ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Francisco abre a Porta Santa na Catedral de Bangui

Francisco abre a Porta Santa na Catedral de Bangui

Papa Francisco abre a Porta Santa na Catedral de Bangui, capital da República Centro-Africana, Bangui, 29 de novembro de 2015

Papa Francisco abre a Porta Santa na Catedral de Bangui, capital da República Centro-Africana, 
Antes de inaugurar o Ano Santo da Misericórdia na República Centro-Africana, o Santo Padre afirmou: "Bangui se transforma na capital espiritual do mundo"

O Papa Francisco abriu a Porta Santa da Catedral de Bangui, antes do início oficial do Ano Jubilar da Misericórdia, que começa no dia 8 de dezembro.

Na tarde deste domingo (29), o Santo Padre foi até a Catedral de Bangui para presidir a Celebração Eucarística, onde centenas de pessoas entre sacerdotes, religiosos e catequistas esperavam por ele. Fora da catedral, milhares de jovens acompanharam a celebração que foi transmitida por telões.

A Santa Missa neste primeiro domingo do Advento começou com o rito de abertura da Porta Santa da Misericórdia. Depois de pronunciar a fórmula, o Papa rezou silenciosamente e entrou antes de todos na catedral.

Antes de abrir a Porta, Francisco, improvisadamente, pronunciou as seguintes palavras:

Hoje, Bangui torna-se a capital espiritual do mundo. O Ano Santo da Misericórdia chega adiantado a esta terra; uma terra que sofre, há diversos anos, a guerra e o ódio, a incompreensão, a falta de paz. Mas, simbolizados nesta terra sofredora, estão também todos os países que estão passando através da cruz da guerra. Bangui torna-se a capital espiritual da súplica pela misericórdia do Pai. Todos nós pedimos paz, misericórdia, reconciliação, perdão, amor… para Bangui, para toda a República Centro-Africana, para o mundo inteiro. Para os países que sofrem a guerra, peçamos a paz; todos juntos, peçamos amor e paz. Todos juntos (em língua sango): «Doyé Siriri!» [todos repetem: «Doyé Siriri!»]

E, com esta oração, começamos o Ano Santo, hoje, aqui nesta capital espiritual do mundo!

domingo, 29 de novembro de 2015

Igreja no Brasil cobra dos políticos uma maior regulamentação da atividade mineradora no país

Igreja no Brasil cobra dos políticos uma maior regulamentação da atividade mineradora no país
Mariana dam at the time of accident

A conferência nacional dos bispos do Brasil manifestou ontem, 27, em nota, a sua profunda solidariedade pelo rompimento da barragem em Mariana-MG, no início desse mês de novembro.

Ao mesmo tempo denunciou que as "consequências do desastre ecológico são incalculáveis e os danos só serão reparáveisa longo prazo em toda a Bacia do Rio Doce".

Portanto, a Igreja no Brasil cobrou dos políticos uma maior regulamentação da atividade mineradora no país e, recordando o Papa Francisco, afirmaram que “o meio ambiente é um bem coletivo, patrimônio de toda a humanidade e responsabilidade de todos”.

Leia a nota na íntegra:

***

NOTA DA CNBB SOBRE O ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO          

P- Nº. 0863/15

“Toda a criação, até o presente, está gemendo como que em dores de parto” (Rm 8,22)

O Conselho Episcopal Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília dias 24 e 25 de novembro de 2015, manifesta sua profunda solidariedade aos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, de propriedade da Samarco Mineradora, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana-MG.Com o mesmo sentimento expresso pela nota da Presidência da CNBB em solidariedade à Arquidiocese de Mariana, emitida no dia 11 de novembro,assistimos, atônitos e indignados,ao rastro de destruição e morte, consequência dessa tragédia, nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, cujas causas devem ser rigorosamente apuradas e os responsáveis obrigados a reparar os danos causados.

As vidas dos trabalhadores e moradorestragadas pela lama, bem como a fauna e flora destruídas exigem profunda reflexão acerca do desenvolvimento em curso no país. É preciso colocar um limite ao lucro a todo custo que, muitas vezes, faz negligenciar medidas de segurança e proteção à vida das pessoas e do planeta. Com efeito, lembra-nos o Papa Francisco que “o princípio da maximização do lucro, que tende a isolar-se de todas as outras considerações, é uma distorção conceitual da economia” (Laudato Si, 195).

A atividade mineradora no Brasil carece de um marco regulatório que tire do centro o lucro exorbitante das mineradoras ao preço do sacrifício humano e da depredação do meio ambiente com a consequente destruição da biodiversidade. Urge recordar que “o meio ambiente é um bem coletivo, patrimônio de toda a humanidade e responsabilidade de todos” (LaudatoSi, 95). Lamentavelmente, esta grave ocorrência nos faz perceberque este princípio não é levado em conta pelo atual desenvolvimento que temo mercado e o consumo como principal finalidade.

As consequências do desastreecológico são incalculáveis e os danos só serão reparáveisa longo prazo em toda a Bacia do Rio Doce. É dever moral do Estado fiscalizar a atividade mineradora e aplicar, com rigor, a lei, aperfeiçoando-a nos pontos em que se mostrar insuficiente ou falha. Aos parlamentares cabe a responsabilidade ética de rever o projeto do novo Código de Mineração, em tramitação na Câmara dos Deputados, a fim de responder às exigências para uma mineração que leve em conta a preservação da vida em todas as suas dimensões. Os legisladoresnão podem se submeter ao poderio econômico das mineradoras. A vida, o trabalho, a história e os sonhos que foram destruídos sejam motivos para que fatos como este não se repitam.

O Deus de amor, que nos enche de esperança e força, ajude os atingidos nos caminhos de reconstrução da vida por meio da justiça que lhes restaure o que perderam. Nossa Senhora Aparecida, mãe atenta à aflição de seus filhos, interceda por todos junto a Jesus Cristo.

Brasília, 25 de novembro de 2015



Dom Sergio da Rocha                            Dom Murilo S. R. Krieger

Arcebispo de Brasília-DF                  Arcebispo de S. Salvador da Bahia-BA

Presidente da CNBB                              Vice-Presidente da CNBB



Dom Leonardo Ulrich Steiner

Bispo Auxiliar de Brasília-DF

Secretário-Geral da CNBB

O Papa visita uma favela de Nairobi e fala sobre a "sabedoria das favelas"

O Papa visita uma favela de Nairobi e fala sobre a "sabedoria das favelas"

Residents of Kangemi slum of Nairobi wait to welcome Pope Francis, 27 November 2015
Francisco começou o dia de hoje falando sobre a "sabedoria das favelas", dos "valores evangélicos que a sociedade opulenta, entorpecida pelo consumo desenfreado, parecia ter esquecido".

Com cerca de 250 mil habitantes, a favela de Kangemi, no território de Nairobi, recebeu a visita do Papa Francisco hoje pela manhã. No coração de tanta miséria o pontífice encontrou-se com a paróquia São José Trabalhador, administrada por uma comunidade de jesuítas, cujo pároco é Pe. Pascal Mwijage.

Depois de assinar o livro de visitas, o Papa foi recebido pelo Superior provincial dos Jesuítas para a África Oriental, Pe. Joseph Oduor Afulo, pelo arcebispo de Mombasa e presidente da Caritas Quênia, mons. Martin Musonde Kivuva e outras personalidades.

Ao pontífice foi passado um vídeo de 5 minutos que mostra o verdadeiro rosto daquele aglomerado humano e urbano. Logo após escutou o testemunho de Kibera, que mora em outra favela, com mais problemas e mais perigos, com cerca de 2 milhões de pessoas, vivendo em extrema condições de miséria e pobreza.

O primeiro que destacou o Papa, foi a "sabedoria dos bairros pupulares", que brota da «obstinada resistência daquilo que é autêntico», de valores evangélicos que a sociedade opulenta, entorpecida pelo consumo desenfreado, parecia ter esquecido. Vós sois capazes de «tecer laços de pertença e convivência que transformam a superlotação numa experiência comunitária, onde se derrubam os muros do eu e superam as barreiras do egoísmo»"

Tais valores, segundo o Pontífice, são a "solidariedade, dar a vida pelo outro, preferir o nascimento à morte, dar sepultura cristã aos seus mortos; oferecer um lugar para os doentes na própria casa, partilhar o pão com o faminto: “onde comem 10, comem 12”; a paciência e a fortaleza nas grandes adversidades, etc», valores que, enfim, são "baseados nisto: cada ser humano é mais importante do que o deus dinheiro. Obrigado por nos lembrardes que há outro tipo de cultura possível".

"O caminho de Jesus começou na periferia, vai dos pobres e com os pobres para todos", disse Francisco, abordando também um dos principais problemas que estas populações sofrem: a falta de água. "Este mundo tem uma grave dívida social para com os pobres que não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito à vida radicado na sua dignidade inalienável». Negar a água a uma família, sob qualquer pretexto burocrático, é uma grande injustiça, sobretudo quando se lucra com essa necessidade".

Toda essa miséria, porém, verifica o Papa, é causa de violência. "Este contexto de indiferença e hostilidade, de que sofrem os bairros populares, agrava-se quando a violência se espalha e as organizações criminosas, ao serviço de interesses económicos ou políticos, utilizam crianças e jovens como «carne de canhão» para os seus negócios ensanguentados".

"Estas realidades, que enumerei, não são uma combinação casual de problemas isolados. São, antes, uma consequência de novas formas de colonialismo que pretendem que os países africanos sejam «peças de um mecanismo, partes de uma engrenagem gigantesca», afirmou o Ppa.

Portanto, o pontífice propõe, "neste sentido, que se retome a ideia duma respeitosa integração urbana. Nem erradicação nem paternalismo, nem indiferença nem mero confinamento. Precisamos de cidades integradas e para todos".

Enfim, o pontífice apela a todos "os cristãos, especialmente aos Pastores, para que renovem o impulso missionário, tomem iniciativa contra tantas injustiças, envolvam-se nos problemas dos vizinhos".

Acompanhe abaixo o texto na íntegra:

***

Obrigado por me terdes acolhido no vosso bairro. Obrigado ao Senhor Arcebispo Kivuva e ao Padre Pascal pelas suas palavras. Na realidade, sinto-me em casa partilhando este momento com irmãos e irmãs que ocupam – não tenho vergonha de o dizer – um lugar especial na minha vida e nas minhas opções. Estou aqui, porque quero que saibais que as vossas alegrias e esperanças, as vossas angústias e sofrimentos não me são indiferentes. Conheço as dificuldades que enfrentais dia a dia! Como não denunciar as injustiças que sofreis?

