ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

domingo, 8 de novembro de 2015

Francisco no Angelus: "A caridade não se faz com aquilo que sobra, mas com o que é necessário"

Francisco no Angelus: "A caridade não se faz com aquilo que sobra, mas com o que é necessário"

Texto completo. O Santo Padre refletiu sobre o exemplo da mulher viúva do Evangelho deste domingo, mulher que, na sua pobreza compreendeu que, tendo a Deus, tem tudo


Roma, 08 de Novembro de 2015 (ZENIT.org) Redação | 140 visitas


Queridos irmãos e irmãs, bom dia com este sol bonito!

A passagem do Evangelho deste domingo é composto de duas partes: uma que descreve como não devem ser os seguidores de Cristo; a outra na qual é proposto um ideal exemplar de cristão.

Vamos começar com a primeira: o que não devemos fazer. Na primeira parte Jesus aponta três defeitos do estilo de vida dos escribas, mestres da lei: soberba, avareza e hipocrisia. Eles – disse Jesus – gostam de “receber cumprimentos nas praças, sentar nas primeiras cadeiras nas sinagogas e ter os primeiros lugares nos banquetes” (Mc 12,38-39). Mas sob tais aparências solenes se escondem falsidade e injustiça. Enquanto se exibem em público, usam a sua autoridade para “devorar as casas das viúvas” (cf. v. 40), que eram consideradas, junto com os órfãos e os estrangeiros, as pessoas mais vulneráveis e menos protegidas. Finalmente, os escribas “rezam muito para serem vistos” (v. 40). Ainda hoje existe o risco de tomar essas atitudes. Por exemplo, quando se separa a oração da justiça, porque não é possível dar culto a Deus e prejudicar os pobres. Ou quando se diz amar a Deus e, pelo contrário, se coloca a própria vanglória, a própria vantagem, em primeiro lugar.

E nesta linha se coloca a segunda parte do Evangelho de hoje. A cena acontece no templo de Jerusalém, precisamente no lugar onde as pessoas jogavam as moedas como oferendas. Há muitas pessoas ricas que jogam muito dinheiro, e há uma pobre mulher, viúva, que coloca apenas duas moedinhas. Jesus observa atentamente aquela mulher e chama a atenção dos discípulos sobre o nítido contraste da cena. Os ricos deram, com grande ostentação, o que para eles era supérfluo, enquanto que aquela viúva, com discrição e humildade, deu "tudo o que tinha para viver" (v 44.); por isso - disse Jesus - ela deu mais do que todos. Devido à sua extrema pobreza, poderia ter oferecido somente uma moeda para o templo e conservado a outra com ela. Mas ela não quis dar a metade para Deus: se priva de tudo. Na sua pobreza compreendeu que, tendo a Deus, tem tudo; se sente amada totalmente por Ele e, por sua vez, ama-O totalmente. Que lindo exemplo daquela velha senhora!

Jesus, hoje, nos diz também que o critério de juízo não é a quantidade, mas a plenitude. Há uma diferença entre quantidade e plenitude. Você pode ter muito dinheiro, mas estar vazio: não há plenitude no seu coração. Pense, nesta semana, na diferença que existe entre quantidade e plenitude. Não é questão de carteira, mas de coração. Existe uma diferença entre carteira e coração... Existem doenças cardíacas, que fazem o coração descer para a carteira... E isso não é bom! Amar a Deus “com todo o coração” significa confiar Nele, na sua providência, e servi-lo nos irmãos mais pobres sem esperar nada em troca.

E deixem-me contar-lhes uma história que aconteceu na minha anterior diocese. Sentou-se à mesa uma mãe com três filhos; o pai estava no trabalho; estavam comendo bife à milanesa... naquele momento bateram na porta e um dos filhos – pequeno, 5, 6 anos, 7 anos o mais velho – vem e disse: “Mamãe, tem um mendigo que pede comida”. E a mãe, uma boa cristã, pergunta pra eles: “O que vamos fazer?” – “Vamos dar comida, mãe...”. – “Então, tá bom”. Pega o garfo e a faca e tira metade do bife de cada um. “Ah, não, mãe, não! Assim não! Pega da geladeira” – Não! Vamos fazer três sanduíches assim!". E as crianças aprenderam que a verdadeira caridade se dá, se faz não do que nos sobra, mas do que nos é necessário. Estou certo de que naquela tarde tiveram um pouco de fome... Mas, é assim que se faz!

Diante das necessidades dos outros, somos chamados a nos privar - como estas crianças, da metade dos bifes – de algo indispensável, não só do supérfluo; somos chamados a dar o tempo necessário, não apenas o que nos sobra; somos chamados a dar imediatamente e sem reservas algum dos nossos talentos, não depois de tê-lo utilizado para os nossos objetivos pessoais ou de grupo.

Pedimos ao Senhor que nos admita na escola desta pobre viúva, que Jesus, entre o espanto dos discípulos, coloca-a na cátedra e a apresenta como mestra do Evangelho vivo. Pela intercessão de Maria, a mulher pobre que deu toda a sua vida à Deus por nós, peçamos o dom de um coração pobre, mas rico de uma generosidade feliz e gratuita.

[Tradução ZENIT]

sábado, 7 de novembro de 2015

Becciu: "O bispo-juiz não é novidade"

Becciu: "O bispo-juiz não é novidade"

O motu proprio do papa Francisco sobre a nulidade do matrimônio apresenta um elemento de continuidade com a Igreja primitiva



O motu proprio sobre a reforma dos processos de reconhecimento de nulidade matrimonial revitaliza uma tradição da Igreja Católica Romana: no cristianismo primitivo, a prática era mesmo a de confiar a responsabilidade e a "potestade" ao bispo, como sublinha dom Angelo Becciu, substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado do Vaticano, em editorial publicado hoje no Osservatore Romano.

“O convite do papa”, escreve Becciu, “tem fundamento constante em toda a grande traditio Ecclesiae. De fato, o poder-dever de julgar tem raízes na prática cristã antiga, em que as disputas entre os indivíduos eram resolvidas dentro da comunidade, a fim de evitar o escândalo dos litígios perante juízes laicos".

Na Antiguidade tardia, os bispos assumiram cada vez mais responsabilidades na resolução de disputas "também no âmbito civil", a ponto de que, em 318, o imperador Constantino emitiu duas constituições que concediam estatuto legal ao tribunal episcopal. Como resultado, tiveram de ser emitidos novos decretos imperiais para "reduzir o fluxo quase imparável aos tribunais dos bispos, dado que estes asseguravam julgamentos rápidos e não custosos: um grande número de pessoas os preferia a um sistema judicial laico lento, caro e corrupto".

