ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

terça-feira, 31 de julho de 2018

“Estão tudo de um lado só”, criticam movimentos sociais partidos políticos

Brasileiro tem memória curta. É a frase que mais se escuta por aí e é propagada pelos meios de comunicação de massa, como rádio, televisão e redes sociais. No Encontro “Minas e Bahia Cuidando da Casa Comum”, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Projeto de Desenvolvimento Rural e Urbano (Proderur) e a Arquidiocese de Montes Claros fizeram nos dias 27, 28 e 29 de julho de 2018 os participantes do evento missionário exercitar o cérebro com análise da conjuntura nacional e local através de mesa de debates e vários palanques do povo. A todo instante, geraizeiros, veredeiros, vazanteiros, quilombolas e indígenas eram chamados a expor a sua realidade social. Essas populações tradicionais destacaram a luta contra o mau uso da mineração e outros projetos de morte, como a má utilização das termoelétricas, das ferrovias, da monocultura do eucalipto, do veneno, da soja, do milho, do gado, das linhas de transmissão, do mineroduto, dos governos e do estado.

“Ao invés de estar ajudando a gente, ele [o Estado] está é matando”, opinou a liderança Adalgisa Maria de Jesus, militante dos movimentos sociais de Correntina, na Bahia. Sob o lema “Água e Cerrado, cultivai e guardai a criação” (Gn 2, 15), as populações tradicionais do Norte de Minas Gerais e sudoeste baiano não perdoaram de suas críticas nem o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e o Democratas (DEM), antigo Partido da Frente Liberal (PFL). “Estão tudo de um lado só. Estão querendo pisar na gente, apagar aquela luzinha de esperança e azedar o sal da mobilização”, consideraram os movimentos sociais presentes.

Ressaltaram, porém, a união e a organização popular dos movimentos sociais na batalha para garantir o cerrado em pé, a defesa da água e dos territórios geraizeiros, vazanteiros, veredeiros, pesqueiros, quilombolas e indígenas, a agroecologia, o trabalho do fecho de pasto e fundo de pasto. “Os baianos e os mineiros são tudo meio misturado”, motivou a plenária o coordenador da CPT Regional Norte de Minas, Alexandre Gonçalves. Os movimentos sociais enfatizaram a Lei dos Povos e Comunidades Tradicionais, de 2013, revista em decreto de 2017. Para eles, é necessária a regularização de todas as comunidades possíveis. “Há uma lei na Bahia que regulariza fecho de pasto e fundo de pasto que está à espera do autoreconhecimento das comunidades para preencher as terras devolutas (do estado)”, salientaram.

“Aqui em Minas Gerais o decreto que regulariza as comunidades tradicionais dá com uma mão e tira com a outra”, analisaram ao citarem a mobilização social ocorrida em Correntina/BA. “Só a partir da regularização fundiária que os territórios passam a ser reconhecidos de fato”, sublinharam ao mesmo tempo em que criticaram. “No mesmo momento que tem movimento de regularizar as comunidades, há outro movimento de governo para paralisá-lo”, indicaram as dificuldades para se ter esse reconhecimento.    

Campanha

“A partir de 2011 surgiu na CPT a necessidade de articular a Campanha do Cerrado em nível nacional”, contou a Irmã Etelvina Moreira de Arruda, das Irmãs Franciscanas Missionárias Diocesanas da Encarnação, ao informar que a cada dia o cerrado está sendo destruído. Mais ou menos, 52% do cerrado e da caatinga já não existem mais. As expectativas são catastróficas. Em menos de 10 anos, esses biomas não terão mais vida. A religiosa lembrou a urgência pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de número 504, que inclui o cerrado e a caatinga como patrimônio nacional. “Sem cerrado, sem água, sem vida”, advertiu a religiosa e recordou que a CPT estimulou outros movimentos a fortalecer e articular essas lutas regionais através das romarias, que envolvem diversos setores. Em 30 de setembro deste ano, a partir das 7h, acontecerá a Romaria do Cerrado e da Caatinga na Paróquia São Sebastião de Capitão Enéas.

Nos trabalhos de grupo, o Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP), o “Correntina pela Vida”, o Coletivo de Mulheres do Norte de Minas, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o Coletivo São Francisco e a CPT do sudoeste baiano, dentre outros organismos, foram incitados a pensar alternativas de pressão social sobre os poderes constituídos.

