Papa: perseverar no bem, mesmo diante das contrariedades
"Às vezes pensamos que nosso
fervor se deve ao senso de justiça por uma boa causa, mas na realidade na
maioria das vezes não passa de orgulho, aliado à fraqueza, suscetibilidade e
impaciência. Peçamos então a Jesus a força de ser como Ele, de segui-lo com
firme decisão. De não ser vingativos e intolerantes quando surgem dificuldades,
quando nos gastamos em fazer o bem e os outros não entendem."
Com a ajuda da Virgem Maria,
tomar a firme decisão de Jesus de permanecer no amor até o fim, de não sermos
vingativos e intolerantes quando surgem dificuldades.
Este foi o pedido do Papa
Francisco antes de rezar o Angelus neste XIII Domingo do Tempo Comum, dirigido
aos milhares de fiéis e turistas provenientes de várias partes do mundo,
reunidos na Praça São Pedro sob forte calor. para o tradicional encontro
dominical.
A inspirar sua reflexão, a
passagem do Evangelho do dia onde Lucas fala da decisão de Jesus de partir para
Jerusalém, naquela que seria sua última viagem. Motivo pelo qual, era
necessária uma decisão firme, determinada.
Como discípulos, seguir Jesus com
decisão
Ao contrário do que pensam os discípulos,
“cheios de entusiasmo ainda demasiado mundano”, Jesus sabe que é rejeição e
morte que o esperam em Jerusalém”:
Ele sabe que terá que sofrer
muito; e isso requer uma firme decisão. É a mesma que devemos tomar também nós,
se quisermos ser discípulos de Jesus. Porque devemos ser discípulos de Jesus
com seriedade, com decisão verdadeira, não como dizia uma idosa que conheci:
"cristãos em água de rosas". Não, não, não! Cristãos decididos Em que
consiste essa decisão?
E é precisamente o episódio que o
evangelista Lucas narra logo em seguida, que nos ajuda a compreender isso.
Amor misericordioso cresce com a
paciência, constância e espírito penitencial
De fato, um povoado de samaritanos não acolheu
Jesus, pois soube que ele se dirigia a Jerusalém, uma cidade adversária. Os
apóstolos Tiago e João ficam indignados e sugerem que Jesus castigue aquelas
pessoas fazendo descer fogo do céu:
Jesus não só não aceita a
proposta, como repreende os dois irmãos. Eles querem envolvê-lo em seu desejo
de vingança e ele não está de acordo. O "fogo" que ele veio trazer à
terra é o amor misericordioso do Pai. E para fazer crescer esse fogo é preciso
paciência, é preciso constância, é preciso espírito penitencial. Ou seja,
diante daquela situação, os dois apóstolos reagem com ira:
E isso acontece também conosco
quando, fazendo o bem, talvez com sacrifício, em vez de acolhida encontramos
uma porta fechada. Então vem a raiva: tentamos até mesmo envolver o próprio
Deus, ameaçando com castigos celestiais. Determinação de seguir em frente, por
outro caminho, revela força interior
Já a reação de Jesus, é bem diferente:
Jesus, ao contrário, segue outro
caminho, não o caminho da raiva, mas aquele da firme decisão de seguir em
frente, que, longe de se traduzir em dureza, implica calma, paciência,
longanimidade, sem, no entanto, afrouxar minimamente o compromisso de fazer o
bem. Este modo de ser não denota fraqueza, mas, ao contrário, uma grande força
interior.
“Ficar com raiva na contrariedade
é fácil, é instintivo”, recorda o Papa. O que é difícil, é conseguir controlar
as reações instintivas e fazer como Jesus, que partiu "a caminho de outro
povoado":
Isso significa que, quando
encontramos fechamentos, devemos nos voltar para fazer o bem em outro lugar,
sem recriminações. Assim Jesus nos ajuda a ser pessoas serenas, felizes com o
bem realizado e que não buscam as aprovações humanas.
Servir no silêncio
“E nós, em que ponto estamos?”, pergunta
Francisco:
“Diante das contrariedades, das
incompreensões, nos dirigimos ao Senhor, pedimos a Ele sua firmeza em fazer o
bem? Ou buscamos confirmação nos aplausos, acabando por ser ásperos e
rancorosos quando não os ouvimos? Quantas vezes, consciente ou
inconscientemente, buscamos os aplausos, a aprovação dos outros? E nós, fazemos
[o bem] pelos aplausos? Não, isso não está certo. Devemos fazer o bem pelo
serviço e não buscar os aplausos":
Às vezes - acrescentou o Papa -
pensamos que nosso fervor se deve ao senso de justiça por uma boa causa,
"mas na realidade na maioria das vezes não passa de orgulho, aliado à
fraqueza, suscetibilidade e impaciência":
Peçamos então a Jesus a força de
ser como Ele, de segui-lo com firme decisão neste caminho de serviço. De não
ser vingativos, de não ser intolerantes quando surgem dificuldades, quando nos
gastamos pelo bem e os outros não entendem isso, antes ainda, quando nos
desqualificam. Não: silêncio e em frente.
Que a Virgem Maria nos ajude a
tomar a firme decisão de Jesus de permanecer no amor até o fim.
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