Santo Agostinho e Santo Ambrósio, na função de bispos, também foram investidos dessa função. Agostinho, em particular, teve de resolver questões como "propriedades de bens, contratos, heranças e acusações de adultério", com o "poder de pronunciar sentenças que incluíam a imposição de multas e, no caso dos cristãos, a excomunhão".

Durante toda a Idade Média, a "potestas iudicialis" do bispo permaneceu em vigor, embora, por vezes, delegada às mãos do decano, do arquidiácono ou de outros clérigos.

O Concílio de Trento especificou que as "causas matrimoniais e criminais" eram da competência do bispo.

Continua Becciu: "Estas disposições fluem para o Codex iuris canonici de 1917, que, por sua vez, confirmou a antiga disciplina da Igreja sobre o poder judiciário dos bispos que, em suas dioceses, são os juízes naturais de qualquer causa surgida em seu território, salva a autoridade do papa também neste campo para toda a Igreja".

"A doutrina, portanto, nunca negou a potestas iudicialis episcopalis e, na esteira desta antiga traditio Ecclesiae, todo o magistério dos sucessores de Pedro o reiterou repetidamente, em especial durante as alocuções à Rota Romana".

Pio XII, em seu discurso à Rota Romana em 1947, recordou: "Juízes na Igreja, em virtude do seu ofício e pela vontade de Deus, são os bispos, dos quais diz o Apóstolo que ‘foram constituídos pelo Espírito Santo para reger a Igreja de Deus’".

No final do Concílio Vaticano II, o beato Paulo VI reafirmou "a função judiciária dos bispos, estabelecida em toda a tradição eclesiástica e, sobretudo, na eclesiologia conciliar".

São João Paulo II, por fim, pouco antes de sua morte, definiu que o trabalho dos bispos nos tribunais não poderia ser degradado a questão meramente "técnica", delegada "inteiramente aos seus juízes vigários".

Neste contexto de continuidade doutrinal e pastoral, encaixa-se o magistério do papa Francisco e sua "reforma das estruturas, que exige a conversão pastoral".

É nesta perspectiva que o motu proprio Mitis Iudex ordena "que o próprio bispo, na sua Igreja, da qual é constituído pastor e cabeça, é, por isso mesmo, juiz entre os fiéis a ele confiados".

A "tristeza" do Papa pela discriminação e perseguição aos cristãos no mundo

A "tristeza" do Papa pela discriminação e perseguição aos cristãos no mundo

Em mensagem ao Global Christian Forum, Francisco exorta a "dar voz às vítimas da injustiça e da violência" para resolver esta "situação dramática"


Roma, 05 de Novembro de 2015 (ZENIT.org) Redação | 377 visitas


Concluído em Tirana o Global Christian Forum cujo tema foi "Discriminação, perseguição, martírio: seguir a Cristo juntos". Católicos, ortodoxos e protestantes - informa a Rádio Vaticano - se reuniram na capital da Albânia, de 02 a 04 de novembro, para ouvir o testemunho de muitos cristãos que hoje vivem em condições de falta de liberdade, perseguidos e forçados a fugir ou a não declarar abertamente a própria fé.

Em mensagem ao Fórum, lida pelo cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, o Papa Francisco expressou "grande tristeza" pela "crescente discriminação e perseguição aos cristãos no Oriente Médio, África, Ásia e em outros lugares do mundo". "Este encontro demonstra que, como cristãos, não somos indiferentes ao sofrimento dos nossos irmãos e irmãs”, afirma o Pontífice. “Em várias partes do mundo – prosseguiu – o testemunho de Cristo, chega até ao derramamento de sangue". Isto tornou-se uma experiência "comum aos católicos, ortodoxos, anglicanos, protestante, evangélicos e pentecostais, que "é muito mais profunda e mais forte do que as diferenças que ainda dividem as nossas Igrejas e comunidades eclesiais".

"A Communio martyrum é um sinal mais evidente do nosso caminho comum", disse o Papa, sublinhando a necessidade de dar "voz às vítimas de tal injustiça e violência" para resolver "esta trágica situação". "Que os mártires de hoje, pertencentes a diversas tradições cristãs nos ajude a entender que todos os batizados são membros do mesmo Corpo de Cristo, a sua Igreja. Que possamos considerar essa verdade profunda como um convite a perseverar no nosso caminho ecumênico rumo a comunhão plena e visível, crescendo cada vez mais no amor e na compreensão mútua". 

“A exclusão é a raiz de todas as guerras”

Homilia do Papa: “A exclusão é a raiz de todas as guerras”

Nesta quinta-feira em Santa Marta, Francisco explicou que há dois caminhos na vida: a exclusão das pessoas de nossa comunidade ou a inclusão

Na Carta aos Romanos, São Paulo nos exorta a não julgar e a não desprezar o irmão, porque isto leva a excluí-lo do "nosso grupinho", a ser "seletivo e isto não é cristão". Foi o que explicou o Santo Padre Francisco em sua homilia na capela da Casa Santa Marta nesta quinta-feira.

Além disso, ele lembrou que Cristo, “com seu sacrifício no Calvário" une e inclui "todos os homens na salvação". No Evangelho, recordou o Papa, Jesus aproximou-se dos publicanos e pecadores, ou seja, “dos excluídos, aqueles que estavam de fora", enquanto os fariseus e os escribas murmuravam.

O Papa afirmou que "a atitude dos escribas e dos fariseus é a mesma, excluem": ‘Nós somos perfeitos, nós seguimos a lei. Eles são pecadores, são publicanos'. “A atitude de Jesus, ao invés, é incluir, reiterou Francisco, destacando que “existem dois caminhos na vida”: o caminho da exclusão das pessoas da nossa comunidade e o caminho da inclusão”.

Assim, o Santo Padre Francisco advertiu que o primeiro é a “raiz de todas as guerras”: todas as guerras, começam com uma exclusão. "Exclui-se da comunidade internacional, mas também das famílias, entre os amigos, quantas brigas... E o caminho que Jesus nos mostra e nos ensina é contrário ao outro: incluir", afirmou ele.

Por outro lado, Francisco admitiu que "não é fácil incluir as pessoas, porque há resistência, há aquela atitude seletiva". Por isso, Jesus conta duas parábolas: a da ovelha perdida e a da mulher que perde uma moeda. Seja o pastor, seja a mulher fazem de tudo para encontrar aquilo que perderam. E quando conseguem, se enchem de alegria.

