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Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

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domingo, 8 de julho de 2018

Inveja, de onde vem, para onde vai?

POR Mara Narciso

Inveja, diz o Aurélio, é o desgosto ou o pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem. Os que disso padecem não proclamam que sofrem em ver o outro se dar bem. Chegam a dizer que sentem “inveja branca”, na verdade, uma mentira envolta em véu racista.

Nas redes sociais, exímias vitrines produtoras de inveja, o que mais se vê é a falsidade imperando em todos os quadrantes dos cinco continentes, e dos sete mares. As pessoas admiram, veneram, seguem e invejam a juventude, a beleza, as conquistas, a fama, o sucesso, a inteligência, o dinheiro, o consumo de bens e serviços dos bem-sucedidos mundo afora. Sem esquecer a coragem e a ousadia. Caso a inveja não existisse e a intenção de provocá-la não surgisse na outra ponta, as redes sociais seriam um deserto de gente e ideias o tempo todo, e não apenas em dias especiais. Pra ninguém ver, pra que mostrar?

O mau-olhado seca pimenteira, é feroz e pode matar. Pessoalmente fere, mas virtualmente teria poder de fogo? Mesmo o cético afirma ser verdade e recorre ao sal grosso e ramos de arruda para se prevenir da morte certa.  O sorriso falso, o discurso envolvente, a voz melosa, o chocalho hipnotizador de cobra cascavel fazem parte da perfídia. Atente-se aos adulos verbais, suaves venenos, como a flauta de Hamelin. Alguns desconfiam, mas continuam seguindo seus chamados. Para tirar o quebranto, só reza brava, muita benzedura com ramo, a chamada simpatia, aquele ritual para curar uma enfermidade.

“Olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Capitu seria assim, muitos são assim, representam e por isso enganam bem. Falsos, fingem ajudar e, na distração, puxam o tapete do incauto. Atuam como se servissem, mas querem derrubar. Bafejam favores, como névoa enganadora, e, inebriado por palavras doces, a vítima mal se dá conta do bote. Caso ame a pessoa, não enxergará a verdade e poderá ter ódio de quem queira lhe abrir os olhos. Bem depois, morrerá de raiva por ter se deixado enganar. É humilhante ser chamado de coitado.

Quando as palavras são excessivamente elogiosas, quem ouve sabe o despropósito. O elogio sincero e desinteressado adoça o ego, e a crítica, mesmo miúda, causa raiva. Alguns louvam sem desejar nada em troca, mas os hipócritas se fingem virtuosos de forma interesseira. Por outro lado, “se você quiser o reconhecimento alheio pelos seus méritos, seja o primeiro a reconhecê-los”, escreveu, recentemente, Pedro Bondaczuk. A modéstia excessiva também compromete a valorização pessoal.

As avaliações, em qualquer setor, mesmo quando verdadeiras, variam muito, tanto em relação à qualidade quanto à quantidade. Erros acontecem, e o reconhecimento do real valor poderá dar-se apenas após perder algo ou alguém. Desde criança, sem perceber, as pessoas participam de concorrida disputa, inicialmente, entre irmãos, depois entre colegas, e nos diversos grupos que participam vida afora. Chegar lá adiante em destaque depende da conjunção de variáveis como sorte, acaso, esforço, estudo, dedicação, e estar nos locais apropriados e no período certo, para fazer os contatos adequados. Então sua vida poderá ser um sucesso ou um fracasso, já que os fatores determinantes poderão estar fora da sua governabilidade.

As pessoas que mais elogiam, ou contraditoriamente atacam, costumam ser as que mais invejam o objeto atacado. Na verdade, quer ser o invejado, sem tirar nem por. O sentimento altera de tal forma o invejoso, que, naquela de querer ser o outro, acaba de esquecendo que “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” (Dom de iludir - Caetano Veloso). E por falar nisso, quem for invejoso, que levante a mão!

Sábado, 07 de julho de 2018

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