ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Há cinco anos, Bento XVI se despedia!


  1. Há cinco anos, Bento XVI se despedia!
  2. por Daniela Gonzalez Macedo
  3. Há cinco anos atrás, no dia 28 de fevereiro de 2013, o Papa Bento XVI saudava os fieis reunidos em Castel Gandolfo, como Papa, pela última vez. Às 20h (hora local), consumava-se a sua renúncia e Joseph Ratzinger passava a ser o Papa Emérito Bento XVI. O Portal Paraclitus marca o aniversário da despedida de nosso querido Bento XVI com um artigo publicado hoje pela agência ACI Digital.
  4. "Depois de anunciar a sua decisão de renunciar ao ministério em 11 de fevereiro, 2013, o Papa Emérito Bento XVI fez a sua renúncia no dia 28 de fevereiro do mesmo ano, se transladou do Palácio Pontifício do Vaticano a Castel Gandolfo.
  5. Em 28 de fevereiro de 2013 às 17h07 (hora local), Bento XVI deixou o Vaticano em helicóptero a Castel Gandolfo. Na varanda da casa de verão dos pontífices, quem havia sido Papa durante oito anos, se dirigiu aos peregrinos reunidos na praça para dizer-lhes: "Eu sou simplesmente um peregrino que iniciou a última etapa da sua peregrinação nesta terra".
  6. Logo depois de ser transladado a Castel Gandolfo, foram fecharam as portas do local, começou a Sede Vacante.
  7. Ele viveu em Castel Gandolfo durante dois meses, enquanto realizavam as adaptações apropriadas em sua nova residência, o antigo mosteiro "Mater Eclesiae".
  8. Entretanto, durante esses 62 dias, ele não ficou sozinho. De fato, nas primeiras imagens "roubadas" do Pontífice ele aparecia caminhando pelos jardins junto com o seu secretário, Dom Georg Gänswein.
  9. Além disso, recebeu algumas visitas, como a do seu sucessor Papa Francisco, que visitou Castel Gandolfo em 23 de março. Naquele dia, as primeiras imagens de ambos se abraçando na frente do helicóptero e rezando na capela ajoelhados no mesmo banco deram a volta ao mundo.
  10. Um pouco mais de um mês depois, Bento XVI voltou ao Vaticano, onde Francisco o esperava para dar-lhe as boas-vindas. A partir disso, Bento XVI começou uma nova vida no mosteiro ‘Mater Ecclesiae’ junto das quatro ‘memores Domini’ (Rossella, Loredana, Carmela e Cristina), leigas consagradas do Movimento Comunhão e Libertação que o ajudam desde então e com o Prefeito da Casa Pontifícia e secretário particular do Papa Emérito, Dom Georg Gänswein.
  11. Mas desde que vive no Vaticano, Joseph Ratzinger também visitou a sua casa durante os meses de verão e algumas semanas depois da sua renúncia, durante a qual percorreu os jardins junto com Dom Gänswein, rezou o rosário e participou de um concerto de piano.
  12. Bento XVI em boa forma
  13. Embora nas primeiras imagens divulgadas após a sua renúncia, Bento XVI foi visto usando uma bengala e movendo-se com dificuldade, ele mesmo disse durante os meses seguintes que queria deixar claro que está "muito bem". Assim assegurou o ator italiano Lino Banfi quando encontrou com ele no mosteiro ‘Mater Ecclesiae’, ocasião na qual também indicou que "toca piano, lê, estuda e reza".
  14. Em outubro de 2017, Dom Gänswein desmentiu os rumores publicados no Facebook que Bento XVI estava à beira da morte.
  15. Francisco visita Bento antes de cada viagem
  16. Em meados de 2014, o Prefeito da Casa Pontifícia, Dom Georg Gaenswein, revelou que, antes de qualquer viagem internacional, o Papa Francisco visita Bento XVI, um gesto que mostra a boa relação que existe entre ambos e como o atual Pontífice continua a visão do seu antecessor.
  17. Em 14 de fevereiro de 2015, Bento XVI participou da criação de 20 novos cardeais pelo Papa Francisco, e no dia 8 de dezembro do mesmo ano foi o primeiro peregrino a cruzar a Porta Santa da Basílica de São Pedro, durante a inauguração do Ano Santo da Misericórdia.
  18. Do mesmo modo, em 28 de junho de 2016, Bento XVI pronunciou algumas palavras ao seu sucessor. Durante os 65 anos de ordenação sacerdotal do Papa Francisco, o Papa Emérito afirmou que “a sua bondade, desde o primeiro momento da eleição, em cada momento da minha vida aqui, me toca, me leva, realmente, interiormente”.
  19. “Mais do que nos Jardins do Vaticano, com a sua beleza, a Sua bondade é o lugar onde eu moro: Sinto-me protegido”, acrescentou.
  20. Bento XVI quatro anos depois
  21. Em 11 de fevereiro de 2017, quatro anos depois da renúncia de Bento XVI ao pontificado, o Pe. Federico Lombardi, ex porta-voz do Vaticano, afirmou que o Papa alemão vive em oração e com muita discrição o seu serviço de acompanhamento à Igreja e de solidariedade com seu sucessor, o Papa Francisco.
  22. O sacerdote jesuíta, que foi Diretor da Sala de Imprensa durante o pontificado de Bento XVI, disse que, embora a força física de Joseph Ratzinger esteja debilitada devido à sua idade, "as forças mentais e espirituais estão perfeitas".
  23. "Realmente é muito bonito ter o Papa Emérito que reza pela Igreja, pelo seu Sucessor. É uma presença que sentimos. Sabemos que ele está presente e, embora não o vejamos com frequência, quando o vemos, todos nós ficamos muito contentes, porque o amamos. Portanto, o sentimos como uma presença que nos acompanha, nos consola e nos tranquiliza", afirmou o sacerdote, atual presidente da Fundação Joseph Ratzinger."
  24. Fonte: ACI Digital
  25. Acesse o artigo original em:
  26. http://www.acidigital.com/noticias/ha-exatos-5-anos-bento-xvi-se-despedia-dos-fieis-como-papa-pela-ultima-vez-80715/

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Reflexão II Domingo Quaresma

Reflexão II Domingo Quaresma

Queridos irmãos e irmas, o que vai mudar no mundo não são ideias e pensamentos ideológicos, mas atitude de conversão a Deus, pois Ele é justiça verdadeira e não há nenhum interesse mesquinho da parte Dele. Deus é a nossa força e que vai ser contra, ninguém. O mundo hoje quer as coisas longe de Deus numa ação materialista, individualista e sem nenhuma compaixão. Precisamos reconhecer que sem Deus não somos nada. Que esta quaresma nos ajude a melhor como pessoa e procurar fazer o bem sem pensar em recompensa. (Jose Benedito Schumann Cunha)

O sacrifício que agrada ao Senhor é uma atitude de despojamento e de desacomodação, de entrega total à Sua Palavra e de confiança absoluta nele.

Padre Cesar Augusto dos Santos - Cidade do Vaticano

Geralmente, apesar de nossa fé no Deus de Amor revelado por Jesus, temos atitudes pagãs em que julgamos o Todo Poderoso nos solicitar sacrifícios desumanos. Assim pensamos que para Deus é agradável penitências dolorosas, difíceis e até para falar com Ele são necessários procedimentos artificiais e fora de nossa realidade.

