ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Bairro festeja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

O Bairro Monte Alegre, em Montes Claros, Norte de Minas Gerais está em festa. A Comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro da Paróquia Nossa Senhora da Consolação celebra a sua padroeira e destaca para estudo e reflexão o tema “Com a Mãe do Perpétuo Socorro, caminharemos como cristãos leigos em uma Igreja em saída” e o lema “Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5, 13-14), relativo ao Ano Nacional do Laicato, que são os fieis leigos, devotos comuns da Igreja povo de Deus. 

Os três últimos dias da festa reserva muito estudo comunitário. Com a temática “Igreja e Comunhão na Diversidade”, nesta segunda-feira (25/06) está programada recitação do Santo Terço a partir das 18h e 30min seguido de Novena. Às 19h e 30min, começa a Santa Missa sob responsabilidade de Comunidade Santa Luzia. 

Na terça-feira (26/06), com a temática “A Dignidade da Vocação Laical”, a Catequese Paroquial festeja sua padroeira com Terço e Novena às 18h e 30min e Missa às 19h e 30min. Na quarta-feira (27/06), a Comunidade enfoca “Nossa Senhora do Perpétuo Socorro: protetora das famílias” e realiza a recitação do Santo Terço com Novena às 18h e 30min, além da Santa Missa com levantamento do mastro a partir das 19h e 30min. 

O responsável pela festa do dia é o guardião da bandeira. Haverá barraquinhas, leilões e shows em todos os domingos da festividade religiosa, logo depois das missas. Patrocinam a festa Cirúrgica Cuidar, Adriana Amaral Consultora de Beleza Independente e Fernando Cardoso Contabilidade.

domingo, 24 de junho de 2018

Comunidade faz festa para Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Acontece desde o dia 18 de junho a Festa da Padroeira da Comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Bairro Monte Alegre) da Paróquia Nossa Senhora da Consolação de Montes Claros. Segundo informações da catequista da comunidade, Jakcelhen Lima Souza, haverá barraquinhas todos os domingos do mês de junho e, de 18 a 26, novena às 18h30min e missa às 19h30min. Na próxima quarta-feira (27/06), a comunidade celebrará missa e levantamento da bandeira da padroeira. Participe! 


Nas imagens, novena e celebrações em honra à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Bairro Monte Alegre, MOC-MG, descreve a catequista Jakcelhen Lima Souza em sua rede social facebook




Brasil, Campeão do Mundo!

POR Mara Narciso
médica endocrinologista e jornalista profissional

Nada e nem coisa alguma poderiam ser mais importantes do que a Copa do Mundo de Futebol, a atual, as passadas e as futuras. Falo de todas as Copas, dos seus pontos de dor e picos de felicidade. Com antecedência eu me preparava para acompanhá-las, estando a postos nos jogos do Brasil. Assisti-los, em qualquer hora que fosse (três da manhã na Copa do Japão/Coreia), era prioridade, e qualquer afazer, de vida ou de morte tinha de esperar.

Colecionava num álbum figurinhas dos jogadores, enquanto o comércio distribuía tabelas, que, preenchidas, levavam a novos cálculos a cada rodada. Os jornais, revistas e filmes mostravam a trajetória dos jogadores, que, nos tempos idos moravam no Brasil. Lia a revista Placar e sua “Camisa Doze”, e o jornal Folha de São Paulo, que trazia seus gráficos e a Matemática dos jogos, cruzamentos de dados e probabilidades. Livros sobre o esporte eram publicados em fascículos, durante semanas antes do mundial, contando sobre as remotas e as mais recentes Copas, com seus mitos, fatos curiosos e as manhas do “Esporte Bretão”. As regras futebolísticas com discussões e explicações estavam nas mesas esportivas. Desde os jogos no rádio, aos videotapes passados no dia seguinte aos jogos, até a 1ª transmissão “ao vivo e a cores” de uma Copa do Mundo de Futebol em 1970, tudo era revivido.

A bandeira do Brasil era colocada na janela do carro. Dias antes desfilávamos orgulhosos pela cidade, ostentando a certeza de que o melhor futebol do mundo nos pertencia. O brasileiro comum ia se impregnando de futebol, o nível de excitabilidade aumentando, assim como a agonia e a aflição. No clima de fanatismo já instalado, era natural uma espécie de adoração aos ídolos e a convicção de que eram o máximo, independente do resultado, que sabíamos de antemão, seria positivo. O paredão da defesa e a habilidade do ataque nos davam a certeza de que venceríamos. Não criticávamos nossos heróis, aqueles jovens que faziam obras de arte com os pés, correndo, driblando, fazendo firulas, dando chapéu, fazendo gol de placa, gol olímpico, de pênalti, de bicuda, de canela, de cabeça, de trivela. Muitos gols eram marcados de cabeça, mesmo por brasileiros menores que os estrangeiros. Que maravilha essa ilusão de superioridade! Não hesitávamos em consagrá-los de antemão. Outros poderiam ser iguais, nunca superiores, já que o Brasil é o único país a estar presente em todas as copas.