Enumeraram várias sugestões: pressão no Departamento de Mineração para retirar o direito de pesquisa que a SAM Metais possui nas comunidades tradicionais, proibir quaisquer monoculturas, pressão no governo estadual para revogar o decreto do Mineroduto Alto Rio Pardo de Minas, recategorização do Parque Estadual de Grão Mogol, exigir do estado o andamento das ações discriminatórias para a arrecadação das terras devolutas (do estado), cobrar consultas livres do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), romaria a cada dois anos para fortalecer a articulação Minas e Bahia, trabalho de base nas comunidades, promover seminários temáticos, rede de assessoria Minas e Bahia, envolver as organizações dos municípios, igrejas e sindicatos, resgate da juventude (poucos jovens estão inseridos no processo de luta social), valorizar os saberes da medicina popular, intercâmbio dos organismos, conscientização antes das eleições, mobilização à Brasília/DF, Romaria em Lagoa da Prata/MG em 16 de setembro deste ano, campanha para conseguir recursos financeiros e formar parcerias.

“A ação contra a SAM Metais deve ser rápida e antes das eleições. Disfarçada, a SAM está indo nas comunidades geraizeiras e informa que o seu trabalho é uma consulta sobre meio ambiente”, denunciaram os movimentos sociais e também notaram os vários nomes que a Plantar, Norflor, Diflor e Aflopar possuem como maneira de escapar da refeita federal com seus vários Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Agilizar contato e comunicação entre os militantes dos movimentos sociais, estudo sobre como é feito licenciamento ambiental, integração mais próxima para reivindicar direitos e defender a preservação das vegetações nativas foram outras propostas dos grupos, além de atividade imediata no Vale das Cancelas, apontar candidatos inimigos do povo e combater o continuísmo das ações políticas, mesmo com eleições de diferentes candidatos.          
















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Arquidiocese anima movimentos sociais

Quem tem mais de 39 anos de centro urbano sabe a sensação de sair da cidade e encontrar-se com outro mundo. Para quem vive em cidades de porte médio a grande visitar o interior é viajar para fora e conhecer estrangeiros, não estrangeiros habituais, como o norte-americano, o francês, o alemão, mas a realidade social de gente que deveria ser como a gente, porém é tratada com indiferença pela grande mídia e pela sociedade em geral. São os geraizeiros, veredeiros, pescadores artesanais, baianeiros, quilombolas, indígenas, enfim, as populações tradicionais do Norte de Minas Gerais e Bahia, valorizadas pela Pastoral da Terra e centro de atenção no Encontro “Minas e Bahia Cuidando da Casa Comum”, acontecido de 27 a 29 de julho de 2018, no Centro de Pastoral da Paróquia Santo Antônio de Grão Mogol e organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), pelo Projeto de Desenvolvimento Rural e Urbano (Proderur) e pela Arquidiocese de Montes Claros. O tema do evento abordou o meio ambiente: “Água e Cerrado, cultivai e guardai a criação” (Gn 2, 15).

“Esta casa comum está gemendo em dores de parto e precisamos entrar em sintonia com esta casa”, alertou a assistente social, Sônia Gomes de Oliveira, ao abrir a mística do encontro. “Tudo está interligado como se fôssemos um”, afirmou ao apontar para a capilaridade do trabalho de rede da sociedade contemporânea e sua unidade. Mais de 50 militantes de movimentos sociais participaram do Encontro “Minas e Bahia Cuidando da Casa Comum”, como o Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP), o “Correntina pela Vida”, o Coletivo de Mulheres do Norte de Minas, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o Coletivo São Francisco e a CPT do sudoeste baiano. “Sejam todos bem-vindos à Chácara Santo Antônio de Grão Mogol. Eu que sou daqui, acolho vocês, povos de luta. Sintam-se acolhidos”, saudou a Irmã Etelvina Moreira de Arruda, das Irmãs Franciscanas Missionárias Diocesanas da Encarnação.  

“Viemos fazer barulho em terra alheia”, cantava a liderança da Pastoral da Terra, Luzia Alane Rodrigues, ao animar as comunidades presentes no evento, a exemplo do Vale das Cancelas, Curral de Varas, Bocaina, Batalha, Morro Grande, Taquaral, Ferreirópolis e as cidades mineiras e geraizeiras de Josenópolis, Riacho dos Machados, São João das Missões, Manga, Itacarambi, Januária, Varzelândia, Novorizonte, Salinas, Fruta de Leite e Montes Claros, além de municípios baianos como Correntina.

“Nada melhor do que as pessoas que vivem o dia a dia de luta para falar da sua realidade”, declarou a liderança Ana Paula Alencar, ao dar abertura para o momento de reflexão da conjuntura política, econômica e social das comunidades. As populações tradicionais reclamaram do avanço da exploração da terra na região de Grão Mogol. A paisagem dos cerca de 150 quilômetros de distância do município de 17 mil habitantes à MOC é caracterizada por plantações de monocultura de eucalipto, identificando um grande deserto verde regional. Reclamaram ainda da liberação das riquezas nacionais para o capital internacional. “Na década de 1970, nosso território foi entregue às grandes empresas”, fizeram memória, além de mencionar a contaminação dos rios por veneno e esgoto das cidades. “Grandes transtornos esse modelo de desenvolvimento trouxe”, concluíram ao salientar que “a história se repete, os personagens que são outros”, acrescentaram.