Tudo isso mostra que raízes pagãs ancestrais estão arraigadas em nossa cultura como estava na de Abraão, marcada por forte politeísmo cujo culto se expressava com inúmeros sacrifícios às divindades.

Abraão que aos poucos conhece o Deus único e verdadeiro, que se lhe apresenta, tem sua fé colocada à prova com o sacrifício de seu filho Isaque. Tendo Abraão provado sua fé, Deus poupa-lhe o sacrifício revelando sua bondade e generosidade. O que passa pela cabeça de Abraão, passa também pela nossa.

Julgamos que Deus se satisfaz com aquilo que é mais doloroso e difícil. Que Deus é esse? Certamente não é o que se revelou a Abraão e muito menos o revelado por Jesus Cristo no Evangelho.

O que Abraão desejava e agradou a Deus foi sua atitude de desacomodação em deixar sua casa paterna, sua pátria e ir para o desconhecido, apenas confiando na Palavra do Senhor. A atitude de matar seu filho, evidentemente não agradou ao Poderoso, mas mostrou que também abria mão de seu futuro e só esperava em Deus.

O sacrifício que agrada ao Senhor é uma atitude de despojamento e de desacomodação, de entrega total à Sua Palavra e de confiança absoluta nele.

No Evangelho temos o relato da Transfiguração do Senhor. Vamos observar a atitude de Pedro. Ele priva, juntamente com João e seu irmão Tiago, de uma amizade especial com o Senhor e lhe é revelado, de modo enfático, a paixão que Jesus sofrerá. Enquanto Jesus busca prepará-los para o momento decisivo de sua luta contra o mal, Pedro fica fascinado pelo momento que vive, diríamos hoje, deslumbrado, e propõe a estabilidade, a acomodação através da construção de tendas, no desejo de perenizar o passageiro.

O Pai lhe chama a atenção dizendo para ouvir o que O Filho amado tem a dizer. Nesse momento acaba a teofania e apenas Jesus permanece com eles. O único necessário em nossa vida é ouvir Jesus, a Palavra do Pai. A renúncia que agrada a Deus, a abnegação desejada, a penitência autêntica é colocar tudo em segundo plano e apenas Jesus Cristo como o absoluto de nossa vida.

Tudo o que a vida me oferece, seja no plano material, seja no espiritual, tudo deverá ser relativizado: família, saúde, religião, carreira, honra, tudo. Todos esses valores deverão ser vivenciados à medida que me aproximam de Deus.

A santidade do relacionamento entre esposos, pais, filhos, irmãos e irmãs, não está nele mesmo, mas enquanto são relacionamentos que me levam a Deus, me levam a amar. Sendo assim eles se tornam sagrados. 

Queridos amigos ouvintes, as cruzes que encontramos na vida conjugal, familiar, profissional, na comunidade eclesial, e em tantos outros lugares, foram anunciadas na transfiguração de Jesus e fazem parte dessa vida de entrega, de renúncia, de abnegação, de penitência, de amor.

E neste tempo de penitência não nos esqueçamos o jejum que sobremaneira é agradável a Deus: “soltar as algemas injustas, soltar as amarras de jugo, dar liberdade aos oprimidos e acabar com qualquer escravidão”.

Sigamos o Mestre e, como ele, sejamos generosos em amar.
http://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2018-02/reflexao-ii-domingo-quaresma.html
fonte: 

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Tuiuti, assunto requentado (ou quente?)

POR Mara Narciso

“Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”

Frases colhidas no Facebook: “Escola hipócrita, é contra a reforma trabalhista, com destaque para as carteiras de trabalho destruídas, e não formalizou contratos de trabalho neste carnaval”. “Escola financiada por partido político e com carnavalesco militante, de visão unilateral”. “A mando de um partido, fez protesto setorizado, deixando de lado o PT, o ‘Petrolão’ e outros escândalos.” “Escola de Samba vendida, patrocinada pelo PT, deixou de fora os crimes do partido”. “A desonestidade intelectual chega ao carnaval. Para a Tuiuti a culpa é dos brasileiros, para a Beija-Flor, a culpa é dos corruptos”. Os blogs e redes sociais fervilham Tuiuti, escola que desfilou no Grupo Especial no Rio de Janeiro no dia 12 de fevereiro, e foi o assunto mais comentado no Twitter no Brasil e o segundo na imprensa internacional.

A esquerda se apropriou do samba enredo, enredo e desfile do Grêmio Recreativo Escola de Samba Paraíso do Tuiuti transformando-os em seu hino. As comunidades negras desentalaram os 130 anos de escravidão pós Lei Áurea em seu desfile-protesto. Contou a história desde a escravidão, até os dias atuais, com denúncia de golpe político, o que surpreendeu a Rede Globo, que, segundo alguns, foge da notícia.

Resultado da fusão da Escola de Samba Paraíso das Baianas e Unidos de Tuiuti, a agremiação existe desde 1954. No ano passado protagonizou um acidente na Avenida Marquês de Sapucaí, quando um carro alegórico atropelou e feriu 20 pessoas, prensando-as contra uma grade e matando uma jornalista. Segundo a família, ainda não recebeu indenização.

Para desmerecer a segunda colocada, que perdeu para a Beija-Flor de Nilópolis por um décimo, os blogueiros de orientação à direita, destacam os erros da escola de São Gonçalo, enquanto os de orientação à esquerda fazem a festa. A comissão de frente “Grito de Liberdade” recebeu o Estandarte de Ouro. Mostrou negros escravizados, com máscaras fechando a boca, apanhando do feitor, numa cena dramática (“Comissão de muita verdade”, diz seu coreógrafo Patrick Carvalho).

A letra fala: “E assim, quando a lei foi assinada/ Uma lua atordoada assistiu fogos no céu/ Áurea feito o ouro da bandeira/ Fui rezar na cachoeira contra a bondade cruel”, enquanto o desfile mostra pessoas prisioneiras em sufocantes casas na favela, no serviço pesado dos canaviais e outras prisões. A escravidão persiste e se acentua agora, com a Reforma Trabalhista. O presidente Michel Temer é representado vampirizando a classe trabalhadora, coisa ignorada pelos comentaristas da Rede Globo. Devido à má repercussão, que os apoiadores do governo chamaram de fanatismo na leitura do desfile, teve de refazer seu discurso.

Quem bateu panela pelo impeachment de Dilma Rousseff, não gostou de se ver representado como “manifestoche”, dentro do Pato Amarelo da FIESP, e manipulado por imensas mãos, que seriam o Poder (Rede Globo), mas que representam a própria Globo, dizem os opositores da mídia tradicional.

O toque de gênio, falam os entendidos, do carnavalesco Jack Vasconcelos, tornou o enredo de leitura fácil. Trabalhou em cima do Samba Enredo, composto por Cláudio Russo, Moacyr Luz, Dona Zezé, Jurandir e Aníbal, e que está condenado à imortalidade, devido à força dos seus versos. “Não sou escravo de nenhum Senhor”, mostra a insatisfação das classes da base da pirâmide, que, no desfile teve sua voz pela própria liberdade.

Para amenizar o efeito da mensagem que fazia crítica ao racismo, à exclusão social e acusava o poder de golpe político, parlamentar e midiático, os simpatizantes do Governo Temer desmoralizam o emissor. Em resposta, um internauta retrucou: “não importa quem produz a mensagem, ela fala por si”. A visibilidade conseguida pela ex-pequena Escola de Samba Paraíso de Tuiuti mostrou a capacidade de superação dos seus componentes, levando-a para a mira dos holofotes. Dois dias depois, contrariando os índices alardeados, o General Walter Souza Braga Netto, nomeado por Michel Temer para comandar a Intervenção Federal no Estado do Rio de Janeiro falou que o suposto aumento da violência era resultado de efeito midiático. Especulava-se sobre uma represália do Governo à crítica da Tuiuti, mas quando a escola se reapresentou descaracterizada a dúvida se esvaneceu. 

