Papa a legisladores católicos: sejamos testemunhas de esperança
O Papa Francisco recebeu na manhã deste sábado (24/08), no Vaticano, um grupo da Rede Internacional de Legisladores Católicos (ICLN - International Catholic Legislators Network), uma associação privada apartidária que nasceu em Trumau, na Áustria, em 2010. Eles participam de uma conferência anual realizada em Roma, que inclui uma audiência com o Pontífice no Vaticano.
O tema do encontro deste ano, “O
mundo em guerra: crises e conflitos permanentes - o que isso significa para
nós?”, é mais atual do que nunca, sublinhou Francisco. A situação presente de
uma “terceira guerra mundial em pedaços” parece permanente e irreprimível.
Então, continuou o Papa: “qual é a resposta esperada, não apenas por parte dos
legisladores, mas por parte de todos os homens e mulheres de boa vontade (….)
caracterizada pela fraternidade, justiça e paz?”. Aqui Francisco propõe alguns
pontos para reflexão.
Renunciar à guerra
“Primeiro: o imperativo de
renunciar à guerra como um meio de resolver conflitos e estabelecer a justiça”.
Depois, ele destacou que a enorme capacidade destrutiva dos armamentos
contemporâneos tornou “os critérios tradicionais para os limites da guerra
obsoletos”. Também disse que, em muitos casos, “a distinção entre alvos
militares e civis é cada vez mais inconsistente”. E Francisco acrescentou:
“Precisamos ouvir o grito dos
pobres, das viúvas e dos órfãos mencionados na Bíblia, ver o abismo do mal que
está no coração da guerra e decidir, com todos os meios possíveis, a opção pela
paz.”
Perseverança e paciência
Referindo-se ao segundo ponto de
reflexão, o Papa destacou “a necessidade de perseverança e paciência, a
proverbial ‘virtude dos fortes’, na busca do caminho da paz, em todas as
ocasiões oportunas e inoportunas, por meio de negociação, mediação e
arbitragem”. Ele afirmou, em seguida, que “o diálogo deve ser a alma da
comunidade internacional, facilitado pela confiança renovada nas estruturas de
cooperação internacional”. Concluindo a reflexão, recordou: "é preciso dar
atenção especial à defesa do direito internacional humanitário e ao
fornecimento de uma base jurídica cada vez mais sólida".
Enfrentar um conflito
Esclarecendo que os presentes
como legisladores sabem bem o que significa enfrentar um conflito, mesmo “em
uma escala menor”, mas talvez “não menos intensa”, dentro das comunidades que
representam, Francisco disse:
“Como cristãos, reconhecemos que
as raízes do conflito, da fragmentação e da desintegração na sociedade podem
ser encontradas, em última análise, como apontou o Concílio Vaticano II, em um
conflito mais profundo, presente no coração humano. Às vezes, os conflitos
podem ser inevitáveis, mas só podem ser resolvidos de maneira proveitosa em um
espírito de diálogo e sensibilidade para com os outros e suas razões, e em um
compromisso comum com a justiça na busca do bem comum. Não esqueçam disto: não
se pode sair de um conflito sozinho. Não é possível. Sempre se sai com os
outros. Sozinho, ninguém consegue sair do conflito."
Renovar o espírito de esperança
Concluindo seu discurso, o Papa
sugeriu aos presentes que, talvez mais do que qualquer outra coisa, “nosso
mundo cansado de guerra precise renovar o espírito de esperança que levou ao
estabelecimento das estruturas de cooperação a serviço da paz após a Segunda
Guerra Mundial”. Por fim, pediu a todos que fossem “testemunhas de esperança,
especialmente para as novas gerações":
"Que seu compromisso com o
bem comum, sustentado pela fé nas promessas de Cristo, sirva de exemplo para
nossos jovens. Como é importante que eles vejam modelos de esperança e ideais
que se contraponham às mensagens de pessimismo e cinismo - não nos esqueçamos
das mensagens cínicas: elas são terríveis! - e a essas mensagens de desespero,
pessimismo e cinismo os jovens são expostos com muita frequência!”
fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2024-08/papa-francisco-audiencia-rede-legisladores-catolicos-2024.html?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=NewsletterVN-PT
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