Era
o dia 24 de julho de 2013. O jogo entre Atlético-MG e Olímpia do Paraguai
mobilizava o Brasil para a definição do Campeão da Copa Libertadores daquele
ano. O Olímpia havia vencido os mineiros por dois a zero no jogo de ida. O
grito de “Eu acredito!”, e não o de “Nós acreditamos!”, unia atleticanos e até
não-atleticanos.
O
primeiro jogo da finalíssima no Estádio Reformado Governador Golpista José de
Magalhães Pinto seguia para o segundo tempo depois de uma primeira etapa de
muito sofrimento, como qualquer jogo de futebol ensina e a vida bate o cartão.
Guilherme
chuta de fora da área e marca o primeiro do Atlético-MG. Quando ninguém mais
esperava, a bola é alçada na área e a torre gêmea Leonardo Silva marca de
cabeça o segundo gol do time preto e branco.
Enquanto
você gritava o primeiro gol do jogo, a moça bonita de 28 anos era submetida na
Santa Casa de Montes Claros a uma curetagem para retirada de restos da gravidez
que perdeu após um aborto espontâneo, após resistir durante três meses, sofrer calada
ao lado do filho e companheiro do primeiro relacionamento conjugal com
hemorragias seguidas e tentar gerar a vida que todos são a favor, mas que quase
ninguém é obreiro o suficiente para oferecer condições de saúde ideais a todo
brasileiro para que ele nasça, alimente-se e cresça da melhor forma possível. No
segundo gol do jogo, ela já estava sedada para dormir e descansar em paz após
aquele procedimento médico curativo.
O
jogo vai para a prorrogação. O zero a zero persiste. Já são mais de meia-noite:
25 de julho de 2013, quinta-feira. No calendário religioso, celebra-se São
Cristóvão, o carregador de cristos e, no calendário da história, recorda-se o
dia do trabalhador rural. Como duas equipes de operários urbanos que são
oprimidos e forçados a esquecer as suas raízes rurais, Atlético-MG e Olímpia
vão decidir a Copa Libertadores de 2013 nas penalidades máximas, na loteria
esportiva. A trave mata o Olímpia e glorifica o Atlético-MG.
Porém,
a noite no hospital é de melancolia e dor. Mais um filho teu fugiu à luta,
enquanto você gritava é campeão ou chorava a perda de um título como se fosse
um olimpiano. Libertas que serás também libertado! E ainda cospem e voltam a
cuspir e a degustar no prato em que comem: o campeonato mineiro é apelidado
pejorativamente de rural, essa nostalgia que teima em permanecer na alma da
gente.
“A
consciência é, pois, um produto social e continuará a sê-lo enquanto houver seres humanos. A consciência é, antes de
tudo, a consciência do meio sensível imediato e de uma relação limitada com
outras pessoas e outras coisas situadas fora do indivíduo que toma consciência;
é simultaneamente a consciência da natureza que inicialmente se depara ao ser humano como uma força francamente
estranha, toda poderosa e inatacável, perante a qual os seres humanos se comportam de uma forma puramente animal e que os
atemoriza tanto como os animais; por conseguinte, uma consciência de natureza
puramente animal (religião natural)”
[Karl Marx e Friedrich
Engels escrevem homens no século XIX, uma época em que o papel entre homem e
mulher era mais delimitado, o que não quer dizer necessariamente que Marx, Engels
e os comunistas fossem e são machistas. Muito pelo contrário. A obra de Karl
Marx e Friedrich Engels é marcada por um humanismo nunca visto até então. Marx se
torna comunista ao ter contato com o operário J. Moll. Marx ainda anota sobre a
questão da religião natural que “compreende-se imediatamente que esta religião
natural ou este tipo de relações com a natureza estão condicionados pela forma
da sociedade e vice-versa. Neste caso, como em qualquer outro, a identidade
entre o ser humano e a natureza toma
igualmente esta forma, ou seja, o comportamento limitado dos seres humanos perante a natureza
condiciona o comportamento limitado dos seres
humanos entre si e este condiciona por sua vez as suas relações limitadas
com a natureza, precisamente porque a natureza mal foi modificada pela
história.]
A Ideologia Alemã (Primeiro Capítulo), por Karl Marx e Friedrich Engels
A Ideologia Alemã (Primeiro Capítulo), por Karl Marx e Friedrich Engels