A censura voltou.

17 de fevereiro de 2018



Mudando paradigmas

POR Mara Narciso

Existem referências inquebrantáveis, petrificadas, tão firmes e concretas que muitos as engolem sem esboçar qualquer dúvida. Apenas pessoas loucas têm coragem de questionar, enfrentar e derrubar tais barreiras, pisoteá-las, triturá-las e colocar algo novo em seu lugar. São pioneiros, desbravadores, que mudam o ambiente em sua volta. A humanidade anda por causa dessas pessoas, homens e mulheres ousados, que não se conformam com o que está estabelecido, discursam, fazem seguidores, mas agem, jogando conceitos no chão, trocando-os por outro. É o que se chama atitude.

O mundo já deu muitas voltas e tantas coisas aconteceram à humanidade, que parece não haver mais nada a ser achado, inventado e afins. Tudo já foi feito. Ser original hoje parece impossível, pois “nada se cria, tudo se copia”, como dizia, parafraseando Lavoisier, Abelardo Barbosa, o Chacrinha, morto em 1988.

A surpresa é quando o banal choca, cria arestas, destila discórdia. O século XXI já esgota sua segunda década, e ainda há carruagens na rua. Pessoas sonhadoras, que estão fixadas em comportamentos antigos. Há uma volta da censura, com caça à liberdade e à autonomia. O efeito manada predomina, e, outrora comandado pela televisão, hoje as redes sociais o controlam. Quando a ordem é dada, poucos não a obedecem.

Na década de 1960, durante uma festa, uma mulher “desquitada” entrou num clube em Montes Claros. A orquestra parou e o organizador foi ao microfone mandar que ela se retirasse. Quem vê os books românticos de grávidas em estúdio, com suas barrigas polidas de sete meses, nem imagina o rebuliço que Leila Diniz causou quando mostrou o barrigão numa praia do Rio de Janeiro em 1971. O preconceito anda amarrado com a ignorância. Quando a AIDS surgiu, no começo da década de 1980, numa piscina lotada de um clube, um moço gay pulou, inocentemente. As pessoas desocuparam o lugar.

Estranhamente, há um retorno aos comportamentos de décadas atrás, um moralismo sem sentido ditado por pessoas que não têm moral, como bem ressaltou em seu discurso na época do impeachment, Dilma Rousseff. Outros pregam a liberdade de pensar e se expressar, individualmente, assim como quebram paradigmas - as referências, os exemplos típicos, os modelos a seguir, os padrões -, ainda que sejam fortes no Congresso Nacional os grupos da Bíblia, do boi e da bala, ou seja, evangélico, ruralista e militarista.

“Uma comunidade científica consiste de pessoas que partilham um paradigma”. Estudos e contradições, num certo momento podem dar origem a um novo paradigma para aquela comunidade. O escrutínio científico demonstra que aquelas verdades estão antigas e superadas e novos conceitos são apresentados. Acontece isso na Medicina, por exemplo. Houve um tempo em que o diagnóstico de Diabetes Mellitus era dado com glicemia igual ou maior que 140 mg/dl em jejum. Como pessoas abaixo desse parâmetro apresentavam complicações típicas da doença, o número caiu para 126 mg/dl.

Quebrar referências sociais é para poucos, e nem sempre significa transgressão, mas, de alguma forma é a saída da zona de conforto e a busca de algo melhor, mais livre, sem as amarras do pré-julgamento.

Deixar o preconceito dormir e não acordá-lo não é coisa de desocupados que pregam o politicamente correto. Só acha isso perda de tempo, quem não foi vítima dele e nem teve prejuízos com a discriminação. Então, se munir de coragem e ir atrás do justo e adequado socialmente é coisa de malucos sim, e que ficam às voltas com ideias pré-concebidas, desprezos e pedradas dos vizinhos. Desconfortáveis, mas tranquilos. Quando o novo comportamento é aceito e se assenta, quando vira “normal”, os que a princípio o rejeitavam, o abraçam, e mesmo calados veem que foi melhor assim. Exemplos? Que cada um pense em um e veja o que ganhou com a mudança. Ainda que nem tudo que mude, seja para melhor.

9 de fevereiro de 2018


Quando a lei aborrece para além do razoável

POR Mara Narciso

Sob a justificativa de preservar a saúde de quem frequenta um consultório médico, as normas da Vigilância Sanitária criam um clima de terror, com visitas surpresa e má vontade, quando não, aparente perseguição. Com a crise hídrica, banheiros públicos fétidos, higiene precária e comidas causando vômito e diarreia, os fiscais se aferram em detalhes inúteis onde não está acontecendo nada anormal. Não desconheço que a prevenção seja o melhor remédio.

O meu consultório de Endocrinologia atende, em sua maioria, casos de obesidade, diabetes e problemas de tireoide, portanto, doenças não contagiosas. Lá não é feito nenhum procedimento que não seja a consulta clínica. Ainda assim, demorei um ano para atender às inacreditáveis solicitações, pois as leis e exigências sofrem acréscimos a cada semestre.

O prédio está em uso há mais de 20 anos. O projeto arquitetônico foi aprovado pela Prefeitura na época da instalação. A Vigilância Sanitária solicitou nova aprovação do projeto. O arquiteto fez a visita, pegou a planta aprovada, viu que não tinha nenhuma modificação, tirou uma cópia, e paguei R$ 155,81 para a Prefeitura. Custo da “nova planta”? R$ 500,00 para o arquiteto, além de R$ 81,53 do CREA - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura. Total gasto por um capricho inútil: R$ 737,34. O ar condicionado comprado seis meses antes, quase virgem, recebeu a ordem para ser aberto e “limpo”. Resultado: não mais resfria como antes. Foi feito o pagamento de R$ 120,00. Estes foram os itens que mais me irritaram.

O INMETRO recebeu R$ 99,36 para aferir a balança comum, graduada a cada 100 g, aferida há 12 meses. A troca anual do carvão ativado do filtro foi R$140,00. Separada há 11 anos, tive de pagar R$ 22,74 para atualizar meu sobrenome no cadastro municipal, item não existente nos anos anteriores, mas já grafado e atualizado por diversos anos. Também paguei R$ 23,07 ao cartório por algo que levou o nome de “Certidão de Inteiro Teor”, mais o novo Alvará Sanitário de R$ 341,70.

A mesa de exame deve ser coberta por papel descartável ou lençol, trocado a cada uso, e explicitado o modo como é lavado. Desde a construção do edifício havia um ralo sem tampa. Foi cobrada a troca desse ralo por outro tampado. Eram guardados no armário sob a pia, produtos de limpeza de um lado e café, açúcar e copos descartáveis do outro. Foi preciso separar os materiais, que não se tocavam, em dois armários distintos.

A secretária não pode ter acesso à ficha nem aos exames do paciente. Também está vetada de fazer qualquer pergunta referente ao motivo da visita. A cada seis meses a caixa d’água do prédio é higienizada, o Corpo de Bombeiros faz vistoria e também ocorre a dedetização. É preciso elaborar relatório explicitando como se faz a limpeza dos móveis, do chão e do banheiro, com detalhes de materiais, vestimenta, luva, bota e horário. A coleta do lixo, mesmo que só de papel e copo descartável, é um ritual digno de uma guerra.

