribuímos igualmente ao Filho e ao Espírito Santo. E, proclamando que sois o Deus eterno e verdadeiro, adoramos cada uma das pessoas, na mesma natureza e igual majestade".

Deus nos mostra o seu amor no seu filho e nos impulsiona para missão na força do Espirito Santo. O amor de Deus contagia a todos, pois Ele nos faz forte agraciando-nos com sua graça que nos revigora e nos faz ser as testemunha no mundo. 

Que esta liturgia nos faz ver no irmão a presença de Deus e que possamos viver a comunhão com Deus e com todos. Que a justiça seja propagada e que a paz seja concretizada no nosso meio. Nós podemos viver o amor de Deus por causa do amor de Cristo que se concretizou no selo da cruz. Um Deus que nos liberta na paixão, na morte e na ressurreição de Cristo.
Tudo por Jesus nada sem Maria!

Bacharel em teologia Jose Benedito Schumann Cunha

terça-feira, 22 de maio de 2018

“Que o Bolivarianismo continue”


Natural de Itamarandiba, Minas Gerais, o professor Leovegildo Pereira Leal permaneceu na Venezuela no dia em que o presidente Nicolás Maduro obteve 68% de votos legítimos. Entrevistou ainda no domingo (20/05), companheiros revolucionários marxistas do grupo Tupamaro. Estes mostraram as suas perspectivas para a continuidade da Revolução Bolivariana após as eleições daquele dia. “Que o Bolivarianismo continue”, declarou uma das camaradas entrevistadas ao se referir à palavra que recorda o líder do século XIX, Simón Bolívar, lutador dos movimentos de libertação da Venezuela, da Colômbia, do Equador, do Peru e da Bolívia das regras neoliberais do Consenso de Washington, Estados Unidos, com sua política engessadora social macroeconômica ditada por economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.    
Na medida em que fazia perguntas aos militantes do Tupamaro, o professor Leovegildo, depois das respostas, traduzia-as do espanhol para o português. “Então ela diz que a grande esperança que ela tem, que o coletivo tem é que os revolucionários da Venezuela prossigam, que o bolivarianismo continue”. Para isso ocorrer, há a necessidade de “ter consciência e criar consciência nos demais”, apontou outra representante do grupo.
“Neste momento tão importante que celebramos, lutamos pela paz, pela paz mundial, pela integração latino-americana. Estamos consolidando no 20 de maio” essa questão libertadora, acrescentou outra liderança do Tupamaro. O professor Leovegildo Leal completou. “Nessa linha, afirma a camarada, que se gosta de uma Venezuela livre, em paz e independente. Sinteticamente, se trata disso, ou seja, que não haja ingerência internacional. Que a Venezuela traga suas próprias linhas”, sublinhou.   
Para o Tupamaro e outros grupos de coletivos sociais venezuelanos, como a milícia Vinte e Três de Janeiro, “o principal, diz ela, é ser consequente com as propostas. A consequência é o mais importante”, enfatiza e enaltece as figuras de Hugo Chávez e de Símon Bolívar para os povos latino-americanos. “Então a camarada afirma categoricamente que não vão se afastar dos caminhos traçados por Chávez e que esses caminhos vêm da herança histórica venezuelana, da herança de Bolívar, raízes plantadas por Bolívar que Chávez atualizou, aprofundou. Então não vão afastar disso”. É a convicção dominante hoje na Venezuela que possui o apoio da Rússia, da China, da Turquia, da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e de outras nações mais independentes política, econômica e socialmente de governos imperialistas.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Brasileiros viajam até a Venezuela para conferir processo eleitoral

Dois brasileiros moradores do Rio de Janeiro/RJ viajaram até a capital da Venezuela, Caracas, para observar de perto as eleições no país mais vigiado da América Latina. Os professores Leovegildo Pereira Leal, este nascido em Itamarandiba-MG, e Roberto Alves Simões, foram constatar localmente o desenvolvimento do processo eleitoral venezuelano. Já é senso comum que os Estados Unidos procuram impor sua força à maioria dos países do planeta e aqueles que resistem sofrem retaliações com calúnias e difamações.