Francisco explicou: “Estão alegres porque encontraram aquilo que estava perdido e vão até os amigos, os vizinhos, porque estão muito felizes: ‘Encontrei, incluí’. Isto é a inclusão de Deus, é contra a exclusão de quem julga, que expulsa o povo, as pessoas... ‘não, este não, aquele não...’ e constrói um pequeno círculo de amigos que é o seu ambiente. É a dialética entre exclusão e inclusão”. Além disso, "Deus incluiu todos nós na salvação, todos!”, exclamou o Santo Padre.  

“Nós, com nossas fraquezas, com nossos pecados, com nossas invejas e ciúmes, temos sempre esta atitude de excluir que pode terminar em guerra", disse ele.

O Papa ressaltou que Jesus faz como o Pai que o enviou para nos salvar, ‘ procura-nos para nos incluir’, para ‘ser uma família’.

Por fim, Francisco pediu: “Pensemos um pouco e pelo menos... façamos o mínimo... não julguemos mais: ‘Este faz assim...’. Mas Deus sabe: é a sua vida, mas não o excluo de meu coração, de minha oração, de minha saudação, de meu sorriso... e quando tiver ocasião, lhe digo uma palavra bonita. Não excluir jamais, não temos o direito!”.

E recordou como termina a leitura de Paulo: "Vamos todos comparecer ante o tribunal de Deus. Em suma, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus".

Por isso, o Papa convidou a pedir “a graça de sermos homens e mulheres que incluem sempre... na medida da sã prudência, mas sempre. Não fechar as portas a ninguém, sempre com o coração aberto: ‘Gosto, não gosto, mas com o coração aberto”.



(Rádio Vaticano/Adaptado por Zenit)


A caridade nos faz assemelhar-se a Deus

A caridade nos faz assemelhar-se a Deus



Queridos irmãos e irmãs em Cristo, estamos celebrando hoje o 32º domingo do tempo comum, e a liturgia desse dia nos remete o modo que devemos fazer de nossas ofertas. Temos o caso de duas viúvas e estas eram pessoas frágeis e carentes diante do olhar da sociedade daquele tempo, mas muito solidaria e generosa a doar.

No livros dos Reis temos o Exemplo da viúva de Serepta. O contexto histórico dessa época  era seca e de fome, isto é como do nosso tempo de hoje. O homem de Deus, o profeta Elias chega a cidade de Serepta com muita fome e sede e encontra uma viúva a quem lhe pede agua e pão. Acontece que ela tinha apenas um punhado de farinha e pouco azeite que davam apenas a ela e a seu filho por um dia.

Mas mesmo assim essa mulher oferece tudo o que tinha a ele e desse modo Deus a abençoa a sua generosidade, dando-lhe alimento a eles durante todo o período da seca. Isso, irmãos e irmãs, nos mostra que Deus não abandona os que dão com alegria. A partilha e a generosidade nos fazem ter abundancia porque gera vidas para todos. (cf.1 Rs 17,10-16)

Na carta de São Paulo aos hebreus nos mostra o exemplo de Jesus Cristo, o sumo sacerdote que se doa inteiramente pela salvação da humanidade e não aqueles que somente aproveitam de cargos e funções para o seu próprio bem. Deus é solidário e generoso a humanidade que quer ver a justiça do reino acontecer entre todos. (cf. Hb 9,24-28)

O salmista nos convida a ter confiança em Deus, pois ele ampara a viúva e o órfão e não deixa que os poderosos e opressores durem por muito tempo, confundindo os seus caminhos. (cf. Sl 146)

O evangelista Marcos nos mostra a viúva que doa tudo que tinha ao templo, mesmo sendo poucas moedas, mas isso era a maior riqueza do coração dela. Ela deu sem exibir e nem ganhar elogios, discretamente colocou as suas migalhas no cofre do templo. Jesus repara esse grande gesto dela em vista a dos outros que se esnobavam a quantia que davam. Deus olha a generosidade e o amor dos gestos que fazemos nesta vida para com mais necessitados.

A viúva do templo nos faz pensar das nossas atitudes diante da caridade que praticamos. Será que estamos dando o tudo que podemos dar aos outros ou queremos tirar vantagens do gesto de dar? O amor será a nossa medida diante de Deus, pois Ele olha o nosso coração e a intenção daquilo que fazemos. (cf. Mc 12,38-44)

Que esta liturgia nos faz refletir e pensar diante da caridade que fazemos aos outros e que haja entre nós sempre solidariedade, justiça, misericórdia, amor e pendão. Que estes últimos domingos do tempo comum que está já quase ao seu final seja de avaliação e meio para criar novas perspectivas para o próximo caminho de um novo ano da Igreja que se aproxima. Amém

Tudo por Jesus nada sem Maria!!!


Bacharel em Teologia Jose Benedito Schumann Cunha

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Francisco advertiu sobre a tentação de se servir dos outros em vez de servir os outros

Nesta sexta-feira homilia, Francisco advertiu sobre a tentação de se servir dos outros em vez de servir os outros

"Caros irmãos e irmãs, somos chamados a viver os valores evangelicos que são: obediencia, a castidade e a pobreza, pois eles nos ajudam a desapegar das coisas materiais desse mundo. A tentação que enfretamos nos traz confusão para vence-la é preciso sermos desapegados e fieis a Deus. A vida nos ensina a sermos construtores de pontes entre todos para levar a paz, a vida e a justiça. Se de fato formos missionarios de Cristo nesse mundo, então o mundo se colore de uma luz que resplandece o amor de Deus em todos os cantos. Assim, os serviços que devemos fazer não devem ser motivos para o nosso engrandecimento e vatagem pessoal, mas para propagar o evangelho de Cristo que traz a verdadeira justiça e paz para todos. Amém" (bacharel em teologia Jose Benedito Schumann Cunha)

O Santo Padre Francisco pediu aos bispos e sacerdotes para que vençam a tentação de “uma vida dupla", recordando que a Igreja é chamada a servir e não a se tornar uma Igreja mercantil. Destacou isto na homilia da missa celebrada nesta sexta-feira (6) na capela da Casa Santa Marta.

O Papa refletiu sobre a figura de Paulo, que aparece na liturgia do dia. O apóstolo "foi totalmente doado ao serviço" para terminar em Roma "traído por alguns dos seus" e terminando por ser "condenado". Assim, Francisco recordou que a grandeza de Paulo vinha de Jesus Cristo e "ele se orgulhava de servir, de ser eleito, de ter o poder do Espírito Santo."