A outra guerra são os remédios amostra grátis. Precisam estar num armário fechado à chave, e a secretária não pode ter acesso a eles. Não se podem juntar comprimidos de duas caixas de origem, e quando vencem devem ser descartados por empresa especializada contratada. É necessária uma lista com o nome, lote e tempo de validade. Quantos médicos tomam conta pessoalmente das suas amostras, quando muitas consultas não demoram quinze minutos?

Os intermináveis tributos cobrados, antigos e novos, fazem a soma elevar-se ao impossível, coisa de arrecadação predatória. Sem falar nas cobranças de ISS - Imposto Sobre Serviço, CRM - Conselho Regional de Medicina, Sindicato, Associações e demais taxas pessoais. Quem paga uma consulta médica e acha um absurdo - e é mesmo - precisa conhecer os aborrecimentos e os custos de um alvará de funcionamento, sem contar o ar de polícia que os fiscais adquirem. Alguns são arrogantes (alguns profissionais também são), e já teve conversa que acabou na delegacia. Médico precisa trabalhar e o dinheiro que entra, não entra fácil, embora pareça que sim.

4 de fevereiro de 2018


sábado, 17 de fevereiro de 2018

A intervenção federal no Rio de Janeiro


A militarização aberta e declarada da área da segurança pública no Rio de Janeiro, decretada pelo governo Temer a pretexto de garantir o direito à vida e locomoção dos habitantes do estado, não consegue disfarçar o mais que óbvio real motivo imediato da edição do decreto: dar uma sobrevida política ao usurpador Michel Temer.

Já descartada pelo próprio governo a possibilidade de aprovar a reforma da previdência em tempo constitucionalmente hábil, não restou ao Vampiro do Planalto opção outra que não a de aproveitar a primeira oportunidade de usar um ato de grande repercussão social e midiática para se manter na linha da sua própria sucessão, já que não despontou até agora no horizonte da extrema direita um nome de viabilidade no nível do aceitável.

Isso é o que há de mais óbvio na intervenção. Qualquer analista menos estúpido entre os grandes cardeais da grande mídia poderia identificar tal razão mais visível, embora apenas uma ínfima minoria o tenha feito. E aqui o fazemos apenas para limpar o terreno.

O que há de realmente importante, a razão de fundo e decisiva para a medida, se encontra em sua dimensão estratégica em âmbito regional, nacional, continental e mundial. Vejamos.

No plano estadual, é plenamente sabido por qualquer análise minimamente honesta que o maior causador do verdadeiro morticínio que vitima os trabalhadores no Estado do Rio - e com a mesma e até maior intensidade em vários outros estados da União - não se localiza na maior ou menor capacidade operacional das forças repressivas do estado.

A falência da segurança pública no Rio se deve, isso sim, à adoção do princípio do enfrentamento militar do problema, da militarização do controle e da repressão. Como já demonstrado à exaustão, um problema social jamais será resolvido se colocado no eixo desta solução um enfrentamento militar.

As polícias militares estaduais, como se sabe, foram criadas no Brasil para dar suporte militar, bélico, às oligarquias regionais em confrontos com o poder central, como o exemplifica o exemplo da tal ‘revolução constitucionalista’ de São Paulo, de 1932, que não passou na verdade de um enfrentamento da então oligarquia paulista com o governo central getulista.

E assim foi e tem sido desde o final da República Velha, com a chamada ‘revolução’ de 1930. Desde então, mantém-se a militarização das polícias estaduais como fator de repressão direta aos trabalhadores. Em qualquer caso, deve-se enfatizar que militares são preparados para fazer guerra: matar, exterminar e conquistar territórios. Como também o prova exaustivamente a história, os exércitos dos estados burgueses (Hitler, Churchill, Mussolini, Kennedy, Reagan, Bush, Hillary etc. etc. etc.) passam à história como genocidas, exterminadores de populações civis. Embora a mídia e a história oficial busquem insistentemente fazer olvidar, o desalmado presidente norte-americano Harry Trumann, em ato de inusitada crueldade, selvageria e covardia, lançou bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki dizimando intencional e imediatamente mais de 200 mil pessoas ao final da Segunda Guerra.

Em síntese, a intervenção militar na segurança no Rio não mais que aprofunda o problema: mortes e mais mortes de trabalhadores inocentes, opressão, desrespeito. Problema apenas para os trabalhadores, para os debaixo. Para os burgueses e pequenos burgueses... sem problema! Na bandeira dos generais: “É preciso conquistar a favela. Morra quem morrer.” A sorte está lançada.

Um projeto estratégico

Mas é preciso identificar e compreender as motivações mais profundas, de médio e longo prazos, que levaram à intervenção. Como temos insistido nas publicações e intervenções do MM5, o chão estratégico em que se localiza a intervenção é o esgotamento do ciclo democrático do estado brasileiro, ciclo este aberto com a democratização de 1985 e fechado, agora, com a deposição da ex-presidenta Dilma Rousseff. Na raiz de todo o processo, a crise de reprodutibilidade por que passa o capitalismo em nível mundial, o que obriga o sistema a aprofundar a exploração sobre os trabalhadores em todo o mundo.

Como se sabe - ou deveria se saber, mas a maioria da esquerda não o sabe -, a democracia é a melhor forma de dominação política para a burguesia, um inigualavelmente eficiente sustentáculo político e ideológico, que propicia e reproduz diariamente a ilusão de que o proletariado tem poder de decisão no capitalismo.

No entanto, o capitalismo se vê periodicamente obrigado a recorrer a ‘governos fortes (bonapartismo, ditaduras militares) como recurso de manutenção da dominação.

No plano geopolítico mundial, não se identificam diferenças qualitativas entre as políticas postas em prática pelo imperialismo nos países de centro e nos de periferia. Os trabalhadores da Inglaterra, França e Itália, por exemplo, já sofrem as consequências do assalto aos seus salários e direitos sociais. Nos países de periferia, contudo, se faz necessário aos lucros do capital um aprofundamento repressivo em nível maior que nos países centrais, já que a burguesia mundial não pode abrir mão de seus mercados de consumo no centro, constituído hoje pela maioria dos habitantes destes países - mercados que ainda incluem parcela da classe trabalhadora -, e nos países periféricos constituídos pela burguesia e pequena burguesia.

Conclusão: o capitalismo mundial - leia-se: o imperialismo - não pode tolerar nem conviver com a vigência de modelos de acumulação sequer aproximados com alternativas socialdemocratas. Como no caso da Venezuela, em que Estados Unidos e União Europeia despendem seus mais sofisticados esforços para derrubar o governo bolivariano (uma socialdemocracia radicalizada, como o temos caracterizado) de Nicolás Maduro, já trabalhando concretamente com a hipótese de uma intervenção militar para a efetivação de mais um golpe de estado clássico na América Latina, inclusive com a participação ativa de outros países alinhados com Trump, como Brasil e Argentina.

O que de todo modo não seria uma tarefa fácil, todos sabem. Custaria muitas e muitas vidas, mas ao imperialismo isso pouco importa. É neste quadro que o Vampiro do Planalto interrompeu suas férias de carnaval para participar de uma reunião com seus patrões em que se discutiram alternativas e meios para o golpe-intervenção na Venezuela.

