ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

domingo, 31 de março de 2019

Josecé, por ele mesmo

POR Mara Narciso, médica-endocrinologista e jornalista

José Ferreira dos Santos, baiano de Bem Bom, depois nomeada Casa Nova, e Maria Helena tiveram nove filhos: Josenaldo, Josevilson, Joseval, Josemir, Josenor, Josedilson, Josemar e Josecé, quatro baianos e quatro mineiros. O nono morreu pequeno.  Josecé é de Juazeiro, nascido em 11 de outubro de 1950, e, quando seu pai, um timoneiro de gaiolas no Rio São Francisco, se mudou com a família para Pirapora, tinha dois anos. Motivo: a sede da Companhia do Vale do São Francisco foi deslocada para lá. Eram 36 vapores, se cruzando pelo caminho do rio e agora resta um: Benjamim Guimarães. Acompanhou seu pai nas viagens, e o espírito do rio entrou em seu sangue, assim, passou a vida participando de reuniões e ações para revitalizar o rio.

Josecé Alves dos Santos fez um ano de medicina em Recife, mas não era vocacionado, daí foi morar em Montes Claros, se formou em economia e trabalhou na prefeitura. Sua veia poética determinou, e, nos 35 anos de serviço, voltou-se para projetos populares artísticos e culturais.



Contido, sentiu-se constrangido em citar seus feitos. É que fora convocado a falar, como sócio efetivo, sobre sua Literatura de Cordel, e para justificar sua arte, seria preciso falar de si. Foi numa reunião do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, entidade que registra a história da região há 12 anos. Num pequeno pátio da sede, à Rua Coronel Celestino 140, onde estavam expostos seus cordéis, livros, CD e LP, Josecé falou para cerca de 30 associados.

Trabalhou na cultura, produzindo e fomentando na área de composição musical, canto, grupos de música regional, seresta, cordel, repente, bateria, carnaval, associação de moradores, construção do templo, plantio de árvores, educação ambiental de crianças, cerimonial, festas, buscando recursos junto às autoridades.

É um vencedor corajoso, brigão, coerente, e fez muitos amigos. Tem alguns desafetos, pois, quem produz desperta disputas e ciúmes. De estopim curto, quando vê que não dá para ganhar prefere sair de cena. A julgar pela sua popularidade (chegou a ser candidato a vereador, com boa votação), conhecidíssimo e reconhecido pelos trabalhos prestados, mantém-se firme em qualquer temporal, sem desistir dos seus ideais e princípios.

Confiável, foi presidente da Associação dos Moradores do Bairro Morada do Parque, assim como sua esposa Leonora, realizando melhoras e manutenção do bairro, além de festas e a semanal Feirinha Namorada, com barraquinhas, shows, artesanato, guloseimas e hortifrutigranjeiros. Acabam de entregar a Associação a um grupo idôneo e com caixa saneado.

Casado há 32 anos com Leonora Aparecida Barbosa, tem nela, nos filhos Mateus e Nayanne e na neta Maria Helena, suas paixões, seguidos pelo Rio São Francisco, seu motor de vida. Faz versos todos os dias para o amado rio, e fica irado em ver pessoas do eixo Rio-São Paulo ir embonecadas a reuniões para salvar o rio, sem ter intimidade com ele, sem saber dos problemas locais. Saía no meio dos encontros, que não iriam dar em nada, como de fato não deram.

Compositor de alta produção faz muita letra e música. Lançou seu 1º CD “Rio e Sonhos” só sobre o Rio São Francisco, sendo que, uma delas, “O Gaiola”, composta há mais de 40 anos, foi gravada por Marcos Assunção e é tocada em todo o país. Participou do Grupo Agreste e fundou o Grupo Aroeira. Criou há 30 anos o Grupo de Serestas Namorados da Lua, que permanece ativo.

Há mais de trinta anos criou o PROMEMOC - Projeto de Memória de Montes Claros, entrevistando grandes vultos culturais da cidade. Gravou em videocassete entrevistas com próceres da cultura montes-clarense. Foi trabalhoso digitalizar em DVD todo o acervo, e o doaria à UNIMONTES, mas se aborreceu com o desinteresse. Procura um destino para essas preciosidades.

Combativo, faz denúncias, e suas atitudes, muito políticas, não são ligadas a ideologias ou partidos, mas em pessoas que naquele momento ganham sua confiança. Pensa que os adultos estão impregnados por convicções pétreas, e por isso investe nas crianças. Elas gostam de aprender a fazer cordel, que tem esse nome por ficar dependurado num barbante, o que facilita a visão e a comercialização. Não concorda de que seja uma subliteratura. Entende que a rima, o ritmo, a métrica, a temática são vivos e têm valor.

Participou da criação do 1º Carnamontes - Carnaval de Montes Claros, e, a despeito dos embates, reconhece quem merece tal reconhecimento, por exemplo, Ildeu Braúna, homenageado por Josecé, que destacou seu valor musical, até por uma questão de justiça, na 28ª Festa Nacional do Pequi.

