ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

2017 acabou para Janaúba

O abraço dos gorutubanos
Imaginem um bairro de ruas sem asfalto, casas simples de chão batido, cortado por um rio quase seco onde os moradores lavam roupa. Os meninos pequenos ficam pelados no portão. As pessoas não sabem o nome das ruas, mas sabem onde é a casa de todo mundo. Em uma das vias do Rio Novo, ficava a creche municipal "Gente Inocente", onde muitas mães deixavam seus filhos para ir cuidar das casas dos patrões.
Nos últimos dias, eles foram visitados por dezenas de autoridades e jornalistas. E, mesmo imersos em tanta judiação, nos recebiam como visitas "importantes", porque para eles todas as pessoas importam. Não faltavam bebidas no freezer colocado na porta do hospital para refrescar quem não estava acostumado com aquela terra ardendo. Não faltava gente oferecendo comida e até casa para dormir.
Espero que Janaúba e seu povo nunca sejam esquecidos, mas que possam ser lembrados pela capacidade de amar, perdoar e ter compaixão, não precisam de mais que isso para viverem.
Quero guardar o abraço envolvente, daquele que aperta mais no final, de dona Vitalina, agradecida a Deus e ao mundo por seus três netos terem sobrevivido. Abraço aliviado que me fez lembrar do abraço doído, no dia anterior, de Janiqueli, a quem eu encontrei andando sozinha no cemitério em meio ao cortejo do enterro do filho dela e também nos abraçamos espontaneamente.
Quero apagar da memória de Maria Rita, de 5 anos, (assim como de todas as crianças) o trauma que ela viveu naquela creche, para que ela não fique assustada no meio das pessoas. Quero que o festejo de Dia das Crianças recomece o quanto antes no Rio Novo.
Quero responder ao avô de Thallyta, seu Giovani, (e todos os familiares) que agora não tem mesmo o que fazer e que ele não precisa ser forte sempre. Quando ele soube da morte da netinha indagou: "fazer o que né? agora tem que ser forte". A virada de 2017 vai chegar junto com o data do aniversário de Thallyta, em 31 de dezembro, mas quero apostar que eles já terão encontrado forças para um novo ano.
Quero acreditar que a vida é feita de começos e fins, como me lembraram os gatinhos que nasceram no cemitério de Janaúba em uma semana em que tantas crianças foram enterradas.
Luto em Janaúba

Luto em Las Vegas

Richard Thaler ganha Nobel de 2017 por unir economia e psicologia

Norte-americano Richard H. Thaler, de 72 anos, venceu Nobel por suas contribuições para economia comportamental

POR Marta Cavallini

O norte-americano Richard H. Thaler, de 72 anos, recebeu o Prêmio Nobel de Economia 2017 por ter desenvolvido a teoria da contabilidade mental, explicando como as pessoas simplificam a tomada de decisões financeiras. De acordo com a organização, ele venceu o Nobel "por suas contribuições para a economia comportamental". O anúncio foi feito na manhã desta segunda-feira (09) em Estocolmo, na Suécia.

Thaler incorporou pressupostos psicologicamente realistas em análises de tomada de decisão econômica. Ao explorar as consequências da racionalidade limitada, das preferências sociais e da falta de autocontrole, ele mostrou como esses traços humanos afetam sistematicamente as decisões individuais, bem como os resultados do mercado financeiro. Na divulgação do prêmio, Thaler foi citado por ter deixado a economia "mais humana". O vencedor receberá o prêmio equivalente a US$ 1,1 milhão, segundo agências de notícias.

No anúncio da premiação, a Academia Real Sueca de Ciências, organizadora do Prêmio Nobel, afirmou que Thaler construiu uma ponte entre as análises econômicas e psicológicas da tomada de decisão individual. "Suas descobertas empíricas e suas ideias teóricas têm sido fundamentais para criar o novo campo de economia comportamental e em rápida expansão, que teve um impacto profundo em muitas áreas de pesquisa e política econômica". Thaler é considerado o pai da economia comportamental, que estuda como o pensamento e as emoções afetam as decisões econômicas individuais e o comportamento dos mercados. Thaler é diretor e professor na Chicago Booth, a Universidade de Chicago Booth Escola de Negócios.

Racionalidade limitada

Thaler desenvolveu a teoria da contabilidade mental, explicando como as pessoas simplificam a tomada de decisões financeiras criando contas separadas em suas mentes, enfocando o impacto de cada decisão individual e não seu efeito geral. Ele também mostrou como a aversão às perdas pode explicar por que as pessoas valorizam ainda mais o que possuem. Thaler foi um dos fundadores do campo das finanças comportamentais, que estudam como as limitações cognitivas influenciam os mercados financeiros.

Thaler mostrou ainda como a busca de equidade pode impedir as empresas de aumentar os preços em períodos de alta demanda, mas não em tempos de custos crescentes. Thaler e seus colegas criaram o jogo do ditador, uma ferramenta experimental que tem sido utilizada em numerosos estudos para medir as atitudes em relação à equidade em diferentes grupos de pessoas ao redor do mundo. Thaler também lançou luz sobre as resoluções de Ano Novo que podem ser difíceis de serem concretizadas. Ele mostrou como analisar os problemas de autocontrole usando uma espécie de planejador, que é semelhante aos métodos que os psicólogos e os neurocientistas usam para descrever a tensão interna entre o planejamento de longo prazo e a execução de curto prazo.