De nosso lado, aqui no Brasil, a esquerda deveria deixar de lado, pelo menos um pouco, suas preocupações eleitoreiras (no caso dos reformistas e gramscianos) e voluntaristas-messiânicas (no caso do trotsquismo) e buscar formas de apoio real e ativo ao governo Maduro e à revolução bolivariana. Mas sabemos que isso é impossível, pela óbvia razão daquilo que são: reformistas, gramscianos e trotsquistas.

A ninguém escapou o detalhe de que a intervenção, segundo o texto do decreto, se estenderá até o fim de dezembro deste ano. Ou seja, a eleição presidencial de outubro ocorrerá sob sua vigência. Que fazer? Para essa maioria da esquerda, a lamurienta repetição da mendicância pela democracia, eleições livres, cidadania. Enfim, o velho e quebradiço rosário de ‘reivindicações’ que fazem o gozo e a festa da burguesia.

Para nós marxistas, do lado exatamente oposto, restará sempre o caminho da classe trabalhadora: juntar-se ao proletariado, fortalecer suas lutas concretas, buscando sempre denunciar os descaminhos burgueses e pequeno-burgueses. É só assim que poderemos fincar raízes sólidas no campo do erguimento de uma vanguarda proletária, leninista, capaz, pois de dirigir o proletariado no caminho fértil de sua libertação.

Venceremos!

Movimento Marxista Cinco de Maio

Sábado, 17/02/2018

Fim do Horário de Verão

Dias Melhores Virão!!!

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Voltai ao Senhor, enquanto podemos encontra-Lo


Voltai ao Senhor, enquanto podemos encontra-Lo

Resultado de imagem para imagem da quarta feira de cinzas

Com a bênção e a imposição das CINZAS, iniciamos hoje o tempo Sagrado da Quaresma  em preparação à Páscoa e a Campanha da Fraternidade... É um tempo propicio à conversão e uma oportunidade de renovação interior.

As Leituras bíblicas desse dia vão ajudar a aprofundar esse tema:

No Livro de Joel temos um convite à conversão é um pedido que voltemos ao Senhor como está escrito: "Voltai para mim de todo o coração". Sabemos que as dificuldades vividas pelo povo de Deus nas mãos dos estrangeiros, pelas secas e pelas pragas de gafanhotos que tudo dizimavam, mesmo com tudo isso Deus é sempre  misericordioso, paciente e compassivo e é por isso que devemos voltar para Ele. Hoje Deus faz esse mesmo apelo a cada um de nós. "Voltai para mim de todo o coração". A Quaresma é esse tempo oportuno. Mesmo com as nossas infidelidades, nossas fraquezas e nossa indecisões, Deus sempre espera que convertemos a Ele que se acha pronto para estar conosco, dando a graça do arrependimento e da perseverança em obras boas. (cf. Jl 2,12-18)

O salmo nos mostra a confiança nesse Deus que é Pai e a Ele nós suplicamos para nós um coração para prosseguir os caminhos traçados por Deus na aliança que ele faz por nós.(cf. Sl 51)

A segunda carta de São Paulo aos Coríntios nos fala desse tempo favorável de reconciliar com Deus e com os irmãos em uma vida santa, construindo o reino de Deus entre nós. A quaresma é esta oportunidade que todos temos para estar com Deus, procurando viver de acondo com os planos Dele que nos leva a salvação eterna. (cf. 2Cor 5,20-6,2)

No Evangelho, Jesus lembra três práticas da religiosidade judaica, cuja prática é recomendada na Quaresma: A Esmola, a Oração e o Jejum e o espírito com que devem ser praticadas.  Estas praticas nos ajudam a melhorar de vida pois vem dentro de nós com um coração contrito querendo fazer mudança de vida (cf. Mt 6,1-6.16-18) A caridade é algo sublime sem nenhuma ostentação do bem que fazemos, mas com a vontade de ser solidário e partilhar os bens com quem nada tem; a oração é uma forma de nós estarmos em intimidade com Deus e procurando entender a vontade de Deus em nossa vida. Quando oramos é o nosso gesto de abrir-se a Deus numa sincera vontade de estar em comunhão com Ele em uma vida que produz bons frutos em nossa vida e na vida dos outros e finalmente o jejum que é uma forma de não ficarmos apegado as coisas terrenas e ficarmos pensando o que é muito para mim pode ser o que está faltando na casa do meu próximo.

E que esta quaresma possa caminhar nesse tripé que nos ajudam a sermos mais santos e convertidos. Para nos ajudar nesta caminhada quaresmal a Igreja do Brasil nos propõe a campanha da fraternidade que tem como tema o TEMA é "Fraternidade e superação da Violência" e o LEMA: "Vós sois todos irmãos" (Mt 23,8). Que nós possamos refletir as causas dessa violência e trabalharmos para um mundo mais fraterno e paz para todo. Que mesas da Palavra e da eucaristia nos ajudem a dar pão, oportunidade e justiça para todos.

Tudo por Jesus nada sem Maria

Bacharel em Teologia e filosofo Jose Benedito Schumann Cunha

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

No Deserto, NÓS PODEMOS SE REFAZER COMO FILHO DE DEUS



 No Deserto, NÓS PODEMOS SE REFAZER COMO FILHO DE DEUS

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Queridos irmãos e irmãs, estamos celebrando o 1º Domingo da Quaresma quaresma. Este período é um grande retiro que podemos fazer na perspectiva da Pascoa do Senhor. Nós paramos com o tempo comum e vamos caminhar para o maior cume da nossa fé cristã, que é celebrar com grande alegria a Ressurreição do Senhor.

Na Igreja primitiva era o momento propicio para a preparação para o Batismo, que é adesão completa a Cristo, vivendo a sua mensagem numa vida convertida a Deus na comunidade cristã.
As leituras bíblicas nos introduzem ao caminho da renovação do Batismo e a nossa conversão a Deus com um proposito de uma vida nova.

No livro do Gênesis nos lembra do primeiro Batismo que a humanidade e todo universo  experimentaram para passar de uma situação decadente da criação para que surgisse uma nova criação desejada por Deus. (cf. Gn 9,8-15) 

A nossa historia da salvação começou com esse fato do Diluvio, quando por iniciativa de Deus, poupou um família, a família de Noé foi salva juntamente com muitos casais de animais que foram poupados com ela. Aqui se teve a primeira Aliança que Deus faz com a humanidade. O pecado foi dissipado através da purificação da água do Diluvio. O grande batismo do universo e da criação foi realizado, e deste modo uma nova criação tem a oportunidade de exercer a liberdade e uma chance de estar na comunhão com Deus. A humanidade e a criação se renascem e Deus coloca um sinal, um arco íris, que é sinal entre Deus e o homem como entrelaçamento entre o céu e a terra.

Na Primeira carta de São Pedro nos lembra de que as águas do diluvio são sinais das águas purificadoras do Batismo. O nosso batismo nos lava do pecado original e traz a vida nova em Cristo. O Batismo nos faz mergulhar nas águas que trazem o aroma novo da vida em Cristo vivo e ressuscitado. Pedro faz uma releitura da pessoa de Noé e do diluvio que é um sinal batismal. Essa é a catequese batismal da nossa Igreja primitiva que tem muito nos ensinar. (cf. 1Pd 3,18-22)

O evangelista Marcos nos fala que o reino está próximo e que é preciso converter-se e crer no Evangelho de Cristo que nos salva. A narrativa das tentações que Jesus sofreu no deserto pode ser considerada para nós uma catequese. O deserto é o lugar de encontro com Deus. Sabemos que no Deserto Deus fez uma Aliança com o Povo de Deus, mas também foi no deserto que Israel revoltou contra Deus, esquecendo da intervenção de Deus na libertação do seu povo que estava escravo no Egito.