Foi quem primeiro deu oportunidade a Zé Côco do Riachão. Criou e foi presidente da Associação de Repentistas do Norte de Minas. Idealizou e foi locutor do Programa Nossa Arte Nossa Gente, na Rádio Unimontes, que durou 14 anos. Estava voltado para a produção musical regional, dando oportunidade a todos. Gosta de trabalhar com arte sem visar lucro, em grupo e pelo grupo, e não faz coisa alguma apenas para si. Produziu três CD com participantes do programa, e ficou entristecido com o seu fim.

Nos primórdios do PT, na 1ª visita de Lula a Montes Claros, Josecé o hospedou em sua casa. Mas também conheceu e foi reconhecido por José de Alencar, e uma vez, em Brasília estando o vice-presidente da república numa reunião com os capas-pretas do governo, foi-lhe entregar um trabalho encomendado por ele. O porteiro assegurou que seria impossível. Após insistência, o funcionário passou o recado, e José de Alencar, que estava com Lula, foi até a portaria receber a encomenda. Quando foi lhe apresentar Lula, o próprio lhe reconheceu.

Mesmo conhecendo o personagem há 30 anos - agosto de 1989 -, vi pela fresta das palavras revelações surpreendentes de dons suspeitados e então confirmados nessa pessoa realizadora.

Domingo, 31 de março de 2019

sexta-feira, 29 de março de 2019

Nós apareceremos com Deus se formos misericordiosos com os outros


Nós apareceremos com Deus se formos misericordiosos com os outros

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Queridos irmãos e irmãs, estamos no quarto Domingo da Quaresma, o Domingo Laetare.  Esse domingo é um convite para nós buscarmos a reconciliação

As leituras bíblicas nos mostraram qual caminho que se chega a reconciliação. Temos um Deus misericordioso para com seu Povo Israel, um filho arrependido que volta a casa paterno e é recebido pelo pai de braços abertos. A nossa resposta é celebrar o dom gratuito de Deus e ainda reconhecer que temos pecados e que devemos arrepender deles para voltar plenamente a Deus. Sabemos que é preciso reconhecer que erramos, mas quem nos reconcilia com Deus é Jesus Cristo. Deus envia o seu filho para ser a ponte de reconciliação da humanidade com Deus Pai.

No livro de Josué vemos Israel celebrando a primeira vez a Pascoa na terra Prometida. Deus é fiel e cumpriu a sua promessa da libertação do povo e ainda dando posse a eles  da nova terra a onde terão a verdadeira liberdade. O sinal de pertença será a circuncisão. É a forma de pertença e de aliança com Deus libertador. Agora todos podem celebrar essa vida nova em terra que será a sua casa fora da servidão. (cf. Jos 5,9a.10-12)

Assim como o povo passou pelo deserto, buscando a liberdade e chegou a terra prometida, nós fazemos esse caminho também para poder celebrar a verdadeira Pascoa que nos liberta do pecado e nos faz homem novo.

Na carta de são Paulo aos Coríntios, Paulo dá uma valor a misericórdia de Deus que nos foi dada em Cristo e é por isso que devemos deixar-nos reconciliar com Ele, buscando uma vida nova. Essa reconciliação se faz com reconciliação com os nossos irmãos de caminhada. Não podemos estar em briga ou litígio com os irmãos, mas ser próximo de todos e amando mutuamente. (cf. 2Cor 5,17-21)

No evangelho de Lucas nos apresenta três parábolas: a moeda e a ovelha perdia e o Filho Pródigo. Todas elas nos falam que devemos não conformar com a perda do bem precioso, mas procurar recuperá-lo. Os escribas e fariseus não concordavam que Jesus desse atenção aos marginalizados e desprezados da sociedade e que devia dar atenção aos privilegiados que eram eles, mas Jesus não faz isso porque Ele quer recuperar os que estão caídos.

Hoje devemos fazer tudo para que os que estão na miséria, na doença, na pobreza, no desemprego, na fome e na escravidão dos vícios e do pecado, voltarem a Deus, dando a eles a oportunidade do retorno com a graça da reconciliação consigo, com os outros e com Deus. . (cf. Lc 15,1-3.11-32)

Assim a sociedade caminha para uma cultura de vida e não de morte. Que as politicas publicas possam incluir os desvalidos de nossa sociedade e que venham iniciativas para exterminar no meio de nós a violência, a fome e o desemprego.

Que esta liturgia nos ajude a sermos homens novos, reconciliado com todos e com Deus. Amém

Tudo por Jesus nada sem Maria!!!

Bacharel em Teologia José Benedito Schumann Cunha

segunda-feira, 25 de março de 2019

“É preciso ter fé na vida” (Milton Nascimento)

POR Mara Narciso, médica-endocrinologista e jornalista

Quanto mais fé melhor. Porém, o batalhão de céticos aumenta. Enquanto os ingênuos vão caindo em contos do vigário, outros desconfiam de tudo. Links suspeitos de ser um Cavalo de Tróia, os antigos vírus fatais, que invadiam o computador e destruíam o disco rígido, são clicados por quem não resiste a uma oferta de rendimento ou vantagem. Ou, inocente, acredita que ganhou um prêmio, mesmo sem ter se inscrito em nenhum concurso, recebendo por telefone a informação de ter ganhado um milhão, mas que, para recebê-lo precisa transferir meio milhão como pedágio. O tolo chega a se endividar para atender ao estelionatário. Foi-se o tempo em que os incautos caíam na conversa do vilão vendedor de lotes na lua. Agora, meliantes ousados, usam argumentos e meios sofisticados, enquanto seus lucros se multiplicam.