Ele era o servo que servia, "administrada, lançando as bases, ou seja, anunciando Jesus Cristo" e "nunca parava para ter a vantagem de um lugar, de uma autoridade, de ser servido. Ele era ministro, servo para servir, não para ser servir-se".

Aliás, o Papa expressou a alegria que sente quando os sacerdotes que vão à missa em Santa Marta dizem: "‘Oh padre, vim aqui para encontrar os meus, porque há 40 anos sou missionário na Amazônia’. Ou uma religiosa que diz: ‘Não, eu trabalho há 30 anos em um hospital na África’. Ou quando encontro uma irmãzinha que há 30, 40 anos trabalha na sessão do hospital com os portadores de necessidades especiais, sempre sorridente. Isto se chama servir, esta é a alegria da Igreja: ir além, sempre; ir além e dar a vida. Isto é aquilo que Paulo fez: servir”.

Por isso, ele também lembrou que no Evangelho, o Senhor nos mostra a imagem de outro servo, "que em vez de servir os outros se serve dos outros", sublinhando que "lemos o que fez este servo, como quanta astúcia se moveu, para permanecer no seu lugar".

Assim, o Pontífice advertiu que "na Igreja, também há aqueles que em vez de servir, de pensar nos outros, de estabelecer as bases, se servem da Igreja: os carreiristas, os apegados ao dinheiro”. Então, ele questionou: "Quantos sacerdotes, bispos vimos assim? É triste dizer isso, não?". Por isso, destacou a radicalidade do Evangelho, do chamado de Jesus Cristo: servir, estar a serviço de, não parar, ir além, esquecendo-se de si mesmo. E o conforto do status: eu atingi um status e vivo confortavelmente sem honestidade, como os fariseus de que fala Jesus, que passeavam pelas praças, para serem vistos pelas pessoas”.

Para finalizar sua homilia, o Santo Padre propôs duas imagens: “Duas imagens de cristãos, duas imagens de sacerdotes, duas imagens de freiras. Duas imagens”. Jesus, reiterou o Papa, “nos faz ver esse modelo em Paulo, esta Igreja que nunca está parada, que sempre cria bases, que vai sempre para a frente e nos faz ver que esse é o caminho”.

No entanto, “quando a Igreja é morna, fechada em si mesma, muitas vezes mercantil, não se pode dizer que é uma igreja que ministra, que está a serviço, mas sim que se serve dos outros", alertou o Papa.

Francisco concluiu pedindo que "que o Senhor nos dê a graça que deu a Paulo, o ponto de honra para ir sempre para a frente, sempre, renunciando às próprias comodidades tantas vezes, e nos livre das tentações, dessas tentações que, são fundamentalmente, as tentações de uma vida dupla: apresento-me como ministro, como quem serve, mas no fundo eu me sirvo dos outros”.

(Rádio Vaticano/ Adaptação Zenit)

domingo, 1 de novembro de 2015

Bispos refletem sobre Solo Urbano, Pastoral da Educação, Missão e Campanha da Fraternidade

Brasil: Conselho Permanente prepara 54ª Assembleia Geral da CNBB

Bispos refletem sobre Solo Urbano, Pastoral da Educação, Missão e Campanha da Fraternidade


Brasilia, 29 de Outubro de 2015 (ZENIT.org) Redação | 349 visitas


O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) discutiu, na tarde desta terça-feira (27), a programação da 54ª Assembleia Geral da instituição. O evento ocorrerá de 6 a 15 de abril, em Aparecida (SP).

O arcebispo de Curitiba, dom Antônio Peruzzo -  conforme notícia publicada no site da CNBB - apresentou ao Conselho Permanente uma prévia da pauta da Assembleia. Na ocasião, os bispos fizeram novas contribuições e a proposta será novamente debatida no decorrer da reunião, que prosseguirá até quinta-feira.

Na parte da tarde foram tratados outros assuntos como a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016 e a elaboração de três textos sobre: Solo Urbano, Diretrizes para a Pastoral da Educação, Missão e Cooperação.

Solo Urbano

Os encaminhamentos a respeito do texto sobre Solo Urbano foram expostos pelo arcebispo de São Luís (MA), dom José Belisário, que faz parte do Grupo de Trabalho (GT), constituído no ano passado para redigir o material. O GT é composto por bispos, padres e leigos. Segundo dom Belisário, o ponto de partida do texto, trabalhado por meio do método Ver, Julgar e Agir,  é a preocupação com o sofrimento das pessoas diante da atual situação da mobilidade urbana e tem como eixo a questão fundiária.

Diretrizes para a Pastoral da Educação

Também está em andamento um texto sobre as Diretrizes para a Pastoral da Educação no Brasil. O tema foi abordado pelo bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação, dom João Justino. A expectativa é que seja publicado como Estudos da CNBB (coleção verde).  Dom Justino lembrou que em novembro haverá, em Roma, o Congresso Mundial para a Educação Católica, o que poderá enriquecer ainda mais a redação.

Missão e Cooperação

Aprovado na Assembleia do Conselho Missionário Nacional (Comina), em março deste ano, o texto “Missão e Cooperação Missionária” propõe orientações para a animação missionária da Igreja no Brasil. “Espera-se que seja publicado como Estudos da CNBB, já que há poucos subsídios sobre a missão”, expressou o bispo auxiliar de São Luís (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Missionária e Cooperação Intereclesial, dom Esmeraldo Barreto de Farias.  O texto fala dos desafios contemporâneos da missão, dos fundamentos trinitários, da conversão eclesial, dos horizontes da missão e das tarefas da Igreja Missionária.

Saneamento Básico

“Casa comum, nossa responsabilidade”. Este é o tema da Campanha da Fraternidade (CFE) 2016, realizada pela CNBB em parceria com o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). “Esta será a quarta Campanha da Fraternidade Ecumênica”, lembrou o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo, padre Marcus Barbosa, durante exposição do tema ao Conselho Permanente.  Para o assessor, a CFE é um testemunho de unidade, pois é realizada a partir da colaboração conjunta entre as igrejas que fazem parte do Conic.

O foco da Campanha é o saneamento básico. Segundo padre Marcus, “o objetivo é promover o diálogo entre os cristãos sobre questões relacionadas ao saneamento básico, a fim de garantir saúde, justo desenvolvimento e qualidade de vida a todos os cidadãos”.