Agora no deserto para Jesus é o lugar privilegiado do encontro com o projeto de Deus e do discernimento dele. Lá é o lugar da prova que Jesus passou e que nos devemos também enfrentar. O poder, o ter e o individualismo do ser são as tentações que Jesus enfrentou e nós também enfrentamos no nosso dia a dia. Essa tentação é ficar longe de Deus e perseguir um caminho individualizado que não nos leva a lugar nenhum.

Quarenta é um numero simbólico de um tempo completo para experimentar uma mudança radical que traz a transformação para melhor. A presença de satanás significa à oposição a instalação do Reino de Deus. O que ocorreu no deserto é para que as vencêssemos, e nós podemos ficar firmes na missão que Deus dá a cada um de nós como aconteceu com Jesus. Ele as venceu e assim pode ficar firme na sua missão de salvar a humanidade. As provações que Jesus venceu através da comunhão em Deus e na firmeza da obediência ao Pai nos ajudam também vencê-las nesse mundo conturbado. Agora a aliança que Deus faz com a humanidade com Cristo é eterna e definitiva e faz um contraste do que foi a aliança com Noé e com Moisés. (cf. Mc 1,12-15)

Cada um de nós é convidado a fazermos esta caminhada quaresmal através do jejum que nos fortalece nos desejos, a oração que nos faz estar em comunhão com Deus e com a Igreja e a penitencia que nos mortifica e nos santifica para um Reino novo. Vamos converter para Deus e crer no Evangelho de Cristo.

Que esta liturgia nos ajude a sermos melhores e que o sinal das cinzes da quarta feira seja para nós inicio de uma vida voltada para a causa do Reino de Deus.

Tudo por Jesus nada sem Maria.

Bacharel em Teologia e filósofo Jose Benedito Schumann Cunha

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Os excluídos do mundo devem ter a nossa atenção


Os excluídos do mundo devem ter a nossa atenção


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Queridos irmãos e irmãs, estamos celebrando o 6º Domingo do Tempo e também o dia do enfermo. A liturgia de hoje nos lembra dos excluídos e marginalizados do mundo, principalmente os pobres e os doentes sem recursos.  Estes são muitas vezes abandonados e explorados por alguns poderes constituídos e também de algumas instituições politicas e religiosas do nosso tempo.

O evangelista São Marcos nos mostra quem é Jesus. Ele não é uma figura fora da realidade vivida do nosso povo sofredor, mas é alguém que age e muda as situações de morte para uma situação de vida. A partir de seus gestos, podemos descobrir quem Jesus é. Vemos Jesus libertando o homem possuído por um espirito mau, ele estende a mão para a sogra de Pedro e a cura, e hoje vemos Jesus tendo uma atitude para com os marginalizados e excluídos.

A liturgia bíblica desse domingo vê a discriminação que os leprosos sofriam em conformidade na Lei de Moises. Era uma imposição feita por ele e não de Deus. Assim dizia a lei : "O leproso andará com vestes rasgadas, cabelos soltos e barba coberta...Viverá isolado, morando fora do acampamento... Ao se encontra com alguém, deve gritar: sou impuro...". Era o medo do contagio.

Infelizmente a sociedade atual faz leis desses modos, prejudicando os que não tem vez e nem voz no mundo. São regras sem misericórdia e solidariedade, pois é mais fácil descartar essas pessoas do nosso convívio social, religioso, econômico e politico. O povo hebreu achava que era castigo de Deus para justificar a exclusão, mas não procurava ver as causas desses males que atigiam o povo daquela época como que acontece na nossa sociedade. (cf. Lv 13,1-2.44-46)

A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios nos convida a sermos samaritanos para todos que sofrem, mas isto deve ser feito no prisma grandioso que é “fazer tudo para a gloria de Deus”. Ser balsamos para os que estão na marginal da sociedade como os doentes pobres e os pobres sem nenhum recurso. (cf.1Cor 10,31-11,1)

O Evangelista Marcos nos mostra a atitude de Jesus diante de um leproso, Ele o cura e o integra na sua comunidade. Vemos que o leproso desobedece esta lei injusta, aproxima de Jesus e ajoelha diante Dele e diz “se queres, podes limpar-me...”. Esta atitude é de alguém que reconhece em Cristo Deus que tudo pode. É o Deus do Monte Sinai que quer a lei do amor seja a marca entre todos. Jesus quer e cura o homem, o faz ser digno da graça e de poder viver com os outros. Deus é sempre acolhedor e justo. Este homem curado torna-se ardoroso testemunho da bondade de Deus na pessoa de Jesus. (cf. Mc 1,40-45)

Que esta liturgia nos ajude a sermos solidários e misericordiosos com todos, principalmente com doentes e pobres. Que Maria no titulo de Nossa Senhora de Lourdes derrame pela sua interseção benção de Deus a cada um que precisa e  que possa sentir a mão de Deus dando conforto e cura física e espiritual. 
Tudo por Jesus nada sem Maria!

Bacharel em Teologia e filósofo Jose Benedito Schumann Cunha

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Papa: a estrada é o lugar do anúncio do Evangelho

Papa: a estrada é o lugar do anúncio do Evangelho

A estrada como lugar do alegre anúncio do Evangelho: este foi o caminho do filho de Deus, de seus discípulos e deverá ser o caminho de cada cristão, disse o Papa no Angelus, o que coloca a “missão da Igreja sob o signo do “andar”, a Igreja em caminho, sob o sinal do “movimento” e nunca da estaticidade”.

Cidade do Vaticano

O Papa Francisco rezou o Angelus com milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro a uma temperatura de 8°C, com céu azul e muito sol.

Em sua alocução, o Papa destacou que a estrada é o lugar do alegre anúncio do Evangelho, “este foi o caminho do filho de Deus e este será o caminho de seus discípulos. E deverá ser o caminho de cada cristão”. Ou seja, coloca a “missão da Igreja sob o signo do “andar”, a Igreja em caminho, sob o sinal do “movimento” e nunca da estaticidade”.

Eis a íntegra de sua alocução:

“Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo dá prosseguimento à descrição de um dia de Jesus em Cafarnaum, um sábado, festa semanal para os judeus.

Esta vez o Evangelista Marcos destaca a relação entre a atividade taumatúrgica de Jesus e o despertar da fé nas pessoas que encontra. De fato, com os sinais de cura que realiza pelos doentes de todo tipo, o Senhor quer suscitar como resposta a fé.

O dia de Jesus em Cafarnaum começa com a cura da sogra de Pedro e termina com a cena das pessoas de toda a cidadezinha que se comprimem diante da casa onde ele se alojava, para levar a ele todos os doentes.

A multidão, marcada por sofrimentos físicos e por misérias espirituais, constitui, por assim dizer, “o ambiente vital” em que se realiza a missão de Jesus, feita de palavras e de gestos que curam e consolam.

Jesus não veio para trazer a salvação em um laboratório; não faz pregação de laboratório, separado das pessoas: está no meio da multidão! Em meio ao povo! Pensem que a maior parte da vida pública de Jesus foi passada na estrada, entre as pessoas, para pregar o Evangelho, para curar as feridas físicas e espirituais.