Há quem acredite em qualquer um, especialmente se tiver boa aparência, que, no Brasil, significa pessoa de pele clara, cabelo liso, jovem, magra, bonita e bem vestida, que, por essas credenciais, serão dignas de credibilidade. Gente conhecida pela internet ganha crédito total. Falaram-se uma meia dúzia de vezes sem nunca terem se visto pessoalmente, as referências recebidas foram dadas pela própria pessoa, e, a partir daí as portas da casa e do coração estão abertos e a confiança é completa. Após se verem cara a cara, acontece o golpe com inexplicável entrega de cartões e senhas, além do convite para se hospedar na residência. Esse comportamento de risco não é raro.

Na internet há várias ofertas de curas milagrosas, usando-se a mesma estratégia do homem da cobra. Antigamente, um homem bem falante se postava numa esquina movimentada qualquer, e, para vender remédios, vidros com determinada beberagem, falava tanto, que espumava pelos cantos da boca. Aos seus pés ficava uma mala fechada e a promessa de abri-la para mostrar seu conteúdo: uma cobra. Por mais apressada que a pessoa estivesse, não resistiria e pararia para ouvir as promessas daquele medicamento que cura tudo, não conseguindo ir embora antes da abertura da tal mala. Por sua vez, a rede promete curas para doenças que a ciência, até o momento, considera distantes, e lá está um site, com mensagem aberta durante vários minutos, oferecendo um chá ou assemelhado, para de repente se fechar e fazer uma cobrança exorbitante, para a qual não se terá nenhuma garantia, caso se decida pagar para ver. Existe esse tipo de negócio, porque há quem pague por ele.

Tratamentos ditos ineficazes pela ciência são difundidos pelos meios de comunicação, angariando adeptos a cada dia, e os novos aficionados nem aceitam discutir as mentirosas promessas do tratamento. Engrossam o pelotão de testemunhas oculares, ditas beneficiadas pelos métodos que, muitas vezes não são apenas desacreditados, mas contra-indicados por oferecerem riscos à saúde. Tais depoimentos equivocados seguem inchando os bolsos dos garotos-propaganda, que arregimentam batalhões com alegadas melhoras. Muito já deu o que falar a auto-hemoterapia, que recomenda tirar cinco a dez ml de sangue na veia e injetá-lo no músculo da mesma pessoa, a cada semana. Os adeptos ficam furiosos com o descrédito dos médicos, e até mesmo da proibição desse tipo de terapêutica, considerada uma infração sanitária e contam que muitos dos seus sintomas desapareceram com esse tratamento.

Sendo a sensação de cura uma questão de convicção, fica mais fácil entender, que, da mesma maneira que o medo de uma doença grave diante de um sintoma sugestivo faça aumentar o referido indício, a crença de que aquilo seja um remédio para todos os males tem o efeito similar em sentido oposto: efeito placebo. Pode parecer absurdo, mas uma mulher afirma que, estando com fome, mesmo sem alimento, sobe no telhado da casa e sua fome passa. Sim, e há também quem se alimente de luz ou de vento e se sinta igualmente saciado. A fé é assim. 

Domingo, 24 de março de 2019

sábado, 23 de março de 2019

Onde Deus se encontra, a terra é santa



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Queridos irmãos e irmãs, estamos celebrando o 3º Domingo da Quaresma. Esse domingo nos convida a conversão, que é mudar de rumo e ir para Deus com a vida e coração renovado. Como que isso acontece na nossa vida? A resposta vai ser nos frutos das nossas ações que são: amor que se espalha no nossos gestos no mundo, na paz que produzimos com a nossa presença e justiça que faz acontecer o bem para todos.

Sabemos que é difícil esse processo, pois a conversão é um processo longo, continuo porque é preciso desligar de muitas coisas que atrapalham que sejamos livres. A libertação é necessária para que possamos agir e viver o bem que transforma a nossa vida e a dos outros. Devemos pensar que a onde Deus está a terra é sagrada.

No livro do Êxodo, temos a narração da conversão de Moisés. Vimos que Deus manifestou primeiro dizendo numa sarça ardente de fogo que não a consumia e manda Moisés tirar a sandálias. Esse gesto de tirar a sandália seria não ficar nenhum resíduo do passado do Egito para poder ser um libertador eficaz. A grandeza de Moisés não parte dele mas de Deus e desse modo Deus confia a ele a missão de libertar o seu povo escravo no Egito. Vai ser uma marcha pelo deserto.

Sabemos que o deserto é o longo tempo e lugar de fazer mudança. Foi um tempo de purificação das crendices e religiões pagãs que eles foram influenciados para uma religião pura para poder entrar na terra prometida. A Quaresma é esse temo longo e de conversão a Deus que tudo é. Como foi outrora no deserto até entrar na terra prometida, agora nós fazemos o caminho da quaresma através da oração, da penitência e jejum para celebrar a Pascoa do Senhor até a nossa Pascoa definitiva. Temos que converter diariamente, libertando do egoísmo que escraviza e do pecado que nos aniquila para tomar posse do Reino de Deus aqui até a eternidade (cf Ex 3,1-8.13-15)

Na primeira carta aos Coríntios, São Paulo nos convida a recordar os fatos extraordinários que Deus realizou ao seu povo no deserto até a terra prometida. Ainda nos adverte para a falsa segurança da religiões fáceis do povo que estava escravizado. Deus deu a todos o pão, o Maná que veio do céu e a água do rochedo, isso é o alimento e bebida espiritual.