As populações tradicionais denunciaram os conflitos contra as empresas de eucalipto que matam as nascentes dos rios, a falta de água em muitas comunidades, o aumento do desemprego e da violência, o enfraquecimento da saúde pública, a Reforma da Previdência que prejudicou aposentados, a crescente dívida pública. “Grande parte dos nossos problemas está ligado às medidas aprovadas no Congresso Nacional. Vivemos um tempo de desesperança, de descrédito nos movimentos sociais”, emendou a assistente social, Sônia de Oliveira. A importância das comunidades tradicionais para o governo brasileiro é estratégica: ora são valorizadas, ora são desrespeitadas. “O que está acontecendo é reflexo da conjuntura nacional de repressão social, uma onda muito forte contra os trabalhadores e suas comunidades”, completou a assistente social ao ouvir o clamor comunitário contra a privatização das empresas de saneamento básico, a criação do mercado das águas e a proibição de produtos orgânicos em feiras livres.
   
A geração de problemas sociais não para. Disputa comercial em relação à água: água como bem comum e água como mercadoria. “A água é um instrumento que liga todas as lutas. Não existe defesa da água se não existir defesa do território”, garantiu a assistente social embasada na história de que nas décadas de 1970 e 1980 começaram as grilagens de terras e a criminalização dos movimentos sociais. Passaram a enfraquecer o trabalho de base da Igreja católica e a enaltecer o modelo de Igreja de televisão nas comunidades. A relação entre fé e vida foi enfraquecida para, em contrapartida, esconder o mapa da corrupção. O Norte de Minas Gerais é o lugar onde mais se vende votos.

Há ameaças a lideranças camponesas pelos fazendeiros. A Secretaria de Patrimônio da União (SPU) dificulta documentação que oficializa as comunidades tradicionais dos quilombolas, dos geraizeiros e dos vazanteiros em prol dos grandes proprietários rurais. Empresários também são beneficiados. Eles incluem áreas de moradores como Área de Preservação Ambiental (APP) das empresas. Há discriminação da polícia aos movimentos sociais. Assim, é necessária a luta pela autodeterminação do território pelas comunidades com a unificação popular.


Texto e imagens: João Renato Diniz Pinto jornalista voluntário da Comissão Pastoral da Terra (CPT)  Regional Norte de Minas Gerais 











Crenças e descrenças - segundo ato

A sociedade contemporânea já produz o suficiente para oferecer vida digna a toda a humanidade. Então por qual motivo tanta gente discute sem rumo algum e as desigualdades sociais só aumentam? 

POR Mara Narciso
médica endocrinologista e jornalista

“Creio em Deus Pai, todo poderoso, criador do céu e da Terra”. Quais são as suas crenças? Qual causa move a sua vida? Até que ponto você evita uma polêmica? Por quais certezas você compra uma briga? Por quais convicções você faria uma guerra?

Quantas pessoas há, quantos gostos haverá. Num Brasil dividido, o ódio é vociferado aos quatro cantos, assim, é preciso recuar para fugir das pedras grandes, pontiagudas e certeiras. São lançadas contra oponentes, concorrentes e inimigos temidos pelo seu poder de fogo. Quando os argumentos falham, os gritos mostram quem perdeu a razão e uma agressão física poderá substituir a oratória. Os fortes e poderosos poderão vencer, mas os fracos e pequenos um dia crescerão. As pedradas metafóricas podem se tornar balas de canhão. Poucos ganharam uma guerra com poemas e flores, porque quase ninguém tolera ouvir um discurso contrário.

As discussões mais apaixonadas giram em torno de futebol, política e religião. A fúria na defesa demonstra que esses especialistas entendem muito, e seus objetivos são convencer mais gente a mudar de lado e se possível desmoralizar o inimigo. Uma ira desenfreada surge quando a pessoa é desafiada em suas certezas, e elas vão sendo derrubadas uma a uma. A petulância do divergente, especialmente do mais eloquente, pode gerar descontrole e insultos. Temas de outra ordem entram em cena para ridicularizar quem está discordando, como idade, origem, nível social e cultural, gênero e até vida amorosa. Se contra fatos não há argumentos, contra a boa retórica, para quem não a tem, só resta apelar, humilhando outros aspectos da vida de quem fala.