É uma humanidade marcada pelos sofrimentos, esta multidão que o Evangelho repete tanto. É uma humanidade marcada por sofrimentos, dificuldades e problemas: e à tal pobre humanidade é dirigida à ação poderosa, libertadora e renovadora de Jesus. Assim, em meio à multidão até tarde da noite, se conclui aquele sábado. E o que faz Jesus depois?

Antes do amanhecer do dia seguinte, Ele sai sem ser visto pela porta da cidade e se retira para um lugar afastado para rezar. Jesus reza. Deste modo, subtrai também a sua pessoa e a sua missão de uma visão triunfalista, que poderia dar a entender o sentido dos milagres e de seu poder carismático.

Os milagres, de fato, são “sinais” que convidam a uma resposta de fé; sinais que sempre são acompanhados por palavras, que os iluminam; e juntos, sinais e palavras, provocam a fé e a conversão pela força divina da graça de Cristo.

A conclusão da passagem de hoje indica que o anúncio do Reino de Deus por parte de Jesus encontra o seu lugar mais precisamente na estrada. Aos discípulos que o procuravam para levá-lo à cidade – os discípulos foram encontra-lo onde Ele rezava e queriam leva-lo de volta á cidade -, o que responde Jesus aos discípulos? “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”.

Este foi o caminho do filho de Deus e este será o caminho de seus discípulos. E deverá ser o caminho de cada cristão. A estrada como lugar do alegre anúncio do Evangelho, coloca a missão da Igreja sob o signo do “andar”, a Igreja em caminho, sob o sinal do “movimento” e nunca da estaticidade.

Que a Virgem Maria nos ajude a sermos abertos à voz do Espírito Santo, que impele a Igreja a colocar sempre mais a própria tenda em meio às pessoas, para levar a todos a palavra curadora de Jesus, médico das almas e dos corpos".

fonte: http://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2018-02/angelus-de-4-de-fevereiro-de-2018.html

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Papa Francisco: usura humilha e mata

Papa Francisco: usura humilha e mata


A usura é um pecado grave, humilha e mata. É um mal antigo e infelizmente ainda velado que, como uma serpente, estrangula as vítimas, disse o Papa ao receber os membros da Consulta Nacionale Antiusura
Cidade do Vaticano

“Nos primeiros 26 anos de serviço, vocês salvaram da mordida do débito usurário e do risco de usura, mais de 25 mil famílias”, disse o Papa Francisco, ao receber no final da manhã deste sábado na Sala Clementina, cerca de 300 membros da Consulta Nacional Antiusura.

“A usura – afirmou – é uma chaga infelizmente difusa e ainda muito acobertada”, por isto o trabalho de vocês “se torna sempre mais qualificado e concreto com experiência e com a constituição de novas Fundações distribuídas em todo o território nacional, por meio de centenas de Centros de escuta”:

“São locais, escolas de humanidade e de educação à legalidade, fruto de uma sensibilidade que encontra na Palavra de Deus a sua iluminadora inspiração e que atua silenciosamente e arduamente na consciência das pessoas”.

Usura humilha e mata

“A usura humilha e mata”, enfatizou com veemência o Pontífice:

“A usura é um mal antigo e infelizmente ainda escondido que, como uma serpente, estrangula as vítimas. É preciso preveni-la, subtraindo as pessoas à patologia do débito feito para a subsistência ou para salvar a empresa”.

E a forma de fazer isto – explicou Francisco – “é educando a um estilo de vida sóbrio, que saiba distinguir entre o que é supérfluo e aquilo que é necessário e que responsabilize a não contrair dívidas para buscar coisas às quais se poderia renunciar”.

“É importante recuperar as virtudes da pobreza e do sacrifício: da pobreza, para não se tornar escravos das coisas, e do sacrifício, porque da vida não se pode receber tudo”.

O Papa também ressalta que é necessário “formar uma mentalidade voltada à legalidade e à honestidade, nos indivíduos e nas instituições; incrementar a presença de um voluntariado motivado e disponível pelos necessitados, para que eles se sintam ouvidos, aconselhados, orientados, para se reerguerem de sua condição humilhante”.

“A dignidade humana, a ética, a solidariedade e o bem comum deveriam estar sempre no centro das políticas econômicas implementadas pelas instituições públicas”, disse o Papa, advertindo que “na base das crises econômicas e financeiras existe sempre uma concepção de vida que coloca em primeiro lugar o lucro e não a pessoa”.

Jogos de azar, "outra chaga"

Neste sentido, se espera de instituições públicas a adoção de medidas adequadas, de instrumentos que direta ou indiretamente combatam a causa de usura, como por exemplo, “o jogo de azar”, “outra chaga!”.

Francisco cita o exemplo de uma senhora idosa em Buenos Aires que ao sair do banco onde retirava sua pensão,  ia direto jogar. “É uma patologia que te prende e te mata!”, alertou.

Usura, pecado grave

A usura – acrescentou -  “é um pecado grave”:

“Mata a vida, pisa na dignidade das pessoas, é um veículo de corrupção e cria obstáculo ao bem comum. Enfraquece também os fundamentos sociais e econômicos de um país. De fato, com tantos pobres, tantas famílias endividadas, tantas vítimas de graves crimes e tantas pessoas corruptas, nenhum país pode programar uma séria retomada econômica, tampouco sentir-se seguro”.

Reconhecendo a importância do trabalho realizado por estas instituições de combate à usura, Francisco recorda Zaqueu, que há um ano é Patrono da Fundação Antiusura.

“Uma  boa peregrinação que vocês poderiam fazer para ver a alma de um homem apegado ao dinheiro, à usura – sugeriu - é ir até a “San Luiggi dei Francesi” [ndr – igreja próxima à Piazza Navona], ver a Conversão de Mateus de Caravaggio. Mateus faz assim com o dinheiro [faz um gesto], como se fossem seus filhos. Isto retrata bem a atitude de um homem apegado ao dinheiro”.

Políticas públicas

O Papa pede que o Senhor “inspire e apoie autoridades públicas, para que as pessoas e as famílias possam usufruir dos benefícios de lei como qualquer outra realidade econômica; inspire e apoie os responsáveis pelos sistema bancário, para que vigiem a qualidade ética das atividades das instituições de crédito”.

Enfrentando a usura e a corrupção, “também vocês podem transmitir esperança e força às vítimas, para que possam recuperar a confiança e reerguerem-se. Para as instituições, vocês são estímulo em assegurar respostas concretas a quem está desorientado, às vezes desesperado e não sabe como fazer para tocar em frente a própria família. Para os próprios usurários, vocês podem ser um chamado ao sentido de justiça e tomar consciência de que em nome do dinheiro não se pode matar os irmãos”.

Esperança

O Papa encoraja os presentes a dialogarem com todos que têm responsabilidade no campo da economia e da finança, para que sejam promovidas iniciativas que concorram à prevenção da usura.

“Que as pessoas que vocês fizeram sair da usura possam testemunhar que a escuridão dentro do túnel que atravessaram é densa e angustiante, mas existem também uma luz mais forte que pode iluminar e dar conforto”.

O trabalho de vocês é “fermento precioso para toda a sociedade”.

