ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

domingo, 23 de dezembro de 2018

Impregnados de Natal

POR Mara Narciso

Casas, ruas, lojas, shoppings, bares, restaurantes, zona urbana, zona rural, redes sociais estão cheinhos de Natal. São mensagens, desejos e votos bons que vêm e vão. Exceto pelo noticiário, eternamente dramático, podem-se imaginar que o escasso amor tenha voltado transbordante. São figurinhas, luzes, flores, bichinhos, crianças, meiguices e bondades mundo afora. Todos sabem o que é o Natal, a festa cristã, o nascimento de Jesus Cristo.

É tempo de paz, tolerância, acolhimento, aceitação, respeito, compaixão, misericórdia, pacificação, agregação, confraternização. Hora de repartir o pão. Deveríamos colocar em prática seu significado, para além do discurso. Porém, muitos que encenam essa temática são desagregadores e causaram rupturas durante o ano todo. Deveriam, pois, se redimir.

Os humanos são miseravelmente centralizadores, egoístas, falsos, daninhos, cruéis, vingativos, intolerantes, perseguidores, vingativos, ferozes e fazem suas maldades sorrindo. Negativismo? Possivelmente um realismo nada fantástico.

Deveríamos ser doces como as milhões de mensagens que se repetem, mas não, a difusão serve só para formalizar uma imagem externa. A verdade de intenções é outra. No entanto, ainda existem pessoas solidárias, que têm pouco, mas conseguem doar a metade daquilo que possuem para quem não tem nada. Em geral, o que se vê é o consumo selvagem de inutilidades, desperdícios, produção de toneladas de lixo, uma exorbitância para o nosso sofrido planeta.

Poucos somos exceções a essa regra, sendo comodistas na maior parte do tempo. Ficamos sensibilizados, choramos, mas nada fazemos. Ao nosso redor, procuramos perdoar, ser perdoados, mas de forma concreta, a pacificação fica na intenção. Queremos, no discurso, recolher as pedras, mas acabamos por jogá-las. Deveríamos descartar as mágoas, e não pensar mais nelas. Diz a tradição, que Jesus Cristo mandou dar a outra face, perdoou e acolheu os mais fracos e vulneráveis. Sensatez seria seguir seu exemplo, pelo menos no Natal. E daí plantar a semente para novas tolerâncias e acolhimentos. A trégua não deverá ser vista como fingimento, mas gesto de boa vontade.

O sol brilha e os passarinhos cantam, mas, como sempre, há notícias de desastres, tsunamis e outras hecatombes, além das intermináveis mazelas e conflitos. Vamos nos manter conscientes dos graves problemas, mas renovando as esperanças, nos melhorando e listando novos sonhos. Mesmice? Evidente. Natal é isso. Não dá para reinventar a roda ou a pólvora, assim como não se reinventa o Natal. Ele é o que é e sempre foi. No entanto, os sonhadores e suas ilusões debatem-se querendo uma mudança de rumos, para além dos desejos, fazendo jus à tradição milenar. Que sejamos pelo menos humanos.

O comparativo entre a intenção e a realidade traz desencanto e melancolia, e uma parcela da população não gosta dos festejos do fim de ano, nem das falsas confraternizações. Muitos consideram esta época a mais hipócrita do ano, e, alegando saudades, sejam da infância, da qual quase todos trazem excelentes memórias (ou fingem trazê-las), até a falta de queridos que já se foram, somem para dentro das suas cavernas, e se possível fosse, dormiriam no dia 23 de dezembro e só voltariam à tona, no dia 02 de janeiro.

“E então é Natal/ e o que você fez?” É tempo de pedir perdão pelos prejuízos que causou; as injustiças que cometeu; as injúrias que proferiu; os fingimentos que protagonizou; as humilhações que fez passar, as brigas e as semeaduras do mal. Caso a sua prepotência e arrogância o impeçam de fazer isso, então o Natal não chegou para você. Implore pela sua volta.

Domingo, 23 de dezembro de 2018


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