Vamos buscar o Reino de Deus como tesouro, como uma pérola rara e uma pesca boa

Estamos na metade do ano litúrgico da Igreja católica. Neste domingo, ela nos convida a pensar mais e a refletir quais os valores que são importantes e principais da nossa existência nesta terra. A pandemia que estamos vivendo tem nos incomodado muito em aspectos sociais, religiosos, econômicos, políticos e psicológico do nosso tempo. A reflexão deve ser ampla, mas devemos olhar na perspectiva teológica da nossa humanidade no plano salvífico de Deus para poder dar sentido do nosso viver e de tudo que queremos e de tudo que temos no campo material e intelectual.

A liturgia bíblica deste 17º Domingo do Tempo Comum pode nos ajudar muito no tocante da dimensão do ser no questionamento do que eu sou, para que eu estou aqui e para onde vou. No Livro da Sabedoria, vai ser mostrado a nós um tesouro valioso que é a sabedoria. Aqui é narrada a ida de um jovem Rei de Israel que vai ao Templo, lugar sagrado que ajuda a ter contato com Deus. Neste lugar foi construído por Moisés para ser seu um local de oferecimento de sacrifício ao Senhor. Hoje sabemos que o templo cristão da Igreja católica é o lugar do sacrifício imolado continuamente de Cristo por nós no Pão da vida, que é o seu corpo e o vinho revigorante, sangue precioso de Cristo. 

Deus quer que nós sejamos ofertas vivas de vida aderida a Ele na sabedoria do agir como fez Salomão que, para governar, pediu um tesouro incalculável. Em sonho, ele ouviu Deus dizendo para pedir o que quiser, pois seria dado. Salomão pede a sabedoria que vem de Deus. Não pediu valores efêmeros deste mundo que é riqueza, poder e ostentação. Deus agradou deste pedido e deu-lhe o que foi pedido e, mais ainda, por acréscimo, riqueza, família e poder.

A sabedoria o ajudou a saber fazer o bom uso das outras coisas que iam por vir no seu reinado. Isso é a prova que Deus o escolheu para ser uma testemunha que o fundamento de tudo é Deus (conferir em 1 Rs 3, 5.7-12). Hoje, o mundo pede tudo, procura tecnologia, usa o poder de toda ordem nas suas ideologias políticas, sociais e religiosas que, muitas vezes, esquecem que a sabedoria vem de Deus e ela é a serviço do bem comum de todos.

Na Carta aos Romanos, deparamo-nos que há etapas para a salvação, pois sabemos que Deus cuida de cada um de nós e nos faz merecedor da graça e da salvação. A nossa vida é marcada pela presença de Deus, pois “sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Assim somos chamados e contemplados por Jesus a participar da sua glória. Cabe a nós estarmos sempre com Ele (conferir em Rm 8, 28-30). 

O evangelista Mateus nos apresenta a conclusão do terceiro discurso de Jesus com as três parábolas: o tesouro, a pérola e a rede. O que Jesus quis dizer com estas parábolas? Ele quis nos falar sobre o valor do Reino de Deus, pois ele deve ser buscado como um tesouro valioso, como uma pérola rara que a pessoa sempre procura com determinação e a pescada em busca de peixes bons e grandes para ter valor na venda.  

É desta maneira que devemos fazer valer as coisas passageiras que temos, mas buscar o que é valioso como algo importante para nós. Assim devemos querer e buscar os valores do Reino onde um dia vamos tomar posse definitiva no céu, mas isso já começa na nossa existência e na nossa trajetória humana neste mundo.

Precisamos ter persistência, fazermos renúncia de algo não importante e buscarmos com urgência os valores do Evangelho que é amor, união, perdão, partilha, solidariedade e fraternidade com todos para que possamos ter uma alegria plena. Se estivermos com Cristo, com certeza, vamos valorizar cada ato humano com visão coletiva, humana e cristã. Se estamos com Cristo, e esta certeza é tudo que temos, pois é a conquista de auto recompensa. Ela nos traz a vida eterna em Deus (Mt 13, 44-52).

Que esta liturgia nos ajude a priorizar em nossa vida o Reino de Deus e a trabalhar, construir e fazer acontecer já as maravilhas que Deus nos predestinou sempre para que cada um de nós fôssemos felizes e realizados nesta vida e na eternidade para sempre.

Tudo por Jesus nada sem Maria!!!

José Benedito Schumann Cunha nasceu em 03 de abril de 1957, em Cristina, Minas Gerais. Mora em Itajubá (MG). É bacharel em Teologia pela Pontificium Athenaeum S. Anselmi de Urbe (Roma/Itália) e Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Possui graduação em Engenharia, História e Pedagogia. É presente virtualmente e fisicamente na Pastoral da Comunicação (Pascom) da Arquidiocese de Montes Claros e na Pascom da Paróquia São José Operário de Itajubá. Preside também Celebração da Palavra nessa última e em algumas paróquias vizinhas. Já esteve, por dois meses e meio, experimentando a vocação religiosa. Seu e-mail para contato é jbscteologo@gmail.com. Já foi ministro do Batismo. Leciona Filosofia.