Hoje temos a eucaristia com vinho consagrado que são pão que é Cristo e o vinho que é sangue de Cristo. Mas nem todos aceitaram e assumiram a Aliança que Deus fez com seu povo, eles ficaram pelo caminho no deserto e não entraram na terra prometida. E hoje muitos não se comprometem a com a Igreja e com o projeto do Reino que deve ser construído entre nós. Deus nos convida a convertemos e fazer uma aliança de amor com Ele, mas infelizmente muitos querem uma religião fácil e sem compromisso com os mais fracos, doente, pobres e marginalizados no mundo devido a injustiça imposta pelos poderosos do nosso tempo. ( cf. 1Cor 10, 1-6.1-12)

O evangelista Lucas nos exorta para a conversão de vida e mudança de rumo. Estamos diante de dois fatos: uma a matança promovida por Pilatos e outra a queda da Torre de Siloé. São fatos terríveis daquela época como hoje nos deparamos com mortes violentas, atentados, a indiferença com os marginalizados nos vícios e miséria. Jesus alerta se não convertemos e mudamos o nosso modo de ser, isso vaia acontecer conosco como diz Jesus: "Se vocês não se converterem, morrerão todos do mesmo modo..." e Jesus ainda nos alerta o que aconteceu naqueles episódios não é castigos, mas um alerta para a conversão deles e também a nós que devemos mudar o nosso coração de pedra para um coração sensível para com os sofrimentos e dores do nosso povo.

A parábola do figueira estéril que não produz o fruto no tempo deseja e que pode ser destruída, mas foi dado mais um tempo para aquela figueira seja revigorada com atitudes na terra para que ela produza os frutos que são exigidos dela, mas a paciência de Deus tem limite e a bondade também. Deus espera de nós mudança, faz apelo a nosso conversão a Ele e que seja visível no nosso agir no mundo. Devemos ser pessoas novas que praticam o bem, a justiça, o perdão e misericórdia. (cf. Lc 13,1-9)

Que esta liturgia nos ajude a tomar consciência e mudar de vida para que a Pascoa seja uma realidade entre nós.

Tudo por Jesus nada sem Maria!!!

segunda-feira, 18 de março de 2019

Simone em uma palavra

POR Mara Narciso, médica-endocrinologista e jornalista

No Dia das Mães, Simone Narciso Lessa nasceu em Montes Claros, sendo a primeira filha de Edmar Rocha Lessa e Marly Narciso Lessa. Era domingo, 12 de maio de 1963. Já entrou na vida vencendo a morte, pois, aos seis meses, teve encefalite. É morena de cabelos lisos cor de mel e olhos castanhos. Com os três irmãos passava dias na fazenda dos pais, onde nadava em rio e andava a cavalo. Teve infância com mudanças de cidade. Moraram em Petrópolis e o começo da adolescência foi na Praia da Pituba em Salvador.

Em resposta ao estilo repressor do pai, ela era uma espécie de “contrarreforma”. Com 14 anos tomou uns calmantes e saiu de carro com a mãe. Ficando sozinha, e vendo a chave no painel, decidiu colocar o veículo em movimento, andou um pouco, mas não deu certo. Subiram no passeio e se apagaram o carro e ela. Um ano depois, para horror da família, teve um encontro amoroso com o namorado, que, mesmo com sua confirmação do que tinha acontecido, a levou a Belo Horizonte para um “corpo de delito”. Em seguida, Simone pediu para estudar num colégio de freiras em Diamantina. Depois estudou no Colégio Marista São José e quis fazer Faculdade de História. Seu pai, dono de uma rede de hotéis, achava o curso sem importância e foi contra.

Simone não é mulher de seguir roteiros pré-estabelecidos. Mudou-se para Belo Horizonte, passou no vestibular de História da UFMG e lá se estabeleceu, com pequena ajuda familiar. Formou-se em 1985, ocasião em que seu pai sofreu um grave acidente de carro. Ainda hoje, segue o estilo hippie, lê e estuda muito, e por isso mesmo, nada doma o seu livre pensar. Ama várias coisas, entre elas, água, plantas, bichos e livros. Escandalizou Milena, sua tia, quando, depois do almoço, numa república com a prima Carla, foi dormir de portas abertas com um amigo. Tia e sobrinha bateram boca, fruto do grau de moralismo da época. Isso em nada alterava o modo libertário e questionador de Simone, que não seguia regra, sem antes contestá-la.

Chegou a morar com Hélio Salles Gentil, em Uberlândia. Também morou no Rio e no Mato Grosso. Finda a faculdade, trabalhou em Montes Claros, para depois fazer mestrado na UNICAMP, onde fez carreira como estudante e como professora. Sua dissertação de mestrado, defendida em 1993, foi sobre a Estrada de Ferro no norte de Minas. Casou-se com Hélio Sôlha em 1989, e em 1994 nasceu seu filho Luís, hoje com 24 anos. Em certa época morava em Campinas numa casa fora da cidade com um grande canil. Fazia doutorado, deu um intervalo e foi trabalhar como Diretora de Planejamento Ambiental e Educação Ambiental na Prefeitura de Campinas. Defendeu o doutorado em 2001.