Ouvi na internet o jogo dramático de 1950, final Brasil e Uruguai, e em discos as narrativas dos gols da Copa de 1958 e 1962. Eis o hino do primeiro campeonato: “Chegou a hora do Brasil ser campeão/ de futebol do mundo inteiro/ o que que há?/ Brasil Campeão do Mundo//”. E do segundo: “A Taça do Mundo é nossa/ com brasileiro não há quem possa/ Hê, eta Esquadrão de Ouro/ é bom no samba/ é bom no couro/ O brasileiro lá no estrangeiro/ mostrou o futebol como é que é/ Ganhou a Taça do Mundo/ Sambando com a bola no pé/ Goool//”.

Em frente à televisão, minutos antes, a nossa família se postava calada, atenta para sofrer cada lance, cada minuto, cada explosão. O choro vinha, lágrimas escorriam pelo rosto de Alcides, o meu pai, que soluçava ouvindo o Hino Nacional. Isso em menina, e, anos depois, víamos os jogos nos magníficos churrascos na casa de Milena, a minha mãe, grande torcedora de futebol. A comemoração dos muitos gols era contida. Meu pai não permitia conversa durante os jogos. Tínhamos de engolir a apreensão, calar nos momentos de suspense, não dar nenhum suspiro e engolir o grito de gol. E foram muitas Copas, tantos gols, tantas vitórias, muitos sufocos, e várias derrotas. Turbilhões de emoção passam velozes. As dores rasgadas das nossas comoções foram: Itália 3 a 2, Paolo Rossi fez 2 em 1982; França 3 a 0, Zinedine Zidane fez 1 em 1998. E a mãe de todas as ruínas, em 2014, Alemanha 7 a 1. Vergonha!

Acreditava que o sonho não terminaria, ainda que, segundo soube, o Brasil tenha dado vexame em 1966. Em 1970, a Ditadura de Emílio Garrastazu Médici usou a Copa politicamente, e o Brasil foi Tricampeão. A Europa criticava: o Brasil vive do passado. Mas, em 1994 veio o Tetracampeonato e em 2002 o Pentacampeonato. Como não acreditar que éramos e seríamos imbatíveis? Para quem gosta de futebol persiste a ideia de que os adversários tremem diante da Camisa Amarela. Dentro de mim, gostaria que o sonho voltasse. Diante da televisão, torço com esperança, mas sem a perda de lucidez de outrora. A mudança se deu em 1982, após a derrota para a Itália. Morando em Belo Horizonte, saí para trabalhar e encontrei um homem sentado no meio fio da Avenida Nossa Senhora do Carmo, que, enrolado na Bandeira Brasileira, chorava conpulsivamente. Meu coração despedaçado decidiu largar a paixão. 

Domingo, 24 de junho de 2018

domingo, 17 de junho de 2018

Por favor, não diga não te quero mais!

POR Mara Narciso
médica endocrinologista e jornalista profissional

É possível voltar atrás e pedir outra chance, mas convém? O senso comum sugere que, o ciclo se fechando, deve-se virar a página e começar outro capítulo. Pode ser inútil remendar pano furado ou colar cacos, especialmente em casamentos falidos. O recomeço traz esperança de mudança. Caso ocorra, pode esperar, será para pior. Escreva aí. Caso seja preguiçoso, volta com mais preguiça; caso seja desleixado, nem banho vai tomar; se não gosta de pagar contas, passa a dizer: “quando tenho dinheiro não quero pagar e quando quero pagar não tenho dinheiro”. Isso para falar dos defeitos miúdos que podem ser publicados. Então, os remendos, mesmo cerzidos com capricho e acerto, duram apenas mais um período, para outra vez machucar o peito numa nova separação. Do arrependimento vem a constatação: minha ferida tinha sarado e agora está aberta outra vez.

Amigos, amigos, negócios à parte. Quando quiser perder um amigo, faça dele seu sócio. Por mais correto e confiável que seja, é melhor não inventar. Muitas sociedades profissionais dão certo e a dupla enriquece junto, mas, são frequentes rupturas debaixo de saraivadas de balas, verbais e algumas vezes de fato. Depois disso, não há como manter a amizade.

Há quem faça pouco caso no outro. Ainda assim, arrisca-se a namorar a pessoa. Arrasta o relacionamento um tempo e depois vem o fim. O lado preterido sofre, mas acaba se convencendo que foi uma bênção divina se libertar daquele encosto para sempre. Mas, para sempre é tempo longo demais. Adiante, a pessoa se esquece das dificuldades e o que a irritava no relacionamento recomeçam os convites para sair. Volte ao primeiro parágrafo. O que era ruim, anos depois só pode estar pior. Não se iluda com o personagem idealizado por um momento carente. Não vá. Caso resolva colocar a figurinha repetida na sua vida, siga na reprise, mas não se iluda. Para os dramáticos cuja sina seja sofrer, apegue-se a essa pessoa mais uma vez, porém não reclame quando o fracasso se concretizar. Há quem goste de se apegar a uma casa em ruínas, ou a um objeto em chamas, assim como existem pessoas violentas, que ficam à beira de apertar o pescoço da outra ou o gatilho. Caso seja facultada outra chance, não será difícil a explosão, tantas vezes próxima, se concretizar.