“Urgente! A imprensa burguesa brasileira está espalhando mais uma vez notícias falsas, mentirosas a respeito da Venezuela. Estamos aqui, militantes do MM5 [Movimento Marxista Cinco de Maio], Roberto Simões, e eu, Leo Leal. Acabamos de obter informações de que as pesquisas divulgadas pelos jornais “Folha de São Paulo” e “O Globo” são falsas em relação às perspectivas de pesquisas dos resultados eleitorais da eleição de hoje na Venezuela. Segundo a “Folha de São Paulo”, a oposição, ou seja, o candidato Henri Fálcon, que é um traidor, que veio inclusive do PSUV e passou para a extrema direita, hoje estaria em vantagem. Isso não é verdade! O que ocorre, segundo pesquisa das empresas Associados 30.E Interlaces, Maduro tem de 45 a 46% das preferências dos votantes, sendo que Fálcon tem algo como entre 25 e 33%. Portanto estamos enviando essa notícia para o Brasil em caráter de urgência para mobilizar os companheiros brasileiros que apoiam a Revolução Bolivariana a se manterem firmes e denunciando mais uma vez as manobras da burguesia internacional e do imperialismo”, esclarece Leovegildo Pereira Leal desde Caracas, 20 de maio de 2018, às 12h e 30min, auxiliado por Roberto Simões.

Leo Leal é autor dos livros “Marxismo e Socialismo: Análise crítica da Revolução Cubana”, Belo Horizonte, Editora Fórum, 2008; “História da POLOP: a alternativa marxista ao reformismo na esquerda brasileira”, Pará de Minas-MG, Editora Virtual Books, 2011; e “CONTRA O GRAMSCIANISMO - Uma crítica marxista ao nerreformismo”, Rio de Janeiro, Editora Letra Capital, 2014.

Leovegildo Pereira Leal é jornalista formado pela Universidade Cásper Líbero (SP), mestre em História pela Universidade Federal Fluminense (RJ) e doutor em Sociologia Política pela Universidade de São Paulo (USP). Teve seu curso de Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) interditado, ao final do terceiro ano acadêmico, por causa da Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1985). Trabalhou nos jornais “Folha de São Paulo”, “Estado de São Paulo”, “Isto É” e “Jornal do Brasil”. Iniciou no magistério na Universidade de Caxias (RJ). De 1999 a 2005, lecionou Teoria da Comunicação na Universidade Fumec-BH (MG), alternando o papel de coordenador do Curso de Comunicação Social da mesma.            


Em outro vídeo disponibilizado no www.youtube.com, Leo Leal explica o contexto em que acontece o processo eleitoral venezuelano. “Companheiros e companheiras do Brasil, nós estamos aqui, Movimento Marxista Cinco de Maio, em frente à Assembleia Nacional Bolivariana, para observar de perto e analisar toda a conjuntura política que cerca este evento de extrema importância na luta de classes do país. Nossa ideia é mandar informações e análises verdadeiras para o país e eventualmente para outros países diferentes e opostos por sinal, seguro ao que passa a imprensa burguesa que deforma as informações a respeito do que acontece no país de Hugo Chávez. Então nós temos um quadro meio que complexo das eleições. Nós temos quatro candidatos principais: Nicolás Maduro, que é do PSUV, o partido da Revolução Bolivariana; temos Henri Fálcon, que é da extrema direita, embora tenha sido egresso, seja um egresso do PSUV, eu o considero um traidor; e temos ainda mais dois candidatos: um pastor protestante, evangélico chamado Javier Bertucci, e temos ainda um candidato da esquerda trotskista, apoiado pelos trotskistas, chamado Reinaldo Quijada. Como sempre, os trotskistas se põem contra o governo, mesmo que eventualmente seja contra a sua vontade, eles fazem o jogo da Direita”, considera Leal e oferece a oportunidade para o professor Roberto Alves Simões dar a sua visão da vida na Venezuela.  

Ele analisará com informações fidedignas os acontecimentos de quinta-feira (17/05), durante o comício final da campanha de Maduro. Falará da situação geral do país, da conjuntura, dos perigos que norteiam a nação por parte da burguesia e do imperialismo.