Foi velejadora e mergulhadora, nada muito bem, e tem paixão pelo mar. Estudou fundo Inglês e Francês e passou toda a sua vida transformando pessoas e o mundo ao seu redor. Deu aulas em várias universidades do país, porém sem abandonar suas raízes e bases. Sua ideologia política à esquerda a guia todo o tempo. Separou-se em 1999. Fez pós-doutorado em Saneamento e Ambiente pela Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp em 2006. Então, recebeu uma proposta da Unimontes para implantar o seu PPGDS - Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social e o PPGH - Programa de Pós-Graduação em História, mestrado de doutorado. Em Montes Claros atuou na Prefeitura como Diretora de Planejamento no governo de Athos Avelino Pereira. Sua formação a autoriza a atuar nas áreas de território e territorialidades, municípios e as cidades, urbano e urbanidades, Planejamento e Ordenamento Territorial, Patrimônio Cultural e Identidade. É professora admirada e seus ex-alunos a adoram.

Nunca agiu com presunção, seja pelo alto nível intelectual, seja pela situação econômica. Casou-se em 2006, com João Paulo Gonçalves Queiroz e juntos foram pais pela via da adoção de duas crianças recém-nascidas, João Gabriel e Samuel, hoje com oito e cinco anos. O amor dos filhos a faz viver, pois, sem ser tabagista, em 2014 manifestou um câncer no pulmão, que não pôde ser operado, assim, está há dois anos e meio em tratamento quimioterápico. Nesta semana, Simone teve uma pneumonia que a levou ao CTI em Niterói, lugar onde está morando desde 2016. Luiz, seu primogênito, faz Faculdade de Estudos de Cultura e Mídias na Universidade Federal Fluminense. Todos ficaram felizes com a recuperação dessa mulher notável, com zero preconceito e mil coragens, e uma palavra que a resume: Amor.

Domingo, 17 de março de 2019

domingo, 17 de março de 2019

No Tabor manifestou a gloria de Jesus para a humanidade


No Tabor manifestou a  gloria de Jesus para a humanidade

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Queridos irmãos e irmãs, estamos celebrando hoje o 2º domingo da Quaresma.
A Liturgia desse domingo nos convida a subir no Monte Tabor para crescer a nossa fé em Jesus Cristo, o salvador da humanidade que está caída no egoísmo, no desprezo e no ódio.

A quaresma é a oportunidade de nós transfiguramos em Cristo para que possamos criar em nós um coração misericordioso e generoso aos que mais sofrem na nossa sociedade que são os pobres, desempregados, os que estão mergulhados nos vícios e não tem coragem de sair dessa situação de miséria humana. Se não houver uma política pública de saúde e de caridade das instituições serão difíceis saírem dessa situação de não vida e que devem ser urgente resolvidas. Tem que persistir na paciência e zelo, principalmente na oração para que eles se libertem dessa horrível escravidão.

O monte Tabor ó o lugar em que os amigos de Jesus encontra a coragem e a força necessária para enfrentar a hora da cruz que Jesus enfrentará.
A liturgia bíblica desse domingo nos orienta para a nossa transfiguração, pois não podemos continuar na imagem do homem velho mergulhado no pecado, mas devemos transformar no homem novo que a ressurreição de Jesus produz em nós.

Abraão é um homem de fé, mas velho e sem filhos, sem a terra , tornando-se aparentemente um fracasso. Nesse contexto Deus garante uma promessa de posse de uma grande terra e ainda uma descendência numerosa. Como ele era u homem temente a Deus, crê nessa promessa e parte. Confia plena nos desígnios de Deus. Deus é sempre fiel. E nós sabemos que isso se concretizou, hoje mais do que nunca devemos acreditar que Deus pode mudar essa realidade triste que vivemos. Estamos sociedade com milhões de desempregados, uma sociedade silenciosa na fome, na miséria material e humana, mas podemos com a graça de Deus mudar essa situação. (cf. Gn 15,5-12.17-18)

Na carta de São aos Filipense, São Paulo mostra para todos nós a importância da fé na transfiguração da pessoas da comunidade, apesar de ver a miséria do pecado que ele condenava na comunidade. Mesmo vendo no corpo ou no modo do agir mau, Deus pode mudar esta realidade de pecado em nós, como diz São Paulo:  "Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorificado".

Sabemos que a mudança de nossa vida e das pessoas é um processo continuo, corajoso e confiança no Deus que transforma a nossa realidade morte e pecado para uma nova realidade de vida e graça. Aquilo que é impossível mudar aos nossos olhos, Deus age no íntimo de todo aquele que está mergulhado na humilhação do pecado, da miséria e dos vícios que aniquilam a imagem de Deus que está em cada um. Deus muda tudo quando deixamos Ele penetrar em nossas vidas. Precisamos converter todos os dias e purificar a nossa mente para ver o rosto de Cristo nesses que estão marginalizado na sociedade atual (cf. Fl 3,17-4,1)

O evangelista Lucas apresenta o episódio da Transfiguração do Senhor. Jesus esta a caminho de Jerusalém, lá vai acontecer o maior holocausto do mundo. O senhor da vida ia ser humilhado, machucado, crucificado, mas por fim seria glorificado por  Deus Pai, trazendo a sua ressurreição gloriosa .