Mudando para a infância, a minha prima Vânia Marly tinha sete anos. Morávamos no mesmo prédio. Ela tinha um boneco de borracha, chamado Tonico. Era um brinquedo feio, daqueles feitos a partir de um molde ruim, sem detalhamento, de braços colados ao corpo e que apitava ao ser apertado. Vestia uma camisa branca de mangas compridas e uma calça azul, pintadas sobre o corpo. Apesar disso, Vânia amava aquela feiura e não largava o pobre. Abriu um buraco na altura da boca do boneco e enchia o coitado de comida, que apodrecia lá dentro. Um dia, ela soube que seus padrinhos ricos João e Mônica viriam de Brasília/DF visitar a família e lhe trariam uma boneca. Ficou sonhando como seria, imaginando a carinha dela, e como seria bom ter nos braços uma nova filhinha. No dia da chegada, a expectativa atingiu seu grau máximo. A menina andava para lá e para cá no pequeno apartamento. No clímax da expectativa, foi aos brinquedos e pegou Tonico. Olhando-o com desprezo, descartou o rejeitado na lata de lixo. Tempos depois chegaram os tios com o esperado presente. Entregaram o magnífico pacote em papel brilhante, que, ao ser visto iluminou o rosto de Vânia. Porém, depois de aberto e olhado rapidamente, seu conteúdo, ainda na caixa transparente, foi abandonado sobre o sofá. Seu rosto murchou, a decepção tomou conta dela, que, largando a boneca branca japonesa, com seu quimono vermelho, daquele tipo de enfeitar a casa, chorando voltou ao lixo para buscar seu amado Tonico.

Domingo, 17 de junho de 2018

A Semente é a esperança da vida


A Semente é a esperança da vida

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Queridos irmão e irmãs, estamos celebrando hoje o 11º Domingo do Tempo Comum, a liturgia nos ajuda celebrar a vida e fazer uma reflexão da ação da Igreja no mundo como promotora da vida. Isso traz alegria para alguns que vê nela a esperança de ver a transformação no mundo pela sua ação, mas para outros inquietação com as mudanças surgidas na Igreja e pensam que ela não mesma de antes e se continuar vai perder fieis. Nesta semana do dia 17 a 24 de junho estaremos vivendo a semana do emigrante e no domingo próximo o dia do emigrante e que possamos rezar por eles e refletir o que pode ser feito para que a sua realidade seja transformada em algo bom em terras distantes que eles estão.

A liturgia bíblica desse domingo nos afirma que a instauração do Reino de Deus não é obra dos homens, mas obra do próprio Deus e assim a Igreja deve ter a confiança na ação de Deus nela e no mundo.

No Livro do Profeta Ezequiel nos fala da árvore que nasce de um pequeno rebento. O contexto daquela é época é que o povo  vivia no exílio e na escravidão, por isso vivia sem esperança de libertação. Mas Deus envia o profeta que fala a eles mensagem de esperança. Deus não se esquece do seu povo. Conta-nos que Deus pegará um ramo da dinastia de Davi e o plantará no alto de uma montanha da terra de Israel. Desse pequeno ramo crescerá e se tornará uma arvore esplendorosa na qual os pássaros irão procurar fazer os seus ninhos e abrigarão a todos. Essa leitura nos leva a Jesus Cristo que é o cedro dito pelo profeta Ezequiel e que foi plantada na terra e aonde todos são convidados a vir até Ele para fazer a morada nas suas ramagens que são produzidas por Ele. Em cristo somos novamente vivos diante da sua seiva que revitaliza o nosso corpo, pois a sua palavra que ouvimos na Igreja e a eucaristia que celebramos nos dão esperança de dias melhores para todos. (cf. Ez 17,22-24)

Na segunda carta de São Paulo aos coríntios, vemo-lo já no final de sua vida nesse mundo e já cansado pela idade e provações, desejando repousar para sempre no céu onde está Deus Pai e com Cristo, a razão de sua fé, mas mesmo assim quer continuar a missão até Deus quiser. Assim devemos proceder, apesar das dificuldades presentes e do mal alastrado no mundo, nos devemos continuar a nossa missão de evangelizadores, levando a todos a mensagem do amor, do perdão, da misericórdia e solidariedade para todos para que esse mundo se transforme no lugar bom desejado por Deus. (cf. 2Cor 5,6-10)