“Estamos em Caracas. Dia 18 de maio de 2018, hoje, sexta-feira, cerca de 15h. Estamos a dois dias das eleições presidenciais, onde Maduro, como disse o Leo, tem todas as condições de sair vencedor. Porém, a situação política aqui na Venezuela é bastante tensa. Anteontem (16/05) mesmo teve um problema considerado grave. Foi uma rebelião no prédio onde ficam presos políticos, e presos comuns também, do Serviço Nacional Bolivariano de Informações (Sebin). Essa rebelião foi amplamente dominada pelas forças de segurança de governo. No entanto, essa situação permanece. A ameaça internacional é muito grande e, tendo em vista que esta eleição, dentre todas as outras, desde a de 1998, quando elegeu o Chávez, ela é uma eleição considerada aqui das mais importantes, desde as 25 já realizadas com esta, por que? Por que, neste momento, o imperialismo internacional está condenando mais ferreamente o governo da Venezuela e está ameaçando invasão, ameaçando repressões, ameaçando inclusive com atentados terroristas. Então é muito importante que todos nós, trabalhadores brasileiros e de outras nacionalidades, se unam em defesa do governo bolivariano da Venezuela para o avanço da revolução bolivariana. É muito importante para todos os trabalhadores no Brasil que nós possamos ter uma vitória importante aqui e, com esse avanço, certamente todos os trabalhadores terão mais força para combater as forças fascistas que estão em curso, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Então, nesse sentido, estamos convocando todos os trabalhadores brasileiros para irem ao Consulado da Venezuela no Rio de Janeiro, que fica na Avenida Presidente Vargas, 463, domingo (20/05), para acompanhar em vigília a eleição. É muito importante que todos nós façamos este apoio sistemático ao governo bolivariano da Venezuela. Obrigado”, agradece.  

Roberto Simões é professor da Rede Pública do Rio de Janeiro. Doutorou-se em 2016 pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sua publicação mais recente é de 2017: o livro “A Ação Criminosa das ONGs: a privatização da escola pública”, Rio de Janeiro, Editora Consequência, 1ª edição.   

domingo, 20 de maio de 2018

Preciso encontrar uma cerveja bem gelada!

POR Mara Narciso

Todas as noites, exceto sábados e domingos, aquela menina tinha de sair com um dinheiro embolado numa mão e um casco retornável na outra, para comprar cerveja. Não levava sacola. Era preciso ser Brahma de casco escuro, trincando de gelada. E que voltasse logo e com o troco certo.

A menina tinha medo das ruas centrais de Montes Claros, próximas à Praça Dr. Carlos Versiani, ainda que oferecessem riscos pequenos, se comparadas aos dias de hoje. Eram mal iluminadas, uma delas de terra, com vários botecos copo sujo, nos quais era preciso chegar, olhar, vencer com esforço o batente alto, atravessar todo ele, passando por entre as mesas, sentir os olhares masculinos sobre seu corpinho magro, raquítico, no qual já apontava os botões mamários, e chegar ao fundo dele. 

Morena, franzina e tímida, sentia o cheiro dos homens suados, da pinga e da gordura velha desses locais frequentados por trabalhadores depois do expediente. O espaço de quase todos eles era estreito, de chão com ladrilhos hidráulicos e, na entrada, havia vasos mal cuidados com espada de São Jorge ou comigo-ninguém-pode para espantar o mau-olhado. Aproximava-se da madeira ensebada do balcão alto demais para ela. 

Atrás dele havia o dono do lugar, tão sujo quanto as demais coisas dali. Após ouvir o pedido, o homem saia em direção à geladeira roliça e larga, de oito portas, e, displicente, pegava uma cerveja qualquer, praticamente ignorando a presença dela. Firme, lembrando-se das exigências, a menina analisava o produto. Muitas vezes, tinha de rejeitá-lo, agradecer, fazer o caminho inverso, buscar a saída, voltar à rua escura, e avançar quarteirões até encontrar outro bar.

