ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

domingo, 30 de setembro de 2018

Mudanças das falas obesas através dos tempos

POR Mara Narciso
médica-endocrinologista e jornalista

A dinâmica da civilização transforma tudo, em instantes, nesse mundo globalizado e superconectado. Ninguém quer outro assunto que não seja a guerra política na qual grassa a intolerância, assim, é inútil tocar noutros temas.

Mas insisto. Nada se metamorfoseia mais do que a chamada “alimentação saudável”, uma mutante, que poucos sabem do que se trata. A preferência pelo chamado peso adequado também mudou nas últimas décadas. Muitos acham baixo o peso ideal sugerido pela OMS - Organização Mundial de Saúde: um IMC - Índice de Massa Corporal (peso dividido pela altura ao quadrado) entre 19 e 24,9 Kg/m². Para ilustrar esse limite, alguém de 1,7 m deverá pesar, no máximo, 70 kg, para não ter doenças por excesso de bagagem corporal. As pessoas de hoje acham pouco esse peso, querem físicos “mais fortes”, e rejeitam o termo “obesidade”, mesmo para excessos graves, preferindo falar em sobrepeso. Outros parâmetros corporais deverão ser considerados como estrutura óssea, massa gorda, massa magra, limite da medida da cintura de 94 cm para homens e de 80 cm para mulheres e a relação cintura-quadril.

Os adultos jovens da década de 1970 eram bem mais magros que os de hoje, sendo o excesso de peso pequeno e raro. Essa verificação visual chegou a assustar no atentado terrorista de Boston, aquele da maratona e das panelas de pressão cheias de prego que foram explodidas no meio da multidão. Os soldados eram altos e gordos. Uma comparação com a corporação de quatro décadas antes mostraria o grande aumento de peso que se verificou.

A frequência e o grau de obesidade ampliaram-se, em todos os sentidos, e continuam aumentando. Antigamente, quase que só a classe abastada ficava obesa. Ser gordo era sinal de prosperidade. O sonho da minha avó, Maria do Rosário de Souza Narciso, que media 1,5 m e se casou com 37 kg, era engordar, e tinha como referência duas irmãs gordas. Passou a vida comendo de três em três horas e fazendo superalimentação. Ganhou 12 kg. Jorge Amado, descrevendo um personagem rico, dono de fazendas de cacau, para lhe explicar o físico escreveu: “barriga bem posta na vida”.

Quem estava engordando costumava explicar: tenho ossos largos; meu problema é glandular; acho que estou “inchado”; meu intestino é preso, por isso engordo. Outros falavam: eu não entendo porque ganho peso, quase não como, nem almoçar, almoço. Ou: parei os esportes, quase não ando, por isso engordei. Depois, entre os mais sinceros: o nervosismo me faz comer, principalmente à noite. Há algum tempo: meu problema é ansiedade; comer me acalma. Ou, mais recentemente: meu metabolismo é lento; trabalho sentado e chego tarde da noite. Os mais confessionais acusam: ganho peso porque como demais, termino de comer e em poucos minutos já estou com fome; como muito doce, principalmente o chocolate; tenho compulsão alimentar; perdi o controle, preciso de um remédio para me colocar limites.

Quando o cliente diz não comer em excesso, o profissional imaturo pode ficar impaciente e tecer críticas à obesidade em si, falando palavras duras, mencionando gula, preguiça, falta de coragem, e isso não ajuda, e sim, humilha, afugenta. Saber acolher beneficia. Longe de ser um problema de saúde individual, é epidemia mundial, especialmente nos países ricos. Sua complexidade desafia a ciência, seja Fisiologia, Endocrinologia, Nutrição, Psiquiatria, Psicologia, Farmacologia, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica e Educação Física. Os sucessos iniciais acabam, com desapontadora frequência, em fracasso, do qual estudos mostram recuperação do peso, após medicamentos e/ou cirurgia bariátrica, até mesmo em quem tenha excluído 50, 60 kg ou mais, há anos, com grande transformação da sua vida, inclusive com cirurgias plásticas remodeladoras.

A linguagem e os tratamentos mudaram, os sucessos e os fracassos se misturam, enquanto o discurso de motivação tem de se adequar a uma população sedentária. Há oferta máxima de alimentação ultraprocessada e ultraconcentrada de calorias em volumes relativamente pequenos. É preciso aprender com os obesos para ajudá-los, porque, a mudança de comportamento, essa necessidade desafiadora, insiste em escapar do controle durante uma vida inteira.