Na política as pesquisas eleitorais são suspeitas quando o candidato da pessoa está perdendo e confiáveis quando está na frente. O resultado das urnas pode não convencer os maus perdedores que tentam ganhar no grito, desfazendo do sistema eleitoral. Num jogo de futebol o placar e um título deveriam ser suficientes, mas não são. O árbitro errou. Na religião, cada um acredita no que quiser, mas há perseguição às crenças de ascendência africana e aos descrentes, dois caminhos tornados demoníacos. Não me importo com o que fazem as conexões cerebrais do outro, e que convicções forma. Quais certezas posso ter?

Um quarto tema tem gerado polêmica. O que significa “escolha uma alimentação equilibrada e saudável”? Depois de cem anos de indústria alimentícia no Brasil, de montes de venenos que comemos sem pestanejar, a civilização resolve retornar. Um problema surge: como alimentar sem conservantes uma população humana de 7 bilhões e 600 milhões de pessoas? Largar a indústria e comer coisas tiradas do pé, sem processamento seria o ideal, abandonando os corantes, aromatizantes, flavorizantes, acidulantes, conservantes, antioxidantes, estabilizantes e outras misteriosas classes de químicos adicionadas aos alimentos, com seus códigos incompreensíveis e passarmos a comer grãos, frutas, verduras e legumes in natura. Como foram cultivados? Quantos agrotóxicos, os chamados defensivos agrícolas, estamos ingerindo? Sem contar os alimentos demonizados a cada época: açúcar, carne bovina, ovo, leite integral, trigo. Ou os genéricos gorduras e massas. Foram caçados os transgênicos, a gordura trans, a margarina, o óleo de soja e canola e o leite de soja.

Foram trazidos de outras plagas chia, linhaça, quinoa, batata yakon, kefir (delicado equilíbrio de leveduras e bactérias) e endeusados a banha de porco, a manteiga e o óleo de côco e o regenerado ovo. Os sucos estão sendo perseguidos. Quem está com a razão? São opinião ou ciência? Há certezas, ou indícios? Quais interesses econômicos movem essas cientificidades? Que evidências são irrefutáveis? Acredite, há quem não goste nem de café nem de chocolate. Pelo sim, pelo não, melhor cada um descobrir seu ritmo, seja de exercício, seja de alimentação. Quanto às crenças, a virtude continua no meio. Eu sou radical, mas ninguém precisa me acompanhar. 

Domingo, 29 de julho de 2018

Nos dias 27, 28 e 29 de julho de 2018, no Centro de Pastoral da Paróquia Santo Antônio de Grão Mogol, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Projeto de Desenvolvimento Rural e Urbano (Proderur) e a Arquidiocese de Montes Claros promoveram o Encontro "Minas e Bahia Cuidando da Casa Comum". Os movimentos sociais participantes, como o Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP), fortaleceram o lema "Água e Cerrado: cultivai e guardai a criação" (Gn 2, 15).  

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Somos chamados para a missão


Somos chamados para a missão

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Queridos irmãos e irmãs, estamos celebrando hoje o 15º domingo do tempo comum. E a liturgia de hoje nos faz refletir sobre a missão que temos, quando recebemos do Batismo, de anunciar Jesus com uma pessoa que tem fé boas obras.

A liturgia bíblica nos mostrou alguns exemplos dessa missão.

No livro de Amos vimos a missão dele. Depois da morte do Rei Salomão 0 reino foi dividido em dois Reino do Norte que é Israel e o Reino do Sul Judá.  No norte reina uma classe privilegiada e prospera  que contrastava com a miséria da classe desfavorecida. O rei para firmas o seu reinado manipulo ate a religião.

Proibiu a peregrinação ao Sul onde estava Jerusalém e criou um templo no norte que denominou Betel e pagava os sacerdotes e custeava os cultos solenes do templo, mas em troca de um apoio político…. \Deus suscitou Amós, um pobre pastor para ir ao Norte para profetizar, denunciado as injustiças praticadas pelo rei e pelas classes dominantes.. Assim foi feito: Sua palavra incomoda os "poderosos" e sofre forte rejeição e oposição. Amós entra em conflito com Amasias, o sacerdote oficial, que administra o santuário de Betel, aliado aos interesses do rei e é expulso: "Sai daqui, vá para Judá… Come lá o teu pão e profetiza por lá..."Amós responde que não é profeta de profissão. É de vocação: "Sou vaqueiro e cultivo figos silvestres. Mas o Senhor me tirou do rebanho e me ordenou: VAI PROFETIZAR o meu povo, Israel." Desse modo Amós não se compromete com as amarras humanas do poder... (cf.Am 7, 12-15)

A carta de São Paulo aos efésios é um Hino que exalta o Plano de Deus: Deus nos escolheu antes da criação do mundo e nos predestinou a sermos seus filhos adotivos, em Cristo. Nós somos a ser filho de Deus e viver em conformidade a vocação que Deus chama a cada um de nós. Há uma necessidade de conversão e mudança de vida. (cf. Ef 1, 3-14)

