POR Terezinha Campos de Souza e Neves
A pessoa idosa, tanto homens
como mulheres em tempos de outrora, sofreu um preconceito velado por parte da
família e da sociedade passadas: eram deixados em isolamento, não participavam
dos movimentos familiares e sociais, de seus eventos, de seus folguedos; eram
deixados de lado como alguém que nada tinha para oferecer, senão o trabalho, o
incômodo para os que queriam desfrutar do convívio familiar sem atropelo.
Quando uma pessoa idosa (homem
ou mulher) morria, queriam saber a sua idade e, quando eram informados de seus
50 ou 60 anos, exprimiam seu parecer: mas também já estava na hora mesmo! Viver
mais para quê? Para dar trabalho, para adoecer, para impedir os outros de
viverem a vida? E era assim que viviam as pessoas com a idade de viverem muito
mais do que viveram até ali.
No passado, nos remotos tempos
feudais, era de praxe que, quando uma mulher atingia 70 anos, passava a ser
considerada como ônus, como fator improdutivo para a economia dos familiares.
Então, providenciava-se um meio pelo qual ela fosse eliminada do seio da
família, sendo deixada no abandono, exposta às intempéries, à fome, à sede e à
voracidade das feras, para que ela morresse sem que a família tivesse despesas
com o seu sepultamento. Mundo Cão!
Homens e mulheres longevos
cuidados pelos seus descendentes passaram a desfrutar de uma vida longa e cheia
de prazer e alegria. Aos poucos, a sociedade contemporânea foi sofrendo
transformações e as pessoas de mais idade foram vivendo e vivendo cada vez mais
e encontrando a sua libertação, já que viviam enclausuradas em seu mundo de
solidão. Foram se apresentando pessoas idosas com perspectiva para dias
melhores.
Foram surgindo também os movimentos que hoje conhecemos e que defendem a pessoa idosa, como os Conselhos: os Conselhos Municipal e Estadual da Pessoa Idosa que nasceram para autenticar e fazer valer os direitos dos idosos e das idosas. Direito à saúde, de participarem dos eventos promovidos para eles: ginástica, trabalhos manuais, passeios, hidroginástica, natação, dança, tudo para promover a pessoa idosa, como o protagonista de nossa sociedade atual.
A pessoa idosa - Protagonismo
do Século XXI (2ª Parte)
Um exemplo de pessoa idosa: um
perfil amadurecido
Participo de vários grupos de
pessoas idosas de minha cidade. Participo das atividades promovidas por elas
para o meu entretenimento e relacionamento com o outro em um convívio social,
que se faz tão necessário para o ser vivo. Sou uma idosa de 77 anos. Gosto
de cantar, declamar, cuidar de minhas plantas. Tenho um orquidário, pelo qual
sou apaixonada. Estou sempre conversando com as plantas; reivindico meus
direitos, sempre que se faz necessário; sou numismata (coleciono moedas). Às
vezes, vem alguém e me dedica uma moeda antiga, o que me faz feliz, muito
feliz.
Sou escritora, poeta e
participo também de vários grupos culturais dentro de minha cidade e fora dela,
como a Academia Feminina de Letras de Montes Claros-MG (AFL-MOC-MG), da qual
fui presidente de 02 de dezembro de 2019 a 02 de dezembro de 2021, em plena
pandemia de coronavírus, e onde ocupo a cadeira de número 25 que foi de Clarice
Baleeiro Guimarães Albuquerque; o Instituto Histórico e Geográfico de Montes
Claros-MG; a Academia de Letras de Juiz de Fora-MG; a Associação de Jornalistas
e Escritoras Brasileiras-MG; a Associação dos Poetas Aldravianistas de
Mariana-MG; a Real Academia de Letras de Porto Alegre, Rio Grande do Sul desde
2011; a Academia Brasileira de Letras de Escritores Adventistas da Universidade
Adventista de São Paulo (Unasp); e, além de participar, gosto de incentivar
outros a participarem já que percebo o quanto me faz bem esse convívio
amistoso. Afinal, estamos no século XXI e precisamos desempenhar nosso papel,
buscando em cada companheiro idoso a atitude de otimismo, de esperança e de
busca por dias melhores.
Sou moradora do Bairro Cintra
desde que me casei. Nasci em MOC-MG no dia 18 de setembro de 1945. Aprecio
muito os movimentos culturais da cidade, como o Festival de Arte Contemporânea
Psiu Poético, no qual exponho minhas poesias. De 04 a 12 de outubro de 2019,
minhas poesias destacaram o descaso do Estado brasileiro com a vida dos idosos
e das idosas. Sou parnasiana, fã de Olavo Bilac. Meus textos primam pela
valorização da gramática da Língua Portuguesa.