O evangelista São Marcos nos fala do reino de Deus comparando-o com uma semente de mostarda, mesmo pequena quando plantada se torna grande e pode abrigar a todos que vem até ela. A missão de Jesus não foi fácil, embora aqueles que o procuravam com fé recebiam graças e milagres, mas existiam adversários que queriam desestabilizar a sua missão. Os discípulos eram entusiasmados, mas começaram a desanimar devido às hostilidades de alguns com a mensagem de Cristo. Por isso Jesus conta a parábola da mostarda para que eles se encham da esperança do reino que é plantado por eles e com a força da graça de Deus germina e dá frutos que duram para sempre entre nós. (cf. Mc 4,26-34)

As primeiras comunidades também se animaram no inicio, mas depois começam a desanimar com os acontecimentos com as perseguições e com as friezas de coração,  e é como hoje nós sentimos que a palavra não esta germinando nos corações humanos que cada vez mais praticam o mal. É nesta hora que devemos lembrar da parábola da semente de mostarda, que é  pequenina, mas quando plantada, cuidada, então ela germina em uma grande arvore com folhagem e frutos que podem aconchegar a todos e ali podem viver Feliz no seu abrigo.

Hoje somos convidados a deixar que a semente da Palavra de Deus germine em nossos corações, produzindo ai frutos de esperança, de amor, de alegria, de perdão, de misericórdia e de partilha que se espalham e mudam a realidade de morte para vida. Que esta liturgia nos ajude a ser portadores de esperança de dias melhores e que levemos na nossa missão de igreja de construção de uma sociedade justa e fraterna com todos.

Tudo por Jesus nada sem Maria!!!

Bacharel em Teologia Jose Benedito Schumann Cunha

domingo, 10 de junho de 2018

O mal que está no mundo é o pecado que fazemos


O mal que está no mundo é o pecado que fazemos

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Queridos irmãos e irmãs, estamos celebrando o 10º Domingo do Tempo Comum e somos convidados para saber a origem do mal que assola a nossa realidade humana nesse mundo. Cada domingo mergulhamos no Mistério Pascal de Cristo e assim somos iluminados na nossa vivencia e realidade que participamos na vida, na família e na comunidade cristã. A liturgia nos ajuda a tomar consciência do no nosso agir e as consequência dos atos que fazemos nesse mundo.

A nossa realidade é marcada pelos males de toda ordem e por causa disso perguntamos por que tanto mal no mundo e qual é a sua origem. Primeiramente o mal é ausência do bem e é por isso que ele se alastra como praga daninha. Não adianta culpar os outros, pois muitos males somos nós que causamos. Se pensarmos bem a origem e causa do mal no mundo é o pecado. Achando que ficando longe Deus ia ter a liberdade, mas o que veio a ele é o orgulho, a paixão desenfreada e a maldade que nos separa entre si e Deus.

O ser humano rompeu a comunhão com Deus, afastando da intimidade com Ele e assim pecou, trazendo a consequência o pecado que aniquila e diminui o ser humano como pessoa.
No livro do Genesis narra para nós o primeiro pecado de Adão e Eva, pois é uma narrativa do inicio da criação. O contexto vivido é o caos da realidade vivida das pessoas no tempo que foi escrito pelo autor sagrado. Isso nos faz refletir esses acontecimentos como hoje nós podemos pensar e questionar o mal que está no nosso meio. A partir disso podemos dizer que o pecado nos faz frios nos sentimentos humanos, tornamos egoísta e individualista e desse modo praticamos mal que atine a todos, deixando sequelas irreparáveis na nossa sociedade.

Deus não quis o pecado de Adão e de Eva, mas também não quer a realidade do pecado que praticamos. Vimos que a serpente seduziu a mulher e ela fez o homem pecar, apropriando do fruto da arvore proibida e desse desarmonizou a natureza entre si e a comunhão com Deus. Devido a isso se esconde de Deus e ainda se acha nu diante de nova realidade. É uma batalha sem fim e que se prolonga ate aos dias de hoje.

Deus não nos deixa sós e declara uma esperança para a humanidade quando diz: “Então Yahweh Deus determinou à serpente: “Porque fizeste isso, és maldita entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selvagens! Rastejarás sobre o teu próprio ventre, e comerás do pó da terra todos os dias da tua vida. “Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o descendente dela; porquanto, este te ferirá a cabeça, e tu lhe picarás o calcanhar” (Gn 3,14-15).  Agora o Paraiso terrestre é a esperança do céu. (cf. Gn3,9-15)

 Na segunda carta de São Paulo aos coríntios nos fala do interesse dele pela comunidade de Corinto e ainda nos exorta para os motivos que ele sofre com paciência porque está fundamentado na esperança da ressurreição gloriosa, isso é a certeza desse premio vem pela fé que temos em Cristo, a primícia da ressurreição(2 Cor 4,13-5,1) esta certeza é que devemos viver , caminhando com todos para o Reino definitivo que é o céu a onde estaremos com todo e com Deus para sempre.

