Quarenta e cinco milhões de trabalhadores de braços cruzados em todo o
país. Máquinas paradas. Ônibus, trens e metrôs estacionados nas
garagens em todas as capitais e em mais de cerca de 250 cidades.
Centenas de barricadas ardendo do Oiapoque ao Chuí. Escolas, bancos e
lojas de portas cerradas. Veículos de transporte coletivo e individual
incendiados pelas ruas. Homens e mulheres dispostos à luta enchendo
praças e avenidas. O proletariado está de volta. Que tremam os burgueses
e seus aliados. Que vocifere e esperneie toda a corja de jornalistas
canalhas a serviço do capital que domina as redações brasileiras. O
proletariado está de volta.
O dia 28 de abril do ano de 2017
entra irrevogavelmente na história das lutas de classes no Brasil como
marco indelével do renascimento do proletariado brasileiro naquele exato
sentido que Marx deu ao termo proletariado: o de trabalhadores
conscientes de sua condição de explorados, unidos, animados e
determinados a lutar por sua dignidade. Que sentem que não têm nada a
perder.
O verdadeiro levante proletário do 28/4 nos traz de volta a um cenário
semelhante ao das jornadas da segunda metade década de 70 do século
passado, quando os trabalhadores brasileiros saíram às ruas no quadro
geral da crise da ditadura burguesa instalada em 1964.
É
verdade que a última greve geral a que se assistiu no país ocorreu em
1996, mas não com duas, entre outras, características que tipificam esta
agora: a unidade da esquerda/movimento sindical por um lado e, por
outro, a radicalidade dos meios e métodos de luta. No 28/4 o
proletariado não se intimidou. Foi em frente diante de todo um
dispositivo militar assassino mobilizado pelo degenerado governo Temer.
Tivemos perdas com prisões e ferimentos graves. Mas o proletariado
brasileiro sabia que não se defrontaria com freiras carmelitas, mas com
cães hidrófobos especialmente treinados para nos massacrar. Mas não nos
intimidamos. Fomos em frente. Vencemos.
O fator imediato que desencadeou a greve - as reformas trabalhista e
previdenciária encaminhadas pela quadrilha Temer - está plantado no chão
da crise econômica que domina todo o cenário capitalista em nível
mundial, agravada no Brasil por uma especial crise de governabilidade
burguesa.
O 28/4 abre assim uma nova conjuntura, marcada
de um lado pelo processo de unificação da luta do proletariado, até
então marcado pela divisão social e política sabiamente - reconheçamos -
trabalhada de forma direta e indireta pelos aparatos políticos e
ideológicos da burguesia no interior de nossa classe. E do outro lado
marcado por aquele agravamento de uma crise de governabilidade burguesa
de duração imprevisível, mas que sabemos de longo prazo. Todo este
caldeirão de contradições resulta na certeza de que teremos daqui em
diante embates – inclusive de rua – progressivamente mais duros entre
burguesia e proletariado no país.
Do ponto de vista
social, o processo de unificação da luta proletária, cujo tiro de
largada foi dado no 28/4, se caracteriza pela principalidade assumida
pelo fator classe na unificação de categorias, gêneros, raça,
sexualidade etc. E tal unificação, ressalte-se, só poderia (e somente
pode) ser concretizada em torno daquilo que concretamente une os
explorados e oprimidos: o fato de pertencerem a uma só classe, a classe
proletária. E é este e não outro o exato sentido do chamamento de
Marx/Engels ao final do “Manifesto do Partido Comunista”: Proletários de
todo o Mundo, uni-vos!
Politicamente, o que se pode
esperar é o avanço da unidade da esquerda e do movimento sindical em
plataformas e ações de defesa dos interesses imediatos dos trabalhadores
- salário, emprego, moradia, saúde, escola, transporte - que
inevitavelmente sofrerão ataques diretos da burguesia, sempre em busca
da manutenção de seus lucros, estes, em queda progressiva no quadro da
crise mundial do sistema.