Casei-me com José Luiz Neves em
06 de fevereiro de 1969 na Catedral Metropolitana de MOC, com quem tive quatro
filhos. Meu marido foi contabilista da segunda gestão do melhor prefeito da
cidade até agora: Antônio Lafetá Rebello, de 1977 a 1982, quando a inflação e o
alto custo de vida atormentavam todos os brasileiros. Nesse período, Toninho
Rebello disputou a Prefeitura com o médico, historiador e folclorista Hermes
Augusto de Paula (1909-1983). Mandou construir o Centro Cultural da cidade e
batizou-o com o nome de seu adversário: Hermes Augusto de Paula, em 22 de maio
de 1979. Militei no magistério por 40 anos, sendo 25 na rede pública estadual e
15 na rede pública privada. Sou hoje fiel da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Participei do Curso da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) da Prefeitura de
Montes Claros e participo das atividades do Serviço Social do Comércio
(Sesc).
Tenho três livros publicados:
“Onde estão os teus filhos?” (2006) e “A Viagem da Letra X” (2009), além de
“Montes Claros Claros Montes Nossa Terra Nossa Gente”, em parceria com Helena
Pereira Nascimento e Martins. Está por publicar “Quem foi lobo?” e “A Lua
Quebrada”. Dos meus três livros publicados, dois são infantis. Gosto muito de
escrever para crianças e fazer contação de história para elas. Toda
segunda-feira visito a Biblioteca do Autor Montes-Clarense “Maria das Mercês
Paixão Guedes”, onde leio a Bíblia. Considero estranho uma biblioteca sem
Bíblia, o primeiro dos livros. Faço facilmente amizade com todos os
funcionários da Drogaria Minas-Brasil e com quaisquer pessoas, com quem sou
sorridente e aprazível. Tenho textos publicados nas obras literárias da
AFL-MOC: “Testemunhas da História: 50 Anos da Unimontes” (2012), “Universo
Feminino” (2013), “A Mulher e o Trabalho” (2013), “Caminhos de Montes Claros”
(2014), “A Mulher e a Música” (2015), “Flores do Cerrado: Mulheres do Norte de
Minas” (2017), “Antologia da Academia Feminina de Letras (2019) e “Escrever,
Amar, Esperar” (2021).
O que produz a longevidade na
pessoa não é só a saúde física, mas também a saúde emocional, a saúde mental, a
saúde intelectual e moral e, sobretudo, a saúde espiritual. O idoso é
referência religiosa, seja qual for a denominação abraçada, pois é preciso
revelar o amor de Deus às gerações futuras para que as dificuldades sejam
superadas com o olhar voltado para o alvo que é Cristo Jesus; a oração, a
comunhão com Deus estão comprovados cientificamente como recurso de viver
saudável, pois eliminam a reclamação, a insatisfação e a ingratidão que atraem
a ansiedade, a tristeza, as preocupações desnecessárias e os medos
infundados.
O viver saudável que buscamos
não é apenas o físico. É o todo envolvendo os vários aspectos de nossa vida. E
devemos buscar esse viver saudável influenciando as gerações futuras, que vivem
num mundo pervertido, conturbado, ameaçado e cheio de confusão. É preciso que vivamos
e preguemos através de nossas vidas o amor, esse sentimento transformador, que,
operado por Deus em nós, trará uma grande diferença para a sociedade em que
vivemos.
Terezinha Campos de Souza e
Neves nasceu em 18 de setembro de 1945 em MOC-MG. Sua formação inclui o curso
de Magistério no Ensino Médio e no Nível Superior e a graduação incompleta em
Letras. Militou 40 anos no Magistério. É membro da Academia Feminina de Letras
de Montes Claros (AFL-MOC), do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros,
da Real Academia de Letras de Porto Alegre-RS. Tem quatro publicações: “Montes
Claros, Claros Montes”, “Nossa Terra Nossa Gente”, “A Viagem da Letra X”, “Onde
Estão Os Teus Filhos” e “Natal 2018”. Tem artigos e poesias publicados em
jornais da cidade, como o “Novo Jornal de Notícias” e o jornal “O Norte de
Minas”, além da revista “Mocidade”, da Casa Publicadora Brasileira de Tatuí-SP.
Seus textos ainda foram veiculados em antologias do Festival de Arte
Contemporânea Psiu Poético de MOC-MG, da AFL-MOC e da Real Academia de Letras.
Suas coletâneas de poesias versam sobre o amor a Deus, à natureza, à educação,
à família e a sonetos inspirados em Olavo Bilac, o poeta da sua infância. Adota
o nome literário de Terezinha Campos. Foi presidente da AFL-MOC de 2019 a
2021. Faleceu no domingo, 02 de fevereiro de 2025.
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