Os apóstolos estavam abatidos e decepcionados com anuncio da Paixão que Jesus tinha falado a eles, mas nesse contexto Jesus leva os três para o Monte Tabor para orar e se transfigura diante deles, mostrando a eles que Jesus é de natureza humana e também é de natureza divina. Eles estavam cansados, adormeceram, mas despertaram e testemunharam Jesus transfigurado falando com Moisés e Elias. Esses são os personagens do antigo testamento que nos leva a lei e os profetas que davam testemunho de Cristo e Jesus estava no centro deles.

Naquela maravilha de visão, Deus fala nas nuvens, para que eles ouvissem Jesus. A alegria dessa visão magnifica, Pedro diz vamos fazer três tendas, uma para ti Jesus e duas para Elias e Moises. Tenda é sinal da morada do bem entre nós. Mas Jesus os exorta dizendo, vamos para a superfície e caminhar para a Jerusalém. Lá é o lugar da plena glorificação de Jesus ainda a nossa liberdade e salvação que Jesus traz a cada um de nós. (cf. Lc 9,28b-36)

Sabemos que a montanha é um lugar sagrado aonde Deus fala ao seu povo, hoje precisamos encontrar as novas montanhas nesse mundo cheios de ondar e confusão, para encontrar Deus e vemos o que Ele quer de cada um de nós. A descida da montanha os enche de energia para enfrentar o tempo de contradição de maldade e de injustiça que vão ser feitas com Jesus.

Queridos irmãos e irmãs que esta liturgia nos ajude a criar em nós um novo coração que possamos mudar a realidade em que vivemos. Não podemos ficar sô na escuta da palavra, mas que sejamos a Igreja de saída, de resgate e de mudança da cultura de morte para cultura de vida. amém.

Tudo por Jesus nada sem Maria

Bacharel em Teologia Jose Benedito Schumann Cunha

domingo, 10 de março de 2019

A Toca e o privilégio

POR Mara Narciso, médica-endocrinologista e jornalista

Georgino Jorge de Souza Júnior recebia minha admiração à distância e já seguíamos um ao outro no Facebook. Em junho eu o vi de perto, assim como à sua esposa Maria Cléo Mendes, na Feirinha do Bairro Morada do Parque. Sentamo-nos à mesma mesa, conversamos, e na sequência, me tornei contato também de Maria Cléo. Tudo parecia bem, mas daí a pouco, no dia 13 de outubro, Georgino Júnior morre de uma doença galopante. Susto enorme e, quanto ao vácuo que se seguiu, tentamos preenchê-lo com a sua história de vida, seu estilo, sua obra.

A sua filha Gabriella Mendes de Souza passou a postar poemas leves sobre o pai, a morte e a saudade, que me encantam. Comecei a juntá-los numa pasta. As obras do professor, artista plástico, escritor e poeta Georgino Júnior, membro da Academia Montes-Clarense de Letras, já estavam num arquivo. É veneração para todo lado, referentes à força do seu talento e à qualidade das suas criações. A música símbolo de Montes Claros, “Montesclareou” é de Georgino Júnior e Tino Gomes.

Então, Maria Cléo começou a escrever cartas públicas ao seu amado, e dentre as coisas que escreveu, foi que as pessoas, vendo-a viúva, falavam que o tempo a tudo apaga. Em protesto, respondia que não queria se esquecer de nada. Isso chamou a minha atenção e passei a fazer reparo no que escrevia aquela pedagoga voltada à psicologia com mestrado e doutorado, dona de loja de produtos indianos, mas principalmente uma mulher de coragem. Eu me curvo diante do tamanho desse amor maduro, num casamento de 50 anos.

Com toda a segurança que tem, Maria Cléo fez inconfidências, referindo que Georgino Júnior teve momento de infidelidade, mas foi totalmente leal. Explicou que ele, pessoa que resistia a publicar livros, apesar do farto material, romance, crônicas e poemas (publicou em muitos jornais, e mesmo tímido, fazia palestras), já doente, tinha deixado tudo pronto para publicar seu livro “Duelo ao pôr-do-sol (poemas de madureza)”. Seriam 70 poemas e outro tanto de ilustrações, para o dia em que completasse 70 anos, porém não deu tempo. Ela cumpriu as determinações dele. Publicou um livro de poemas e obras de arte em edição luxuosa, e fez um lançamento performático no Corredor Cultural. Foram 70 exemplares para compradores selecionados, e lançará uma versão popular. A minha intenção, depois de ver algumas obras de Georgino Júnior, era comprar um quadro dele, e fiz isso, ficando orgulhosa da minha aquisição, que iluminou a minha sala.

Maria Cléo me convidou para tomar um café na Toca, o Ateliê de Georgino Júnior. Marcou para depois do Carnaval, e lá fomos nós, Dulcemar e eu. Entrar lá foi como adentrar num sacrário, momento de respirar fundo e conter a emoção. Compartilhar um pouquinho de tudo que lá existe, foi uma viagem. O lugar, as companhias, os assuntos em comum, o lanche especialíssimo (café, suco de umbu, água saborizada, bolos e pães especiais) foram de sonho. Gulosa, degustei cada instante.

