POR Quintino
de Quadros Vieira
“Jogador quase
é morto em campo (...) Uma partida de futebol quase terminou em morte em Lagoa
dos Patos, a cerca de 106 quilômetros de Montes Claros, na tarde do último
domingo (22)”. [Jornal de Notícias, Montes Claros, terça-feira, 24 de abril de
2018, Editoria de Polícia, Página 09]
O lugarejo era apelidado de Pita e
Bebe. A liderança local orava e trabalhava bastante, porém gostava de uma festa
para confraternizar e unir a população. Um padre franciscano chegou ao lugar e
acabou com a bebedeira. Na igreja dele, não havia nada disso. Era a abstinência
pura. Permitia apenas o futebol de várzea. O sacerdote amava arbitrar um jogo
entre 22 valentões.
Naquele dia, logo após a missa
dominical, o pároco só observou. Se entrasse na briga, sobraria para ele. Um homem
de 46 anos foi esfaqueado sete vezes por um rapaz de 24 anos. Toda a inveja, a ira,
a avareza, o orgulho, a luxúria, a gula e a preguiça sentidas naquele campo
batido de terra se despejaram no jovem sobre o capitão do time adversário. Ele
não as absorveu. E ataque pelas costas é sempre um ato de covardia.
Fugiu em uma motocicleta. A polícia
foi chamada para fazer o boletim de ocorrência. O capitão do time em que jogava
o suposto criminoso era policial militar reformado. Não compreendia os motivos
daquele ódio repentino no moço de 24 anos. De uma hora para outra, fez-se
Lúcifer. De um instante para o outro, transformou-se em demônio. O futebol tem emoções
que a própria razão desconhece.
Quintino de
Quadros Vieira é tão só escritor. Mora em Botumirim-MG e escreve ocasionalmente
a respeito do cotidiano publicado nos jornais impressos.
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