Outra
polêmica a se desfazer é sobre a seguinte frase de Karl Marx: “a religião é o ópio do povo”. Essa
expressão marxista ganhou ares universais, como se Marx, Engels e todos os
comunistas fossem inimigos das religiões. Marx nasceu e cresceu sob a
influência da religião judaica na Alemanha. Casou-se e só teve uma mulher por
quem nutriu o mais profundo e real amor. Criou e multiplicou sete descendentes
em um período social e econômico muito mais complicado do que este século XXI.
É
de se ter bom senso para ler a frase completa e não difundi-la fora do seu
contexto histórico ou por pura perversidade pequeno-burguesa.
05 DE MAIO DE 2018: CELEBRAÇÃO DOS
200 ANOS DE NASCIMENTO DE KARL MARX
A
primeira vez que vimos essa frase foi na Coleção Folha Grandes Fotógrafos (2007).
A introdução da coleção destacava a frase completa de Marx: “a religião é o ópio do povo, é o suspiro
da criatura oprimida, fruto de situações sociais sem coração e sem espírito”.
Muito
antes do inventado Estado de Israel surgir em 1949, a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS), do saudoso Vladimir Lênin, já protegia os judeus
dos preconceitos de classe e de religião burgueses. Hoje os judeus estão
presentes mais na Rússia. O inventado Estado de Israel conta atualmente em sua
população com 70% de judeus ateus por causa da absurda guerra movida contra os
palestinos, os verdadeiros donos da terra prometida.
Muito
certamente, se Karl Marx e Friedrich Engels tivessem, por exemplo, nascido no
Norte de Minas Gerais, onde a religião se desenvolveu de forma mais
progressista a partir de 1910 [hoje vemos uma religião claramente intimista e
para dentro dos templos, característica histórica de épocas de crises econômicas],
provavelmente eles teriam outra visão da religião.
E
no tempo histórico (século XIX) em que Marx e Engels viveram, não tínhamos
outros ópios do povo, como verificamos hoje: o consumo desenfreado, o desejo
incontrolável de possuir bens, carnaval, o futebol, a mídia, a cocaína, a maconha, a
bebida alcoólica, os clubes de maçons e rotarianos, o trabalho, o lazer, etc.
No
século XIX, Marx alertava também para a questão da “mulher como presa e
servidora da luxúria coletiva”, problemática intensificada nestes tempos confusos
posmodernosos em que o trabalho é definido como lazer. O trabalhador só é feliz
em seu período de folga, já alertavam Karl Marx e Friedrich Engels.
O
trabalho pleno só pode ser seriamente desenvolvido na sociedade socialista. Já
a sociedade capitalista precisa da produção de desempregados (reserva de
mercado) para se reproduzir, mesmo com meios de subsistência suficientes para
suprir todos os nove bilhões de seres humanos que vivem neste Planeta Terra,
como os da Somália, na super-explorada África.
Se
Karl Marx, Friedrich Engels e os marxistas ortodoxos estão errados, o que
levaria então um sumo pontífice a fazer a seguinte declaração ou seria profecia:
“O grande escândalo da Igreja no século
XIX foi ter perdido o contato com a classe operária”, Papa Pio XI.
“Relativamente
aos Alemães, que se julgam desprovidos de qualquer pressuposto, devemos lembrar
a existência de um primeiro pressuposto de toda a existência humana e, portanto,
de toda a história, a saber, que os seres
humanos devem estar em condições de poder viver a fim de ‘fazer história’.
Mas, para viver, é necessário antes de mais nada beber, comer, ter um teto onde
se abrigar, vestir-se, etc. O primeiro fato histórico é pois a produção dos
meios que permitem satisfazer as necessidades, a produção da própria vida
material; trata-se de um fato histórico, de uma condição fundamental de toda a
história, que é necessário, tanto hoje como há milhares de anos, executar dia a
dia, hora a hora, a fim de manter os seres
humanos vivos. Mesmo quando a realidade sensível se reduz a um simples
pedaço de madeira, ao mínimo possível, como em São Bruno, essa mesma realidade
implica a atividade que produz o pedaço de madeira. Em qualquer concepção
histórica, é primeiro necessário observar este fato fundamental em toda a sua
importância e extensão e colocá-lo no lugar que
lhe compete. Todos sabem que os alemães nunca o fizeram; nunca tiveram uma base
terrestre para a história e nunca tiveram, por isso, nenhum historiador. Tanto
os franceses como os ingleses, se bem que apenas se apercebessem da conexão
entre este fato e a história de um ponto de vista bastante restrito, e
sobretudo enquanto se mantiveram prisioneiros da ideologia política, não
deixaram por isso de levar a cabo as primeiras tentativas para dar à
historiografia uma base materialista, escrevendo as primeiras histórias da
sociedade civil, do comércio e da indústria.”
A Ideologia
Alemã (Primeiro Capítulo), por Karl Marx e Friedrich Engels
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