Queridos irmãos e irmãs, somos Cristãos porque seguimos Jesus e aderimos a Ele plenamente. A nossa fé vem através do Batismo. Acreditamos em Cristo como Senhor e Salvador. Ele traz uma alegria muito grande. Pois nos resgatou do pecado para sempre. A sua dor e a sua morte trouxeram alegria da Pascoa, pois Ele ressurge vitorioso. O natal do Senhor é o começo de uma alegria que vem acompanhada com a paz do menino com braços estendidos na manjedoura. Este lugar privilegiado do Príncipe da Paz, um Rei que se faz pobre para nos enriquecer de graças abundantes.(1)
Padre Raniero Cantalamessa explica como Cristo inverteu a relação entre prazer e dor: não mais um prazer que termina em sofrimento, mas um sofrimento que leva à vida e à alegria. Com extraordinária perspicácia e clareza Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap., pregador da Casa Pontifícia, explicou hoje na Capela Redemptoris Mater na presença do Papa Bento XVI, porque o cristianismo é a religião da alegria. Na terceira pregação do Advento o frei capuchinho recordou o convite do Papa à redescoberta da "alegria do encontro com Cristo" para alimentar a nova evangelização, procurando permanecer fiel ao tempo litúrgico atual, em preparação para o Natal. Neste sentido, o pregador da Casa Pontifícia precisou que o apóstolo Lucas não se enganou quando deu à infância de Jesus o nome de "mistérios gozosos", mistérios da alegria.Conta o Evangelho que no nascimento de Cristo, dos anjos aos pastores gritaram: "Eis que vos anuncio uma grande alegria" (Lc 2, 10). (2)
IDe onde nasce essa alegria? Segundo padre Cantalamessa “a fonte é Deus”, cuja “ação” produz uma vibração e uma onda de alegria que se espalha pelas gerações; “espalham para sempre”. E como pode, esta alegria pela ação de Deus, chegar até a igreja de hoje e contagiá-la? O pregador explica que primeiro “através da memória”, no sentido de que a Igreja "relembra as obras maravilhosas de Deus em seu favor”. “Quantas graças, quantos santos, quanta sabedoria de doutrina e riqueza de instituições, quanta salvação operada nela e através dela!”. Cumpriram-se as palavras "As portas do inferno não prevalecerão" (Mt 16, 18).Outro modo que explica a propagação da alegria é a “via da presença, porque vemos que, mesmo agora, no presente, Deus está agindo entre nós, na Igreja”.(2)
O Espírito Santo - afirmou Cantalamessa - ainda está escrevendo na Igreja e nas almas histórias maravilhosas de santidade. Neste contexto o pregador explicou que diante de muitos males que afligem a Igreja “é bom levantarmos o olhar e vermos também seu lado bom, sua santidade”. A este respeito Cantalamessa destacou a multiplicação dos carismas, o amor pela palavra de Deus, a participação ativa dos leigos na vida da Igreja e na evangelização, o compromisso constante do magistério e de muitas organizações em favor dos pobres e dos que sofrem e o desejo de consertar a unidade rompida do Corpo de Cristo, a série de papas doutos e santos e tantos mártires da fé.(2)
Padre Cantalamessa afirmou que “Jesus provocou, a propósito da alegria, uma revolução tamanha que é difícil exagerar sobre o seu alcance e que pode ser de grande ajuda na evangelização”. E acrescentou: “Cristo inverteu a relação entre prazer e dor. “Em vez da alegria, Ele suportou a cruz" (Hebreus 12, 2)”. “Não era mais um prazer que terminava em sofrimento, mas um sofrimento que conduz à vida e à alegria”.“Uma alegria – prosseguiu - que vai durar para sempre”, pois “ a cruz termina na Sexta-Feira Santa, mas a felicidade e a glória do domingo da Ressurreição se estendem para sempre”. Isto significa – revelou o pregador – que “sem Deus, a vida é um dia que termina na noite; com Deus, é uma noite (às vezes uma "noite escura"), mas que termina no dia, e um dia sem ocaso”.(2)
“A alegria cristã é interior – prosseguiu padre Cantalamessa- não vem de fora, mas de dentro”. “Nasce do agir misterioso e presente de Deus no coração do homem em graça. Podecausar abundância de alegria até nos sofrimentos (cf. 2 Cor 7, 4).E sendo "fruto do Espírito" (Gl 5, 22, Rm 14, 17) se expressa na “paz do coração, na plenitude do significado, na capacidade de amar e ser amado e, acima de tudo, na esperança, sem a qual não pode haver alegria”.“O mundo busca a alegria” - constatou o padre -. Todos queremos ser felizes. “Este desejo da alegria é a parte do coração humano naturalmente aberta para receber a “alegre mensagem”. E quando o mundo bate à porta da Igreja – mesmo quando faz isso com violência e raiva – é porque busca a alegria, e “uma Igreja melancólica e medrosa não estaria, por isso, à altura da sua tarefa; não poderia responder às expectativas da humanidade e sobretudo dos jovens”. “A alegria - destacou - é o único sinal que até mesmo os não-crentes são capazes de receber e que pode colocá-los seriamente em crise. Nãoargumentos e censuras”.“Os cristãos testemunham a alegria quando colocam em prática estas disposições; quando, evitando toda amargura e ressentimento inútil no diálogo com o mundo e entre si, sabem irradiar confiança, imitando, desta maneira, a Deus, que faz chover sobre os injustos”.Pois “quem é feliz, no geral, não é amargo, não sente a necessidade de apontar tudo e sempre; sabe relativizar as coisas, porque conhece algo que é maior”. Paulo VI, na sua “Exortação apostólica sobre a Alegria”, escrita nos últimos anos do seu pontificado, fala de um “olhar positivo sobre as pessoas e sobre as coisas, fruto de um espírito humano iluminado e do Espírito Santo”.São Paulo falava de “Colaboradores da alegria”, ou seja, “aqueles que infundem segurança às ovelhas do rebanho de Cristo, os capitães valorosos que, com o seu olhar tranquilo, animam os soldados envolvidos na luta”.(2)
Em meio a provas e calamidades que afligem a Igreja, especialmente em algumas partes do mundo, “os pastores podem repetir, também hoje, aquelas palavras que Neemias, um dia, depois do exílio, dirigiu ao povo de Israel abatido e em lágrimas: “não haja nem aflição, nem lágrimas [...], porque a alegria do Senhor é a vossa força" (Ne 8, 9-10).Padre Cantalamessa concluiu com a invocação: “Que a alegria do Senhor, Santo Padre, veneráveis padres, irmãos e irmãs, seja realmente, a nossa força, a força da Igreja. Feliz Natal!”.(2)
A Igreja é a mãe que revela os mistérios de Deus, pois ela é a guardiã do tesouro da Fé. Crer em Jesus é assumir a sua vida na nossa vida. Devemos Sentir pertença a Igreja e a Cristo que é a cabeça dela. Não devemos mutilar o corpo de Jesus por divisões e intrigas, mas procurar viver o amor e o perdão com todos. Assim, as palavras do frei Cantalamessa nos enche de alegria pela celebração da alegria que vem do natal do Senhor e da Igreja que sempre procura revelar Jesus a todos. Um Deus pobre que vem até nós para mostrar o valor da bondade e simplicidade do gesto de dar que se traduz no amor gratuito a todos. Nós aprendemos de Deus que é amor e que veio através de Maria para mostrar que nos ama de modo infinito. Somos Salvos por Jesus através de Maria. Amém (1)
(1) Bacharel em teologia Jose Benedito Schumann Cunha