Antes de mais nada, queria deter-me num aspecto que os discursos de exclusão não conseguem reconhecer ou parecem ignorar. Refiro-me à sabedoria dos bairros populares. Uma sabedoria que brota da «obstinada resistência daquilo que é autêntico» (Laudato si’, 112), de valores evangélicos que a sociedade opulenta, entorpecida pelo consumo desenfreado, parecia ter esquecido. Vós sois capazes de «tecer laços de pertença e convivência que transformam a superlotação numa experiência comunitária, onde se derrubam os muros do eu e superam as barreiras do egoísmo» (ibid., 149).

A cultura dos bairros populares, permeada por esta sabedoria particular, «tem características muito positivas, que são uma contribuição para o tempo em que vivemos, exprime-se em valores como a solidariedade, dar a vida pelo outro, preferir o nascimento à morte, dar sepultura cristã aos seus mortos; oferecer um lugar para os doentes na própria casa, partilhar o pão com o faminto: “onde comem 10, comem 12”; a paciência e a fortaleza nas grandes adversidades, etc» (Equipa de Sacerdotes para as «Villas de Emergência»  (Argentina), Reflexiones sobre la urbanización y la cultura villera, 2010). Valores baseados nisto: cada ser humano é mais importante do que o deus dinheiro. Obrigado por nos lembrardes que há outro tipo de cultura possível.

Queria começar por reivindicar estes valores que vós praticais, valores que não aparecem cotados na Bolsa, valores que não são objecto de especulação nem têm preço de mercado. Congratulo-me convosco, acompanho-vos e quero que saibais que o Senhor nunca Se esquece de vós. O caminho de Jesus começou na periferia, vai dos pobres e com os pobres para todos.

Reconhecer estas manifestações de vida boa que crescem diariamente entre vós não significa, de forma alguma, ignorar a terrível injustiça da marginalização urbana. São as feridas provocadas pelas minorias que concentram o poder, a riqueza e esbanjam egoisticamente enquanto a crescente maioria deve refugiar-se em periferias abandonadas, contaminadas, descartadas.

Isto agrava-se quando se vê a injusta distribuição do terreno (talvez não neste bairro, mas noutros) que, em muitos casos, leva famílias inteiras a pagarem aluguéis abusivos por habitações em condições imobiliárias completamente inadequadas. Sei também do grave problema da sonegação de terras por «empresários privados» sem rosto, que pretendem apropriar-se até do pátio da escola dos próprios filhos. Sucede isto porque se esquece que «Deus deu a terra a todo o género humano, para que ela sustente todos os seus membros sem excluir nem privilegiar ninguém» (João Paulo II, Centesimus annus, 31).

Nesta linha, um grave problema é a falta de acesso às infra-estruturas e serviços básicos. Refiro-me a balneários, fossas, esgotos, recolha de lixo, energia eléctrica, estradas, mas também escolas, hospitais, centros recreativos e desportivos, ateliês artísticos. Mas de modo particular refiro-me à água potável. «O acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos. Este mundo tem uma grave dívida social para com os pobres que não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito à vida radicado na sua dignidade inalienável» (Laudato si’, 30). Negar a água a uma família, sob qualquer pretexto burocrático, é uma grande injustiça, sobretudo quando se lucra com essa necessidade.

Este contexto de indiferença e hostilidade, de que sofrem os bairros populares, agrava-se quando a violência se espalha e as organizações criminosas, ao serviço de interesses económicos ou políticos, utilizam crianças e jovens como «carne de canhão» para os seus negócios ensanguentados. Conheço também os sofrimentos das mulheres que lutam heroicamente para proteger os seus filhos e filhas destes perigos. Peço a Deus que as autoridades assumam juntamente convosco o caminho da inclusão social, da educação, do desporto, da acção comunitária e da tutela das famílias, porque esta é a única garantia duma paz justa, verdadeira e duradoura.

Estas realidades, que enumerei, não são uma combinação casual de problemas isolados. São, antes, uma consequência de novas formas de colonialismo que pretendem que os países africanos sejam «peças de um mecanismo, partes de uma engrenagem gigantesca» (João Paulo II, Ecclesia in Africa, 52). Na realidade, não faltam pressões para que se adoptem políticas de descarte, como a da redução da natalidade que pretende «legitimar o modelo distributivo actual, no qual uma minoria se julga com o direito de consumir numa proporção que seria impossível generalizar» (Laudato si’, 50).

Neste sentido, proponho que se retome a ideia duma respeitosa integração urbana. Nem erradicação nem paternalismo, nem indiferença nem mero confinamento. Precisamos de cidades integradas e para todos. Precisamos de ir além da mera proclamação de direitos que, na prática, não são respeitados, e promover acções sistemáticas que melhorem o habitat popular e projectar novas urbanizações de qualidade para acolher as futuras gerações. A dívida social, a dívida ambiental para com os pobres das cidades paga-se tornando efectivo o direito sagrado aos «três T»: terra, tecto e trabalho. Isto não é filantropia, é um dever moral de todos.

Quero apelar a todos os cristãos, especialmente aos Pastores, para que renovem o impulso missionário, tomem iniciativa contra tantas injustiças, envolvam-se nos problemas dos vizinhos, acompanhem-nos nas suas lutas, salvaguardem os frutos do seu trabalho comunitário e celebrem juntos cada vitória pequena ou grande. Sei que já fazeis muito, mas peço-vos para recordardes que não é uma tarefa mais, mas é talvez a mais importante, porque «os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho» (Bento XVI, Encontro com o Episcopado Brasileiro, Catedral de São Paulo/Brasil, 11 de Maio de 2007, 3).

Queridos vizinhos, queridos irmãos! Rezemos, trabalhemos, comprometamo-nos juntos para que cada família tenha um tecto digno, tenha acesso a água potável, tenha um banheiro, tenha energia segura para iluminar, cozinhar e melhorar as suas casas... para que todo o bairro tenha estradas, praças, escolas, hospitais, espaços desportivos, recreativos e artísticos; para que os serviços básicos cheguem a cada um de vós; para que sejam ouvidas as vossas reclamações e o vosso grito por melhores oportunidades; para que todos possais gozar da paz e segurança que mereceis de acordo com a vossa dignidade humana infinita.

Mungu awabariki [Deus vos abençoe].

E peço, por favor, que não vos esqueçais de rezar por mim.

Papa Francisco: "O dinheiro roubado, quando você morrer, vai deixa-lo aqui e outro o usará. Mas deixará aqui também as feridas causadas nas pessoas"

Papa Francisco: "O dinheiro roubado, quando você morrer, vai deixa-lo aqui e outro o usará. Mas deixará aqui também as feridas causadas nas pessoas"


Apaixonado discurso do Papa no Estádio Kasarani: 70 mil jovens unidos contra o tribalismo, em seguida, a denúncia à corrupção que “também existe no Vaticano” e  a esperança para aqueles que são vítimas de recrutamento

Para entender a atmosfera que antecedeu a chegada do Papa no Estádio Kasarani, onde teve um encontro com os jovens de Nairobi, bastava ver um único quadro: um longo trem dançante liderado pelo próprio presidente, Uhuru Kenyatta, seguido por animadores e por quinze bispos que não resistiram ao ritmo da música. Cantos, músicas de grupo, flash mobs e execuções musicais, no típico estilo "efervescente" da juventude africana, caracterizou todo o evento da última etapa da visita de Francisco no Quênia.

Os mais de 60 mil jovens lotaram as arquibancadas desde as primeiras horas da madrugada. Para eles hoje é feriado: as escolas estão fechadas e quem trabalha está de descanso. A espera pelo Sucessor de Pedro é muito forte. Francisco chega pontual por volta das 8h30 e dá a volta com o Papamóvel, enquanto as pessoas gritam, cantam, tiram foto, fazem ‘olas’, agitam os braços, bandeiras e banners. O Papa cumprimenta os bispos ‘bailarinos’ que, depois, encontra em uma sala privada do Estádio e uma vez no palco permanece quase de boca aberta ao ver a acolhida que recebeu; depois abençoa três plantas levadas pelos jovens e recebe uma placa que indica o número de terços rezados nestes meses pelas suas intenções.

A alegria efusiva cobre-se rapidamente com um véu de emoção no momento dos dois testemunhos de dois jovens. O primeiro é Manuel que narra a sua juventude conturbada: sequestrado por guerrilheiros no norte, preso, torturado, forçado a testemunhar a morte de seus amigos. Depois, Linette que expressa ao Papa a sua preocupação com os casos de droga, violência e tribalismo que os jovens quenianos são obrigados a suportar. Depoimentos demasiado fortes para responder com um texto pré-escrito: Bergoglio, de fato, joga no lixo o discurso preparado, e se lança em um apaixonado discurso improvisado, em espanhol, no qual estigmatiza os males do tribalismo e da corrupção e dá uma esperança para os jovens vítimas de recrutamento, de desemprego ou de abandono por parte das suas próprias famílias.

A vida é cheia de dificuldades e convites para o mal. Mas os jovens podem escolher

"Por que acontecem a divisão, a luta, a guerra, a morte, o fanatismo, a destruição entre os jovens? Por que existe esse desejo de auto-destruir-se?", é a pergunta crucial que serpenteia a reflexão do Papa. Que se inspira nas primeiras páginas da Bíblia, na qual “no meio de todas as maravilhas que Deus fez, um irmão mata outro irmão, e o espírito do mal leva à destruição”. É este espírito do mal que “nos leva à desunião, ao tribalismo, à corrupção, à dependência de drogas", diz o Papa.

Como fazer, então, para que “um fanatismo ideológico não nos roube um irmão, um amigo?”, perguntava Manuel. “Existe uma palavra que pode soar estranha, mas não quero evita-la”, responde Francisco: rezar. “Um homem perde o melhor do seu ser humano quando se esquece de rezar porque sente-se onipotente, porque não sente a necessidade de pedir ajuda perante tantas tragédias”. E a vida, a terra, está cheia destas tragédias, cheia de “dificuldades” e também de “convites para desviar-se para o mal”.

Mas existem, no entanto, duas maneiras de enfrenta-lo: “Ou se olha para isso como algo que te para, te destrói, te mantém preso, ou se olha como uma oportunidade. Vocês, jovens, devem escolher. Para mim uma dificuldade é um caminho de destruição ou é uma oportunidade para superar toda a situação minha, da minha família, das minhas comunidades, do meu país?”. Portanto, a liberdade de perguntar-se: “Qual caminho quero escolher? Qual destas duas coisas quero escolher? Deixar-me vencer pela dificuldade ou considerar a dificuldade como uma oportunidade que eu posso vencer?”. “Vocês – insiste o Papa – querem superar estes desafios ou deixar-vos vencer pelos desafios? Vocês são como os atletas que quando veem jogar aqui no estádio querem vencer ou são como aqueles que já venderam a vitória para os outros e colocaram a vitória no bolso? Vocês é que decidem”.