Podia subir quase toda a Rua Dr. Santos. Noutro boteco tudo se repetia. Nova travessia de mesas, audição de gargalhadas, podendo não ser vista, ou, pelo contrário, ser olhada, afinal era uma estrangeira num ambiente inóspito. E então, mais uma tentativa. Quando tinha sorte, podia voltar para casa, mas, pelo horário, mais de 21 horas, as cervejas boas já tinham sido consumidas. Após várias entradas e saídas, e já a muitos quarteirões adiante, tinha de levar alguma coisa, mesmo arriscando-se e tomar um pito. 

Jamais poderia voltar de mãos abanando. Algumas vezes acertava numa bem gelada, que vinha queimando sua mão. Por sorte nunca a deixou cair. E se estivesse longe, a cerveja esquentava pelo caminho. Andava rápido para encurtar a penitência. Além disso, quem esperava, já estava semi-alcoolizado, tinha bebido desde o final do dia, num desses mesmos bares, durante 3 horas pelo menos, e desejava continuar mergulhado num mundo paralelo. Mostrava orgulho por não consumir cachaça.

Na hora de ele ir para casa, deveria comprar sua cerveja. A menina nunca entendeu o motivo disso não acontecer (talvez devido ao casco). Então, voltava para o apartamento pobre que a família alugava e algumas vezes não conseguia pagar o aluguel. Subia os 49 degraus de escuridão, pois há muito as lâmpadas estavam queimadas e ninguém as substituiu. Colocava a cerveja no congelador, e esperava pela bronca que não tardava. Todos os dias a ordem se repetia, e ela obedecia, sem falar um “a”, pois não era possível questionar. 

Questionamentos viriam depois, no transcorrer da vida, quando faria o gênero rebelde que obedece todas as regras. Até ali, seguia os passos da sua mãe, uma dissidente calada, oprimida pelas chibatas da indiferença e do silêncio.

No ano de 1966, viviam aquela pobreza em que faltava muita coisa, menos a cerveja, afinal, ao chefe da casa tudo, aos outros a escassez e a obediência. A menina tinha onze anos, e não pensava, pois a ela não cabia sentir raiva, apenas obedecer. Entrava nos bares como um robô, exata, quase sem olhar para os lados e sem hesitar em seu objetivo. Atenta, desde pequena, ouvia sua mãe falar: caso algum homem desconhecido converse com você, oferecendo bala ou doce, não aceite, fuja e se ele insistir, comece a gritar. 

Por sorte isso nunca aconteceu em tempo algum. Mas o aviso já estava dado desde o berço. No bar não seria diferente, no entanto, vendo os vídeos de hoje, e a associação para o crime, não é difícil imaginar o risco dessa criança entrando em bares à noite. Como seria fácil um desaparecimento, considerando que mentes criminosas nunca foram prerrogativas da atualidade. Isso para suprir o desejo de beber cerveja do seu pai, necessitado de mais álcool.

19 de maio de 2018

sábado, 19 de maio de 2018

Crônica: Empreendedorismo


Quintino de Quadros Vieira (*)
Procurado por emprego há mais de dois anos: Três milhões de pessoas desocupadas no mercado de trabalho estão procurando emprego há mais de dois anos, conforme os dados do primeiro trimestre de 2018. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados nessa quinta-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Jornal de Notícias”, Montes Claros, sexta-feira, 18 de maio de 2018, Editoria de JN Serviço, Página 04

Conforme o renomado Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 13 milhões e 700 mil pessoas estão desempregadas no Brasil e representam a reserva de mercado da sociedade capitalista. O nome dela é Jéssica. E ela não se conforma em ser sobressalente. Começa a trabalhar diariamente em uma boate à noite. Tem tantos homens sob os seus calçados que foi apelidada de “a dominadora”. Agora são os outros que sentem a sua falta. Ginga a dança do desempregado como se fosse rotina. Rebola para ganhar a vida como se fosse a primeira vez.

Um dia, Jéssica sambou na frente de Clodoaldo. Este se apaixonou. Persegue-a com um facão e insiste com ela para por fim a esta vida fácil de fazer o homem ter prazer. Como Jéssica não parou de trabalhar na boate, Clodoaldo deu o troco: agora seria Amélia, mulher de verdade, e correria atrás de toda prostituta para conscientizá-la a ser bela, recatada e do lar.