No Evangelho de Marcos temos a Missão dos Apóstolos. Jesus chama os 12 e envia-os de dois a dois para missão. Aqui há um relato de forma catequética e a escolha é um mistério, pois é o próprio  Deus que chama . a missão tem que estar em sintonia com a fé com a comunidade . O próprio Deus dá os dons necessários para a missão e dá poder de expulsar demônio e e nenhum mal poderá atingir os missionários. Tem que ser despojado e não apegado para que a missão tenha êxito, pois a obra é de Deus e nós somos instrumentos na mão de Deus. (cf. Mc 6, 7-13)

Que esta liturgia nos ajude a ser libertos de todo mal que nos faz afastar de Deus e também de serem bons missionários. Que a graça seja um restaurador da nossa vida para que a missão assumida seja feita de modo que o Evangelho de Cristo seja anuncia e vivido em todos os lugares.
Tudo por Jesus nada sem Maria !!! Bacharel em teologia Jose Benedito Schumann Cunha

A FOME NÃO EXISTE QUANDO HÁ PÃO PARTILHADO

A FOME NÃO EXISTE QUANDO HÁ PÃO PARTILHADO

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Queridos irmãos e irmãs, estamos celebrando neste próximo domingo o 18º Domingo do Tempo Comum, e nesta liturgia dominical vamos refletir sobre a necessidade da partilha para acabar com a fome do povo faminto no mundo.

É assustador ver imagens de pessoas no mundo inteiro passando fome e sede no mundo. As imagens desse povo é quase um cadáver semivivo. Se houvesse partilha com certeza essas imagens que nos chocam não nos aterrorizavam tanto. Mas deus nos convida a partilhar o pão da vida para todos que tem fome. Não é só fome material mas espiritual , de liberdade que nos faz irmãos uns dos outros, de justiça para todos, de amor que traz a vida em abundancia, de esperança de dias melhores e de paz duradoura .

No segundo livro dos reis, vemos o pão partilhado de Eliseu, mesmo no tempo de escassez um homem oferece o pão das primícias, isto é 20 pães de cevada. Nesse momento é importante matar a fome de alguém que precisa. Mesmo sendo a oferta preciosa, Eliseu reparte com outras pessoas essas dadivas que eram para ser oferecidas a Deus. Mesmo pouco para muitos, mas o milagre acontece porque Deus faz a partilha da generosidade mesmo com o questionamento humano e assim se diz: "Dá ao povo para que coma". O homem se surpreende dizendo:: "Mas como? É tão pouco para 100 pessoas.", mas   o profeta lhe garante: "Dá... todos comerão e ainda sobrará…". Isso é obra de Deus instrumentado nas mãos humana na partilha de dons. Quando se partilha a fome desaparece, será que é isso que devemos faze e não ficar esperando soluções magicas dos governantes ou de gente rica. (cf. 2 Rs 4,42-44)

Na carta de Paulo aso efésios nos fala que devemos viver a vocação recebida e que devemos cultivar a unidade e a paz com todos. Não é bom ser membro de discórdia e de desunião entre os irmãos..(cf. Ef 4,1-6)

O evangelista João narra para nós a multiplicação dos pães que se reparte entre as pessoas devemos refletir essa passagem para nos comprometer com a fome do outro que carece de pão. Quando somos comprometidos com o Reino de Deus a partilha acontece e o banquete da vida se celebra. Aqui vemos um povo faminto da palavra de Deus dita por Jesus. Todos querem ouvir Jesus.

 Os apóstolos vão com Jesus para o deserto, lugar de encontro com Deus, para orar, mas o povo vai atrás e Jesus tem compaixão do povo que precisa de pastores que devam cuidar deles, olhando, cuidando e ajudando nas necessidades urgentes que trazem vida plena a todos. Os discípulos falam a Jesus do tempo que já se findava o dia e pediram Ele dispensar esse povo, pois era tarde e o povo estava com fome. Mesmo com essa iniciativa que é cômoda, mas Jesus pede para eles darem de comer a esse povo. Trouxeram cinco pães e dois peixes que foram disponibilizados pelo menino e desse gesto começa a partilha e a multiplicação acontece. . (cf. Jo 6,1-15)

A partir dessa maravilha, o povo quer fazer de Jesus rei e desta maneira estaria resolvido o seu problema de carestia, mas Jesus não é usurpador do poder e sim nos ensina para a corresponsabilidade pela solução dos problemas do povo. A fome é resolvida quando nós dispusermos os nossos talentos a favor dos mais necessitados e partilhar as nossas qualidades para sanar todo tipo de carência. Onde há fraternidade há justiça para todos. Ninguém fica sem sentar no banquete da vida.