Todos unidos contra o tribalismo: "Ele destrói as nações"

Falando de desafios, um enorme na África - observou o Papa - é o do tribalismo. Ele, afirma, "destrói uma nação. O tribalismo significa manter as mãos escondidas atrás de nós e ter uma pedra em cada mão para jogá-la contra o outro". O tribalismo "se vence só com a escuta”: primeiro “com os ouvidos” perguntando: “Qual é a tua cultura? Por que você é assim? Por que a tua tribo tem este hábito, este costume? A tua tribo se sente superior ou inferior?”. Depois “com o coração”, abrindo-o, e, por fim, “com a mão” estendendo-a para continuar o diálogo. “Se vocês não dialogarem e não se ouvirem, então, sempre haverá o tribalismo como um verme que corrói a sociedade”, adverte o Papa, e convida os milhares de presentes, a pegarem nas mãos, de pé, “como sinal contra o tribalismo”. “Todos somos uma única nação. We are all a nation”, grita o Papa, enquanto no estádio uma sugestiva rede de mãos e de braços se tece para mostrar o desejo de derrotar este flagelo para a África.

A corrupção: um açúcar que envenena. “E também existe no Vaticano”

No entanto, há um outro flagelo na África: a corrupção. "É possível justificar a corrupção? Como podemos ser cristãos e lutar contra o flagelo da corrupção?", Pergunta o Papa. Conta, então, a anedota de um jovem de vinte anos argentino que “queria dedicar-se à política, estudava, estava entusiasmado, ia de um lado para outro, e encontrou trabalho em um ministério. Um dia teve que decidir o que tinha que comprar. E então pediu três orçamentos, examinou-os e escolheu o mais barato, o mais conveniente. Depois foi para o escritório do chefe para que assinasse. ‘Por que escolheu este?’. ‘Porque precisa escolher o mais conveniente para a finança do país’. ‘Não! Deve escolher o que te coloca mais dinheiro no bolso!’. O jovem respondeu ao chefe: ‘Eu vim fazer política para judar a pátria, fazê-la maior’. E o chefe lhe respondeu: ‘Eu faço política para roubar’”.

É só um exemplo de corrupção, mas "isso se encontra não só na política, mas em todas as instituições, até mesmo no Vaticano”, observa Francisco, e compara o mal da corrupção com o “açúcar”, que “gostamos, é fácil”, mas que depois nos faz ter “um triste final”. "Em vez de tanto açúcar fácil, terminamos diabéticos ou o nosso país termina doente por diabete. Cada vez que aceitamos um suborno, que aceitamos um aliciamento e o colocamos no bolso, destruímos o nosso coração, a nossa personalidade, a nossa pátria. Por favor, não tenham prazer com esse açúcar que se chama corrupção”, adverte o Santo Padre. Como combater, então, este açúcar venenoso? “Como em todas as coisas temos que começar; se vocês não querem a corrupção no coração de vocês, na vida de vocês, na pátria de vocês, então comece com você! Se você não começar então nem o seu vizinho vai começar”.

O dinheiro roubado, quando você morrer, vai deixa-lo aqui e outro o usará. Mas deixará aqui também as feridas causadas nas pessoas.

Além do mais, a corrupção “nos rouba a alegria, nos rouba a paz. A pessoa corrupta não vive em paz”, comenta o Pontífice. E diz outro "fato histórico" de um homem tão corrupto que fez uma senhora exclamar, durante o seu funeral: “Não conseguíamos fechar o caixão porque queria levar consigo todo o dinheiro que tinha roubado”. Aqui está, diz Francisco, “o que vocês roubam com a corrupção, vai ficar aqui e outro o usará, mas também vão ficar – e isso devemos, realmente, gravar no coração – tantos homens e mulheres que ficaram feridos pelo seu exemplo de corrupção. Ficará a falta de bem que você poderia ter realizado e não realizou. Ficará nos jovens doentes, famintos, porque o dinheiro que era para eles, por causa da sua corrupção, ficou com você. Jovens e moças, a corrupção não é um caminho de vida, é um caminho de morte”.

O sorriso é um meio de comunicação contagioso, mais do que a TV

Diante destas coisas feias da vida, o Papa convida a usar os meios de comunicação: mas não a tv, internet e rádio, mas sim a palavra, o gesto, o sorriso. “O primeiro gesto de comunicação é a proximidade, é buscar a amizade”, diz, “falar bem entre vocês, sorrir, aproximar-se dos irmãos, estar perto um dos outros, até mesmo se forem de tribos diferentes, também eles precisam, os abandonados, os anciãos, que ninguém visita, que vocês estejam perto deles, estes gestos de comunicação são mais contagiosos do que qualquer rede de televisão”.

Recrutamento de jovens: "Se um jovem não trabalha cai na delinqüência!"

Em seguida, enfrenta outro assunto espinhoso que marca a juventude africana: o recrutamento de muitas crianças em grupos de células terroristas. Como evitar esse fluxo? O que fazer para trazer de volta para casa estes jovens? Para responder temos que dar um passo para trás, explica o Papa, e compreender “por que um jovem cheio de ilusões se deixa recrutar, ou vai em busca de ser recrutado, se distancia da sua família, dos seus amigos, da sua tribo, da sua pátria, se afasta da vida porque aprende a matar”.

Esta pergunta Bergoglio a passa para as autoridades: “Se um jovem, um rapaz ou uma moça, não tem trabalho, não pode estudar, o que vai fazer? Pode cair na delinquência ou em uma forma de vício, ou até cometer suicídio. Ou ainda juntar-se a alguma atividade que demonstre uma finalidade na vida e que talvez o seduziu ou enganou”. O primeiro antídoto é, portanto, a educação “também de emergência, de pequenos cargos”, depois o trabalho, porque “se um jovem não tem trabalho, qual futuro fica pra ele?”. Justo ali está o perigo, “um perigo social que vai além de nós, do país, porque depende de um sistema internacional que é injusto, que tem a economia no centro, não a pessoa, mas o deus dinheiro”. Também, observa o Pontífice, precisamos orar, “mas forte” porque “Deus é mais forte do que qualquer recrutamento”. E é preciso falar com estes jovens “com afeto, com simpatia, com amor e com paciência”, convidá-los, talvez “a ver um jogo de futebol, a fazer um passeio, a participar do vosso grupo, não deixa-los sozinhos”.

Com o rosário e a a Via Sacra sempre no bolso...

Um último problema a resolver é o seguinte: "Como podemos ver a mão de Deus nas tragédias da vida?". Não há uma resposta, diz Papa Francisco, “por mais que alguém se esforce pensando, não consegue encontrar uma explicação”. Não existe uma resposta, mas “existe um caminho” e é olhar para Jesus Cristo que Deus “entregou para salvar a todos nós”. “Deus mesmo se fez tragédia, Deus mesmo se deixou destruir na cruz e quando existe um momento que não entende, quando estiver desesperado e o mundo cair encima, olhem para a cruz. Lá está o fracasso de Deus, a destruição de Deus, mas lá está também um desafio à nossa fé: a esperança porque a história não acabou naquele fracasso, mas houve a ressurreição que renovou tudo”. Justamente por isso o Santo Padre admite que sempre leva consigo, no bolso, duas coisas: um terço para rezar e uma pequena via sacra, a “história do fracasso de Deus”. Com estes dois eu me viro como posso... E não perco a esperança”, explica.

Vocês nunca receberam afeto? Amar os outros! A carne se cura com a carne

Termina com um convite à esperança por todas aquelas pessoas abandonadas no nascimento ou pelos pais, ou que não sentem o afeto da família. Mas, também, por todos os anciãos “que estão sozinhos, sem que ninguém os visite, e que ninguém quer bem”. “Há um só remédio para sair destas experiências negativas de distância e falta de amor – destaca o Papa - : fazer o que eu não recebi. Se vocês não receberam compreensão, sejam compreensivos com os demais; se vocês não receberam amor, amem os outros; se vocês sentiram a dor da solidão, aproximem-se daqueles que estão sozinhos, a carne se cura com a carne e Deus se fez carne para curar-nos. Portanto, também nós devemos fazer o mesmo com os demais”.

Deus tem apenas um defeito: não pode deixar de ser Pai

"Antes do árbitro apitar o fim", o Papa Bergoglio concluiu o encontro com um sincero "obrigado": "Por terem vindo, por terem permitido que falasse na minha língua materna, por terem rezado tantos terços por mim. Continuem a rezar por mim, porque também eu preciso e muito”. Depois convida a todos a ficarem de pé, e com as mãos dadas, rezar isso “Pai do Céu que tem um só defeito: não pode deixar de ser Pai”.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Papa: "Cuidado com os sacerdotes rígidos (mordem!) e na admissão nos seminários”.

Papa: "Cuidado com os sacerdotes rígidos (mordem!) e na admissão nos seminários”. E aos bispos: “Presentes na diocese, ou então, renunciem!”
Papa conversa abertamente com os sacerdotes participantes do Congresso organizado pela Congregação para o Clero na Urbaniana


Flores, frutos, fungos e folhas secas. Depois: sacerdotes rígidos que "mordem"; seminaristas quase sádicos, porque, no fundo, “doentes mentais”; mães que dão “palmadas espirituais” e bispos que só viajam e se preocupam pouco dos problemas na diocese e que, talvez, fariam melhor em “se demitirem”. Essas são as imagens e as metáforas que pontilham o "compêndio" sobre a formação e o ministério dos sacerdotes que Francisco desenhou hoje durante a sua longa audiência aos participantes do Congresso na Pontifícia Universidade Urbaniana, promovido pela Congregação para o Clero por ocasião do 50º aniversário dos Decretos Conciliares Optatam totius e Presbyterorum ordinis. Dois decretos que – diz o papa – são “uma semente” lançada pelo Concílio “no campo da vida da Igreja” e que durante estas cinco décadas “cresceram, se tornaram uma planta vigorosa, embora com algumas folhas secas, mas, especialmente com muitas flores e frutos que adornam a Igreja de hoje”. Juntos, esses dois são “duas metades de uma realidade única: a formação dos sacerdotes, que dividimos em inicial e permanente, mas que constitui por si só uma única experiência de discipulado”.

Os padres são homens, não formados em laboratório

"O caminho de santidade de um padre começa no seminário!”, destaca Bergoglio, identificando três fases tópicas: "tomados dentre os homens", "constituídos em favor dos homens", presentes “no meio dos outros homens”. “Tomados dentre os homens” no sentido de que “o sacerdote é um homem que nasce em um certo contexto humano; ali aprende os primeiros valores, absorve a espiritualidade do povo, se acostuma às relações”. "Até mesmo os sacerdotes têm uma história". Não são “fungos” que “surgem de repente na Catedral no dia da sua ordenação”, diz Francisco. É importante, por isso, que os formadores e os próprios sacerdotes tenham em conta tal história pessoal ao longo do caminho de formação. “Não se pode ser sacerdote acreditando que se formou em um laboratório”, acrescenta de improviso, “não, começa na família com a tradição da fé e todas as experiências da família”. É necessário, portanto, que toda a formação “seja personalizada, porque é a pessoa concreta que é chamada ao discipulado e ao sacerdócio”.

