Ele
estava por volta dos 13 anos de idade. Pesava mais de 50 quilos. Era cliente
assíduo do “Comilão Lanches” e apaixonado por um time de futebol de massa. O
seu pedido era sempre um “Mata-Fome” ou um “X-Tudo”. Solicitava que o entregador
subisse os mais de 50 degraus da sua residência para entregar o pedido e
receber o dinheiro pelo serviço.
Possuía
onze camisas do time de futebol a qual torcia apaixonada e orgulhosamente. Na
década de 1990, o seu clube do coração perdeu de 6 a 1 para um time paulista do
interior. O jogo começou às 16h. Foi dormir por volta das 18h. O seu dia de
sábado e o seu domingo estava arrasado. As gozações seriam terríveis. Afinal,
toda brincadeira tem um fundo de verdade.
Assim
como o facebook e o whatsaap substituem a internet neste mundo pós-modernoso e
cavernoso, o futebol, para ele, substituía todos os esportes que existiam.
Depois que fez faculdade, tomou mais consciência social. A torcida
operacionalizada e industrializada por futebol se esgotou. Doou suas 11 camisas
de um time de futebol qualquer para o futebol varzeano do interior
norte-mineiro, onde a verdadeira alegria do esporte bretão brota
espontaneamente.
Jamais
imaginaria que a vingança do torcedor doente de hoje se concentraria no esgoto.
O esporte, o futebol em especial, retira todas as sociabilidades primárias do
torcedor. O ser humano passa a ser uma coisa, um produto moldado pelo mercado.
Nem lembra que aquela camisa de R$ 150 lhe custou alguns dias de serviço
pesado. E para um assalariado, o custo é muito maior.
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