Padre Marcus recorda, ainda, que a Campanha está em sintonia com a encíclica do papa Francisco, Laudato Si’, que trata da ecologia integral. “Será uma ótima oportunidade para fazer chegar as bases a Laudato Si”.

(Com informações da CNBB)

Parolin confirma: "O Papa escreverá uma Exortação apostólica"

Parolin confirma: "O Papa escreverá uma Exortação apostólica"

Na conferência do 50º aniversário da Nostra Aetate, o Secretário de Estado também falou sobre a viagem à África, Estado Islâmico e as relações diplomáticas com a China


Roma, 29 de Outubro de 2015 (ZENIT.org) Redação | 619 visitas


Sínodo, viagem do Papa à África, a violência no Oriente Médio e as relações diplomáticas entre a Santa Sé e China. No final da conferência internacional na Universidade Gregoriana por ocasião do 50º aniversário da Declaração Nostra Aetate sobre a igreja e as religiões não-cristãs, o Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, respondeu às perguntas dos jornalistas, abordando vários temas.

Questionado sobre a Exortação Apostólica que o Papa Francisco poderá promulgar à luz do Sínodo sobre a família, o Cardeal Parolin confirmou que podemos esperar, mas que ele não sabe o momento em que o documento será lançado. Ele acredita que "não tardará muito", pois "modela-se o ferro enquanto está quente".

Passando para a viagem que Francisco realizará no final de novembro à África com escala no Quênia, Uganda e República Centro Africana, o Secretário de Estado confirmou com otimismo: "Não acho que existe medo, se tivesse não iria. Mas o Papa vai a qualquer lugar". Ao mesmo tempo - continuou ele - para "encorajar a paz" em um país onde a guerra está sendo travada, o Papa "está pronto para enfrentar todos os riscos".  Parolin disse que Francisco encontra coragem "na fé e no seu amor pelas pessoas".

O Secretário de Estado do Vaticano também foi questionado sobre a violência no Oriente Médio. Ele acredita que não há possibilidade de um diálogo com os terroristas do Estado Islâmico, porque "o diálogo é feito entre aqueles que concordam em dialogar, portanto, com quem entra em um relacionamento. Evidentemente, com aqueles que não são sensíveis e rejeitam o diálogo, como fundamentalismo, eu não acho que seja possível dialogar”.

Sobre o Extremo Oriente, o Cardeal assegurou que entre a China e o Vaticano há um diálogo permanente que considera "muito positivo". Ele também confirmou que uma delegação do Vaticano foi recentemente a Pequim e que não é a primeira vez que isso ocorre. "Isso faz parte de um caminho, com vista a normalização das relações".

Durante seu discurso na conferência ele recordou as palavras de São João Paulo II no Dia Mundial da Paz 2004: “a Igreja sempre ensinou, e ensina ainda hoje, um axioma muito simples: a paz é possível. Mais, a Igreja não se cansa de repetir: a paz é um dever ...  Portanto, a todos os amantes da paz impõe-se uma obrigação, que é educar as novas gerações para estes ideais, a fim de preparar uma era melhor para a humanidade inteira”.

"A educação para a paz é agora mais urgente do que nunca, porque os homens, diante das tragédias que continuam a afligir a humanidade, são tentados a ceder ao fatalismo, como se a paz fosse um ideal inatingível", acrescentou Parolin.

"A afirmação de uma autêntica cultura de paz não pode prescindir as raízes éticas em torno da edificação de uma comunidade internacional atenta à convivência entre os povos e ao desenvolvimento integral do ser humano", destacou o secretário de Estado. E "a construção da paz é como um horizonte no oceano que está diante de nós, mas a sensação é de que se afasta sempre. Isso nos convida a trabalhar incansavelmente para alcançá-lo". 

Discurso do Papa na conclusão do Sínodo dos bispos para a família

Discurso do Papa na conclusão do Sínodo dos bispos para a família

Texto completo pronunciado por Francisco na conclusão da XIV Assembleia geral ordinária do sínodo dos bispos, sábado, 24 de outubro


Cidade do Vaticano, 26 de Outubro de 2015 (ZENIT.org) Redação | 1566 visitas


Amadas Beatitudes, Eminências, Excelências,

Queridos irmãos e irmãs!

Quero, antes de mais, agradecer ao Senhor por ter guiado o nosso caminho sinodal nestes anos através do Espírito Santo, que nunca deixa faltar à Igreja o seu apoio.

Agradeço de todo o coração ao Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário-Geral do Sínodo, a D. Fabio Fabene, Subsecretário e, juntamente com eles, agradeço ao Relator, o Cardeal Peter Erdö, e ao Secretário Especial, D. Bruno Forte, aos presidentes delegados, aos secretários, consultores, tradutores e todos aqueles que trabalharam de forma incansável e com total dedicação à Igreja: um cordial obrigado! E quero agradecer também à Comissão que fez a Relação; alguns passaram a noite em branco.

Agradeço a todos vós, amados padres sinodais, delegados fraternos, auditores, auditoras e conselheiros, párocos e famílias pela vossa activa e frutuosa participação.

Agradeço ainda a todas as pessoas que se empenharam, de forma anónima e em silêncio, prestando a sua generosa contribuição para os trabalhos deste Sínodo.

Estai certos de que a todos recordo na minha oração ao Senhor para que vos recompense com a abundância dos seus dons e graças!

Enquanto acompanhava os trabalhos do Sínodo, pus-me esta pergunta: Que há-de significar, para a Igreja, encerrar este Sínodo dedicado à família?

Certamente não significa que esgotámos todos os temas inerentes à família, mas que procurámos iluminá-los com a luz do Evangelho, da tradição e da história bimilenária da Igreja, infundindo neles a alegria da esperança, sem cair na fácil repetição do que é indiscutível ou já se disse.

Seguramente não significa que encontrámos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família, mas que colocámos tais dificuldades e dúvidas sob a luz da Fé, examinámo-las cuidadosamente, abordámo-las sem medo e sem esconder a cabeça na areia.

Significa que solicitámos todos a compreender a importância da instituição da família e do Matrimónio entre homem e mulher, fundado sobre a unidade e a indissolubilidade e a apreciá-la como base fundamental da sociedade e da vida humana.

Significa que escutámos e fizemos escutar as vozes das famílias e dos pastores da Igreja que vieram a Roma carregando sobre os ombros os fardos e as esperanças, as riquezas e os desafios das famílias do mundo inteiro.

