POR Mara Narciso
Casas, ruas, lojas, shoppings, bares, restaurantes, zona urbana, zona rural, redes sociais estão cheinhos de Natal. São mensagens, desejos e votos bons que vêm e vão. Exceto pelo noticiário, eternamente dramático, podem-se imaginar que o escasso amor tenha voltado transbordante. São figurinhas, luzes, flores, bichinhos, crianças, meiguices e bondades mundo afora. Todos sabem o que é o Natal, a festa cristã, o nascimento de Jesus Cristo.
É tempo de paz, tolerância, acolhimento, aceitação, respeito, compaixão, misericórdia, pacificação, agregação, confraternização. Hora de repartir o pão. Deveríamos colocar em prática seu significado, para além do discurso. Porém, muitos que encenam essa temática são desagregadores e causaram rupturas durante o ano todo. Deveriam, pois, se redimir.
Os humanos são miseravelmente centralizadores, egoístas, falsos, daninhos, cruéis, vingativos, intolerantes, perseguidores, vingativos, ferozes e fazem suas maldades sorrindo. Negativismo? Possivelmente um realismo nada fantástico.
Deveríamos ser doces como as milhões de mensagens que se repetem, mas não, a difusão serve só para formalizar uma imagem externa. A verdade de intenções é outra. No entanto, ainda existem pessoas solidárias, que têm pouco, mas conseguem doar a metade daquilo que possuem para quem não tem nada. Em geral, o que se vê é o consumo selvagem de inutilidades, desperdícios, produção de toneladas de lixo, uma exorbitância para o nosso sofrido planeta.
Poucos somos exceções a essa regra, sendo comodistas na maior parte do tempo. Ficamos sensibilizados, choramos, mas nada fazemos. Ao nosso redor, procuramos perdoar, ser perdoados, mas de forma concreta, a pacificação fica na intenção. Queremos, no discurso, recolher as pedras, mas acabamos por jogá-las. Deveríamos descartar as mágoas, e não pensar mais nelas. Diz a tradição, que Jesus Cristo mandou dar a outra face, perdoou e acolheu os mais fracos e vulneráveis. Sensatez seria seguir seu exemplo, pelo menos no Natal. E daí plantar a semente para novas tolerâncias e acolhimentos. A trégua não deverá ser vista como fingimento, mas gesto de boa vontade.
O sol brilha e os passarinhos cantam, mas, como sempre, há notícias de desastres, tsunamis e outras hecatombes, além das intermináveis mazelas e conflitos. Vamos nos manter conscientes dos graves problemas, mas renovando as esperanças, nos melhorando e listando novos sonhos. Mesmice? Evidente. Natal é isso. Não dá para reinventar a roda ou a pólvora, assim como não se reinventa o Natal. Ele é o que é e sempre foi. No entanto, os sonhadores e suas ilusões debatem-se querendo uma mudança de rumos, para além dos desejos, fazendo jus à tradição milenar. Que sejamos pelo menos humanos.
O comparativo entre a intenção e a realidade traz desencanto e melancolia, e uma parcela da população não gosta dos festejos do fim de ano, nem das falsas confraternizações. Muitos consideram esta época a mais hipócrita do ano, e, alegando saudades, sejam da infância, da qual quase todos trazem excelentes memórias (ou fingem trazê-las), até a falta de queridos que já se foram, somem para dentro das suas cavernas, e se possível fosse, dormiriam no dia 23 de dezembro e só voltariam à tona, no dia 02 de janeiro.
“E então é Natal/ e o que você fez?” É tempo de pedir perdão pelos prejuízos que causou; as injustiças que cometeu; as injúrias que proferiu; os fingimentos que protagonizou; as humilhações que fez passar, as brigas e as semeaduras do mal. Caso a sua prepotência e arrogância o impeçam de fazer isso, então o Natal não chegou para você. Implore pela sua volta.
Domingo, 23 de dezembro de 2018
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