O evangelista Marcos nos mostra o caminho para lutar contra o mal que é fazer o bem, obedecendo a vontade de Deus e amar a todos. A família de Jesus é todos aqueles que fazem a vontade de Deus que é implantar o reino de justiça, de perdão, de solidariedade e de amor no mundo. Quem é de Deus não provoca a divisão, mas procura a unidade e a paz. O demônio é o autor da discórdia e da desunião. Jesus laje no poder que Deus Pai lhe concedeu, pois Jesus faz a vontade Deus, levando a todos a salvação desejada por Deus, criando um novo mundo sem a escravidão do pecado que aniquila o ser humano na sua dignidade de filho de Deus que foi perdida no Paraiso. Somo chamados a ser a família de Jesus. (Mc 3, 20-35)

Que a liturgia nos ajude a libertar do pecado e ser promotores de um mundo melhor para todos.

Tudo por Jesus nada sem Maria

Jose Benedito Schumann Cunha

A intimidade automática dos apelidos

POR Mara Narciso

A proximidade proporcionada pelas redes sociais assusta aos iniciantes assediados, mas ao mesmo tempo dão aval insuspeitado aos assediadores. A confiança deles vai ao topo. Alguns não entendem que aceitar um desconhecido como amigos em comum para ser contato no Facebook não significa nada, além disso: ser um contato. A impressão de que o outro está ali para receber todo tipo de mensagem ou comentário é um equívoco que pode ter vida curta. Ou não, desde que o assediador não entenda bem o Português. Nesses casos as “carinhas” ajudam na comunicação, mas boa parte dos usuários diz não entender o que significam os emojis. Ninguém é tão incapaz intelectualmente que não entenda esses símbolos. É relativamente fácil deixar clara a distância entre o desejo e a concretização de uma conquista. A intimidade vem devagar, com a conversa, os interesses, as trocas intelectuais. Com aqueles que já se conhecem de outros tempos e locais, pode ser rápida a reaproximação e a descoberta de novas afinidades.

Outra situação desagradável é quando se conhece alguém no mundo real e a pessoa, para forçar uma intimidade que não existe, e poderá não vir a existir, começa a chamar a outra de “apelidozinhos carinhosos”. Entre os muitos princípios que norteiam meu comportamento, existem dois que são pétreos: não emprestar dinheiro e nem chamar as pessoas por apelido, ainda que seja por simpáticos diminutivos ou formas reduzidas do nome. Eu tenho uma sobrinha chamada Maria Fernanda e quatro amigas chamadas Maria Luiza. Eu as chamo de Maria Fernanda e Maria Luiza, nem uma letra a mais, nem a menos. Poucas pessoas são por mim chamadas por apelidos, assim mesmo quando sejam nomes da infância, ou então pessoas que são conhecidas, desde a barriga da mãe, por apelidos. Não se trata de não querer proximidade. Até quero, porém sem chamar por “nicknames”.

Quem é louco por uma maneira reduzida de falar, que me perdoe, mas eu me incomodo de ouvir esses aparentes dengos, a meu ver, infantilizados, como quando se fala apenas a primeira sílaba do nome: Dri, Fê, Ma, Lu, Fá, Lê, Mi e outras letrinhas. Sou chata, mas ouvir os nomes reduzidos é muito chato também. Gente que mal se conhece, adere esse hábito de aproximação. Eu não gosto, e nem mesmo de reduções, como por exemplo, “Nando” para nomear Fernando.

É natural que se siga um grupo em que todos chamam determinada pessoa pelo apelido, nome reduzido e carinhoso, mas, mesmo assim vou contra a corrente. Há casos em que todos chamam de um jeito e eu chamo de outro, e não é para ser diferente, nem por vontade de impor minhas convicções. Ninguém precisa falar como eu falo; apenas eu falar já me é suficiente.  Todos os colegas chamam a minha colega anestesista de “Guida”, mas eu nunca a chamei assim. Só falo Margarida. E isso já tem 44 anos.

Outra coisa antipática é uma pessoa descobrir como namorados ou marido e mulher se chamam na intimidade e começam a repeti-los de forma irritante. No caso, desconfiar e não dar vexame pode ser útil, para evitar o ridículo. Pelo sim, pelo não, melhor chamar pelo nome de batismo, exceto quando é um nome tão feio que a própria pessoa peça para não falar. Isso já me aconteceu, e a pessoa era mais conhecida pelo sobrenome. Quando menina eu era chamada na família por “Liu”. Quem me chamava assim já morreu. E também por “Marusca”. Salvem-me!

Sábado, 09 de junho de 2018

domingo, 3 de junho de 2018

Para sempre, meu heroi!

POR Mara Narciso

Os dados biográficos não dão a menor sinalização do herói que ele foi e da dor que eu sinto, vinte anos e três meses depois da sua morte. Para nós, o dia 31 de maio é algo como o Dia da Pátria, pois era o aniversário do meu querido avô Petronilho Narciso. Nascido em Juramento no ano de 1908, faria hoje 110 anos. Teve vida longa de quase 90 anos e fez muito por nós.