Em um de seus voluntarismos espontâneos pela tradição, família e propriedade, Amélia, mulher de verdade, encontrou-se com Jéssica em um quarto de hotel. Apaixonou-se novamente. As duas se abraçaram e beijaram-se quente e loucamente. O amor lésbico está no ar e gera mais trabalho e renda do que aquela vã consciência possa imaginar.         

(*) Escritor

Crônica: Alternativa

Quintino de Quadros Vieira (*)
Mulher é presa vendendo espetinhos de cachorros: Polícia Militar prendeu em Montes Claros, na manhã dessa segunda-feira (14/05), M. A. S., suspeita de abater animais domésticos para consumo e venda. Após uma denúncia anônima, a corporação resolveu checar a veracidade das informações e chegou ao local, onde os animais eram abatidos. “Jornal de Notícias”, Montes Claros, terça-feira, 15 de maio de 2018, Editoria de Polícia, Página 09
Morador dos bairros Jardim Eldorado, Vila Áurea e Santos Reis, o casal Maria e Wanderson se desesperou. O cavalo não pode ser mais utilizado como força em uma carroça para ajudar o ser humano em seu trabalho do dia a dia. O preço alto do arroz, do feijão, da carne, do ovo e do papel higiênico faz o mundo ocidental ter delírios. O jeito então é encontrar alternativas à carne bovina. O peixe, o frango e a carne de porco também estão inflados.
Lembra daquele monte de cachorros abandonados pelos seus donos na rua porque o nível de vida aumentou e o poder aquisitivo da população diminuiu? Depois do cachorro-quente, Maria e Wanderson idealizaram o churrasquinho bom pra cachorro. Assim evitam que o melhor amigo do homem fique lambendo os beiços nas barraquinhas populares montadas por trabalhadores nas praças públicas para ganhar “o pão nosso de cada dia” e sustentar a sagrada família. E a educação formal agradece.
Se a vaca é sagrada no Oriente, transferimos para os cachorros o nosso desejo insaciável de fome, sobretudo do pobre, porque rico come por ansiedade ao saber do vazio existencial gerado pela produção seriada para consumo da sociedade capitalista.

(*) Escritor

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Bairros cobram moradias do “Minha Casa, Minha Vida”


“Juntas pelo direito à moradia! Queremos uma resposta!”; “Moradia é qualidade de vida!”; “Moradia popular já!”; “Moradia é dignidade!”; “Queremos ser tratadas com respeito! Ter uma moradia é o nosso direito!”; “Queremos respeito! Chega de promessas não cumpridas!”; “Senhores governadores e vereadores: chega de mentiras! Chega de sofrer! Olhem por nós! Chega de aluguel! Queremos nossas casas!”.


Esse era o cenário da última terça-feira (15/05) no plenário da Câmara Municipal de Montes Claros para quem ainda “possui a estranha mania de ter fé na vida” (Milton Nascimento e Fernando Brant) e participa das sessões legislativas. Muitas mulheres “Marias” dos bairros Monte Sião e Minas Gerais trocaram o tradicional hasteamento de bandeiras nacionais, estaduais e municipais por pequenos, mas gritantes cartazes que cobram o direito à moradia digna.

Esses dois bairros foram os primeiros conjuntos habitacionais construídos pelo Programa “Minha Casa, Minha Vida” e hoje estão à espera da resolução de um conflito entre a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e familiares de um morador do local. Falta terminar a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do lugar que tem, além de casas populares bem estruturadas, creche e posto de saúde para abrigar muitos trabalhadores. “A nossa luta é todo dia! Mulheres do Conjunto Habitacional Monte Sião e Minas Gerais juntas no direito à Moradia! Elas se manifestam hoje na Câmara de Montes Claros!”, expressou-se instantaneamente em sua rede social facebook a assistente social, Sônia Gomes de Oliveira, que acompanha o caso.

Podridão e degenerescência da democracia


POR Alfredo José Gonçalves

De acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, democracia é o “governo em que o povo exerce soberania, direta ou indiretamente”. Nas chamadas democracias dos países ocidentais, porém, o povo encontra-se cada vez mais distante das decisões políticas. Nas eleições, é chamado não a indicar e escolher seus representantes, mas a optar entre aqueles previamente escolhidos. Essa escolha prévia é feita pelo poder da riqueza e do dinheiro. 

