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"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

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segunda-feira, 18 de março de 2019

Simone em uma palavra

POR Mara Narciso, médica-endocrinologista e jornalista

No Dia das Mães, Simone Narciso Lessa nasceu em Montes Claros, sendo a primeira filha de Edmar Rocha Lessa e Marly Narciso Lessa. Era domingo, 12 de maio de 1963. Já entrou na vida vencendo a morte, pois, aos seis meses, teve encefalite. É morena de cabelos lisos cor de mel e olhos castanhos. Com os três irmãos passava dias na fazenda dos pais, onde nadava em rio e andava a cavalo. Teve infância com mudanças de cidade. Moraram em Petrópolis e o começo da adolescência foi na Praia da Pituba em Salvador.

Em resposta ao estilo repressor do pai, ela era uma espécie de “contrarreforma”. Com 14 anos tomou uns calmantes e saiu de carro com a mãe. Ficando sozinha, e vendo a chave no painel, decidiu colocar o veículo em movimento, andou um pouco, mas não deu certo. Subiram no passeio e se apagaram o carro e ela. Um ano depois, para horror da família, teve um encontro amoroso com o namorado, que, mesmo com sua confirmação do que tinha acontecido, a levou a Belo Horizonte para um “corpo de delito”. Em seguida, Simone pediu para estudar num colégio de freiras em Diamantina. Depois estudou no Colégio Marista São José e quis fazer Faculdade de História. Seu pai, dono de uma rede de hotéis, achava o curso sem importância e foi contra.

Simone não é mulher de seguir roteiros pré-estabelecidos. Mudou-se para Belo Horizonte, passou no vestibular de História da UFMG e lá se estabeleceu, com pequena ajuda familiar. Formou-se em 1985, ocasião em que seu pai sofreu um grave acidente de carro. Ainda hoje, segue o estilo hippie, lê e estuda muito, e por isso mesmo, nada doma o seu livre pensar. Ama várias coisas, entre elas, água, plantas, bichos e livros. Escandalizou Milena, sua tia, quando, depois do almoço, numa república com a prima Carla, foi dormir de portas abertas com um amigo. Tia e sobrinha bateram boca, fruto do grau de moralismo da época. Isso em nada alterava o modo libertário e questionador de Simone, que não seguia regra, sem antes contestá-la.

Chegou a morar com Hélio Salles Gentil, em Uberlândia. Também morou no Rio e no Mato Grosso. Finda a faculdade, trabalhou em Montes Claros, para depois fazer mestrado na UNICAMP, onde fez carreira como estudante e como professora. Sua dissertação de mestrado, defendida em 1993, foi sobre a Estrada de Ferro no norte de Minas. Casou-se com Hélio Sôlha em 1989, e em 1994 nasceu seu filho Luís, hoje com 24 anos. Em certa época morava em Campinas numa casa fora da cidade com um grande canil. Fazia doutorado, deu um intervalo e foi trabalhar como Diretora de Planejamento Ambiental e Educação Ambiental na Prefeitura de Campinas. Defendeu o doutorado em 2001.

Foi velejadora e mergulhadora, nada muito bem, e tem paixão pelo mar. Estudou fundo Inglês e Francês e passou toda a sua vida transformando pessoas e o mundo ao seu redor. Deu aulas em várias universidades do país, porém sem abandonar suas raízes e bases. Sua ideologia política à esquerda a guia todo o tempo. Separou-se em 1999. Fez pós-doutorado em Saneamento e Ambiente pela Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp em 2006. Então, recebeu uma proposta da Unimontes para implantar o seu PPGDS - Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social e o PPGH - Programa de Pós-Graduação em História, mestrado de doutorado. Em Montes Claros atuou na Prefeitura como Diretora de Planejamento no governo de Athos Avelino Pereira. Sua formação a autoriza a atuar nas áreas de território e territorialidades, municípios e as cidades, urbano e urbanidades, Planejamento e Ordenamento Territorial, Patrimônio Cultural e Identidade. É professora admirada e seus ex-alunos a adoram.

Nunca agiu com presunção, seja pelo alto nível intelectual, seja pela situação econômica. Casou-se em 2006, com João Paulo Gonçalves Queiroz e juntos foram pais pela via da adoção de duas crianças recém-nascidas, João Gabriel e Samuel, hoje com oito e cinco anos. O amor dos filhos a faz viver, pois, sem ser tabagista, em 2014 manifestou um câncer no pulmão, que não pôde ser operado, assim, está há dois anos e meio em tratamento quimioterápico. Nesta semana, Simone teve uma pneumonia que a levou ao CTI em Niterói, lugar onde está morando desde 2016. Luiz, seu primogênito, faz Faculdade de Estudos de Cultura e Mídias na Universidade Federal Fluminense. Todos ficaram felizes com a recuperação dessa mulher notável, com zero preconceito e mil coragens, e uma palavra que a resume: Amor.

Domingo, 17 de março de 2019

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