Foi balconista num tempo sem Leis Trabalhistas, ficando de pé do amanhecer até tarde da noite. Depois trabalhou nas Indústrias Paculdino, começando como anotador de peso, chegando a ser gerente e sócio. Lá se aposentou. Nos velhos tempos, passava filmes no Cine Montes Claros, após o expediente na usina e também se fazia bilheteiro.

O escritório era no centro da cidade, no Edifício Ciosa, Praça Dr. Carlos Versiani. Morávamos na Rua Carlos Gomes e Vovô, no intervalo do café, ia nos visitar e nos levar balas de mel. Tinha o costume de lavar as mãos e enxugar com papel higiênico no trabalho, e chegava amassando uma bolinha na mão. Isso despertava a curiosidade nos netos.

Eu não tinha a menor ideia do tanto que ele fazia por nós. Quando o diretor do Colégio Marista São José, Ladislau Figueiredo, chegava à sala de aulas e, diante da turma, lia meu nome e me mandava ir embora por falta de pagamento, no outro dia eu voltava. Vovô dava o dinheiro para a volta. Isso aconteceu muitas vezes. Quando a loja do meu pai “A Parisiense” se fechou, quem pagou os credores foi o meu avô.

A casa de Petronilho Narciso era um paraíso, com seu amplo quintal cheio de frutas, com destaque ao umbuzeiro. Sistemático, de modos firmes, porém empinado, limpo, elegante como um lorde, nunca se sentou num banco de praça, pois tinha a sua maneira peculiar de ser. Minha mãe contava que foi firme demais com os filhos mais velhos, mas com os mais novos e os netos foi carinho. Só me lembro dele de cara boa. Não alterava a voz, nunca me repreendeu. Era de fala agradável, espirituosa, fazia piadas, tinha boa verve, encurralava no diálogo. Era canhoto (herdei dele), e mesmo sendo obrigado a escrever com a mão direita, tinha letra bonita, um verdadeiro escriba.

Sua mãe era enérgica e fria, e os criou, Indalício, 11 anos mais velho que ele, Helena, a do meio e ele, o caçula, com normas rígidas. Filho de Francisco Narciso de Oliveira e Josefina Barbosa de Oliveira, ambos de Mato Verde, a família mudou-se para Bocaiuva, onde estudou. Naquela época em volta de uma mesma mesa, a sala de aulas podia ter crianças dos quatro anos do então chamado Curso Primário. Orgulhoso, Petronilho já foi pra escola sabendo ler, e tendo a sua própria lousa (um pequeno quadro para se escrever a giz). Ainda menino fugiu de casa para ver uma banda de música. Foi severamente castigado por sua mãe, mas a semente da música estava lançada. Com uma vizinha, aprendeu a ler partituras e tocava clarineta numa banda.

Seu grande amigo e mentor, do qual se inspirou para alguns comportamentos foi João Paculdino, admirado e muitas vezes citado. Construiu sua casa de seis quartos perto da Catedral e da usina. Era preciso, para abrigar os onze filhos Maria Josefina - Nininha, Maria Milena, Neusa (falecida criança), Francisco - Chiquito, Pedro, Marlene, Marly, Rosa Clarice, Maria Inez - Dida, Petronilhinho (falecido criança) e Petronilho Júnior. Pioneiro em várias ações teve por hobby a fotografia, e quando comprou para sua casa geladeira e telefone, cujo número era 769, isso era luxo. Pelo número, sabe-se que Montes Claros tinha menos de 1000 aparelhos. Também aprendeu a dirigir automóvel, tirou carteira, mas eu nunca o vi dirigindo. Nas férias, gostava de ir para a Fazendinha Aliança, do seu irmão Indalício, ou para Belo Horizonte, onde se hospedava no centro, no Hotel São Marcos. Foi maçom e frequentou o Lions Clube, coisas misteriosas para nós.

Em casa era muita conversa e, quando minha avó Maria do Rosário - Dona Du, faleceu ele cumpriu bem o papel de centro da família. Todos os finais do dia os filhos, os netos e os bisnetos passavam por sua casa para um lanche e uma boa conversa. Até meu filho hiperativo Fernando era bem recebido, pois Vovô sabia que eu o olhava ombro a ombro, como um zagueiro, e por isso não reclamava de mim.

Hoje, faço reverência e devoto todas as honras ao meu inesquecível avô Petronilho, herói para sempre.

Quinta-feira, 31 de maio de 2018



sábado, 2 de junho de 2018

Mais perguntas que respostas


“Aquele que mexe com a inteligência humana tem, ele mesmo, uma inteligência própria” (Leonardo da Vinci)

Escutar Wesley Safadão é o que? Resolver problemas? Gostar de sertanejo universitário é fazer apologia à sofrência permanente? Cocaína e crack destroem mais que obras da Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016 ou dão coragem às pessoas para prestigiarem os eventos multinacionais da Indústria Cultural?