Domingo, 30 de setembro de 2018

domingo, 23 de setembro de 2018

Transgêneros

POR Mara Narciso
médica-endocrinologista e jornalista

A curiosidade é atraída pelo título, que também afugenta os que têm horror aos temas difíceis. Falar dos transgêneros não os torna nem mais e nem menos frequentes. Não altera a incidência, mas melhora a existência deles, pois o que mata é a ignorância, a intolerância, o preconceito. Quem é transgênero não se envergonha de sê-lo, mas sofre com perseguições e ódios, que lhes fecham o mercado de trabalho, muitos deles sendo remunerados de maneira aviltante.

O sexo é determinado geneticamente pelos cromossomas XY e XX que definem as gônadas, sendo testículos para os homens e ovários para as mulheres. A presença dessas gônadas determina os anexos útero e trompas para mulheres e epidídimo e próstata para homens. Tais acontecimentos embrionários se acompanham de genitália externa feminina ou masculina. Ao nascer se tem o menino e a menina, que são registrados com nomes femininos ou masculinos, e, conforme a tradição social, são vestidos e criados conforme o gênero, fixando-se daí o sexo psicológico e o sexo social. Na puberdade surgem as características sexuais secundárias, que reafirmam o sexo social. Mas essa dualidade é apenas aparente, e o ser e o estar são múltiplos e variáveis.

A complexidade do comportamento sexual foge ao simplismo biológico e religioso, e mesmo que a sociedade queira amarrá-la a crenças e a preconceitos não consegue alterá-la. As lutas da comunidade LGBT têm por motivação o exercício da plena cidadania. Uma opinião é apenas uma opinião, não sendo fator definidor de comportamentos. A negação, o ódio, as suposições só atormentam essas pessoas, que, num certo momento das suas existências, chegaram à conclusão de estar no corpo errado.

O tema é da alçada da Endocrinologia, que trata dos hormônios e do intersexo, como genitália ambígua, hermafroditismo e transgêneros. A transexualidade se caracteriza pela profunda rejeição pelo sexo anatômico, pois se sente do sexo oposto. Essa identificação surge na primeira infância e aumenta de intensidade com o passar dos anos. Tal característica já foi considerada como um hermafroditismo psíquico. Nenhum tratamento psicológico é capaz de reverter este sentir. Não existe escolha, a pessoa apenas é, e daí se inicia uma batalha consigo mesma, até estar certa da sua definição. Então informa à família. A menina que se sente menino é homem trans, o menino que se sente menina é mulher trans. Quanto à transição legal e física para o gênero ao qual se sente pertencer é uma decisão.

Os médicos podem não se sentir à vontade para cuidar desses pacientes, mas nada ganham em abandoná-los, pois precisam de tratamentos seguros, sejam físicos, sejam psicológicos na busca da adequação. A família também precisa de suporte psicológico para se adaptar à nova realidade. Muitas delas não aceitam a transição, e expulsam o transgênero de casa. Isso não muda a decisão, apenas amplia a dor por não ser aceito.

A mudança de documentação é simples, basta uma declaração verbal e uma ficha limpa na justiça, ocorrendo a troca do nome, mantendo-se o sobrenome. Não é necessário relatório médico e nem cirurgia. Após consultas endocrinológicas e psiquiátricas (apenas para confirmação e questões legais), exames e avaliações gerais e específicas, tem início o uso de hormônios. Quanto às cirurgias genitais, nem sempre acontecem. Há perda da fertilidade, a menos que sejam estocados gametas para uma posterior fertilização. Após a transição, os transgêneros se sentem mais à vontade, sem o permanente constrangimento de antes.

O tema foi assunto do 33º Congresso Brasileiro de Endocrinologia, assim como de novela, mas não é coisa de moda. O pensar transgênero não cabe numa lauda, pois é múltiplo, é grande, é complexo. Sempre existiram pessoas que se sentiam inadequadas num corpo e num papel social que não eram os seus, com desconforto e busca infrutífera por uma identidade social. Queiram ou não, os transgêneros estão à nossa volta, à nossa frente. A melhora da lei lhes dá direitos, os desobriga à clandestinidade e evita a perda dos seus diplomas e currículos. Que cada um possa ser o que é, agindo com respeito, promovendo a tolerância. Ser civilizado é proteger a diversidade, é aceitar o diferente, é pacificar, é saber acolher, é conviver melhor.