Significa que demos provas da vitalidade da Igreja Católica, que não tem medo de abalar as consciências anestesiadas ou sujar as mãos discutindo, animada e francamente, sobre a família.

Significa que procurámos olhar e ler a realidade, melhor dito as realidades, de hoje com os olhos de Deus, para acender e iluminar, com a chama da fé, os corações dos homens, num período histórico de desânimo e de crise social, económica, moral e de prevalecente negatividade.

Significa que testemunhámos a todos que o Evangelho continua a ser, para a Igreja, a fonte viva de novidade eterna, contra aqueles que querem «endoutriná-lo» como pedras mortas para as jogar contra os outros.

Significa também que espoliámos os corações fechados que, frequentemente, se escondem mesmo por detrás dos ensinamentos da Igreja ou das boas intenções para se sentar na cátedra de Moisés e julgar, às vezes com superioridade e superficialidade, os casos difíceis e as famílias feridas.

Significa que afirmámos que a Igreja é Igreja dos pobres em espírito e dos pecadores à procura do perdão e não apenas dos justos e dos santos, ou melhor dos justos e dos santos quando se sentem pobres e pecadores.

Significa que procurámos abrir os horizontes para superar toda a hermenêutica conspiradora ou perspectiva fechada, para defender e difundir a liberdade dos filhos de Deus, para transmitir a beleza da Novidade cristã, por vezes coberta pela ferrugem duma linguagem arcaica ou simplesmente incompreensível.

No caminho deste Sínodo, as diferentes opiniões que se expressaram livremente – e às vezes, infelizmente, com métodos não inteiramente benévolos – enriqueceram e animaram certamente o diálogo, proporcionando a imagem viva duma Igreja que não usa «impressos prontos», mas que, da fonte inexaurível da sua fé, tira água viva para saciar os corações ressequidos.[1]

E vimos também – sem entrar nas questões dogmáticas, bem definidas pelo Magistério da Igreja – que aquilo que parece normal para um bispo de um continente, pode resultar estranho, quase um escândalo – quase! –, para o bispo doutro continente; aquilo que se considera violação de um direito numa sociedade, pode ser preceito óbvio e intocável noutra; aquilo que para alguns é liberdade de consciência, para outros pode ser só confusão. Na realidade, as culturas são muito diferentes entre si e cada princípio geral – como disse, as questões dogmáticas bem definidas pelo Magistério da Igreja – cada princípio geral, se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado.[2] O Sínodo de 1985, que comemorava o vigésimo aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II, falou da inculturação como da «íntima transformação dos autênticos valores culturais mediante a integração no cristianismo e a encarnação do cristianismo nas várias culturas humanas».[3] A inculturação não debilita os valores verdadeiros, mas demonstra a sua verdadeira força e a sua autenticidade, já que eles adaptam-se sem se alterar, antes transformam pacífica e gradualmente as várias culturas.[4]

Vimos, inclusive através da riqueza da nossa diversidade, que o desafio que temos pela frente é sempre o mesmo: anunciar o Evangelho ao homem de hoje, defendendo a família de todos os ataques ideológicos e individualistas.

E, sem nunca cair no perigo do relativismo ou de demonizar os outros, procurámos abraçar plena e corajosamente a bondade e a misericórdia de Deus, que ultrapassa os nossos cálculos humanos e nada mais quer senão que «todos os homens sejam salvos» (1 Tim 2, 4), para integrar e viver este Sínodo no contexto do Ano Extraordinário da Misericórdia que a Igreja está chamada a viver.

Amados irmãos!

A experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor também que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão. Isto não significa de forma alguma diminuir a importância das fórmulas – são necessárias –, a importância das leis e dos mandamentos divinos, mas exaltar a grandeza do verdadeiro Deus, que não nos trata segundo os nossos méritos nem segundo as nossas obras, mas unicamente segundo a generosidade sem limites da sua Misericórdia (cf. Rm 3, 21-30; Sal 129/130; Lc 11, 47-54). Significa vencer as tentações constantes do irmão mais velho (cf. Lc 15, 25-32) e dos trabalhadores invejosos (cf. Mt 20, 1-16). Antes, significa valorizar ainda mais as leis e os mandamentos, criados para o homem e não vice-versa (cf. Mc 2, 27).

Neste sentido, o necessário arrependimento, as obras e os esforços humanos ganham um sentido mais profundo, não como preço da Salvação – que não se pode adquirir – realizada por Cristo gratuitamente na Cruz, mas como resposta Àquele que nos amou primeiro e salvou com o preço do seu sangue inocente, quando ainda éramos pecadores (cf. Rm 5, 6).

O primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor (cf. Jo 12, 44-50).

Do Beato Paulo VI temos estas palavras estupendas: «Por conseguinte podemos pensar que cada um dos nossos pecados ou fugas de Deus acende n’Ele uma chama de amor mais intenso, um desejo de nos reaver e inserir de novo no seu plano de salvação (...). Deus, em Cristo, revela-Se infinitamente bom (...). Deus é bom. E não apenas em Si mesmo; Deus – dizemo-lo chorando – é bom para nós. Ele nos ama, procura, pensa, conhece, inspira e espera… Ele – se tal se pode dizer – será feliz no dia em que regressarmos e Lhe dissermos: Senhor, na vossa bondade, perdoai-me. Vemos, assim, o nosso arrependimento tornar-se a alegria de Deus».[5]

Por sua vez São João Paulo II afirmava que «a Igreja vive uma vida autêntica, quando professa e proclama a misericórdia, (...) e quando aproxima os homens das fontes da misericórdia do Salvador das quais ela é depositária e dispensadora».[6]

Também o Papa Bento XVI disse: «Na realidade, a misericórdia é o núcleo da mensagem evangélica, é o próprio nome de Deus (...). Tudo o que a Igreja diz e realiza, manifesta a misericórdia que Deus sente pelo homem, portanto, por nós. Quando a Igreja deve reafirmar uma verdade menosprezada, ou um bem traído, fá-lo sempre estimulada pelo amor misericordioso, para que os homens tenham vida e a tenham em abundância (cf. Jo 10, 10)».[7]

Sob esta luz e graça, neste tempo de graça que a Igreja viveu dialogando e discutindo sobre a família, sentimo-nos enriquecidos mutuamente; e muitos de nós experimentaram a acção do Espírito Santo, que é o verdadeiro protagonista e artífice do Sínodo. Para todos nós, a palavra «família» já não soa como antes do Sínodo, a ponto de encontrarmos nela o resumo da sua vocação e o significado de todo o caminho sinodal.[8]

Na verdade, para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a «caminhar juntos» para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus!