O epitáfio de Georgino Júnior diz “Sou um bicho na toca e a toca sou eu mesmo”. Autorrecluso, desde que se aposentou ficava em casa, um lugar voltado para a arte, pensando a vida, criando, pintando, escrevendo. Num simplismo absurdo, vejo sua escrita como lírica e engajada. E a sua doença, para Maria Cléo, que segue o Kardecismo, foi a fase final da purificação.

Eu tive o privilégio de estar na Toca, sem esconder certa devoção. Vi quadros na parede, livros na estante, manuscritos, rascunhos, pincéis, tintas, cheiro de incenso, mesa posta, e me lambuzei de arte, cultura e uma rapadura macia, com a qual adocei meu café. Sua filha Gabriella foi lá, tivemos uma conversa para guardar num baú e um café das cinco, digno de reis. Modéstia à parte, um luxo intelectual, pois logo se juntou a nós, por alguns minutos, Georgino Neto, mais um filho, e vimos que, além da admiração por Georgino Júnior, temos ideais semelhantes. 

Num tempo de rupturas e superexposição num mundo virtual desconectado da realidade, estar juntos, olhar, conversar, usufruir um ao outro, admirar relíquias, contemplar obras de arte, são regalias raras. Poucos têm uma oportunidade assim. Lamento que Georgino Júnior não tenha participado em carne e osso, ele que é a causa de tudo, do nosso congraçamento, reverência e alegria.

Domingo, 10 de março de 2019

sábado, 9 de março de 2019

Devemos vencer as tentações desse mundo


Devemos vencer as tentações desse mundo

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Queridos irmãos e irmãs, estamos celebrando hoje o 1º Domingo da Quaresma, esse é um período muito bom para todos, pois podemos fazer uma renovação interior de vida em vista da Pascoa do Senhor e da nossa pascoa um dia.

A liturgia bíblica desse domingo vai nos direcionar para as tentações que não nos permitem renascer para uma vida nova e nos impedem de impulsionar-nos para o caminho de Jesus. Ela nos aponta o caminho certo. Se queremos ter vida, então devemos aderir plenamente a Jesus e a causa do Reino de Deus que se faz presente onde há justiça, direitos, solidariedade e misericórdia.

No livro do Deuteronômio nos mostra o perigo da tentação da idolatria fácil que estava impregnada nas religiões fáceis daquela região onde o povo de Deus estava. Sabemos que antes de entrar na terra prometida, o libertador Moises convida todo Povo de Deus renovar o compromisso da Aliança que Deus tinha feito com o seu povo. E ainda pede para oferecer a Ele, os primeiros frutos da terra. Isso é um gesto de gratidão em relação ao passado que Deus os assistia e a colheita do tempo presente. Podemos dizer que é uma profissão de fé a Deus libertador que nunca deixa o seu povo à deriva e nem na morte. Deus tirou o povo da escravidão do Egito e os levou a terra prometida, por isso não se deve buscar outros deuses ou religiões fáceis. (cf. Dt 26,4-10)

Na carta aos romanos nos fala da tentação de achar que a salvação é fruto dos nossos esforços e esquecem que é dom gratuito de Deus a nós. Somos chamados com insistência a aderir a Jesus numa vida de graça e de missão. Devemos abrir o nosso coração a Jesus e ainda aceitar e vivencia o que Deus nos propõe, que é uma vida plena renovada em Cristo, agindo em conformidade o que Ele nos propõe.  É urgente de nos convertermos e mudarmos de vida para que esse mundo seja mais humano e fraterno, acolhendo  no coração a salvação em Jesus a qual  Deus nos propõe. (cf. Rm 10,8-13)


O evangelista Lucas nos mostra que após Jesus ser batizado, como sinal que Ele abraçou a missão que Deus lhe confiava, Ele foi para o deserto para oração e jejum. Essas duas coisas ajudam a fortalecer a nossa vontade e de não desistirmos diante de algum obstáculo que o mundo nos oferece. Assim Jesus os fez., mas ao final de 40 dias, Ele foi tentado. Esses 40 dias são o modo de reviver em sua experiência pessoal, o caminho que o Povo de Deus fez no deserto. Mesmo assim Jesus não foi vencido pela tentação do poder, do ter e do prazer.

Essas três tentações não nos permitem que a missão seja cumprida, então é preciso vencê-las.

Jesus recusou essas três tentações, isto é do ter, do poder e do prazer. O pão é a condição de sobrevivência, mas quando se tem por ganancia, ele torna-se prejudicial a outros que vão ter carência disso. O poder dos tiranos trazem mortes e desigualdades de toda ordem, mas quando colocado a serviço de todos  se torna vida em abundancia para todos. O milagre exigido de Deus como que Deus tem a obrigação de fazê-lo torna-se egoísta e traz exagero de fanatismo, mas quando pedimos com humildade em vista do bem e da nossa salvação torna-se remédio e nos livra da nossa passividade diante de Deus. Deus nos pode ajudar a suportar as revezes de nossa vida. Quaresma vai nos ajudar a caminhar para o Reino, construindo um mundo melhor, acolhedor, justo e com direitos para todos. (cf. Lc 4,1-13)

Que esta liturgia nos ajude a sermos mais solidários, convertidos ao projeto de salvação que Jesus trouxe a todos para podermos fazer a Festa da Pascoa com alegria de estar salvos e gratos Jesus que sofre, morre e ressuscita por todos.