Os magnatas do mercado, financiadores das candidaturas, são em última instância os que dominam todo o processo eleitoral. Encerra-se desse modo o círculo vicioso de uma democracia igualmente viciada: a riqueza pavimenta o caminho para o poder, enquanto este último abre novas portas e oportunidades ao acúmulo de capital.

Semelhante vírus é letal e contagioso para o regime democrático. A médio e longo prazo, tende a profundar o abismo entre candidatos e cidadãos, eleitores e eleitos. Os ministros, diretores e gerentes dos três poderes da União acabam aparecendo como ocupantes de uma estranha nave espacial, como se fossem seres de outro planeta. Falam uma linguagem própria, hermética, centrada em seus interesses e privilégios. Interrompem a comunicação com os problemas reais e as necessidades urgentes dos trabalhadores e suas famílias. 

Em sua grande maioria, os políticos passam a trabalhar para manter sua cadeira cativa e seus suculentos rendimentos nos altos escalões do poder. Urnas, votos e eleições não passam de degraus de uma escada que, após superada, não tem via de retorno.

De outro lado, amplos setores do conjunto da população passam a responder à indiferença dos políticos com crescente desinteresse. Não entendem seu jargão mimético e cifrado, logo se sentem frustrados com as promessas não cumpridas, chegando a desenvolver um sentimento crítico de apatia, descrédito 
desencanto frente às decisões tomadas na esfera governamental. 

Disso resulta um afastamento progressivo da democracia praticada de maneira legal e jurídica, bem como dos partidos e outras instituições políticas. A democracia em seu sentido original e primordial se deteriora, degenera e perde sua mais forte legitimidade formal. Chega-se à dicotomia entre nós e eles, sendo “nós” os 90% que ocupam a base da pirâmide social e “eles” os 10% mais ricos 
da nação. Consolida-se, assim, a injustiça e a desigualdade, marca registrada da sociedade brasileira.

Diante desse quadro de uma democracia representativa claramente apodrecida, os movimentos sociais e organizações de base difundem o discurso da democracia direta. Mas o que vem a ser isso? Que cada um se representa a si mesmo? Impossível num país de 200 milhões de habitantes! Qual a alternativa ou alternativas? Resgatar e refundar a democracia? De novo, que significa isso? Como depurar e purificar os atuais canais, instrumentos e mecanismos da democracia praticada em nossos dias? De que forma extirpar os vírus e vícios que a infestaram ao longo do tempo? Pior ainda, como impedir o colonialismo do mercado sobre o sistema político? Ou, de outro enfoque, como impedir que os governos eleitos se tornem reféns (quando não cúmplices) dos gigantescos conglomerados nacionais e internacionais? 

Enfim, a economia capitalista de corte liberal e os princípios democráticos são realmente compatíveis entre si? Que ocorrerá no processo eleitoral já em curso do Brasil de 2018?

Perguntas sem resposta à mão. Não existem soluções imediatas nem transformações de laboratório. O que existe é a tensão e o constante confronto entre os detentores do poder e as forças vivas que propõem mudanças urgentes e estruturais. Mantém-se de pé, entretanto, o sonho, a esperança e a luta para construir novas formas de deliberação, representação e tomada de decisão política. Enquanto isso, experimentos de democracia direta podem acender algumas luzes para uma ordem democrática mais justa, igualitária e sustentável.

Alfredo José Gonçalves é português, sacerdote e superior provincial da Pia Sociedade dos Missionários de São Carlos. Escreve para o jornal "O São Paulo", da Arquidiocese de São Paulo.  

São Paulo/SP, 11 de maio de 2018

domingo, 13 de maio de 2018

Família canina reunida

POR Mara Narciso

Toca a campainha e Geny, a cozinheira, pergunta quem é pelo interfone e em seguida abre o portão. Uma ruidosa família canina adentra a sala da casa em algazarra, após correr pelo jardim e varanda, riscando o chão com suas unhas e escorregando suas patas pelo assoalho. Tia Áurea trouxe Minie, uma chihuahua de 18 anos, e Nikita e Ana Flor, duas poodles que são avó e mãe da minha cachorrinha Frida. Meu xodó é de cor preta e sua mãe Ana Flor é branca e foram separadas há três semanas, após o desmame. Este é o terceiro reencontro. O estardalhaço da chegada reverberou pela casa, devido à excitação de todas elas, aos latidos e ao ganido de Frida, que foi atropelada pela mãe estabanada. Ana Flor é uma boa mãe, dedicada, bonita, bem cuidada, alegre, carinhosa, cheia de predicados.