Família primeiro centro vocacional. "Não se esqueçam mães e avós"

Acima de tudo, devemos lembrar o fundamental “centro de pastoral vocacional” que é a família: “igreja doméstica e primeiro e fundamental lugar de formação humana”, onde pode germinar “o desejo de uma vida concebida como caminho vocacional”. “Não se esqueçam das vossas mães e das vossas avós”, exorta Francisco. Depois, elenca os outros contextos comunitários: “escola, paróquia, associações, grupos de amigos”, onde – diz – “aprendemos a estar em relação com pessoas concretas, nos fazemos modelar da relação com eles, e nos tornamos o que somos também graças a eles".

"Um bom sacerdote", portanto, "é antes de tudo um homem com a sua própria humanidade, que conhece a sua própria história, com as suas riquezas e as suas feridas, e que aprendeu a fazer as pazes com ela, alcançando a serenidade de fundo, própria de um discípulo do Senhor”, destaca Francisco. Por isso, “a formação humana” é necessária para os sacerdotes, “para que aprendam a não serem dominados pelos seus limites, mas, sim, a construir sobre os seus talentos”.

"Sacerdotes neuróticos? Não pode... Que passem por um médico para tomar remédio”

Além do mais um padre em paz consigo mesmo e com a sua história “saberá difundir serenidade ao seu redor, também nos momentos difíceis, transmitindo a beleza da relação com o Senhor”. Não é normal, de fato, “que um sacerdote seja triste muitas vezes, nervoso ou duro de caráter”, observa o Papa Francisco: “Não está bem e não faz bem, nem ao sacerdote, nem ao seu povo. Mas se você tem uma doença e é neurótico, vá a um médico! A um médico clínico que te dará um comprimido que te fará bem. Também dois! Mas, por favor, que os fieis não falem das neuroses dos padres. E não batam nos fieis”.

Os sacerdotes são, de fato, "apóstolos da alegria" e com a sua atitude podem “favorecer ou obstruir o encontro entre o Evangelho e as pessoas”. “A nossa humanidade é o vaso de barro’ onde guardamos o tesouro de Deus”; é necessário, por isso, cuidar “para transmitir bem o seu precioso conteúdo”. Nunca um sacerdote deve “perder a capacidade de alegria. Se a perde existe algo errado”, recomenda o Santo Padre.

E admite que "honestamente" tem medo dos rígidos: “é melhor ficar longe dos sacerdotes rígidos, eles mordem”, diz com ironia. “Lembro-me daquilo que disse Santo Ambrósio no século IV; onde há a misericórdia está o espírito do Senhor. Onde há a rigidez, estão só os seus ministros. E o ministro sem o Senhor se torna rígido. E isso é um perigo para o povo de Deus”.

"Nunca, jamais, perder as próprias raízes!"

Além disso, um padre - comenta Francisco - "não pode perder as suas raízes, é sempre um homem do povo e da cultura que o gerou”. “As nossas raízes nos ajudam a recordar quem somos e de onde Cristo nos chamou. Nós, sacerdotes, não caímos do céu, mas somos chamados por Deus, que nos tira ‘dentre os homens’, para constituir-nos em ‘favor dos homens’”.

A este respeito, o Papa contou uma anedota: "Na Companhia, alguns anos atrás, havia um bom padre, bom, jovem, dois anos de sacerdócio... entrou em crise, falou com o padre espiritual, com os superiores, os médicos: ‘vou embora, não aguento mais’. Eu conhecia a sua mãe, pessoa humilde, não uma dessas ‘mulherzinhas’... e lhe disse: ‘Por que você não vai até a sua mãe e lhe conta tudo?’. E ele foi, passou um dia com a mãe. Voltou assim. A mãe lhe deu dois tapas espirituais, lhe disse 3 ou 4 verdades, colocou-o no seu lugar, e seguiu adiante. Por quê? Porque voltou à raiz”.

"Ore como você aprendeu a rezar quando criança"

Assim, "no seminário - explicou o Papa – você deve fazer a oração mental. Sim, sim, isso deve ser feito, aprender. Mas, antes de tudo, reze como te ensinou a sua mãe, cmo aprende a rezar de criança. Até com as mesmas palavras. Comece a rezar assim, depois avançarás na oração”.

Pastores, e não os funcionários

As raízes, então. "Este é um ponto fundamental da vida e do ministério dos sacerdotes", diz Francisco. O outro é que “se torna sacerdotes para servir os irmãos e as irmãs”. Porque “não somos sacerdotes para nós mesmos e a nossa santificação é intimamente ligada à do nosso povo, a nossa unção à sua unção”. Saber e recordar que somos “constituídos para o povo”, ajuda o sacerdote “a não pensar em si, a ser crível e não autoritário, firme mas não duro, alegre mas não superficial”. Em suma, “pastores, não funcionários”. Muito menos o sacerdote é “um profissional da pastoral ou da evangelização, que chega e faz o que deve – talvez bem, mas como se fosse um trabalho – e depois vai embora viver uma outra vida”. Não, não, “o que nasceu do povo, com o povo deve permanecer”. O sacerdote está sempre “no meio dos outros homens” e “vira-se sacerdote para estar no meio do povo”, reitera Bergoglio.

Bispos compromissados e viajantes: "Se você não está a fim de permanecer na diocese, peça demissão”

Portanto, a "proximidade" é um requisito básico, que também é necessário para os "irmãos bispos". "Quantas vezes - diz o Papa – escutamos queixas dos sacerdotes: 'Mas liguei para o bispo porque eu tenho um problema, a secretária me disse que ele está muito ocupado, que está viajando, que só pode me atender dentro de três meses! Um bispo sempre ocupado, graças a Deus. Mas se você, bispo, recebe o chamado de um padre e não pode encontra-lo porque tem muito trabalho, pelo menos pegue um telefone e ligue para ele. E pergunte ‘mas é urgente, não é urgente?’, de forma que ele sente que você está próximo”.

Infelizmente, porém "há bispos que parecem afastar-se dos sacerdotes", onde "proximidade" também pode ser um telefonema", um simples sinal "de amor paterno, de fraternidade", mais prioridade do que uma conferência em tal cidade” ou uma viagem à América”.  do que a" conferência na cidade "ou" uma viagem na América. "" Mas escute, eh! ", diz Francisco, “o decreto de residência de Trento ainda está vigente e se você acha que não consegue ficar na diocese, peça demissão! E roda o mundo fazendo outro apostolado muito bom... Mas se você é bispo daquela diocese: residência”

O bem que padres e bispos podem fazer "vem principalmente da proximidade deles e de terno amor pelas pessoas”. Porque não são "filantropos ou funcionários", na verdade, mas "pais e irmãos" que devem garantir "entranhas de misericórdia, olhar amoroso". "A paternidade de um sacerdote faz muito bem" no sentido de "fazer experimentar a beleza de uma vida vivida segundo o Evangelho e o amor de Deus que se concretiza através de seus ministros."

"Se não é possível absolver, pelo menos dê uma benção”

Porque "Deus não rejeita nunca”. E aqui uma outra “palmada” do Papa, tudo no improviso: “Penos nos confessionários - diz -, sempre e possível achar caminhos para dar a absolvição. Algumas vezes não é possível absolver. Mas tem padres que dizem: ‘Não, isso não se pode fazer, vá embora!’. Este não é o caminho... Se você não pode dar a absolvição explique: ‘Deus te ama muito. Para chegar a Deus existem muitos caminhos. Eu não posso te dar a absolvição, então, te dou a benção. Volte, volte sempre aqui que eu, cada vez, te darei a benção como sinal de que Deus te ama. E aquele homem, aquela mulher, sairá cheio de alegria porque encontrou o ícone do Pai que não rejeita nunca”.

Um padre não tem "espaços privados"

Francisco, portanto, convidou a um “bom exame de consciência” útil para orientar a própria vida e os próprio ministério a Deus: “Se o Senhor voltasse hoje, onde me encontraria? O meu coração está aonde? No meio das pessoas, orando com e para as pessoas, envolvido com as suas alegrias e sofrimentos, ou, no meio das coisas do mundo, dos trabalhos terrenos, dos meus ‘espaços’ privados?”. Atenção - diz ele - porque "um padre não pode ter um espaço privado ou está com o Senhor. Acho que os sacerdotes que conheci na minha cidade, quando não havia nenhuma secretária telefônica, dormiam com o telefone debaixo da mesa e quando as pessoas ligavam, se levantavam e iam dar a unção. Ninguém morria sem os sacramentos... Nem mesmo no descanso tinham um espaço privado. Isso é ser apostólico”.

"Olhos abertos nas admissões nos seminários. Atrás dos rígidos existem transtornos mentais"

Um último pensamento, antes de concluir, Francisco o faz também improvisando sobre o tema difícil do discernimento vocacional e a admissão ao seminário. Temos que “procurar a saúde daquele jovem”, recomenda, a “saúde espiritual, material, física, psíquica”. Outra anedota: “Uma vez, recém-nomeado mestre de noviços, ano '72, fui levar pela primeira vez à psiquiatra os resultados do teste de personalidade que se fazia como um dos requisitos do discernimento. Ela era uma boa mulher e uma boa cristã, mas em alguns casos era inflexível: “Esse não pode”. “Mas, doutora, é um jovem tão bom!”. “Mas saiba, padre – explicava a psiquiatra ao futuro Papa – existem jovens que sabem inconscientemente que são psicologicamente enfermos e procuram para as suas vidas estruturas fortes para defende-los e assim poderem seguir em frente. E estão bem até o momento em que se sentem bem estáveis, depois, ali começam os problemas...”.

"Você não pensou no porquê existem tantos policiais torturadores?", Perguntava a mulher, “entram jovens, parecem sadios, mas quanto se sentem seguros a doença começa a sair”. Polícia, exército, clero, são, de fato, “as instituições fortes que estes doentes inconscientes procuram”, observa o Papa Francisco, “e depois, muitas doenças que todos nós conhecemos”. “É interessante – acrescenta -: quando um jovem é muito rígido, muito fundamentalista, eu não confio. Detrás daquilo existe algo que ele mesmo não sabe”.

Portanto, uma clara advertência: "Cuidado com as admissões para os seminários, olhos abertos."

O Papa diz um “não” à “medicina dos desejos”

O Papa diz um “não” à “medicina dos desejos”
Na audiência com o Pontifício Conselho dos operadores sanitários, Francisco exorta a estar do lado de quem sofre, deplorando o mito da “perfeição física” e da “eterna juventude”


Roma, 19 de Novembro de 2015 (ZENIT.org) Luca Marcolivio | 378 visitas


O respeito pelo "valor da vida" e, ainda mais, o ''amor pela vida”, torna-se prática, principalmente, no estar ao lado do próximo, no aproximar-se, no cuidar de quem sofre no corpo e no espírito”.