Tudo por Jesus nada sem Maria!!!

Bacharel em Teologia e Filosofo José Benedito Schumann Cunha

domingo, 3 de março de 2019

O lado bom da vida

POR Mara Narciso, médica-endocrinologista e jornalista

Estar vivo pode nos parecer uma grande coisa, ainda que quem esteja morto não saiba disso. A vida é boa, mas atravessamos período tão sombrio que passamos a questionar se é vantagem não ter morrido. Passando primeiro pelo lado tétrico, para depois esperar a parte boa, acabamos nos perdendo nos labirintos do mal. Em 2019 andamos uma estrada que em tudo lembra um pesadelo, mas teimamos, obstinadamente, a encontrar o lado bom. A lista de mazelas está interminável. Os desastres deflagrados pelo homem machucam natureza e consciências. Não são fenômenos naturais e sim fruto do descaso com o outro, lema dos tempos atuais. O medo do que está por vir paralisa. Melhor não pensar nele, porém, evitando a negligência e a omissão.

O que nos salva são os inspirados poetas, a música como linguagem universal, a literatura, as boas ações. Elas ainda existem, e partem de pessoas desprovidas de egoísmo, imersas em empatia. Outras são más e povoam o mundo. Bem fariam se não ferissem. Mas ferem e trombeteiam o feito, cobertas de uma falsa razão.

Uma legião condena a ideologia política na escola, desde que não seja a ideologia dela, que, na verdade quer impor. Rejeita artistas da música, teatro e cinema, quando eles fazem obras opostas às suas crenças. Parte dos professores incomoda, assim, é preciso desprezá-los, atacá-los com acusações sem provas, coisa que está na moda. Pegam um caso específico e generalizam. Em tempos falsos, a difamação destroi a reputação de alguém, e acabou.

Música, livro, filme, novela que pregasse o que a legião de maus defende nas redes sociais deveria afugentar seguidores, mas a quantidade de desalmados cresce. Há desumanidade nelas. É nojento comemorar a desgraça na vida do oponente. Isso é vileza. O desrespeito reina no mundo virtual e real.

Em nome do combate à corrupção e da criminalidade em geral, discursavam convictos, e agora aceitam o que antes condenavam. Há acusações que não resistem a um único argumento, por serem posições indefensáveis. A conversa é rasa, superficial, com berros à primeira contrariedade. A intenção na qual poderia ser catada alguma coisa boa desmoronou, e no final o que se vê? Gente tentando apagar incêndio com gasolina, pensando estar acima do bem e do mal.

Condena, por questão de foro íntimo, a Bolsa família, as cotas, o direito ao aborto, o feminismo, grupo LGBT, aquecimento global. Defende que a Terra é plana e não gira em torno do sol, quer armar a população, diz não ter racismo, vacinas fazem mal e fumar faz bem, meninas se vestem de rosa e meninos de azul. É preciso hastear a bandeira, cantar o Hino Nacional e gravar para mostrar ao MEC que a educação melhorou. Mesmo sem merenda, com instalações ruins e professores sem receber. Aprender a cantar o Hino Nacional e ter ideias patrióticas seria bom para se pensar no coletivo. Por imposição tem efeito oposto, ainda que por fora aparente ser certo. Quem doma uma ideia, um pensamento? Os que têm preocupações sociais e buscam oportunidades iguais para todos são “comunistas”, uma paranoia que não serve a ninguém.

O cheque em branco foi dado na eleição. Agora está sendo preenchido. Desagrada a uma pessoa de 65 anos receber R$ 400,00? Para se aposentar ganhando um Salário Mínimo é preciso contribuir durante 49 anos e ter pelo menos 65 anos de idade. Os títulos de capitalização assustam.

A Rede Globo mostrou pessoas de 80 anos trabalhando no Japão. Nem a genética, nem o tipo de existência é semelhante. A população brasileira precisa vencer a fome, a verminose, esquistossomose, doença de Chagas, baixa escolaridade, falta de oportunidades, discriminação, e caso não morra vinte vezes pelo caminho, precisará trabalhar fichado por todo esse tempo. Quem conseguirá fazer isso? Há profissões nas quais é possível trabalhar até os 65 anos, mas muitas delas não. Quem dará trabalho a uma secretária/recepcionista madura? Como subir num poste de alta tensão com essa idade?

Num país em que a velhice começa aos 40 anos, em termos de emprego, especialmente os que exigem “boa aparência” (não seja feio, velho, gordo, negro, e se sim, saia da fila), é preciso ter menos de 30 anos.

Primeiro mudar a mentalidade, as condições de trabalho e a falta de educação do povo brasileiro, para, pouco a pouco reduzir em gotas o bem estar social incipiente, que faz tão bem nos países adiantados. E não digam que é preciso o bolo crescer para depois distribuí-lo. Nossa história já dura 519 anos.

Domingo, 03 de março de 2019