Que esta liturgia nos ajude a tomar inibitiva para resolver os problemas e não ficar omisso diante de tantos que necessita de trabalho, de pão, de justiça, de educação e de humanidade.
Tudo por Jesus nada sem Maria.

Bacharel em Teologia Jose Benedito Schumann Cunha

domingo, 22 de julho de 2018

Selva de Pedra

POR Mara Narciso

A novela Selva de Pedra de Janete Clair protagonizou com Simone e Cristiano, o casal central vivido por Regina Duarte e Francisco Cuoco, algo impensável até então. O capítulo 152 do folhetim, em quatro de outubro de 1972, num episódio de tribunal parou o Brasil. Todos os televisores estavam ligados na novela da Rede Globo em plena Ditadura Militar. Imagina o poder? Era mais do que o quarto poder, influenciava todos os poderes (ainda que o Congresso Nacional tenha sido fechado) e não apenas isso. Indiretamente, acalmava a população e mandava no país.

Revi o último capítulo da trama. Volta ao passado foi pouco, assessorada pela envolvente Rock and Roll Lullaby – B. J. Thomas, uma cantiga de ninar, música tema da dupla. Naqueles anos de imprensa amordaçada, de medo e repressão totais, em minha casa meu pai silenciava toda a família. Alcides Alves da Cruz era fã da “Revolução”. O seu carro ostentava a flâmula “Brasil ame-o ou deixe-o”. Tudo era proibido, exceto obedecer.

Na tela acontecia o açucarado romance criado pela novelista que fez escola. Janete Clair, esposa de Dias Gomes, teatrólogo da Academia Brasileira de Letras conhecido pelas suas posições esquerdistas, laboriosamente, conseguia rezar pela cartilha dos militares e da Rede Globo, e assim fazer sucesso numa época estranha, uma calmaria de aparente normalidade, mas sem liberdade. Homens de camisas cor-de-rosa e cabelos longos sublevavam a ordem anterior. Era o máximo permitido. Nos porões do órgão de repressão DOI-CODI – Destacamento de Operações de Informação e Centro de Operação e Defesa Interna, os 434 brasileiros, que, pelos números oficiais viriam a morrer, sofriam todo o tipo de sevícias. A população nem suspeitava das torturas. A novela entorpecia, e muito, aquela gente e eu, enquanto “dormia a nossa Pátria Mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações” (Vai Passar – Chico Buarque).

Nas imagens em preto e branco, o que chama a atenção é a ingenuidade levada a cabo, os cenários precários, a atuação pouco expressiva, e a lentidão dos acontecimentos. Janete Clair, nesta e noutras novelas, criou muitos dos atuais chavões, como filho que não é filho, mãe que não é mãe, e, principalmente pai que não é pai. Sem mencionar os hoje manjados, dupla identidade, pobre que fica rico e o “largar a noiva no altar” - esse ponto foi exigência da Censura Federal, pois para ela configurava bigamia, apesar de Simone estar supostamente morta. Cristiano fez isso com Fernanda, personagem de Dina Sfat. Humilhação diante de toda a sociedade, numa chocante atitude canalha.

Ah, como amávamos Francisco Cuoco! Devido à beleza e a fama era endeusado. No auge do seu sucesso esteve em Montes Claros e não faltaram mulheres solteiras e casadas fazendo fila para beijá-lo na boca. Imaginem a transgressão para aquela época de extremas proibições? Pois, na varanda do Automóvel Clube senhoras enlouquecidas agarravam o ator.

Revi a moda exagerada da década de 1970. Era bastante cafona e simultaneamente feia e bonita, pois o convívio na juventude forja os nossos gostos. As imagens estão aí à disposição dos estudiosos, para analisar o comportamento humano e dar seus veredictos. Observando as cenas, senti saudades da juventude e das coisas que não vivi, por não ser permitido. Enquanto a novela colocava vilão e mocinho dentro do mesmo personagem, seja Simone, seja Cristiano Vilhena, mostrando que ninguém é de todo bom ou mau, torcíamos por ambos, que depois de nove meses de peripécias e 243 capítulos, beijam-se romanticamente no convés de um navio. The End.

Domingo, 22 de julho de 2018 

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Correios: a instituição mais confiável do Brasil

POR Mara Narciso

“Não se afobe não, que nada é pra já, o amor não tem pressa, ele pode esperar no silêncio do fundo do armário, na posta-restante. Milênios, milênios no ar...” (Futuros amantes - Chico Buarque). Posta-restante é um sistema de envio de correspondência em que esta não é enviada para o endereço do destinatário, ficando nos correios até que a reclamem.