Obrigado!

[1]Cf. Papa Francisco, Carta ao Magno Chanceler da "Pontificia Universidad Católica Argentina", no centenário da Faculdade de Teologia, 3 de Março de 2015.

[2]Cf. Pontifícia Comissão Bíblica, Fé e cultura à luz da Bíblia. Actas da Sessão Plenária de 1979 da Pontifícia Comissão Bíblica, LDC, Leumann 1981; Conc. Ecum. Vat. II, Gaudium et spes, 44.

[3]Relação final (7 de Dezembro de 1985), II/D.4: L’Osservatore Romano (ed. portuguesa de 22/XII/1985), 652.

[4]«Em virtude da sua missão pastoral, a Igreja deve manter-se sempre atenta às mudanças históricas e à evolução das mentalidades. Certamente não para se submeter a elas, mas para superar os obstáculos que possam opor-se à recepção das suas recomendações e das suas directrizes» (Entrevista ao Cardeal Georges Cottier, La Civiltà Cattolica, 3963-3964, 8 de Agosto de 2015, p. 272).

[5]Homilia, 23 de Junho de 1968: Insegnamenti 6, 1968, 1177-1178.

[6]Carta. enc. Dives in misericordia, 30 de Novembro de 1980, 13. Disse também: «No mistério pascal, (…) Deus mostra-Se-nos por aquilo que é: um Pai de coração terno, que não se rende diante da ingratidão dos seus filhos, e está sempre disposto ao perdão» (João Paulo II, Alocução do «Regina Caeli», 23 de Abril de 1995: Insegnamenti 18/1, 1995, 1035). E descrevia a resistência à misericórdia com estas palavras: «A mentalidade contemporânea, talvez mais do que a do homem do passado, parece opor-se ao Deus de misericórdia e, além disso, tende a separar da vida e a tirar do coração humano a própria ideia da misericórdia. A palavra e o conceito de misericórdia parecem causar mal-estar ao homem» (Carta enc. Dives in misericordia, 2).

[7]Alocução do «Regina Coeli», 30 de Março de 2008: Insegnamenti 4/1, 2008, 489-490. E, referindo-se ao poder da misericórdia, afirma: «É a misericórdia que põe um limite ao mal. Nela expressa-se a natureza muito peculiar de Deus - a sua santidade, o poder da verdade e do amor» (Homilia no Domingo da Divina Misericórdia, 15 de Abril de 2017: Insegnamenti 3/1, 2007, 667).

[8]Uma análise, em acróstico, da palavra «família» ajuda-nos a resumir a missão da Igreja na sua tarefa de: Formar as novas gerações para viverem seriamente o amor, não como pretensão individualista baseada apenas no prazer e no «usa e joga fora», mas para acreditarem novamente no amor autêntico, fecundo e perpétuo, como o único caminho para sair de si mesmo, para se abrir ao outro, para sair da solidão, para viver a vontade de Deus, para se realizar plenamente, para compreender que o matrimónio é o «espaço onde se manifesta o amor divino, para defender a sacralidade da vida, de toda a vida, para defender a unidade e a indissolubilidade do vínculo conjugal como sinal da graça de Deus e da capacidade que o homem tem de amar seriamente» (Homilia na Missa de Abertura do Sínodo, 4 de Outubro de 2015) e para valorizar os cursos pré-matrimoniais como oportunidade de aprofundar o sentido cristão do sacramento do Matrimónio; Aviar-se ao encontro dos outros, porque uma Igreja fechada em si mesma é uma Igreja morta; uma Igreja que não sai do seu aprisco para procurar, acolher e conduzir todos a Cristo é uma Igreja que atraiçoa a sua missão e vocação; Manifestar e estender a misericórdia de Deus às famílias necessitadas, às pessoas abandonadas, aos idosos negligenciados, aos filhos feridos pela separação dos pais, às famílias pobres que lutam para sobreviver, aos pecadores que batem às nossas portas e àqueles que se mantêm longe, aos deficientes e a todos aqueles que se sentem feridos na alma e no corpo e aos casais dilacerados pela dor, a doença, a morte ou a perseguição; Iluminar as consciências, frequentemente rodeadas por dinâmicas nocivas e subtis que procuram até pôr-se no lugar de Deus criador: tais dinâmicas devem ser desmascaradas e combatidas no pleno respeito pela dignidade de cada pessoa; ganhar e reconstruir com humildade a confiança na Igreja, seriamente diminuída por causa da conduta e dos pecados dos seus próprios filhos; infelizmente, o contratestemunho e os escândalos cometidos dentro da Igreja por alguns clérigos afectaram a sua credibilidade e obscureceram o fulgor da sua mensagem salvífica; Labutar intensamente por apoiar e incentivar as famílias sãs, as famílias fiéis, as famílias numerosas que continuam, não obstante as suas fadigas diárias, a dar um grande testemunho de fidelidade aos ensinamentos da Igreja e aos mandamentos do Senhor; Idear uma pastoral familiar renovada, que esteja baseada no Evangelho e respeite as diferenças culturais; uma pastoral capaz de transmitir a Boa Nova com linguagem atraente e jubilosa e tirar do coração dos jovens o medo de assumir compromissos definitivos; uma pastoral que preste uma atenção particular aos filhos que são as verdadeiras vítimas das lacerações familiares; uma pastoral inovadora que implemente uma preparação adequada para o sacramento do Matrimónio e ponha termo a costumes vigentes que muitas vezes se preocupam mais com a aparência duma formalidade do que com a educação para um compromisso que dure a vida inteira; Amar incondicionalmente todas as famílias e, de modo particular, aquelas que atravessam um período de dificuldade: nenhuma família deve sentir-se sozinha ou excluída do amor e do abraço da Igreja; o verdadeiro escândalo é o medo de amar e de manifestar concretamente este amor.