Ao concluir, o Papa Francisco fez um apelo para um novo humanismo econômico, que “coloque fim à economia de exclusão e da iniquidade”, à economia que mata, a sistemas econômicos em que homens e mulheres não são mais pessoas, mas são reduzidos a instrumentos de uma lógica do descarte que gera profundos desequilíbrios”.

fonte: http://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2018-02/papa-francisco--combate-a-usura.html

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Missa pela Festa da Apresentação do Senhor no Templo e Dia Mundial da Vida Consagrada

Missa pela Festa da Apresentação do Senhor no Templo e Dia Mundial da Vida Consagrada (https://goo.gl/TydxWc)

Confira a homilia do Santo Padre:

"Quarenta dias depois do Natal, celebramos o Senhor que, entrando no templo, vem ao encontro do seu povo. No Oriente cristão, esta festa é chamada precisamente «Festa do Encontro»: é o encontro entre o Deus Menino, que traz vida nova, e a humanidade à sua espera, representada pelos anciãos no templo.

No templo, verifica-se ainda outro encontro: o encontro entre dois pares humanos, ou seja, os jovens Maria e José, por um lado, e os anciãos Simeão e Ana, por outro. Os anciãos recebem dos jovens, os jovens aprendem dos anciãos.

Com efeito, no templo, Maria e José encontram as raízes do povo, o que é importante pois a promessa de Deus não se realiza individualmente e duma vez só, mas conjuntamente e ao longo da história.

E encontram também as raízes da fé, porque a fé não é uma noção que se deve aprender num livro, mas a arte de viver com Deus, que se recebe da experiência de quem nos precedeu no caminho.

Assim, encontrando os anciãos, os dois jovens encontram-se a si mesmos. E os dois anciãos, caminhando já para o fim dos seus dias, recebem Jesus, sentido da sua vida. Assim, este episódio cumpre a profecia de Joel: «Os vossos anciãos terão sonhos, e os vossos jovens terão visões» (3, 1). Naquele encontro, os jovens veem a sua missão e os anciãos realizam os seus sonhos; e tudo isto porque, no centro do encontro, está Jesus.

Olhemos o nosso caso, amados irmãos e irmãs consagrados! Tudo começou pelo encontro com o Senhor. Dum encontro e duma chamada, nasceu o caminho de consagração. É preciso recordá-lo. E, se nos recordarmos bem, veremos que, naquele encontro, não estávamos sozinhos com Jesus: estava também o povo de Deus, a Igreja, jovens e anciãos, como no Evangelho.

Neste, há um detalhe interessante: enquanto os jovens Maria e José observam fielmente as prescrições da Lei – o Evangelho repete-o quatro vezes – e nunca falam, os anciãos Simeão e Ana acorrem e profetizam.

Parece que devia ser o contrário! Geralmente são os jovens que falam com entusiasmo do futuro, enquanto os anciãos guardam o passado. No Evangelho, sucede o contrário, porque, quando nos encontramos no Senhor, chegam pontualmente as surpresas de Deus.

Para permitir que as mesmas aconteçam na vida consagrada, convém lembrar-nos que não se pode renovar o encontro com o Senhor sem o outro: nunca o deixes para trás, nunca faças descartes geracionais, mas diariamente caminhai lado a lado, com o Senhor no centro.

Porque, se os jovens são chamados a abrir novas portas, os anciãos têm as chaves. E a juventude dum instituto [de vida consagrada] encontra-se indo às raízes, ouvindo as pessoas anciãs.

Não há futuro sem este encontro entre anciãos e jovens; não há crescimento sem raízes, e não há florescimento sem novos rebentos. Jamais profecia sem memória, jamais memória sem profecia; mas que sempre se encontrem!

A vida agitada de hoje induz-nos a fechar muitas portas ao encontro e, com frequência, por medo do outro. As portas dos centros comerciais e as conexões de rede estão sempre abertas.

Mas, na vida consagrada, não deve ser assim: o irmão e a irmã que Deus me dá são parte da minha história, são presentes que devo guardar. Que não nos aconteça olhar mais para o ecrã do telemóvel do que para os olhos do irmão, ou fixarmo-nos mais nos nossos programas do que no Senhor.

Com efeito, quando se colocam no centro os projetos, as técnicas e as estruturas, a vida consagrada deixa de atrair e comunicar-se a outros; não floresce, porque esquece «aquilo que tem debaixo da terra», isto é, as raízes.

A vida consagrada nasce e renasce do encontro com Jesus assim como é: pobre, casto e obediente. A linha sobre a qual caminha é dupla: por um lado, a amorosa iniciativa de Deus, da qual tudo começa e à qual sempre devemos retornar, e, por outro, a nossa resposta, que é de amor verdadeiro quando não há «se» nem «mas», quando imita Jesus pobre, casto e obediente. Deste modo, enquanto a vida do mundo procura acumular, a vida consagrada deixa as riquezas que passam, para abraçar Aquele que permanece.

A vida do mundo corre atrás dos prazeres e ambições pessoais, a vida consagrada deixa o afeto livre de qualquer propriedade para amar plenamente a Deus e aos outros. A vida do mundo aposta em poder fazer o que se quer, a vida consagrada escolhe a obediência humilde como liberdade maior.

E, enquanto a vida do mundo depressa deixa vazias as mãos e o coração, a vida segundo Jesus enche de paz até ao fim, como no Evangelho, onde os anciãos chegam felizes ao ocaso da vida, com o Senhor nos seus braços e a alegria no coração.
Como nos faz bem ter o Senhor «nos braços» (Lc 2, 28), à semelhança de Simeão!

Não só na mente e no coração, mas também nas mãos, ou seja, em tudo o que fazemos: na oração, no trabalho, à mesa, ao telefone, na escola, com os pobres, por todo o lado. Ter o Senhor nas mãos é o antídoto contra o misticismo isolado e o ativismo desenfreado, porque o encontro real com Jesus endireita tanto os sentimentalistas devotos como os ativistas frenéticos.

Viver o encontro com Jesus é o remédio também contra a paralisia da normalidade, abrindo-se ao rebuliço diário da graça. Deixar-se encontrar por Jesus, fazer encontrar Jesus: é o segredo para manter viva a chama da vida espiritual. É o modo para não ser absorvido numa vida asfixiadora, onde prevalecem as queixas, a amargura e as inevitáveis deceções.

Encontrar-se em Jesus como irmãos e irmãs, jovens e anciãos, para superar a retórica estéril dos «bons velhos tempos», para silenciar o «aqui nada funciona». O coração, se encontrar cada dia Jesus e os seus irmãos, não se polariza para o passado nem para o futuro, mas vive o «hoje» de Deus em paz com todos.

No final dos Evangelhos, há outro encontro com Jesus que pode inspirar a vida consagrada: o das mulheres no sepulcro. Foram para encontrar um morto, o seu caminho parecia inútil.

Também vós caminhais, no mundo, contra corrente: a vida do mundo facilmente rejeita a pobreza, a castidade e a obediência. Mas, como aquelas mulheres, continuai para diante, não obstante as preocupações com as pedras pesadas a remover (cf. Mc 16, 3).

E, como aquelas mulheres, primeiro encontrai o Senhor ressuscitado e vivo, estreitai-O ao coração (cf. Mt 28, 9) e, logo a seguir, anunciai-O aos irmãos, com olhos que brilham de grande alegria (cf. Mt 28, 8). Sede, assim, a alvorada perene da Igreja.

Desejo que hoje mesmo possais reavivar o encontro com Jesus, caminhando juntos para Ele: isto dará luz aos vossos olhos e vigor aos vossos passos".