É proibido prostituir o espaço público com o privado? É conveniente a desigualdade social no capitalismo? Por que o mercado paralelo do tráfico de drogas do Estado Democrático de Direito movimenta tanto dinheiro?

Se nos oferecem produtos políticos menos piores que os outros, por que esperar que os adolescentes não recorram às drogas (cocaína para o rico e crack para o pobre)?

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A sociabilização se dá na sociedade capitalista em espaços cada vez mais privados, sobretudo aquela que desenvolva a verdadeira amizade, amor e humanidade. Veja nas escolas e faculdades como os grupos se formam cada vez menores. O intimismo implícito nas relações sociais capitalistas faz com que o ser humano se sinta envergonhado.

A própria estrutura arquitetônica das cidades urbanizadas impede maneiras de sociabilização mais coletivas e com maior adesão de pessoas, caso não sejam manipuladas massificamente pela mídia. A disciplina pelo trabalho faz com que o ser humano se interiorize e não exteriorize suas opiniões, angústias e desprazeres com a vida.

Daí a dificuldade de se reunir e realizar protestos sociais realmente puros e imunes à infiltração de partidos políticos, movimentos e demais organizações lucrativas da sociedade dita civilizada.    

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O sonho das pessoas de realizar seus desejos mais íntimos as faz quebrar barreiras inimagináveis no mundo contemporâneo. Como a sociedade capitalista é altamente espetaculosa e fetichizada, a distância entre a realidade e a fantasia quase não existe hoje em dia. O cotidiano se torna surreal por causa da luta de cada um e de todos por melhores condições de sobrevivência material.

Quando o estômago grita com fome, não há alguém que o socorra. Mas quando procuramos suprir desejos fúteis, o mercado até limpa o nome do sujeito na praça para que ele possa se endividar mais e solicitar infinitos empréstimos. Moradia, saúde, alimentação são projetos secundários perto dos desejos fantasiosos gerados pelas novas tecnologias das comunicações burguesas.

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Mulher do Ano 2000

A mulher do Ano 2000 completa 17 anos.

Em 2010, tivemos a primeira mulher eleita para a Presidência do Brasil: Dilma Rousseff. Na verdade, ela foi mais imposta pelo seu antecessor, Luís Inácio Lula da Silva, do que aclamada pela população. Não possuía nenhuma das características da tradicional mulher brasileira. Era de aparência séria e carrancuda.

Casou-se e divorciou-se, apesar de o divórcio estar presente entre nós desde a década de 1970. Colaborou com a luta contra a Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1985). Derrotou um mineiro nas eleições presidenciais, apesar de também ser mineira. Foi dura a disputa, mas venceu. A vitória seria cobrada seis anos depois com a punição por dar pedaladas fiscais para auxiliar antigos parceiros, como o agronegócio e programas sociais de governo. Perdoar dívidas de latifundiários é medida recorrente na história nacional.

Assumiu no lugar dela, em 2016, após um impeachment que mais parecia um espetáculo circense, Michel Temer, do eterno governista PMDB, casado com a loira Marcela e pai de Michelzinho. Derruba todos os direitos conquistados pelos trabalhadores de 1930 a 1964.

Antes de completar a maioridade penal, a mulher do ano 2000 observa o estupro coletivo de direitos.      

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A sociedade capitalista, com sua ideologia implícita no ser humano, sabe moldar os movimentos sociais a seu bel prazer. O Dia dos Namorados não é mais endossado para o homem e a mulher que se amam, porém é propagandeado para aqueles que se amam.

12/06/2017

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Os banheiros públicos do século XXI deveriam mudar. Há espaço para o masculino, o feminino e o deficiente físico. Ainda não construímos a coluna do meio, apesar de o meio ser uma constante no mundo político, econômico e social. Nunca concordamos com nada. Quente, frio ou morno? Se morno, vamos lhe vomitar. 

Contudo, é sempre o morno que rege a sociedade capitalista. Ela não consegue ser mais do que isso: nem quente, nem fria, simplesmente morna, tanto faz. Homem, mulher, homossexual, bissexual, transgêneros, negros, brancos: todos não são seres humanos?
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Produção de problemas e não de soluções

Ele contou para o amigo que bateu o carro. O amigo nem lhe prestou alguma sensibilidade pelo ocorrido. Apenas mencionou que também já havia sofrido um acidente de automóvel. A vida é assim mesmo. Experiências repetidas e extasiantes que não levam a nada, mas todos temos que vivenciá-las para saber como que é.

Já notou como olham para aquele cara solteiro, de vida boa, sem família para criar, sem cartão de crédito para pagar? Viver com problemas se tornou tão comum que aqueles que gostam dos fatos bem resolvidos se tornam alvos fáceis da vingança e da inveja alheia.