Domingo, 23 de setembro de 2018

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Guerra deflagrada

POR Mara Narciso
médica endocrinologista e jornalista

O escritor gaúcho, radicado em Campinas, Pedro João Bondaczuk considera a produção literária um ato solitário, que exige concentração e método. Muitas vezes é angustiante, porque, quanto mais escreve, mais exigente se torna o escritor, fazendo exaustivas revisões, lapidando o texto, burilando o escrito sem acreditar que esteja pronto. Escrever é uma necessidade, não sendo um prazer naqueles trabalhos obrigatórios, com prazos. Ler exige concentração e escrever exige doação. É recomendável não entediar o leitor/ouvinte, porém, quando o conteúdo é maior, a dispersão acontece. Como vencer esse limitante humano? Quem fala deve alternar o tom de voz e quem ouve deve procurar prestar atenção.

“Estava mais angustiado, que um goleiro na hora do gol”, explicitou Belchior, referindo-se à bola lá dentro e ao placar negativo. Para alguns momentos de total abandono essa metáfora cai bem. A vida tem barreiras pessoais que ninguém poderá ajudar. É imperativo escalar com a força e a coragem. O que terá de ser feito agora, já deverá estar preparado, e poderá ser uma eleição, uma prova para carteira de motorista, uma apresentação de TCC - Trabalho de Conclusão de Curso, uma dissertação, uma tese, uma estreia num show ou teatro ou a leitura de um discurso. Quando a única alternativa é avançar, o recuo não será mais possível. O avião está no ar e, pelas portas abertas, você saltou de paraquedas. Ele abrirá?

A existência é feita de desafios, recuos, avanços, perdas e ganhos, e há momentos limites, de vida ou morte. Para quê inventou? Agora aguenta. No dia a dia, quando lutas e vitórias se alternam, estaremos aptos para uma possível derrota? Como seguiremos após essa perda? Quando nos reergueremos para enfrentar outro embate?

Há quem se divirta com disputas. Algumas pessoas carregam um estilo de guerra permanentemente conflagrada. Estão guerreando o tempo todo, medindo forças, e lançando farpas. É um comportamento frequente, sendo obrigatório analisá-lo a intervalos, considerando a intensidade. É um tempo para se portar escudo ou colete a prova de balas, porque os adversários não colocam as armas no chão.

Palavras como disputa, embate, inquirir, debater, bater, estapear, são verbos que, para serem bem conjugados exigem inteligência, raciocínio rápido, controle, poder de cortar o pensamento do outro para fazê-lo perder a compostura. Esse comportamento verbal, tido como o suprassumo da esperteza oral seduz, atrai ou afugenta? Quanto maior o desconforto que causar, mais habilidoso será considerado o entrevistador ou o entrevistado, imaginando que na televisão, quem pergunta não tem interesse nas respostas. Quer mesmo é desconcertar o entrevistado, levá-lo a se contradizer, ficar desconfortável, constrangido, quando não de cair no ridículo. O inquiridor tem lado, partido e candidato.

Nas redes sociais tornaram-se moda os linchamentos públicos. Por escrito, fica mais cortante. As letras-navalhas cumprem o seu papel dilacerador. A intenção é mutilar, destruir, aniquilar. Quem não tem competência, que não se estabeleça no debate. Estar em evidência é o clímax do dia para alguns, mas existem estilos reservados, discretos e contidos. Essas pessoas não são boas debatedoras, mas vencerão noutros campos.

Estar diante de um microfone, para ler um discurso, falando para uma plateia desatenta, com folhas em profusão, nenhum anteparo para ocultar o corpo, nem algo para pousar as mãos ou os papéis, pode levar a estranhas sensações: desamparo, insegurança, descarga de adrenalina, boca seca, ou, pelo contrário, achar a confiança em si mesmo: agora é a minha vez. Guerra conflagrada, apenas com os próprios pensamentos, sentimentos e hormônios, num incêndio interno de confusão e agitação. Buscar nos recursos mentais o jeito certo de pensar, e ao encontrar a serenidade, executar a tarefa.  Não duvidem: as nossas guerras internas são os nossos mais ferozes inimigos.

Domingo, 16 de setembro de 2018

domingo, 9 de setembro de 2018

Para que servem os museus?

POR Mara Narciso

As grandes perdas têm um efeito catártico, de purgação e purificação, que vem num assombro, numa implosão, num olhar pra dentro e que culmina numa mortificação ou reflexão profunda, redescobertas e encontro de novos caminhos. Muitas vezes estreitos, tortuosos, com precipícios, nos quais vão sendo construídos guarda-corpos, e por fim, será possível, lá do topo, vislumbrar a bela paisagem.

