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Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

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terça-feira, 5 de setembro de 2017

Tortura nunca mais

É preciso dizer que o que ocorreu comigo não é exceção, é regra. Raros os presos políticos brasileiros que não sofreram torturas. Muitos, como Schoel Schreiber e Virgílio Gomes da Silva, morreram na sala de torturas. Outras ficaram surdos, estéreis ou com outros defeitos físicos. A esperança desses presos coloca-se na Igreja, única instituição brasileira fora do controle estatal-militar.

Sua missão é defender e promover a dignidade humana. Onde houver um homem sofrendo, é o Mestre que sofre. É hora de nossos bispos dizerem um BASTA às torturas e injustiças promovidas pelo regime, antes que seja tarde. A Igreja não pode se omitir. As provas das torturas, trazemos no corpo. Se a Igreja não se manifestar contra essa situação, quem o fará? Ou seria necessário que eu morresse para que alguma atitude fosse tomada?

Num momento como este, o silêncio é omissão. Se falar é um risco, é muito mais um testemunho. A Igreja existe como sinal e sacramento da justiça de Deus no mundo. “Não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio. Fomos maltratados desmedidamente, além das nossas forças, a ponto de termos perdido a esperança de sairmos com vida.

Sentíamos dentro de nós mesmos a sentença de morte: deu-se isso para que saibamos pôr nossa confiança, não em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos (2 Cor 1, 8 e 9). Faço esta denúncia e este apelo a fim de que se evite amanhã a triste notícia de mais um morto pelas torturas.

Parágrafo final do relado de torturas de Frei Tito de Alencar Lima, divulgado pela primeira vez no jornal alemão “Publik” e que mereceu prêmio especial de reportagem da revista estadunidense “Look”, em 1970. Texto e informações retirados do livro “Batismo de Sangue: os dominicanos e a morte de Carlos Marighella”, de autoria de Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, Editora Civilização Brasileira, 4ª Edição, 1982, páginas 239 e 240.

Comentário

E hoje? Quais são as torturas que sofremos? Parece que hoje os efeitos do sistema em que vivemos entram em nossa pele sem fazer a gente sentir dor, mas que fazem a gente sofrer muito. São as telenovelas que não ensinam nada. São os jornais que, a despeito da sua sobrevivência, transmitem através da notícia e da publicidade modelos de vida supostamente compensadores. São nossas autoridades públicas, que de públicas não têm nada, pois ensinam apenas que a livre iniciativa que é uma privada é sempre o melhor remédio.


Não temos consciência do que é público, da valorização do coletivo. Como Frei Tito, muitas pessoas já morreram vítimas de um sistema que continua excludente e à mercê de bolsas de valores: as mais de 200 vítimas do avião da TAM, Sidney Junio Andrade, etc.          

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