ALVORADA

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Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Os conceitos mudam...

Nesta sociedade "pós-moderna", parece-nos que os conceitos transcendentais, como a honestidade, o trabalho e a recompensa a longo prazo, estão cada vez mais perdendo o valor. Hoje as "virtudes" mais admiradas no ser humano são o dinamismo, a capacidade de ser "carismático" e o tal do empreendedorismo (entendido como a habilidade de fazer as coisas acontecerem à velocidade da luz, rapidamente, não importando os meios utilizados para isso).

A data de 27 de agosto de 2008 traz à memória o falecimento de Dom Hélder Pessoa Câmara que, em 07 de fevereiro de 2009, completaria 100 anos de vida, caso a morte não o tivesse levado à plenitude eterna. Contudo, a obra de Dom Hélder permanece entre nós. Um desses trabalhos é o livro "Um Olhar Sobre A Cidade" (2ª Edição - Editora Civilização Brasileira - 1977). Esse livro é uma coletânea de uma série de crônicas que o então Arcebispo de Olinda e Recife lia "todas as manhãs ao microfone da Rádio Olinda". Eis uma dessas crônicas. O título dela é...

"Fazer tudo bem...

Dar o máximo...

Trabalhar sempre com alma
e com toda a alma,
quer se trate
de conduzir às estrelas
uma nave espacial
ou de fazer
uma simples ponta de lápis.

Fazer tudo bem: é um dos maiores louvores que o Evangelho faz de Cristo.

Não faça nada mal feito, mal acabado. Saiba que nenhum trabalho desonra e todo trabalho pode ser um louvor a Deus.

Um dia, um gari da limpeza pública carregava uma lata de lixo que tinha um cheiro insuportável. Esperei que ele jogasse o lixo no caminhão e quis aperta-lhe a mão. Ele não queria, de modo algum, que eu lhe segurasse a mão, achando que ela estava suja. Expliquei, com absoluta sinceridade, que trabalho nenhum suja a mão humana. Suja a mão sim roubar, derramar sangue do próximo, não trabalhar por falta de coragem e malandragem... Claro que não trabalhar sem culpa, depois de procurar trabalho por toda parte, não é desonra nenhuma: é sofrimento!

Um dia, um garoto insistiu que o deixasse engraxar meus sapatos e eu, pensando em ajudá-lo, deixei. Comovi-me contemplando o pequenino herói. Tão criança, na idade em que as crianças brincam e vão à escola, ele estava ali, conquistando, honestamente, o dinheiro para a avó enferma, de quem é arrimo. E como deixou brilhantes os meus sapatos!

Voltemos a lembrar: se depender de você, não faça nada mal feito. Tem que fazer uma ponta de lápis? Que ela não saia rombuda e feia...

Seu trabalho é na cozinha? Por mais pobre que seja a Família, tome conta da panela como certamente Nossa Senhora fazia em casa de Santa Isabel e na sua própria casa de Nazaré.

Não é só trabalho importante que deve ser feito com alma. Em um Hospital, não basta que o médico seja fabuloso: a telefonista tem que estar alerta; o pessoal da portaria tem que ser acolhedor e amigo; as enfermeiras e ajudantes de enfermagem, os serventes, a turma da limpeza e da cozinha. Todos e todas...

Ah! Se cada um de nós desse conta de seu dever, sem jogar o trabalho em cima dos outros, sem desleixar, sem fazer cera, sem enrolar...

O mundo tomaria jeito diferente, se cada um, em trabalho importante ou simples, compreendido ou incompreendido, cumprisse o dever com toda a alma. Erros, injustiças, a gente procura reclamar na hora exata. Mas só tem força moral para reclamar, quem cumpre o dever para ninguém botar defeito. Só é invencível, quem se sabe e se sente dentro do plano de Deus, participando do trabalho sagrado de dominar a natureza e completar a Criação" (páginas 23 e 24).

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