Revolver o passado para analisá-lo traz inúmeras vantagens, desde a motivação dada pelos acertos, até o aprendizado trazido pelos erros. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos surgiu em 1663 com a criação do cargo de Correio-mor das cartas do mar no Rio de Janeiro. Depois teve por objetivo enviar e entregar correspondências, além de desenvolver a Filatelia - o selo Olho de Boi de 1843 faz parte da primeira série de selos postais impressos pelo Governo Imperial Brasileiro. As encomendas podiam ser levadas a pé, em lombo de burro, carroças, de barco, de trem, de ônibus, de avião e outros meios de transporte.

As antigas agências dos Correios tinham grandes mesas sobre as quais se fazia a colagem dos selos e o fechamento dos envelopes e pacotes. Eram de madeira, e tinham um recipiente fundo, abaixo do nível da plataforma, com cola amarela e uma espécie de rolo de metal, que girava mergulhado no líquido e nele se encostava a extremidade do envelope a ser fechado. A mesa era toda melada, e exalava um odor característico. Após comprar o selo, de acordo com o peso do material a ser enviado, havia o costume de se lamber a parte posterior da estampa que seria aderida. Depois de serem colados, os selos recebiam um carimbo, e a carta era colocada num buraco de entrada estreita, dentro de um balcão de mármore.  Na época do Natal os Correios fervilhavam.

Enviar uma carta, imaginar o destinatário lendo, respondendo e aguardar a chegada da resposta envolvia expectativa e emoção. Era aflitivo aguardar pela hora do carteiro passar, vê-lo se aproximar da casa, receber o envelope e ir ler a mensagem num lugar reservado, para não dividir a alegria com ninguém. Ou a tristeza das más notícias.

 Na década de 1970 era possível enviar uma carta de Montes Claros a São Paulo e esperar duas semanas para se ter a resposta. Ou nunca tê-la. Cartas extraviadas eram comuns. Pessoas com muita correspondência tinham sua caixa postal. Era uma espécie de box numerado com duas portas de metal, uma para o exterior e outra para o interior, que ficava nas paredes das agências. O dono da caixa pagava uma mensalidade, tinha a chave externa e os funcionários possuíam a interna para colocar as cartas e afins. Sendo freguês habitual, as empresas enviavam ao proprietário catálogos com fotos de produtos.

Havia cursos por correspondência, inclusive em nível superior. Ao final do estudo, havia a prova e o diploma. Com o tempo, outros serviços foram incorporados, com modernização tecnológica, ampliação do seu papel social (patrocínio de atletas) e uma logística que ganha prêmios. O SEDEX - Serviço de Encomendas Expressas surgiu em março de 1982 para fazer entregas de pacotes de até 5 kg.

A pesquisa Marcas de Confiança das Seleções do Reader’s Digest em 2008, para avaliar a credibilidade das pessoas nas entidades, teve como vencedora os Correios com 86% de confiança, mas, essa certeza foi estremecida por escândalos protagonizados pela sua direção. Atualmente não figura entre as marcas em que a população dá mais crédito. De acordo com a Folha de São Paulo de 7 de junho de 2017, uma pesquisa mostrou que 83% dos brasileiros confiam nas Forças Armadas, 71% na Imprensa, 33% na Presidência da República e 30% nos partidos políticos.

Os Correios perderam a sua função inicial, já que quase ninguém espera por cartas - apenas por contas, boletos e propaganda política. As missivas foram substituídas pelos e-mails, hoje em menor número, já trocados pelas mensagens de texto, de voz e de vídeo das redes sociais. Podemos, mas não devemos reclamar dos avanços. A saudade acontece já que a nostalgia ainda não foi proibida.

13 de julho de 2018

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Montes-clarense participa de congresso na Bolívia


De 09 a 15 de julho de 2018, acontece em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, o 5º Congresso Americano Missionário. Das 250 vagas de delegados reservadas para o Brasil, uma contemplou Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. A assistente social do Projeto de Desenvolvimento Rural e Urbano (Proderur) da Arquidiocese de Montes Claros, Sônia Gomes de Oliveira, participa do encontro, que reúne jovens, padres, leigos, bispos e religiosos de todas as igrejas do grande continente denominado “Nossa América”, como sonhava a liderança cubana, José Martí (1853-1895).

Do seu facebook, a assistente social mostra as maravilhas de estar presente no 5º CAM. “Vinho melhor foi guardado pra hora que já soou. Novo céu e nova terra. Primavera já chegou! Que possamos continuar sonhando e lutando por novo céu e nova terra”, escreveu em sua rede social Sônia de Oliveira ao relacionar o 5º CAM com a letra da música “Na festa do meu povo”, de Zé Vicente, em 09 de julho, às 8h e 52min.