O perigo pequeno-burguês
Mas,
se o grande sucesso do 28/4 alimenta ainda mais a confiança que os
marxistas sempre tivemos no proletariado - inclusive diante daqueles
vendidos que, ancorados em esfarrapada ideologia modernista, afirmavam
desavergonhadamente que a luta de classes havia acabado -, não podemos
cair naquela velha armadilha que tem vitimado a esquerda em todos os
tempos: o oportunismo pequeno-burguês. Oportunismo que se mascara de
várias formas. No caso concreto brasileiro da atualidade, a maior ameaça
do oportunismo vem de todo o conjunto de uma certa esquerda alinhada
com o neorreformismo gramsciano. Perigo maior porque esta forma de
reformismo surge travestida como algo novo, hipoteticamente sem ligação
com o reformismo clássico, mas na verdade propondo e encaminhando as
mesmas estratégias e táticas do velho reformismo que levou o
proletariado mundial - inclusive o brasileiro - a derrotas históricas.
Que
fique claro: se se faz urgente e necessário combater o neogramscianismo
no campo da propaganda revolucionária, não estamos impedidos de, neste
momento de avanço da consciência sindical do proletariado, lutarmos
juntos na condução das lutas imediatas do proletariado. Da mesma forma
em relação ao velho reformismo e ao trotsquismo, este expressando a
ideologia pequeno-burguesa na forma de um messianismo segundo o qual são
eles, os trotsquistas, a única força da esquerda possuidora de real
potencial revolucionário e, por isso mesmo, autorizados a usar de todos
os recursos da esperteza imoral pequeno-burguesa para dirigir o
movimento. Um movimento, segundo eles, que já se encontra em quadro
conjuntural de situação revolucionária permanente em todo o mundo. Que
se some, então, o messianismo a este delírio voluntarista e teremos uma
fórmula perfeita para se jogar o movimento do proletariado no colo da
burguesia.
O fato, mais que significativo, reafirmamos, de
o proletariado avançar no sentido de sua unificação não significa que
este processo não possa ser interrompido. Não significa que não possamos
voltar a experimentar derrotas. A história recente já nos deu a lição:
as referidas lutas da segunda metade dos anos 70 do século passado no
país concretizaram até de forma mais acabada a unificação do
proletariado e suas lutas, naquele caso contra o arrocho salarial
vigente em todo o período da ditadura e a repressão ao movimento
sindical. No entanto toda aquela luta heróica foi lançada por terra pela
ideologia e pela política pequeno-burguesas que foram então impostas ao
movimento por uma não tão inédita aliança entre a burguesia e uma
esquerda pequeno-burguesa reformista. De concreto, resultou a rendição
às velhas e surradas soluções burguesas e pequeno-burguesas: democracia,
cidadania, constituinte.
O proletariado, duramente
traído, foi expulso da cena.
Aos marxistas, hoje, nos cabe uma tarefa árdua, mas de cumprimento
absolutamente essencial à garantia de que as reivindicações e interesses
próprios do proletariado não sejam lançados no pântano podre das
propostas e métodos de luta burgueses. É este o nosso ‘que fazer’:
permanecermos juntos do proletariado e de suas lutas vivas, defendendo
sua organização e política independentes. Combater toda e qualquer
iniciativa - seja local, regional ou nacional - de desviar a luta para o
lodaçal infecto da institucionalidade burguesa. É preciso valorizar a
radicalidade das formas de luta utilizadas exemplarmente pelo
proletariado no 28/4.
Armados, pois, da consciência da natureza e da dimensão da conjuntura
que se abre a partir do 28/4, vamos à luta. Sabemos que os marxistas
somos amplamente minoritários na esquerda, o que torna maior a
responsabilidade de cada um de nós.
À luta, pois.
Venceremos!
Movimento Marxista Cinco de Maio
ALVORADA
O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)
Frase
"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)
Fatos
Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...
Nenhum comentário:
Postar um comentário