Foi o que disse o Papa Francisco ao receber na manhã de hoje, em audiência na Sala Regia do Palácio Apostólico Vaticano, os participantes da XXX Conferência Internacional promovida pelo Pontifício Conselho dos operadores sanitários com o tema “A cultura da Saúde e da acolhida a serviço do homem e do planeta”, aberto hoje no Vaticano e que terminará no sábado, 21 de novembro.

Depois de salientar a coincidência do Congresso com o vigésimo aniversário da publicação da Encíclica Evangelium vitae de S. João Paulo II, o Papa recordou que os valores da solidariedade, da proximidade e da compaixão, próprios dos operadores sanitários, serão colocados “em especial destaque durante o Jubileu da Misericórdia, que nos chama a estar perto dos irmãos e das irmãs que sofrem”.

É precisamente a Evangelium Vitae, além disso, que recoloca os “elementos constitutivos” da “cultura da saúde” na “acolhida”, na “compaixão”, na “compreensão” e no “perdão”; as mesmas atitudes que mostrava normalmente Jesus pela “multidão de pessoas necessitadas que se aproximavam dele todos os dias: enfermos de todo tipo, pecadores públicos, possuídos, marginalizados, pobres, estrangeiros", disse o Santo Padre.

A “inviolabilidade da vida”, como especificava a encíclica de João Paulo II, implica “exigências positivas” que “vão desde o cuidar da vida do irmão (familiar, pertencentes ao mesmo povo, estrangeiro que mora na terra de Israel), ao cuidar do estranho, até amar o inimigo” (EV n ° 41).

Esta cultura da proximidade reduz "toda barreira de nacionalidade, de origem social, de religião” e torna os homens mais semelhantes ao “bom samaritano” da parábola evangélica.

Assim sendo, supera-se também a distinção de classe em que “tanto nos Países ricos quanto nos pobres, os seres humanos são aceitos ou rejeitados de acordo com critérios utilitaristas, em particular de utilidade social ou econômica”.

Este tipo de mentalidade, acrescentou Francisco, desemboca na assim chamada "medicina dos desejos" que, especialmente nos países ricos, leva à "busca da perfeição física a qualquer custo, à ilusão da eterna juventude", levando a "descartar ou marginalizar aqueles que não são "eficientes", que é visto como um fardo, um incômodo".

Ao mesmo tempo, o “tornar-se próximo”, como afirma também a encíclica Laudato Si’, “traz consigo também assumir-se responsabilidades obrigatórias com a criação e a “casa comum”, que pertence a todos e foi confiada aos cuidados de todos, também das gerações vindouras”, recordou o Papa.

A Igreja tem a intenção de educar para "proteger" e "administrar" a "família humana" e a "criação como um todo", para que as gerações futuras a façam mais ainda “humanamente suportável", para alcançar os "mais pobres e excluídos" em nome da "dignidade humana".

O Santo Padre pediu que, nas vésperas do Jubileu “este grito possa encontrar eco sincero nos nossos corações, para que também no exercício das obras de misericórdia, corporal e espiritual, de acordo com as várias responsabilidades confiadas a cada um, possamos acolher o dom da graça de Deus”.

O desejo do Pontífice é que as jornadas de estudo promovidas pelo dicastério vaticano da saúde possam “contribuir para um novo desenvolvimento da cultura da saúde, compreendida, também essa, em sentido integral”.

Para isso, Francisco, finamente, incentivou os participantes a terem presente nos seus debates “a realidade daqueles povos que mais sofrem os danos provocados pela degradação ambiental, danos graves e muitas vezes permanentes à saúde”.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

“Não sejam cristãos com uma vida dupla!”

O Papa Francisco adverte contra o perigo da mundanidade espiritual e lembra que o único antídoto possível é a oração

 Luca Marcolivio |  17 de Novembro |  ZENIT.org |  Papa Francisco |  Roma |  51
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Evitar a "vida dupla" e a "mundanidade" é o conselho que o Papa Francisco deu esta manhã durante a homilia na Casa Santa Marta, voltando ao tema da salvaguarda da identidade cristã, já mencionado ontem.

A inspiração vem da primeira leitura (2Mc 6,18-31), onde o velho homem Eleazar "não se deixa enfraquecer pelo espírito da mundanidade” e prefere morrer de fome em vez de cair na apostasia do “pensamento único”.

Os "amigos mundanos" tinham pedido para Eleazar comer carne de porco, mas o velho, estoicamente e "com nobreza”, conserva até o fim uma “vida coerente” e “caminha para o martírio”, dando “testemunho”.

A "mundanidade espiritual" é a primeira armadilha na qual os cristãos podem cair: vive-se sem uma “coerência de vida”, finge-se uma atitude, mas, nos bastidores, se atua de “outra forma”.

O demônio da mundanidade, observou o Pontífice, é difícil de reconhecer “porque é como o verme que lentamente destrói, degrada, o tecido”, tornando-o inutilizável e quem é sua vítima, no final, “perde a identidade cristã”.

Muitas são as pessoas que descaradamente declaram: “eu sou muito católico, padre, eu vou à missa todos os domingos, mas sou muito católico”. Mas, em seguida, são as mesmas pessoas que, no trabalho, pagam ou pedem propinas, lamentou o Santo Padre.

"A mundanidade – destacou – leva para a vida dupla, aquela que aparece e aquela que é verdadeira, e afasta de Deus e destrói a sua identidade cristã”.

É por isso que Jesus pede ao Pai para proteger os seus discípulos do espírito mundano, um pouco como, há muito tempo, tinha feito Eleazar, sacrificando sua vida para não dar o mal exemplo aos mais jovens.

A identidade cristã, ao contrário do espírito mundano, não é "egoísta" mas, sim, "tenta cuidar com a própria coerência, cuidar, evitar o escândalo, cuidar dos outros, dar um bom exemplo”, destacou o Papa.

Se, por um lado, "as tentações são muitas, e o truque da vida dupla nos tenta a cada dia", tornando "impossível" enfrentar tudo sozinho, “o nosso apoio – recordou Francisco – contra a mundanidade que destrói a nossa identidade cristã, que nos leva à vida dupla, é o Senhor”, recordou Francisco.

A ferramenta para superar essas tentações, acrescentou, é sempre a oração: "Senhor, eu sou um pecador, realmente, todos somos, mas peço-lhe o seu apoio, dai-me o seu apoio, porque, de um lado eu não finja ser um cristão e do outro viva como um pagão, como mundano”.

Em conclusão, o Papa Francisco sugeriu a meditação atenta da primeira leitura de hoje: “Fará muito dará, dará coragem para ser exemplo a todos e também dará força e apoio para levar adiante a identidade cristã, sem pacto, sem vida dupla”, disse. 

domingo, 15 de novembro de 2015

"A idolatria dos hábitos ensurdece o coração"

Papa Francisco: "A idolatria dos hábitos ensurdece o coração"
Homilia do Papa Francisco na casa Santa Marta


Roma, 13 de Novembro de 2015 (ZENIT.org) Redação | 790 visitas


“A grande beleza é Deus”, reza o Salmo: “os céus narram a beleza de Deus”. O problema do homem é que quase sempre se inclina  diante do esplendor, que é apenas um reflexo – e que um dia se apagará – ou pior, se torna devoto de prazeres ainda mais passageiros, disse o Papa na homilia dessa manhã na casa Santa Marta. 

O Pontífice evidenciou as duas idolatrias nas quais aqueles que têm fé também podem cair. A primeira leitura e o Salmo, observa Francisco, falam “da beleza da criação”, mas sublinham também “o erro daquelas pessoas que – observa – não foram capazes de ver além, ou seja, ao transcendente”. Neste comportamento, o Papa nota aquilo que define como “a idolatria da imanência”. Quando nos detemos na beleza “sem além”. 

“Apegaram-se a esta idolatria; se surpreendem com o seu poder e energia. Não pensaram como seu soberano é superior, porque os criou Aquele que é o princípio e autor da beleza. É uma idolatria admirar as belezas – muitas – sem pensar que haverá um ocaso. O por do sol tem a sua beleza... E esta idolatria de se apegar às belezas daqui, sem o transcendental, é um risco para todos. É a idolatria da imanência. Acreditamos que as coisas como são, são como deuses, que nunca acabarão. Nós nos esquecemos do ocaso”. 

A outra idolatria, sublinha, “é a dos hábitos” que ensurdecem o coração. Francisco a ilustra evocando as palavras de Jesus no Evangelho do dia, a sua descrição dos homens e das mulheres dos tempos de Noé aos de Sodoma quando, recorda, “comiam, bebiam, se casavam” sem pensar nos outros, até o momento do dilúvio ou da chuva de fogo e enxofre, da destruição absoluta: 

“Tudo é normal. A vida é assim: vivemos assim, sem pensar ao ocaso deste modo de viver. Isso também é uma idolatria: ser apegado aos hábitos, sem pensar que isso vai acabar. E a Igreja nos faz olhar para o fim destas coisas. Também os hábitos podem ser pensados como deuses. A Idolatria? A vida é assim, vamos assim em frente ... E assim como a beleza vai acabar em outra beleza, o nosso hábito terminará em uma eternidade, em outro hábito. Mas há Deus”.

Em vez disso, exorta Francisco, devemos dirigir o olhar “para além”, ao hábito final”, ao único Deus que está além “das coisas criadas”, como ensina a Igreja nestes dias que concluem o Ano Litúrgico, para não repetir o erro fatal de olhar para trás, como aconteceu com a mulher de Ló, com a certeza de que, se “a vida é bela, também o acaso será belo”:

“Nós - os crentes - não somos pessoas que caminham para trás, que se entregam, mas pessoas que vão em frente”. Ir sempre avante nesta vida, observando as belezas e com os hábitos que todos nós temos, mas sem divinizá-las. Elas vão acabar ... Somos essas pequenas belezas, que refletem a grande beleza, os nossos hábitos para sobreviver no canto eterno, na contemplação da glória de Deus”.

Papa Francisco: "Quando você tiver vontade de ler o horóscopo, olhe para Jesus que está com você, vai lhe ajudar mais...".

Papa Francisco: "Quando você tiver vontade de ler o horóscopo, olhe para Jesus que está com você, vai lhe ajudar mais...".

Queridos irmãos e irmãs, esses acontecimentos horriveis que abalam o mundo, desde catastrofes naturais e violencia provocada por terroristas e marginas, não podem ser remetidos como sendo sinais de castigo e fim de mundo.  Nós cristãos devemos viver a esperança de um mundo melhor se estivermos ligados a Cristo de modo sincero e autentico. 