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, fundado por Dom João VI em seis de agosto de 1818, de perfil acadêmico e científico, virou cinzas no dia dois de setembro de 2018. Pode ser que 10% do seu acervo sejam recuperados precariamente. Duzentos anos de História e de preciosidades desapareceram. A consternação tomou conta das mentes conscientes, enquanto eternas vozes discordantes garantiam sentir alívio por não precisar gastar dinheiro com velharias inúteis, afinal para que serve um museu senão para juntar pó, ferrugem, traças e outros bichos? Inutilidade total, zombavam do passado os usuários das redes sociais.

O mundo é dual e a imbecilidade tornou-se o lado maior e mais forte dessa dualidade. A lógica ficou subitamente invertida. Os fatos apresentam-se com dois pontos de vista contraditórios, com grupos que se odeiam e falam mentiras, mostrando ao lado contrário, aparentes provas indiscutíveis. Há o bem e o mal, os durões e os sensíveis e grupos que se organizam, num amplo espectro de intolerância. Não existe unanimidade em nada, sem chance de se errar pelo exagero.

Do acervo irremediavelmente perdido constavam 20 milhões de itens de Antropologia e História Natural, entre eles o Fóssil de Luzia, de 12 mil anos, o Meteorito de Bendegó (1888), o dinossauro Maxakalisaurus topai, o caixão egípcio de Sha-Amun en su, múmias egípcias e sulamericanas, Os Lusíadas em sua primeira edição, o Documento de Assinatura da Lei Áurea, a Declaração da Independência do Brasil, toda sorte de objetos, móveis e vestimentas, coleção iniciada pela Família Real Brasileira.

Deixando os parasempre desaparecidos, quantos museus você já visitou? Como estava o grau de conservação, acomodação e segurança das peças? Como foi seu comportamento lá? Teve o devido respeito aos antepassados? Não chegamos aqui agora e atrasados, a agenda está lotada por nossa própria escolha. Não temos tempo para contemplar o passado com a devida reverência, porque temos muito a fazer. Quem nos deixou chegar aqui?  Estamos no século XXI sobre os ombros de quem? Em cima de ações e construções dos nossos antepassados. Estamos sobre nossa ascendência, e sem eles nosso grau de civilização seria outro. Não somos nada sozinhos, e se podemos ter uma vida, foi porque nossos antepassados estiveram por aqui.

Os museus existem para preservar a História, é obvio, mas é preciso construir no presente algo notável para virar passado. Muitos fatos são História, mas trazem vergonha à humanidade. Há o Museu do Holocausto. Há outros museus da vergonha. Estamos construindo o presente de forma digna? Estamos primando pela verdade, sinceridade, respeito, amor? Não existe lugar neste mundo para esse sentimento de fracos? O seu presente é algo que valerá a pena contar aos seus descendentes? Que tal ser bom? O habitual é dar uma resposta cortante? Não deixar provocação sem resposta? Quem ganhará com isso? Caso ganhe, será exatamente o quê? Será algo digno de estar num museu daqui a 200 anos? Isso se o homem não se autodestruir, negligenciando e tocando fogo na Terra como fez com o Museu Nacional do Rio.

É velho? É antigo? É desinteressante? Estude, aprenda, e saiba que há museus modernos. Cazuza disse: “eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades, o tempo não para” (1988 – Cazuza e Arnaldo Brandão – “O tempo não para”). Foi profético, mencionando o distanciamento da repressão, porém com a persistência de uma sociedade moralista e conservadora. Que as novidades sejam boas, que sirvam aos museus do futuro, e que saibamos preservar aquilo que foi tão nosso.

Domingo, 09 de setembro de 2018

A Palavra de Deus nos guia corretamente


A Palavra de Deus nos guia corretamente 


Queridos irmãos e irmãs, estamos no mês da Bíblia, ela é guia segura que nos leva viver bem aqui até a casa paterna no céu. Celebramos hoje o 23º Domingo do Tempo Comum.
A
 liturgia nos exorta para abrir os ouvidos e os lábios, e isso que nos dizer abrir ouvido par a Palavra de Deus e abrir os lábios são para proclamar que Deus está conosco nesta jornada. Para que a Palavra de Deus torna-se eficaz devemos acolher a sua vontade que está na palavra de Deus e pô-la em pratica na nossa vida e na vivencia comunitária a onde estivermos.

