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domingo, 28 de outubro de 2018

Show de Beu Viana

POR Mara Narciso
médica endocrinologista e jornalista
 
Num sábado à tarde, entrei na sapataria em frente ao Chopp Time, no Ibituruna Center Shopping. Passei com os olhos e ouvidos esticados para um moço que tocava e cantava sobre um pequeno tablado. Foi a primeira vez que o vi cantar, e de cara percebi ser impossível ficar indiferente à presença e voz de Beu Viana. A sua maneira de se expressar é peculiar e única, e essa característica é clara desde a primeira audição. Fiquei atenta àquele fundo musical de repertório catado no melhor baú. Ao sair da loja, dei um tchau acompanhado de um sorrisão satisfeito. Era meu sinal de rasgada aprovação.
 
Outra vez foi no casamento de Rodrigo Marques e Lívia Sales, quando eu me desmanchei ouvindo sua banda cantar rock. O Tatarana Trio tem também Rafael Carneiro Lobão na bateria e vocais e Júlio Gonçalves no baixo e apresenta shows com repertório dos Beatles e Roberto Carlos, mais puxado para o rock. Segundo Alana Freitas do jornal "Gazeta Norte-Mineira", em 25 de agosto de 2017, a banda é considerada uma das mais técnicas no cenário atual de rock em Montes Claros e região”.
 
Registrado como Frederico Viana Pinheiro, Beu Viana, aos 40 anos, toca um violão e guitarra maravilhosos, aprendido em sua cidade natal, Porteirinha. Lá fez sua primeira apresentação musical, ainda menino, e foi se aperfeiçoando como músico. Fez Direito na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), torce pelo Cruzeiro, tem dois cachorros, mora no Bairro Morada do Parque e faz apresentações na Feirinha NaMorada. O “Samba Decantando” é uma música de sua autoria.
 
Na carreira solo, apresenta-se nos bares da cidade, seguindo uma agenda preestabelecida. No Twitter, se diz músico e poeta e convida para seus shows. Os locais mais recentes foram Degrau's, Bar dos Amigos - no sábado com Clássicos do Samba, Ana Terra Gastrobar e Agave.
 
Quando se vê a estrutura física do cantor, pode-se pensar que faça esforço para cantar e tocar, o que não ocorre. É exímio no dedilhar das cordas e cantar lhe é tão fácil, que desempenho e imagem se casam harmoniosamente. Seu natural é ser natural, e quando canta, incorpora os cantores de cada música que interpreta, de uma forma indescritível. Ao mesmo tempo em que veste parte da voz do cantor original, buscando a entonação de quem a gravou, simultaneamente canta de um jeito novo e cativante. Nem imagino como faz isso, o que se traduz em festa para quem o assiste.
 
Aparentemente contido, sua melhor comunicação é o canto, mas já elogiei poema dele. Numa entrevista dada a Ricardo Guimarães no Programa Viola, em 2015, Beu fala das inúmeras influências que sofre, ainda que tenha suas preferidas. Em seus shows, passeia por todos os bons ritmos, como MPB, Roberto Carlos, Raul Seixas, Clube da Esquina, Tropicália, Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd, Rock e Pop Internacional.
 
Atende pedidos, inventa um roteiro, enquanto, da sua boa memória, brotam letras exatas e ótima pronúncia, quando canta em Inglês. De um jeito simples, apresentando músicas autorais e antigas - reclamam disso, mas “cantar música de velho, eu imputei como elogio”, diz Beu, acostumado ao assédio da plateia, que não lhe deixa sossegar, aplaudindo e indo ao palco elogiá-lo.
 
E quem o vê assim, concentrado, rosto virado para um lado e olhos semicerrados, cantando música nordestina, como a maravilhosa “Lamento Sertanejo” de Gilberto Gil e Dominguinhos, não imagina que ele já se fez acompanhar pela Orquestra Sinfônica de Montes Claros. Foi na Festa de Natal de 2013, quando também cantou “Sal da Terra”, de Beto Guedes e Fernando Brant.
 
No sábado, dia 13 de outubro, estivemos no Ana Terra Gastrobar, na Vila Regina. Naquela noite difícil, na qual a notícia da perda de Georgino Júnior nos sufocava, juntamente com o calor de 33 graus em plena 21 horas, vimos acontecer o impossível: a noite ser embalada pelo magnífico show de Beu Viana. Ao ar livre, debaixo de árvores, com boa comida e repertório para agradar o mais exigente dos ouvintes, nos deleitamos até o final. Declarei: Beu, você nos salvou! O músico se transporta e nos leva junto. Show é Beu Viana. Ou melhor, Beu Viana é show! Quanto ao estilo, o cantor é inclassificável, porém como artista, é fácil classificá-lo. É muito bom, porém, resulta num problema que tem remédio: exige bis.
 
Domingo, 28 de outubro de 2018

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