Nós, filhos de Deus, e a nossa semelhança a Ele está voltada no nosso proceder do amor, da justiça, da misericordia e do amor com todos. Somos amados por Deus e Ele está conosco sempre. A nossa vida tem matizes reluzentes que nos animam a trabalhar para o bem comum. Somos a Igreja que constroi pontes de amor, de entendimento, de dialogo, de perdão e de misericordia. ( Bacharel em teologia Jose Benedito Schumann Cunha)

Durante o Angelus, o pontífice falou sobre o fim dos tempos, convidando os fieis a não confiarem nos videntes e horóscopos, porque o Senhor é "presença constante em nossas vidas"

O encontro com o Senhor ressuscitado. Esta é a parte "essencial" do Evangelho de hoje, sobre o qual o Papa Francisco, durante o Angelus na Praça de São Pedro, quis chamar a atenção dos fieis. São Marcos descreve o discurso que Jesus fez em Jerusalém, antes da sua última Páscoa, relativo aos “últimos acontecimentos da história humana, voltados ao cumprimento do reino de Deus."

Como explica Francisco, este discurso "contém alguns elementos apocalípticos, como guerras, fomes, catástrofes cósmicas". Mas o núcleo da mensagem do Evangelho é "o mistério da pessoa e da morte e a ressurreição" de Jesus, e o "Seu retorno no fim dos tempos."

Além disso, "o nosso objetivo final é o encontro com o Senhor Ressuscitado - continua -. Nós não esperamos um tempo ou um lugar, mas vamos em direção a uma pessoa: Jesus”. O Pontífice, portanto, convida-nos a refletir não sobre o “quando” ou “como” acontecerá este encontro, mas sobre “como devemos comportar-nos, hoje, na espera”. Porque “somos chamados a viver o presente, construindo o nosso futuro com serenidade e confiança em Deus”.

Este é um sinal de esperança, aquela virtude - diz - "tão difícil de viver, a menor para se viver, mas a mais forte”. Esperança que é aquela do “rosto do Senhor ressuscitado", que "manifesta o Seu amor crucificado transfigurado na ressurreição." O Papa Bergoglio salienta que "o triunfo de Jesus no fim dos tempos será o triunfo da Cruz, a prova de que o sacrifício de si mesmo por amor ao próximo, por imitação de Cristo, é o único poder vitorioso e o único ponto fixo em meio às perturbações e às tragédias do mundo”.

Um ponto firme, que é “presença constante constante na nossa vida”. O Santo Padre recorda que “Ele se levanta contra os falsos profetas, contra os videntes que preveem o fim do mundo, e contra o fatalismo”. Ele “quer tirar dos seus discípulos de todas as épocas a curiosidade pelas datas, as previsões, os horóscopos, e dirige a nossa atenção para o hoje da história”. Sobre este tema, o Papa dialogou com os fieis: “Gostaria de perguntar-lhes: quantos de vocês leem os horóscopos do dia?". E ainda: "Quando você tiver vontade de ler o horóscopo, olhe para Jesus que está com você, vai lhe ajudar mais...".

Na verdade, a chamada "pela espera e a vigilância”, à qual nos chama o Senhor, “exclui tanto a impaciência quanto a sonolência, tanto os saltos para a frente quanto o permanecer presos no tempo presente e no mundanismo”, diz o Papa.

Que, de fato, contextualiza a passagem do Evangelho nos nossos dias, onde “não faltam calamidades naturais e morais, e nem sequer adversidades e travessias de todo tipo”. Porém – reflete o Papa – “tudo passa – nos recorda o Senhor -; somente a sua Palavra permanece como luz que guia e refresca os nossos passos." Finalmente, antes da bênção, Francisco implorou à Virgem Maria para que "nos ajude a confiar em Jesus, o fundamento sólido da nossa vida, e perseverar com alegria no seu amor."

Papa: "É uma blasfêmia usar o nome de Deus para justificar a violência!"

Papa: "É uma blasfêmia usar o nome de Deus para justificar a violência!"

Nós cristãos devemos não ter medo dos violentos e dos barbaros porque somos filhos do Deus da Paz, da justiça, do amor , do perdão, da solidariedade e da misericordia. A violencia e o terrorismo são formas de barbarie do seculo XXI, pois o ser humano ainda não entendeu que as diferenças enriquecem o tecido social do mundo. 
Não existe progresso se não houver pessoas com talentos diferentes. As mortes por atentado nos assustam e nos faz pensar porque existe estas atrocidades em nosso meio? Se pensar bem ,a criação foi perfeita e existia harmonia em tudo, mas o pecado do ser humano fez com que a macula do mal , do odio e da violencia pendurassem até hoje. Como seria bom que todos entendessem e vivessem juntos num dialogo reciproco e que aumentasse o conhecimento e valores humanos partilhados entre todos. 
A exemplo dos santos que não se intimidaram diante da intolerancia e do odio e fizeram dessas coisas ferramentas uteis para que o amor seja de fato vivido em nosso meio. (bacharel em teologia Jose Benedito Schumann Cunha)

No final do Angelus, Francisco expressa profundo pesar pelos atentados em Paris e recorda o Pe. Francisco de Paula Victor, beatificado ontem no Brasil


Roma, 15 de Novembro de 2015 (ZENIT.org) Redação | 305 visitas


"Tanta barbárie nos deixa chocados e nos faz refletir sobre como possa o coração do homem conceber e realizar eventos tão horríveis, que abalaram não só a França, mas todo o mundo”, assim se expressou o Papa Francisco, no final do Angelus, sobre os ataques terroristas de sexta-feira passada que “sangraram a França”.

O Santo Padre expressou ao Presidente da República Francesa e a todos os cidadãos suas mais sentidas condolências, dizendo que ele estava perto "em particular dos familiares daqueles que perderam a vida e dos feridos”.

Francisco afirma que "perante tais atos intoleráveis, não se pode deixar de condenar a afronta inominável à dignidade da pessoa humana". E então reiterou "com força" que "o caminho da violência e do ódio não resolve os problemas da humanidade e que usar o nome de Deus para justificar este caminho é uma blasfêmia!".

O seu chamado foi, então, a orar para confiar "à misericórdia de Deus as indefesas vítimas desta tragédia." E ainda, antes de pedir alguns segundos de silêncio e de rezar uma Ave Maria com toda a praça, disse: “A Virgem Maria, Mãe de misericórdia, inspire nos corações de todos pensamentos de sabedoria e propósitos de paz. Pedimos-lhe para proteger e vigiar a amada nação francesa, a primeira filha da Igreja, a Europa e todo o mundo”.

O Papa Francisco recordou depois o Pe. Francisco de Paula Victor, padre brasileiro de ascendência Africana, filho de uma escrava, que foi beatificado ontem, em Três Pontas, no Estado de Minas Gerais, no Brasil.

"Pároco generoso e zeloso na catequese e na administração dos sacramentos - disse o Santo Padre - destacou-se, sobretudo, pela sua grande humildade. Que o seu extraordinário testemunho seja modelo para tantos sacerdotes, chamados para serem humildes servos do Povo de Deus

domingo, 8 de novembro de 2015

Francisco no Angelus: "A caridade não se faz com aquilo que sobra, mas com o que é necessário"

Francisco no Angelus: "A caridade não se faz com aquilo que sobra, mas com o que é necessário"

Texto completo. O Santo Padre refletiu sobre o exemplo da mulher viúva do Evangelho deste domingo, mulher que, na sua pobreza compreendeu que, tendo a Deus, tem tudo


Roma, 08 de Novembro de 2015 (ZENIT.org) Redação | 140 visitas


Queridos irmãos e irmãs, bom dia com este sol bonito!

A passagem do Evangelho deste domingo é composto de duas partes: uma que descreve como não devem ser os seguidores de Cristo; a outra na qual é proposto um ideal exemplar de cristão.

Vamos começar com a primeira: o que não devemos fazer. Na primeira parte Jesus aponta três defeitos do estilo de vida dos escribas, mestres da lei: soberba, avareza e hipocrisia. Eles – disse Jesus – gostam de “receber cumprimentos nas praças, sentar nas primeiras cadeiras nas sinagogas e ter os primeiros lugares nos banquetes” (Mc 12,38-39). Mas sob tais aparências solenes se escondem falsidade e injustiça. Enquanto se exibem em público, usam a sua autoridade para “devorar as casas das viúvas” (cf. v. 40), que eram consideradas, junto com os órfãos e os estrangeiros, as pessoas mais vulneráveis e menos protegidas. Finalmente, os escribas “rezam muito para serem vistos” (v. 40). Ainda hoje existe o risco de tomar essas atitudes. Por exemplo, quando se separa a oração da justiça, porque não é possível dar culto a Deus e prejudicar os pobres. Ou quando se diz amar a Deus e, pelo contrário, se coloca a própria vanglória, a própria vantagem, em primeiro lugar.

E nesta linha se coloca a segunda parte do Evangelho de hoje. A cena acontece no templo de Jerusalém, precisamente no lugar onde as pessoas jogavam as moedas como oferendas. Há muitas pessoas ricas que jogam muito dinheiro, e há uma pobre mulher, viúva, que coloca apenas duas moedinhas. Jesus observa atentamente aquela mulher e chama a atenção dos discípulos sobre o nítido contraste da cena. Os ricos deram, com grande ostentação, o que para eles era supérfluo, enquanto que aquela viúva, com discrição e humildade, deu "tudo o que tinha para viver" (v 44.); por isso - disse Jesus - ela deu mais do que todos. Devido à sua extrema pobreza, poderia ter oferecido somente uma moeda para o templo e conservado a outra com ela. Mas ela não quis dar a metade para Deus: se priva de tudo. Na sua pobreza compreendeu que, tendo a Deus, tem tudo; se sente amada totalmente por Ele e, por sua vez, ama-O totalmente. Que lindo exemplo daquela velha senhora!

Jesus, hoje, nos diz também que o critério de juízo não é a quantidade, mas a plenitude. Há uma diferença entre quantidade e plenitude. Você pode ter muito dinheiro, mas estar vazio: não há plenitude no seu coração. Pense, nesta semana, na diferença que existe entre quantidade e plenitude. Não é questão de carteira, mas de coração. Existe uma diferença entre carteira e coração... Existem doenças cardíacas, que fazem o coração descer para a carteira... E isso não é bom! Amar a Deus “com todo o coração” significa confiar Nele, na sua providência, e servi-lo nos irmãos mais pobres sem esperar nada em troca.

E deixem-me contar-lhes uma história que aconteceu na minha anterior diocese. Sentou-se à mesa uma mãe com três filhos; o pai estava no trabalho; estavam comendo bife à milanesa... naquele momento bateram na porta e um dos filhos – pequeno, 5, 6 anos, 7 anos o mais velho – vem e disse: “Mamãe, tem um mendigo que pede comida”. E a mãe, uma boa cristã, pergunta pra eles: “O que vamos fazer?” – “Vamos dar comida, mãe...”. – “Então, tá bom”. Pega o garfo e a faca e tira metade do bife de cada um. “Ah, não, mãe, não! Assim não! Pega da geladeira” – Não! Vamos fazer três sanduíches assim!". E as crianças aprenderam que a verdadeira caridade se dá, se faz não do que nos sobra, mas do que nos é necessário. Estou certo de que naquela tarde tiveram um pouco de fome... Mas, é assim que se faz!

