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"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

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terça-feira, 14 de agosto de 2018

CF de 1993 e Grito completam 25 anos




A Campanha da Fraternidade (CF) que originou o Grito dos Excluídos celebra, em 2018, Bodas de Prata. A cartilha da CF produzida pelo Regional Nordeste IV e Piauí da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) trouxe o tema “Onde moras?” com enfoque para a questão da moradia no país.

Na época, o arcebispo de Teresina/PI e presidente do Regional Nordeste IV, dom Miguel Fenelon Câmara Filho (1925-2018) escreveu, em 10 de janeiro de 1993, que “o problema é muito candente e atual. Ninguém o nega. Entre as carências mais sentidas na nossa classe pobre - e esta é a imensa maioria do Brasil e mais ainda de nosso sofrido Nordeste, situa-se a de moradia. Falta casa para muitos milhões de brasileiros, irmãos nossos. Há pessoas que moram em barracos, em cabanas, em casas de palha ou de estopa e papelão. No leito de ruas. Dentro de áreas alagadas e insalubres. Nos aclives de morros. Debaixo de pontes e viadutos. Ou simplesmente, em casa nenhuma. Dormem ao relento. Sob marquises. Expostas aos assaltos. À chuva. Às piores surpresas. Assim passam frequentíssimas vezes, os meninos e meninas de rua”.

“Os meninos e meninas de rua” cresceram, viraram adultos e ainda têm a lua como o seu teto. Em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, a Pastoral de Povo de Rua contabiliza mais de 800 pessoas em situação de vulnerabilidade social e que residem pelas ruas da maior cidade da região. Mais adiante em seu texto, dom Miguel Fenelon Câmara Filho (1925-2018) mostra o significado da casa para o ser humano.

“A casa é a extensão da própria pessoa. Nela nós nascemos e nos criamos. Ela se identifica com nossa existência, com nossos momentos tristes ou alegres, com nossas experiências de convivência humana. Quem deseja constituir família, necessita de casa. É a afirmação da segurança, da identidade, da privacidade, da esperança de um futuro feliz. A carência de habitações satisfatórias é um triste capítulo do pecado social que penaliza parte importante da sociedade, por força da ganância de uma minoria privilegiada, às voltas, com a hedionda especulação imobiliária, com a estocagem de terrenos, com a opressão dos mais fracos”.

A realidade habitacional brasileira não mudou muito nos últimos 25 anos. Em 1993, foram os moradores do Bairro Major Prates que cobraram por moradias decentes. Hoje, moradores da Vila Castelo Branco pressionam o poder público municipal por casas melhores. A Irmã Marilda de Souza Lopes descreve como foi o protesto que fez brotar a semente de esperança em dias melhores, que é o Grito dos Excluídos.

“Estávamos no ano em que a Campanha da Fraternidade teve como slogan “Onde moras?”. Os grupos Profeta Isaías e o Jovens Unidos pelo Amor a Cristo (Juac) fizeram visitas em várias favelas, dentre elas os moradores do lixão. Eram 26 barracos de plástico preto. Nas 26 famílias, havia muitas crianças e jovens. As crianças disputavam pedaços de carne que vinham no lixo dos restaurantes com os urubus que avançavam em suas mãos para tomá-los. Depois da visita, fizemos uma reflexão com os jovens que foram [nas favelas]. Era véspera de 07 de setembro. Pensei nas fanfarras que desfilam no dia 07 de setembro e expus meu pensamento de fazer uma clamor naquele dia, na parada cívica. Fazermos um pelotão com o slogan da Campanha da Fraternidade. A ideia foi bem aceita. Geraldo, do Profeta Isaías, fez as casinhas de plástico preto. Kelly, Kênia, Noé e outros jovens organizaram o pelotão. Ficamos com medo de enfrentar a polícia. Conversamos com o padre Antônio Carlos da Silva que deu todo o apoio aos jovens e a nós. Quando a Escola Estadual Dulce Sarmento entrou na avenida, o nosso pelotão, com os seus cartazes de manifestação contrária, aproveitou e entrou também na avenida até chegar em frente ao palanque onde se concentram as autoridades. Combinamos de não dizer nada. Somente mostrar os cartazes. As autoridades, que até então estavam recebendo aplausos, depararam-se com frases verdadeiras e francas: “O que vocês esbanjam falta para nós!!!”; “Políticos, seu salário é uma afronta ao povo!!!”; e outras. A primeira dama se sentiu mal e foi para a Santa Casa. No dia seguinte, 08 de setembro de 1993, a primeira página do jornal narrou o fato. Padre Antônio recebeu uma carta desaforada do prefeito. Em 1993, foi apenas “Clamor dos sem-teto”. No dia 07 de setembro de 1993 nasceu o Grito dos Excluídos na porta da igreja da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, Bairro Major Prates”, conta a Irmã Marilda de Souza Lopes.

Vinte e cinco anos se passaram e o Grito dos Excluídos se manifesta agora por “Vida em Primeiro Lugar!” e alerta para que “Desigualdade gera violência: Basta de privilégios!”. E você? Vai ficar aí “parado dando milho aos pombos”?




DIREITOS HUMANOS - “Déficit habitacional é um desafio em todo Brasil e em Montes Claros não é diferente. Momento de escuta dos problemas da comunidade Castelo Branco”, postou em sua rede social facebook a assistente social da Arquidiocese de Montes Claros, Sônia Gomes de Oliveira, texto e imagens da visita de missionários do Projeto de Desenvolvimento Rural e Urbano (Proderur) à Vila Castelo Branco, em MOC-MG, nesta segunda-feira (13/06).  

Crédito das Fotos
Divulgação          

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