Estaria eu na Terceira Idade? Desempregado? De novo? Dispor de tanto tempo livre quando o tempo é trabalho e pouco dinheiro para o assalariado, quando o ócio é visto como tédio nas relações da sociedade capitalista do século XXI?
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Há sim uma ruptura entre o público e o privado. Costumo dizer que o privado engoliu o público. Talvez a escandalosa e criminosa privatização da Estação Ferroviária Central do Brasil (EFCB) em 1996 tenha sido a principal responsável por romper e destruir o espaço público no Brasil.

Não é uma inovação esse drástico rompimento. É uma castração do tecido social brasileiro. Romper essa barreira é prática perniciosa. O público é protegido como se fosse espaço privado com suas câmeras de vigilância, grades e guardas noturnos.   

João Renato Diniz Pinto

Texto produzido em 2017 ao mesmo tempo em que fazia a leitura do livro “Amor e Sexualidade: a resolução dos preconceitos”, São Paulo: Editora Gente, 2ª Edição, uma coletânea de artigos de autores como José Otávio Fagundes, Albertina Duarte Takiuti, Sylvia Cavasin e Lídia Rosemberg Aratangi.

A maldição do pré-sal

A maldição do pré-sal
Único resultado concreto desse plano foi a quase falência da Petrobras




2.jun.2018 às 2h00

 EDIÇÃO IMPRESSA



A descoberta do pré-sal se revelou uma catástrofe. A megalomania do maior plano de investimentos da história da indústria de petróleo é parte da crise atual. Afinal, o único resultado concreto desse plano foi a quase falência da Petrobras e a substituição de parte da sua produção em declínio, a um custo astronômico.

Em 2005, o lucro operacional da empresa foi de R$ 38,5 bilhões, em dinheiro da época. No ano passado, foi de R$ 35 bilhões, bem menor que seu custo de capital.


Plataforma da Petrobras em Itaguaí que explora a camada pré-sal, no Rio de Janeiro - AFP
A Petrobras é hoje uma empresa de tecnologia de dívidas profundas. São três os motivos pelos quais estaríamos melhor sem o pré-sal: ecológicos, éticos e de eficiência.

Durante anos, os relatórios da empresa comparavam a Petrobras a Exxon, Shell e BP, ignorando as suas verdadeiras referências: Sonangol (Angola), Pemex (México) e PDVSA (Venezuela).

Dentro da empresa, era comum achar que Exxon e Shell não teriam futuro, pois só a Petrobras teria reservas. O plano era "ser uma das cinco maiores empresas integradas de energia do mundo". Os devaneios não estavam somente lá.

Durante o governo Dilma Rousseff, estive com diversas empresas no Amazonas, e algumas estavam aumentando as frotas de caminhões, mesmo sem ver nisso uma grande oportunidade. Afinal, em 2012 o governo decidiu reduzir os juros da linha PSI- Finame, do BNDES, para módicos 2,5% ao ano para a compra de veículos pesados.

Vale lembrar que a inflação fechou o ano em 5,84%. Impossível resistir quando o governo suga recursos de toda a sociedade para "premiar" as empresas do seu setor. A exploração do pré-sal é um desastre ambiental, direto e indireto. Os péssimos controles internos e externos permitiram que recursos vultuosos fossem parar nas mãos de corruptos, dentro e fora da empresa.

Além disso, é fundamentalmente ineficiente, sem nenhum lucro econômico, e ainda diminuiu a competitividade relativa da indústria sucroalcooleira e outras energias renováveis.

Os investimentos no pré-sal e o novo-desenvolvimentismo resultaram num retrocesso institucional. Simplesmente não temos maturidade para desenhar políticas industriais decentes. O ideal seria a empresa fazer somente os investimentos básicos para explorar os poços muito viáveis e se planejar para em 30 a 40 anos não mais existir.

A transição para um modelo de sociedade sustentável não vai se fazer tendo como base a busca pelo aumento da indústria petrolífera. Não somos a Noruega, não temos capacidade de gerir eficientemente uma empresa pública com indicadores sólidos de governança e o equilíbrio entre objetivos públicos e privados.

O petróleo não é nosso, nem das multinacionais. Achar que o pré-sal iria alavancar a posição geopolítica do país chega a ser piada: "Olhs lá, palhaços cucarachas corruptos querem pagar caro pra brincar no joguinho de Opep? Vamos rapar os otários".

Quando você é o pato na mesa, não adianta culpar os outros. A megalomania da e para a Petrobras limitou o crescimento de energias alternativas no país.

A princípio, haveria espaço para uma pujante empresa de petróleo enquanto o país faria sua transição para energias renováveis. Mas não temos governança escandinava.

Importar petróleo é bom --nos faz investir em mais eficiência. Ruim é ouvir o discurso arranhado de que o petróleo tem que ser nosso para preservar interesses nacionais.

Pior mesmo é subsidiar gasolina, um completo absurdo. Pelo visto, nossa incapacidade de aprender com erros passados continua intacta.

Rodrigo Zeidan
Economista, é professor da New York University Shangai, na China, e da Fundação Dom Cabral, no Brasil.

fonte: www.uol.com.br