Antropólogo Darcy Ribeiro e Leonel Brizola celebrariam 100 anos em 2022
Autor do livro "O Povo Brasileiro", fundador da Universidade de Brasília (UnB) e ministro da Educação no governo eleito democraticamente de João Belchior de Marques Goulart, o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) teria desaconselhado a criação da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). A informação está nas páginas 277 e 278 do livro "40 Anos Clamando por Justiça", de Expedicto Mendonça, sem editora, com apresentação da deputada, a juíza Denise Frossard Loschi, do senador Jefferson Peres, do procurador da República, Luiz Francisco de Souza, do deputado Chico Leite e do jornalista José Maria Rabêlo. João Goulart era vice-presidente da República quando Jânio Quadros renunciou ao mandato. No período, presidente e vice eram eleitos separadamente pelo voto popular e direto. O proletariado estava em um processo de consciência política dos melhores desde 1945, Estado Novo de Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954).
Expedicto Mendonça passou em concurso público do Banco de Brasília/DF. Não foi chamado por ser comunista na época. Desde lá, processa o Estado Burguês para repará-lo. Processa também a administração municipal de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, por ter construído o Aeroporto Mário Ribeiro da Silveira em terreno da sua família e não reparado a mesma pelos danos sofridos. Expedicto Mendonça critica ainda no livro Leonel de Moura Brizola (1922-2004) e o senador da República, Cristovam Buarque.
"Neste mesmo mês de novembro de 1962, Darcy Ribeiro recebia do MEC [Ministério da Educação e Cultura] uma delegação de conterrâneos, integrada pelo deputado estadual Cícero Dumont [1916-2003]; o médico e historiador Hermes de Paula; o jornalista Jair de Oliveira; e o médico, poeta, escritor João Valle Maurício e este que vos fala. Em audiência no gabinete do ministro do MEC, a comissão de Montes Claros apresentou um projeto propondo a criação de uma fundação e um conjunto de faculdades em Montes Claros. Naquela oportunidade, solicitava o apoio do ministro e conterrâneo Darcy Ribeiro. Darcy Ribeiro, sem maiores considerações, em preâmbulo curto e incisivo, declarou, em tom pomposo: 'Está muito cedo para se pensar na criação de cursos superiores em Montes Claros. Considerando a vocação econômica da região voltada para a atividade agro-pastoril, acho mais convincente a criação de uma escola técnica agrícola. Nesta tarefa, poderão contar comigo'. E finalizou dizendo: 'Desaconselho a criação da Unimontes'".
MOC tinha 40 mil habitantes na época. Conforme o juiz de Direito aposentado Augusto José Vieira Neto (1945-2017), Darcy Ribeiro sempre quis uma universidade que formasse gente e não técnicos. E a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), apelidada de "Indústria da Seca", fazia este papel de capacitar tecnicistas educacionais e de mão-de-obra barata e escrava. Um dos presentes à reunião com Darcy Ribeiro, era o dono do jornal "Gazeta do Norte", Jair de Oliveira, que participou da passeata da Concentração Conservadora que culminou no tiroteio e na confusão de 06 de fevereiro de 1930, quando a Concentração Liberal de dona Tiburtina de Andrade Câmara, doutor João José Alves e Honorato Alves estavam tranquilos em sua casa, onde hoje é o Automóvel Clube de MOC. A passeata da Concentração Conservadora, que apoiava o vice-presidente Fernando de Melo Viana (1878-1954), descia a Avenida Francisco Sá e foi incentivada pelo dono do jornal a virar à esquerda na hoje Rua Dom João Pimenta.
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