À noite, a missionária destacou a acolhida do povo boliviano aos participantes do evento religioso. “Recepção calorosa das famílias aqui no aeroporto de Santa Cruz. O clima entre as pessoas está ótimo. Mas o frio, vou te contar, num dá nem vontade de andar”, revelou a assistente social e destacou em seguida que o motivo da realização do 5º CAM é “fortalecer o compromisso missionário”, “fortalecer a identidade e o compromisso” além das fronteiras estruturais e de manutenção “da Igreja nas Américas para anunciar a alegria do Evangelho a todos os povos com particular atenção às periferias do mundo de hoje e a serviço de uma sociedade mais justa, solidária e fraterna”, ressaltou e ainda enfatizou com citação bíblica.

“Portanto, recordando o mandato ‘Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo’. É claro que a Igreja não poderá negligenciar ser missionária. Com o 5º CAM, ela pretende renovar a consciência missionária de todos os batizados”, reforçou Sônia Gomes de Oliveira.








domingo, 8 de julho de 2018

Inveja, de onde vem, para onde vai?

POR Mara Narciso

Inveja, diz o Aurélio, é o desgosto ou o pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem. Os que disso padecem não proclamam que sofrem em ver o outro se dar bem. Chegam a dizer que sentem “inveja branca”, na verdade, uma mentira envolta em véu racista.

Nas redes sociais, exímias vitrines produtoras de inveja, o que mais se vê é a falsidade imperando em todos os quadrantes dos cinco continentes, e dos sete mares. As pessoas admiram, veneram, seguem e invejam a juventude, a beleza, as conquistas, a fama, o sucesso, a inteligência, o dinheiro, o consumo de bens e serviços dos bem-sucedidos mundo afora. Sem esquecer a coragem e a ousadia. Caso a inveja não existisse e a intenção de provocá-la não surgisse na outra ponta, as redes sociais seriam um deserto de gente e ideias o tempo todo, e não apenas em dias especiais. Pra ninguém ver, pra que mostrar?

O mau-olhado seca pimenteira, é feroz e pode matar. Pessoalmente fere, mas virtualmente teria poder de fogo? Mesmo o cético afirma ser verdade e recorre ao sal grosso e ramos de arruda para se prevenir da morte certa.  O sorriso falso, o discurso envolvente, a voz melosa, o chocalho hipnotizador de cobra cascavel fazem parte da perfídia. Atente-se aos adulos verbais, suaves venenos, como a flauta de Hamelin. Alguns desconfiam, mas continuam seguindo seus chamados. Para tirar o quebranto, só reza brava, muita benzedura com ramo, a chamada simpatia, aquele ritual para curar uma enfermidade.

“Olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Capitu seria assim, muitos são assim, representam e por isso enganam bem. Falsos, fingem ajudar e, na distração, puxam o tapete do incauto. Atuam como se servissem, mas querem derrubar. Bafejam favores, como névoa enganadora, e, inebriado por palavras doces, a vítima mal se dá conta do bote. Caso ame a pessoa, não enxergará a verdade e poderá ter ódio de quem queira lhe abrir os olhos. Bem depois, morrerá de raiva por ter se deixado enganar. É humilhante ser chamado de coitado.

Quando as palavras são excessivamente elogiosas, quem ouve sabe o despropósito. O elogio sincero e desinteressado adoça o ego, e a crítica, mesmo miúda, causa raiva. Alguns louvam sem desejar nada em troca, mas os hipócritas se fingem virtuosos de forma interesseira. Por outro lado, “se você quiser o reconhecimento alheio pelos seus méritos, seja o primeiro a reconhecê-los”, escreveu, recentemente, Pedro Bondaczuk. A modéstia excessiva também compromete a valorização pessoal.

As avaliações, em qualquer setor, mesmo quando verdadeiras, variam muito, tanto em relação à qualidade quanto à quantidade. Erros acontecem, e o reconhecimento do real valor poderá dar-se apenas após perder algo ou alguém. Desde criança, sem perceber, as pessoas participam de concorrida disputa, inicialmente, entre irmãos, depois entre colegas, e nos diversos grupos que participam vida afora. Chegar lá adiante em destaque depende da conjunção de variáveis como sorte, acaso, esforço, estudo, dedicação, e estar nos locais apropriados e no período certo, para fazer os contatos adequados. Então sua vida poderá ser um sucesso ou um fracasso, já que os fatores determinantes poderão estar fora da sua governabilidade.

As pessoas que mais elogiam, ou contraditoriamente atacam, costumam ser as que mais invejam o objeto atacado. Na verdade, quer ser o invejado, sem tirar nem por. O sentimento altera de tal forma o invejoso, que, naquela de querer ser o outro, acaba de esquecendo que “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” (Dom de iludir - Caetano Veloso). E por falar nisso, quem for invejoso, que levante a mão!

Sábado, 07 de julho de 2018