POR Gledson Eduardo de Miranda Assis
Deus criou-nos com um propósito maravilhoso: que possamos viver com Ele
para sempre, em alegria, amor, perfeita santidade e justiça. O problema é que
nós não sabemos viver em perfeito amor e justiça, e, mais grave ainda, nós nem
sequer vivemos tão bem quanto deveríamos. Esse tempo de preparação para o Natal
do Senhor e a proximidade do fim de mais um ano nos convidam a que possamos
refletir e rever algumas coisas necessárias em nossas vidas.
"Renovar é
viver" ensina um velho ditado. Renovamos a pintura de nossa casa, e parece
que essa mudança nos ajuda a viver melhor. Estreamos um novo terno, um novo
vestido, uma nova roupa, colocamos um novo calçado ou simplesmente renovamos a
disposição dos móveis da casa, e tais alterações da rotina diária nos reanimam
e criam uma melhor disposição. Porém, se estas pequenas mudanças externas
podem, nos oferecer satisfação, devemos imaginar também quanto mais proveito
poderia nos oferecer uma renovação interior?
Quando uma pessoa
melhora por dentro, seus pensamentos, suas intenções e seus sentimentos,
adquire-se então vida nova. Seu modo de ser se torna mais agradável e até seu
semblante se ilumina. Mas, muitas vezes temos certas atitudes que na realidade,
não gostaríamos de ter. E logo sobrevêm um sentimento de desgosto.
O apóstolo Paulo se
expressou dizendo: “Eu sei que em mim, isto é, em minha carne, não mora bem
algum, porque o querer o bem está em mim, porém não faço. Porque não faço o bem
que quero, mas o mal que não quero, esse faço. E se faço o que não quero, já
não faço eu, senão o pecado que mora em mim”. (Rm 7,18-20). Esta é a luta de
todo o ser humano; querer fazer o bem, porém comprovar com tristeza que nossa
inclinação natural nos induz a cometer o mal. O profeta Jeremias afirma em seu
livro: “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e desesperadamente
corrupto; quem o conhecerá? (17,9)
Mas, como nossa mente
pode ser mudada? A simples compreensão de nossa necessidade não basta; nem
tampouco são suficientes a lucidez mental e a força de vontade. Podemos lutar
toda a vida para combater os nossos defeitos, e ainda assim, seguir dominados
por eles. Só podemos mudar e sermos melhores em Deus. O mesmo Deus que criou o
homem pode recriar o nosso coração, a nossa mente. A Palavra de Deus deixa
claro que uma nova vida é possível e está ao nosso alcance. “Vos despojeis do
velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos
renoveis no espírito do vosso entendimento e vos revistais do novo homem,
criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.” (Ef 4,22-24)
Temos exemplos na
Bíblia de homens que tiveram a experiência de serem tocados pelo dedo de Deus.
A voz de Cristo falou claramente ao seu coração. Saulo, por exemplo, era um
ardoroso perseguidor de cristãos. Um dia indo, pela estrada de Damasco foi
acolhido por uma grande luz. De sua conversão nos vieram vários ensinamentos: “Não
vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação do vosso
entendimento.” (Rom 12, 2). E ainda: “Se alguém está em Cristo nova criatura é,
as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. (2Cor 5,17). Ninguém
pode querer mudar por si mesmo. Todo intento humano pode tender ao fracasso. Mas
onde fracassa o homem, triunfa Deus!
Pedro também nos
adverte: “Pois fostes regenerados, não de semente corruptível, mas da
incorruptível, mediante a Palavra de Deus, a qual vive e é permanente.” (1Pd 1,23).
Que o Senhor cumpra em nós sua promessa: “Dar-vos ei um coração novo, e porei
dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei um
coração de carne.” (Ezl 36,26).
Natal é Vida nova que
se aproxima! Dela podemos desfrutar cada dia, com paz e alegria, se pedirmos a
Deus, um novo coração, uma mudança de hábitos, porque nossa mente estará restaurada
pelo poder do Espírito Santo.
Peçamos que o Senhor
Jesus nos dê um novo coração, uma nova vida e que nós também vivamos a vida
nova em Cristo, Verbo de Deus encarnado.
Gledson Eduardo de Miranda Assis é sacerdote diocesano incardinado na Arquidiocese de Montes Claros. Nasceu em 28 de dezembro de 1980, em Cipotânea-MG. Seu trabalho pastoral é conhecido pelas paróquias São Sebastião de Taiobeiras, São Sebastião de Montes Claros, Nossa Senhora da Consolação de Montes Claros e Pastoral da Juventude. Ao lado do arcebispo metropolitano de Montes Claros, dom José Alberto Moura, escreve mensalmente no jornal CLARÃO DO NORTE. Desde agosto de 2008 que o padre Gledson é articulista do informativo desta Igreja particular que nasce no sertão.
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