Diante das necessidades dos outros, somos chamados a nos privar - como estas crianças, da metade dos bifes – de algo indispensável, não só do supérfluo; somos chamados a dar o tempo necessário, não apenas o que nos sobra; somos chamados a dar imediatamente e sem reservas algum dos nossos talentos, não depois de tê-lo utilizado para os nossos objetivos pessoais ou de grupo.

Pedimos ao Senhor que nos admita na escola desta pobre viúva, que Jesus, entre o espanto dos discípulos, coloca-a na cátedra e a apresenta como mestra do Evangelho vivo. Pela intercessão de Maria, a mulher pobre que deu toda a sua vida à Deus por nós, peçamos o dom de um coração pobre, mas rico de uma generosidade feliz e gratuita.

[Tradução ZENIT]

sábado, 7 de novembro de 2015

Becciu: "O bispo-juiz não é novidade"

Becciu: "O bispo-juiz não é novidade"

O motu proprio do papa Francisco sobre a nulidade do matrimônio apresenta um elemento de continuidade com a Igreja primitiva



O motu proprio sobre a reforma dos processos de reconhecimento de nulidade matrimonial revitaliza uma tradição da Igreja Católica Romana: no cristianismo primitivo, a prática era mesmo a de confiar a responsabilidade e a "potestade" ao bispo, como sublinha dom Angelo Becciu, substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado do Vaticano, em editorial publicado hoje no Osservatore Romano.

“O convite do papa”, escreve Becciu, “tem fundamento constante em toda a grande traditio Ecclesiae. De fato, o poder-dever de julgar tem raízes na prática cristã antiga, em que as disputas entre os indivíduos eram resolvidas dentro da comunidade, a fim de evitar o escândalo dos litígios perante juízes laicos".

Na Antiguidade tardia, os bispos assumiram cada vez mais responsabilidades na resolução de disputas "também no âmbito civil", a ponto de que, em 318, o imperador Constantino emitiu duas constituições que concediam estatuto legal ao tribunal episcopal. Como resultado, tiveram de ser emitidos novos decretos imperiais para "reduzir o fluxo quase imparável aos tribunais dos bispos, dado que estes asseguravam julgamentos rápidos e não custosos: um grande número de pessoas os preferia a um sistema judicial laico lento, caro e corrupto".

Santo Agostinho e Santo Ambrósio, na função de bispos, também foram investidos dessa função. Agostinho, em particular, teve de resolver questões como "propriedades de bens, contratos, heranças e acusações de adultério", com o "poder de pronunciar sentenças que incluíam a imposição de multas e, no caso dos cristãos, a excomunhão".

Durante toda a Idade Média, a "potestas iudicialis" do bispo permaneceu em vigor, embora, por vezes, delegada às mãos do decano, do arquidiácono ou de outros clérigos.

O Concílio de Trento especificou que as "causas matrimoniais e criminais" eram da competência do bispo.

Continua Becciu: "Estas disposições fluem para o Codex iuris canonici de 1917, que, por sua vez, confirmou a antiga disciplina da Igreja sobre o poder judiciário dos bispos que, em suas dioceses, são os juízes naturais de qualquer causa surgida em seu território, salva a autoridade do papa também neste campo para toda a Igreja".

"A doutrina, portanto, nunca negou a potestas iudicialis episcopalis e, na esteira desta antiga traditio Ecclesiae, todo o magistério dos sucessores de Pedro o reiterou repetidamente, em especial durante as alocuções à Rota Romana".

Pio XII, em seu discurso à Rota Romana em 1947, recordou: "Juízes na Igreja, em virtude do seu ofício e pela vontade de Deus, são os bispos, dos quais diz o Apóstolo que ‘foram constituídos pelo Espírito Santo para reger a Igreja de Deus’".

No final do Concílio Vaticano II, o beato Paulo VI reafirmou "a função judiciária dos bispos, estabelecida em toda a tradição eclesiástica e, sobretudo, na eclesiologia conciliar".

São João Paulo II, por fim, pouco antes de sua morte, definiu que o trabalho dos bispos nos tribunais não poderia ser degradado a questão meramente "técnica", delegada "inteiramente aos seus juízes vigários".

Neste contexto de continuidade doutrinal e pastoral, encaixa-se o magistério do papa Francisco e sua "reforma das estruturas, que exige a conversão pastoral".

É nesta perspectiva que o motu proprio Mitis Iudex ordena "que o próprio bispo, na sua Igreja, da qual é constituído pastor e cabeça, é, por isso mesmo, juiz entre os fiéis a ele confiados".

A "tristeza" do Papa pela discriminação e perseguição aos cristãos no mundo

A "tristeza" do Papa pela discriminação e perseguição aos cristãos no mundo

Em mensagem ao Global Christian Forum, Francisco exorta a "dar voz às vítimas da injustiça e da violência" para resolver esta "situação dramática"


Roma, 05 de Novembro de 2015 (ZENIT.org) Redação | 377 visitas


Concluído em Tirana o Global Christian Forum cujo tema foi "Discriminação, perseguição, martírio: seguir a Cristo juntos". Católicos, ortodoxos e protestantes - informa a Rádio Vaticano - se reuniram na capital da Albânia, de 02 a 04 de novembro, para ouvir o testemunho de muitos cristãos que hoje vivem em condições de falta de liberdade, perseguidos e forçados a fugir ou a não declarar abertamente a própria fé.

Em mensagem ao Fórum, lida pelo cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, o Papa Francisco expressou "grande tristeza" pela "crescente discriminação e perseguição aos cristãos no Oriente Médio, África, Ásia e em outros lugares do mundo". "Este encontro demonstra que, como cristãos, não somos indiferentes ao sofrimento dos nossos irmãos e irmãs”, afirma o Pontífice. “Em várias partes do mundo – prosseguiu – o testemunho de Cristo, chega até ao derramamento de sangue". Isto tornou-se uma experiência "comum aos católicos, ortodoxos, anglicanos, protestante, evangélicos e pentecostais, que "é muito mais profunda e mais forte do que as diferenças que ainda dividem as nossas Igrejas e comunidades eclesiais".

"A Communio martyrum é um sinal mais evidente do nosso caminho comum", disse o Papa, sublinhando a necessidade de dar "voz às vítimas de tal injustiça e violência" para resolver "esta trágica situação". "Que os mártires de hoje, pertencentes a diversas tradições cristãs nos ajude a entender que todos os batizados são membros do mesmo Corpo de Cristo, a sua Igreja. Que possamos considerar essa verdade profunda como um convite a perseverar no nosso caminho ecumênico rumo a comunhão plena e visível, crescendo cada vez mais no amor e na compreensão mútua". 

“A exclusão é a raiz de todas as guerras”

Homilia do Papa: “A exclusão é a raiz de todas as guerras”

Nesta quinta-feira em Santa Marta, Francisco explicou que há dois caminhos na vida: a exclusão das pessoas de nossa comunidade ou a inclusão

Na Carta aos Romanos, São Paulo nos exorta a não julgar e a não desprezar o irmão, porque isto leva a excluí-lo do "nosso grupinho", a ser "seletivo e isto não é cristão". Foi o que explicou o Santo Padre Francisco em sua homilia na capela da Casa Santa Marta nesta quinta-feira.

Além disso, ele lembrou que Cristo, “com seu sacrifício no Calvário" une e inclui "todos os homens na salvação". No Evangelho, recordou o Papa, Jesus aproximou-se dos publicanos e pecadores, ou seja, “dos excluídos, aqueles que estavam de fora", enquanto os fariseus e os escribas murmuravam.

O Papa afirmou que "a atitude dos escribas e dos fariseus é a mesma, excluem": ‘Nós somos perfeitos, nós seguimos a lei. Eles são pecadores, são publicanos'. “A atitude de Jesus, ao invés, é incluir, reiterou Francisco, destacando que “existem dois caminhos na vida”: o caminho da exclusão das pessoas da nossa comunidade e o caminho da inclusão”.

Assim, o Santo Padre Francisco advertiu que o primeiro é a “raiz de todas as guerras”: todas as guerras, começam com uma exclusão. "Exclui-se da comunidade internacional, mas também das famílias, entre os amigos, quantas brigas... E o caminho que Jesus nos mostra e nos ensina é contrário ao outro: incluir", afirmou ele.

Por outro lado, Francisco admitiu que "não é fácil incluir as pessoas, porque há resistência, há aquela atitude seletiva". Por isso, Jesus conta duas parábolas: a da ovelha perdida e a da mulher que perde uma moeda. Seja o pastor, seja a mulher fazem de tudo para encontrar aquilo que perderam. E quando conseguem, se enchem de alegria.

Francisco explicou: “Estão alegres porque encontraram aquilo que estava perdido e vão até os amigos, os vizinhos, porque estão muito felizes: ‘Encontrei, incluí’. Isto é a inclusão de Deus, é contra a exclusão de quem julga, que expulsa o povo, as pessoas... ‘não, este não, aquele não...’ e constrói um pequeno círculo de amigos que é o seu ambiente. É a dialética entre exclusão e inclusão”. Além disso, "Deus incluiu todos nós na salvação, todos!”, exclamou o Santo Padre.  

“Nós, com nossas fraquezas, com nossos pecados, com nossas invejas e ciúmes, temos sempre esta atitude de excluir que pode terminar em guerra", disse ele.

O Papa ressaltou que Jesus faz como o Pai que o enviou para nos salvar, ‘ procura-nos para nos incluir’, para ‘ser uma família’.

Por fim, Francisco pediu: “Pensemos um pouco e pelo menos... façamos o mínimo... não julguemos mais: ‘Este faz assim...’. Mas Deus sabe: é a sua vida, mas não o excluo de meu coração, de minha oração, de minha saudação, de meu sorriso... e quando tiver ocasião, lhe digo uma palavra bonita. Não excluir jamais, não temos o direito!”.

E recordou como termina a leitura de Paulo: "Vamos todos comparecer ante o tribunal de Deus. Em suma, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus".

Por isso, o Papa convidou a pedir “a graça de sermos homens e mulheres que incluem sempre... na medida da sã prudência, mas sempre. Não fechar as portas a ninguém, sempre com o coração aberto: ‘Gosto, não gosto, mas com o coração aberto”.



(Rádio Vaticano/Adaptado por Zenit)


A caridade nos faz assemelhar-se a Deus

A caridade nos faz assemelhar-se a Deus



Queridos irmãos e irmãs em Cristo, estamos celebrando hoje o 32º domingo do tempo comum, e a liturgia desse dia nos remete o modo que devemos fazer de nossas ofertas. Temos o caso de duas viúvas e estas eram pessoas frágeis e carentes diante do olhar da sociedade daquele tempo, mas muito solidaria e generosa a doar.