A visita feliz atordoou Frida, que nos outros reencontros não conseguiu fazer nada e desta vez quer aproveitar o que acontece, tudo em ritmo acelerado. São latidos, ganidos, chamegos, afagos, lambidas, mordiscadas, barriga para cima e carinhos. Vê-se logo que mãe e filha se reconhecem de longe, antes da visualização. Numa alegria palpitante, agitação e correria, Nikita e Ana Flor sobem no sofá, enquanto Frida, nos seus dois meses e uma semana, devido à forte emoção treme o corpinho, não sabendo o que fazer primeiro. Corre atrás das visitas, para e observa elas buscarem uma bola, jogada por Tia Áurea. Por momentos, fica acuada com medo da confusão e dos atropelos. Fernando traz água e ela bebe junto com Ana Flor.

Nikita está no meu colo e Frida, olhando lá do chão, fica enciumada, e quer subir para disputar espaço e atenção. Cheira Minie, a cachorrinha idosa, de passinhos lentos e duros, quase cega e sem dentes, e devido ao pequeno tamanho, é insistentemente seguida por Frida, talvez pensando que se trate de um neném.

Tia Áurea, expert em cuidar de cães, toma conta de todas, e atenta, quando vê alguma delas cheirar o tapete, dá um grito para evitar que suje o local. Dá tempo para um recuo, quando já se prepara para lançar a terra o material.

Pela interação de mãe e filha é possível ver que Ana Flor ensina Frida a ser uma boa cachorrinha, dando-lhe várias lições ao mesmo tempo. É um contentamento que empolga a todos, cães e gente. Então, Nikita, a avó, levanta-se do meu colo, sinalizando que já é hora de ir embora. Tia Áurea entende e fica de pé, eu abro o portão pelo interfone e elas vão saindo com a mesma algazarra feliz da chegada, como numa reconstituição do encerramento do infantil TV Colosso. Já tinham deslizado e brincado no gramado, e refazem a cena, num jogo de chamar para brincar, colocando a cara na grama entre as patas dianteiras, estimulando a outra para vir, e quando esta chega, foge correndo, sendo perseguida por ela. Ambas fazem barulho, correm, escondem, provocam, num jogo gracioso de mãe e filha, misturadas com as outras duas que brincam também.

Mas é preciso deixar a casa. O carro Ford Ka vermelho cheio de florezinhas está estacionado na porta. Agarro Frida antes que ela escapula. Tia Áurea abre a porta do veículo e as três visitantes caninas entram num pulo. Antes mesmo de ser fechada a porta, Frida gane, se sacudindo toda. Ela nunca tinha visto alguém e muito menos um cachorro entrar num carro e partir pelas ruas afora. Antes de saírem, ela chora alto, desespera-se esfregando as patinhas num gesto de descer e correr para acompanhá-las. Então, o carro parte, eu digo tchau, acenando com a mão, enquanto elas se distanciam.

Não espero muito e entro, fechando o portão. Frida treme toda e seu coraçãozinho aflito parece querer explodir. Doentinha do ouvido e infecção urinária, ela precisa de apoio. Após um afago, eu a coloco no chão, sentindo-me regozijar com o efeito daquela visita absolutamente energizante. Precisamos manter esses contatos educativos.

OBS: Quando eu finalizava o texto, Frida começou a vomitar e fez isso 14 vezes em 2 horas. Demos remédio oral contra vômito e ela vomitou o remédio. Prostrou e achei que morreria. Encontramos uma clínica veterinária de plantão e ela foi medicada de forma injetável. O diagnóstico foi gastrite medicamentosa. Pararam os vômitos. Em duas horas começaremos a hidratação oral.

Domingo, 13 de maio de 2018