No livro do profeta Isaias faz anuncia ao povo do exilio que estava sofrendo e dá sinal como que a libertação está próxima dos que estão surdos, coxos, mudos e cegos. Devemos ver nisso os sinais da chegada do Messias e que é para nós o Cristo. (cf. Is 35,4-7)

Na carta de Tiago  nos exorta para termos discriminação das pessoas que são pobres e que são diferentes de nós. Devemos ter bondade e acolher a todos, principalmente os pobres e desvalidos desse mundo. Todos tem olhar especial de Deus. (cf. Tg 2,15)

O evangelista Marcos narra que Jesus é a plena realização da profecia de Isaías, pois Jesus abre os ouvidos, os lábios e todos enfermos que necessitam de ajuda e misericórdia. Somos chamados para isso, é a missão que temos devido ao Batismo. Naquele tempo o povo viu em Jesus sinais que Ele é o Messias prometido que está no nosso meio. Tudo é bom nas mãos de Deus como já foi descrito no inicio da Criação. Deus faz tudo perfeito e bom. (cf. Mc 7,31-37)

Quando ficamos surdos, cegos, coxos e mudos diante das injustiças que permeiam no nosso meio estão não colaborando com Deus para que a nossa a realidade muda, mas quando deixamos se guiados por Deus e permitimos que Ele aja em nós na libertação de tudo que nos deixa paralisados para podermos fazer o bem, criar condições de vida para todos. Sejamos missionários da Palavra e da corrente do bem.

Tudo por Jesus nada sem Maria!

Bacharel em Teologia Jose Benedito Schumann Cunha

domingo, 2 de setembro de 2018

Paradigmas Médicos

POR Mara Narciso

Dia 1º de setembro é o Dia do Endocrinologista. É tempo de festejar e falar das nossas angústias. Está no Aurélio: paradigma é modelo, é padrão. Na ciência, “paradigmas são as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência” (Kuhn, 1991).

Avançar em direção ao bem-comum é a vontade de quem chefia as grandes decisões. Nas mudanças das condutas médicas, de acordo com novas descobertas, foram vistos exames, medicamentos e procedimentos serem incensados, endeusados e depois relegados ao abandono, quando não à condenação. Em quase quatro décadas, foram comuns danças de reputação farmacológica, com idas e vindas, subidas e descidas. Medicamentos saíram de circulação por prejudicarem o usuário.

Quando há uma mudança radical, é preciso tempo, não para entender as novas normas, mas para nos convencer de que estejam mesmo certas. Procurar não ser o primeiro e nem o último a adotá-las. Para isso nos são apresentados trabalhos científicos e experimentos com milhares de pessoas durante anos. A todo instante aparecem novas comprovações. A ciência é assim chamada por ser capaz de reproduzir resultados iguais em situações semelhantes.

No 33º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia – Belo Horizonte, 7 a 11 de agosto de 2018 - consolidaram-se novas práticas em relação ao nódulo maligno da tireoide. Por se tratar de um câncer de evolução indolente em sua maioria, após observar um grupo humano no qual foram feitas cirurgias amplas e tratamento com radioiodo e o outro grupo no qual foram feitas apenas cirurgias conservadoras, chegou-se a resultados bastante semelhantes. Então, outras diretrizes (padronização de condutas) foram criadas, com novas classificações, tratamentos e seguimentos.

A SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – diz sobre as diretrizes em seu site: “A atualização depende, fundamentalmente, das Sociedades avaliarem que a conduta está defasada, precisando de ajustes à luz das novas descobertas tanto no campo diagnóstico como terapêutico”. A partir do consenso, grupos maiores de pesquisadores avaliam e aprimoram essas orientações.

Há mais de dez anos, condutas conservadoras no câncer diferenciado da tireoide estão sendo divulgadas e praticadas. Não é fácil para os endocrinologistas, que acompanham e indicam os tratamentos cirúrgicos, radioiodoterápicos, reposição hormonal e tomavam suas decisões terapêuticas de uma maneira mais padronizada e agressiva, ter de fazer uma individualização milimétrica, consultando tabelas e recuando.

Sempre existiram clientes que, diante de um nódulo da tireoide, mesmo sem suspeita de malignidade, decidiram por si mesmos retirar toda a sua glândula tireoide, à revelia do médico clínico, por receio de malignização. Agora teremos de convencer ao portador de um câncer diferenciado da tireoide, desde que pequeno (menor que um cm) e sem indicativos de agressividade, a retirar apenas parte da glândula, deixando a outra metade.

A mudança de paradigmas, fazer diferente do que era feito até então, gera desconforto. Em princípio entender, estudar, e depois arrumar argumentos convincentes para si e para o cliente. A Medicina baseada em evidências agradece.

Domingo, 02 de setembro de 2018