No livros dos Reis temos o Exemplo da viúva de Serepta. O contexto histórico dessa época  era seca e de fome, isto é como do nosso tempo de hoje. O homem de Deus, o profeta Elias chega a cidade de Serepta com muita fome e sede e encontra uma viúva a quem lhe pede agua e pão. Acontece que ela tinha apenas um punhado de farinha e pouco azeite que davam apenas a ela e a seu filho por um dia.

Mas mesmo assim essa mulher oferece tudo o que tinha a ele e desse modo Deus a abençoa a sua generosidade, dando-lhe alimento a eles durante todo o período da seca. Isso, irmãos e irmãs, nos mostra que Deus não abandona os que dão com alegria. A partilha e a generosidade nos fazem ter abundancia porque gera vidas para todos. (cf.1 Rs 17,10-16)

Na carta de São Paulo aos hebreus nos mostra o exemplo de Jesus Cristo, o sumo sacerdote que se doa inteiramente pela salvação da humanidade e não aqueles que somente aproveitam de cargos e funções para o seu próprio bem. Deus é solidário e generoso a humanidade que quer ver a justiça do reino acontecer entre todos. (cf. Hb 9,24-28)

O salmista nos convida a ter confiança em Deus, pois ele ampara a viúva e o órfão e não deixa que os poderosos e opressores durem por muito tempo, confundindo os seus caminhos. (cf. Sl 146)

O evangelista Marcos nos mostra a viúva que doa tudo que tinha ao templo, mesmo sendo poucas moedas, mas isso era a maior riqueza do coração dela. Ela deu sem exibir e nem ganhar elogios, discretamente colocou as suas migalhas no cofre do templo. Jesus repara esse grande gesto dela em vista a dos outros que se esnobavam a quantia que davam. Deus olha a generosidade e o amor dos gestos que fazemos nesta vida para com mais necessitados.

A viúva do templo nos faz pensar das nossas atitudes diante da caridade que praticamos. Será que estamos dando o tudo que podemos dar aos outros ou queremos tirar vantagens do gesto de dar? O amor será a nossa medida diante de Deus, pois Ele olha o nosso coração e a intenção daquilo que fazemos. (cf. Mc 12,38-44)

Que esta liturgia nos faz refletir e pensar diante da caridade que fazemos aos outros e que haja entre nós sempre solidariedade, justiça, misericórdia, amor e pendão. Que estes últimos domingos do tempo comum que está já quase ao seu final seja de avaliação e meio para criar novas perspectivas para o próximo caminho de um novo ano da Igreja que se aproxima. Amém

Tudo por Jesus nada sem Maria!!!


Bacharel em Teologia Jose Benedito Schumann Cunha

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Francisco advertiu sobre a tentação de se servir dos outros em vez de servir os outros

Nesta sexta-feira homilia, Francisco advertiu sobre a tentação de se servir dos outros em vez de servir os outros

"Caros irmãos e irmãs, somos chamados a viver os valores evangelicos que são: obediencia, a castidade e a pobreza, pois eles nos ajudam a desapegar das coisas materiais desse mundo. A tentação que enfretamos nos traz confusão para vence-la é preciso sermos desapegados e fieis a Deus. A vida nos ensina a sermos construtores de pontes entre todos para levar a paz, a vida e a justiça. Se de fato formos missionarios de Cristo nesse mundo, então o mundo se colore de uma luz que resplandece o amor de Deus em todos os cantos. Assim, os serviços que devemos fazer não devem ser motivos para o nosso engrandecimento e vatagem pessoal, mas para propagar o evangelho de Cristo que traz a verdadeira justiça e paz para todos. Amém" (bacharel em teologia Jose Benedito Schumann Cunha)

O Santo Padre Francisco pediu aos bispos e sacerdotes para que vençam a tentação de “uma vida dupla", recordando que a Igreja é chamada a servir e não a se tornar uma Igreja mercantil. Destacou isto na homilia da missa celebrada nesta sexta-feira (6) na capela da Casa Santa Marta.

O Papa refletiu sobre a figura de Paulo, que aparece na liturgia do dia. O apóstolo "foi totalmente doado ao serviço" para terminar em Roma "traído por alguns dos seus" e terminando por ser "condenado". Assim, Francisco recordou que a grandeza de Paulo vinha de Jesus Cristo e "ele se orgulhava de servir, de ser eleito, de ter o poder do Espírito Santo."

Ele era o servo que servia, "administrada, lançando as bases, ou seja, anunciando Jesus Cristo" e "nunca parava para ter a vantagem de um lugar, de uma autoridade, de ser servido. Ele era ministro, servo para servir, não para ser servir-se".

Aliás, o Papa expressou a alegria que sente quando os sacerdotes que vão à missa em Santa Marta dizem: "‘Oh padre, vim aqui para encontrar os meus, porque há 40 anos sou missionário na Amazônia’. Ou uma religiosa que diz: ‘Não, eu trabalho há 30 anos em um hospital na África’. Ou quando encontro uma irmãzinha que há 30, 40 anos trabalha na sessão do hospital com os portadores de necessidades especiais, sempre sorridente. Isto se chama servir, esta é a alegria da Igreja: ir além, sempre; ir além e dar a vida. Isto é aquilo que Paulo fez: servir”.

Por isso, ele também lembrou que no Evangelho, o Senhor nos mostra a imagem de outro servo, "que em vez de servir os outros se serve dos outros", sublinhando que "lemos o que fez este servo, como quanta astúcia se moveu, para permanecer no seu lugar".

Assim, o Pontífice advertiu que "na Igreja, também há aqueles que em vez de servir, de pensar nos outros, de estabelecer as bases, se servem da Igreja: os carreiristas, os apegados ao dinheiro”. Então, ele questionou: "Quantos sacerdotes, bispos vimos assim? É triste dizer isso, não?". Por isso, destacou a radicalidade do Evangelho, do chamado de Jesus Cristo: servir, estar a serviço de, não parar, ir além, esquecendo-se de si mesmo. E o conforto do status: eu atingi um status e vivo confortavelmente sem honestidade, como os fariseus de que fala Jesus, que passeavam pelas praças, para serem vistos pelas pessoas”.

Para finalizar sua homilia, o Santo Padre propôs duas imagens: “Duas imagens de cristãos, duas imagens de sacerdotes, duas imagens de freiras. Duas imagens”. Jesus, reiterou o Papa, “nos faz ver esse modelo em Paulo, esta Igreja que nunca está parada, que sempre cria bases, que vai sempre para a frente e nos faz ver que esse é o caminho”.

No entanto, “quando a Igreja é morna, fechada em si mesma, muitas vezes mercantil, não se pode dizer que é uma igreja que ministra, que está a serviço, mas sim que se serve dos outros", alertou o Papa.

Francisco concluiu pedindo que "que o Senhor nos dê a graça que deu a Paulo, o ponto de honra para ir sempre para a frente, sempre, renunciando às próprias comodidades tantas vezes, e nos livre das tentações, dessas tentações que, são fundamentalmente, as tentações de uma vida dupla: apresento-me como ministro, como quem serve, mas no fundo eu me sirvo dos outros”.

(Rádio Vaticano/ Adaptação Zenit)

domingo, 1 de novembro de 2015

Bispos refletem sobre Solo Urbano, Pastoral da Educação, Missão e Campanha da Fraternidade

Brasil: Conselho Permanente prepara 54ª Assembleia Geral da CNBB

Bispos refletem sobre Solo Urbano, Pastoral da Educação, Missão e Campanha da Fraternidade


Brasilia, 29 de Outubro de 2015 (ZENIT.org) Redação | 349 visitas


O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) discutiu, na tarde desta terça-feira (27), a programação da 54ª Assembleia Geral da instituição. O evento ocorrerá de 6 a 15 de abril, em Aparecida (SP).

O arcebispo de Curitiba, dom Antônio Peruzzo -  conforme notícia publicada no site da CNBB - apresentou ao Conselho Permanente uma prévia da pauta da Assembleia. Na ocasião, os bispos fizeram novas contribuições e a proposta será novamente debatida no decorrer da reunião, que prosseguirá até quinta-feira.

Na parte da tarde foram tratados outros assuntos como a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016 e a elaboração de três textos sobre: Solo Urbano, Diretrizes para a Pastoral da Educação, Missão e Cooperação.

Solo Urbano

Os encaminhamentos a respeito do texto sobre Solo Urbano foram expostos pelo arcebispo de São Luís (MA), dom José Belisário, que faz parte do Grupo de Trabalho (GT), constituído no ano passado para redigir o material. O GT é composto por bispos, padres e leigos. Segundo dom Belisário, o ponto de partida do texto, trabalhado por meio do método Ver, Julgar e Agir,  é a preocupação com o sofrimento das pessoas diante da atual situação da mobilidade urbana e tem como eixo a questão fundiária.

Diretrizes para a Pastoral da Educação

Também está em andamento um texto sobre as Diretrizes para a Pastoral da Educação no Brasil. O tema foi abordado pelo bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação, dom João Justino. A expectativa é que seja publicado como Estudos da CNBB (coleção verde).  Dom Justino lembrou que em novembro haverá, em Roma, o Congresso Mundial para a Educação Católica, o que poderá enriquecer ainda mais a redação.

Missão e Cooperação

Aprovado na Assembleia do Conselho Missionário Nacional (Comina), em março deste ano, o texto “Missão e Cooperação Missionária” propõe orientações para a animação missionária da Igreja no Brasil. “Espera-se que seja publicado como Estudos da CNBB, já que há poucos subsídios sobre a missão”, expressou o bispo auxiliar de São Luís (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Missionária e Cooperação Intereclesial, dom Esmeraldo Barreto de Farias.  O texto fala dos desafios contemporâneos da missão, dos fundamentos trinitários, da conversão eclesial, dos horizontes da missão e das tarefas da Igreja Missionária.

Saneamento Básico

“Casa comum, nossa responsabilidade”. Este é o tema da Campanha da Fraternidade (CFE) 2016, realizada pela CNBB em parceria com o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). “Esta será a quarta Campanha da Fraternidade Ecumênica”, lembrou o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo, padre Marcus Barbosa, durante exposição do tema ao Conselho Permanente.  Para o assessor, a CFE é um testemunho de unidade, pois é realizada a partir da colaboração conjunta entre as igrejas que fazem parte do Conic.

O foco da Campanha é o saneamento básico. Segundo padre Marcus, “o objetivo é promover o diálogo entre os cristãos sobre questões relacionadas ao saneamento básico, a fim de garantir saúde, justo desenvolvimento e qualidade de vida a todos os cidadãos”.

Padre Marcus recorda, ainda, que a Campanha está em sintonia com a encíclica do papa Francisco, Laudato Si’, que trata da ecologia integral. “Será uma ótima oportunidade para fazer chegar as bases a Laudato Si”.

(Com informações da CNBB)