Papa no Angelus: O amor e a compaixão são mais fortes do que a morte

Papa no Angelus: O amor e a compaixão são mais fortes do que a morte


(Queridos irmãos e irmãs em Cristo, Hoje ao celebrarmos o dia de todos os santos e santas de Deus, nós compreendemos que somos a Igreja militante que caminha nesse mundo rumo ao céu onde todos já contemplam a visão beatifica de Deus. A essa nova realidade que deveremos viver é necessario estarmos em comunhão com Deus na sua Igreja e com todos na vida de familia, de comunidade e cotidiano do mundo. Cada pessoa deve estar bebendo da fonte da graça que é Cristo para isso devemos viver a santidade de vida nos gestos e palavras. A comunhão de todos os santos estão inseridos na vida nova que o batismo traz a todos que aderem  a Cristo. Assim, vivemos uma vida que ainda não é plenificada, mas temos algumas matizes que nos fazem desejarmos o céu com Deus e com todos que nos antecederam. Amém!!!) por Bacharel em teologia Jose Benedito Schumann Cunha

Texto completo. Francisco comenta a Solenidade de Todos os Santos e pede o fim da violência na República Centro Africana

Cidade do Vaticano, 01 de Novembro de 2015 (ZENIT.org) Redação | 444 visitas

Apresentamos as palavras pronunciadas pelo Papa Francisco antes de rezar o Angelus com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro neste domingo, 01 de novembro, Solenidade de Todos os Santos. 
Queridos irmãos e irmãs, bom dia e boa festa!

Na celebração de hoje, Festa de Todos os Santos, sentimos particularmente viva a realidade da comunhão dos santos, nossa grande família, composta por todos os membros da Igreja, tanto aqueles que ainda peregrinam na terra, seja por aqueles – muito mais - que já a deixaram e foram para o céu. Estamos todos unidos e isso se chama "comunhão dos santos", que é a comunidade de todos os batizados.

Na liturgia, o livro do Apocalipse recorda uma característica essencial dos santos: São pessoas que pertencem totalmente a Deus. Os apresenta como uma multidão de "eleitos", vestida de branco e marcada pelo "sigilo de Deus" (veja 7,2-4.9-14). Através deste último detalhe, com linguagem alegórica é enfatizado que os santos pertencem a Deus de maneira plena e exclusiva, são sua propriedade. E o que significa levar o sigilo de Deus na própria  vida e na própria pessoa? Nos diz o apóstolo João: significa que em Jesus Cristo nós nos tornamos verdadeiramente filhos de Deus (cf. 1 Jo 3,1-3).

Estamos conscientes deste grande dom? Somos todos filhos de Deus! Lembramos que no Baptismo recebemos o "sigilo" de nosso Pai Celestial e nos tornamos Seus filhos? Para colocá-lo de uma forma simples: Trazemos o sobrenome de Deus, nosso sobrenome é Deus, porque somos filhos de Deus. Aqui está a raiz da vocação à santidade! Os  santos que hoje recordamos são aqueles que viveram na graça de seu Batismo, mantiveram  intacto o "sigilo" se comportando como filhos de Deus, buscando imitar Jesus; e agora alcançaram a meta, porque finalmente, "veem a Deus como Ele é."

A segunda característica é que os santos são exemplos a imitar.  Mas atenção: não somente aqueles canonizados, mas os santos,  podemos assim dizer, "da porta ao lado", que, com a graça de Deus esforçaram-se para praticar o Evangelho na vida cotidiana. Estes santos  também nós os encontramos, talvez  tivemos alguém na família ou entre os amigos e conhecidos. Devemos ser gratos a eles e, sobretudo, devemos ser gratos a Deus que os deu essas pessoas, que os colocou ao nosso lado, como exemplos vivos e  contagiosos de viver e morrer na fidelidade ao Senhor Jesus e ao seu Evangelho. Quantas pessoas boa conhecemos e dizemos: "Mas essa pessoa é santa", dizemos espontaneamente. Estes são os santos ao lado, ainda não canonizados, mas que vivem conosco.

Imitar os seus gestos de amor e misericórdia é um pouco 'como a perpetuar a presença deles neste mundo. De fato aqueles gestos evangélicos são os únicos que resistem à destruição da morte: um ato de ternura, uma ajuda generosa, um tempo gasto na escuta, uma visita, uma palavra gentil, um sorriso ... Aos nossos olhos, estes gestos podem parecer insignificantes, mas aos olhos de Deus são eternos, porque o amor e a compaixão são mais fortes do que a morte.

A Virgem Maria, Rainha de Todos os Santos, nos ajude a confiar mais na graça de Deus, a fim de caminhar com alegria na estrada para a santidade. À nossa Mãe confiamos o nosso empenho cotidiano e pedimos por nossos entes queridos falecidos, na  esperança de nos reencontrar um dia, todos juntos, na comunhão gloriosa do Céu.

Apelo

Queridos irmãos e irmãs, os episódios dolorosos que nestes últimos dias pioraram a situação delicada da República Centro-Africana causaram em mim grande preocupação. Faço um apelo às partes envolvidas para que ponham fim a este ciclo de violência. Estou próximo espiritualmente aos Padres combonianos da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Bangui, que acolheram vários deslocados. Manifesto a minha solidariedade à Igreja, às outras confissões religiosas e a toda a nação centro-africana, tão duramente provada, que fazem todos os esforços para superar as divisões e retomar o caminho da paz. Para manifestar a proximidade na oração de toda a Igreja a este país aflito e atormentado, e exortar todos centro-africanos a serem cada vez mais testemunhas da misericórdia e da reconciliação, no domingo, 29 de novembro, pretendo abrir a porta santa da catedral de Bangui, durante a viagem apostólica que espero realizar a esta nação.

Depois do Angelus

Ontem, em Frascati,  foi beatificada Madre Teresa Casini, fundadora das Irmãs Oblatas do Sagrado Coração de Jesus. Mulher contemplativa e missionária, que fez da sua vida uma oblação de oração e caridade concreta pelos sacerdotes. Agradecemos ao Senhor por seu testemunho.

Saúdo todos os peregrinos, provenientes da Itália e de vários países; em particular, os da Malásia e de Valência (Espanha).

Saúdo os participantes da corrida dos Santos e da Marcha dos Santos, patrocinados, respectivamente, pela "Don Bosco no Mundo" e pela associação "Família pequena igreja". Aprecio estes eventos que oferecem uma dimensão de festa popular para a Solenidade de Todos os Santos. Saúdo também o coro de San Cataldo, os jovens de  Ruvo di Puglia e de Papanice.

Esta tarde,  irei ao cemitério  Verano,  onde celebrarei a Santa Missa  pelas almas dos falecidos. Visitando o principal cemitério de Roma, uno-me espiritualmente àqueles que nestes dias rezam nos túmulos de seus entes queridos, em todo o mundo.

Desejo a todos paz e serenidade na companhia espiritual dos santos. Bom domingo e por favor, não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço e até logo!