Segundo ele, sucumbir à tentação do curto prazo é uma razão importante para os planos feitos para a velhice ou para as escolhas de estilo de vida mais saudáveis falharem. Em seu trabalho, Thaler demonstrou como o "cutâneo", conceito que ele criou, pode ajudar as pessoas a exercer melhor seu autocontrole ao economizar para a aposentadoria assim como em outros contextos.

Biografia

Thaler integra a American Academy of Arts and Sciences da American Finance Association e da Econometrics Society e, em 2015, foi presidente da American Economic Association. Antes de ingressar na Universidade de Chicago em 1995, Thaler lecionou na Universidade de Rochester e Cornell. Foi ainda professor visitante na Universidade British Columbia, Sloan School of Management no MIT, Russell Sage Foundation e Centro de Estudos Avançados em Ciências do Comportamento em Stanford.

Nascido em Nova Jersey, Thaler estudou na Case Western Reserve University, onde obteve o diploma de bacharel em 1967. Pouco depois, ele frequentou a Universidade de Rochester, onde obteve mestrado em 1970 e um doutorado em 1974. Thaler é o co-autor, com Cass R. Sunstein, do best-seller global "Nudge" (2008), no qual trata dos conceitos de economia comportamental que são usados para enfrentar os principais problemas da sociedade capitalista.

Em 2015, ele publicou "Misbehaving: The Making of Behavioral Economics". Ele escreveu e editou outros quatro livros: "Quasi-Rational Economics", "The Winner's Curse: Paradoxos e Anomalias da Vida Econômica", e "Advances in Behavioral Finance", Volumes I e II. Thaler publicou numerosos artigos em publicações conceituadas como American Economics Review, Journal of Finance e Journal of Political Economy.

Último Nobel

O prêmio de Economia, oficialmente chamado de Prêmio Sveriges Riksbank de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, foi criado em 1968. A homenagem não fazia parte do grupo original de prêmios estabelecidos pelo testamento do criador da dinamite, em 1895. O Nobel de Economia é o último concedido este ano. Os prêmios de Medicina, Física, Química, Literatura e Paz foram concedidos na semana passada.

Fonte: Organizações Globo de Comunicação

domingo, 8 de outubro de 2017

A Nudez do Brasil

Sobre a morte de nossas crianças e a nudez de nosso Brasil

Tudo o que diz respeito às crianças toca zonas muito profundas de nossa humanidade

POR Francys Silvestrini Adão, SJ
Em pouco mais de uma semana, nosso país reagiu visceralmente a dois acontecimentos que envolviam adultos e crianças: uma polêmica instalação artística, em São Paulo, e uma tragédia até agora inexplicável, em Janaúba. Em ambos os casos, ainda que em níveis bastante diferentes, os fatos causaram escândalo: em muitos, no primeiro caso; em todos, no segundo.
Tudo o que diz respeito às crianças toca zonas muito profundas de nossa humanidade: as grandes agências de publicidade já perceberam isso há muito tempo. Quando as vemos em boas condições, brota espontaneamente em nós um sentimento de ternura, de bem-estar, de bem-querer. Quando as vemos em más condições, surge instantaneamente em nós um sentimento de revolta, de indignação, algo como um instinto de proteção.
No caso do museu, debatemos sobre valores, princípios, limites, ideologias, símbolos, liberdade, responsabilidade… No caso da creche, não há mais debate: só um silêncio, um choro e um grito presos na garganta. Para nos proteger deste desconforto, podemos simplesmente classificar o artista como inconsequente e o segurança como monstro. Mas o que aconteceria se nós os olhássemos como um de nós, como dois tipos de palavra – duras palavras – que colocam nosso Brasil diante do espelho?

O Brasil está nu. Tudo aquilo que durante séculos cobria nossas “vergonhas” – como diziam os antigos – caiu por terra. É verdade que nossas crianças ainda não têm estrutura suficiente para ver e entender tudo o que está acontecendo com nossa sociedade. Mas elas sofrem as consequências…
Quanto a nós, estamos agindo responsavelmente como adultos ou queremos encobrir rapidamente essas “vergonhas”, tapar nossos olhos diante desta realidade? Estávamos desacostumados a olhar nossa nudez coletiva no espelho, com o risco de cobrir apressadamente este corpo social nu, sem olhar, com realismo, para suas belezas e suas feridas profundas. Esta pressa não nos daria a chance de uma cura num futuro próximo.
O Brasil está em chamas. Tomamos consciência, de modo muito duro, que a brasa que carregamos no nome do Brasil pode aquecer e cozinhar para alimentar, mas ela também pode queimar e destruir. E, mais uma vez, nossas crianças não têm estrutura suficiente para se protegerem de nossa incapacidade de manipular este fogo que carregamos em nós. Mas as crianças daquela creche também contaram com a ajuda de outros adultos: um artista – músico – que agiu como bombeiro para salvar algumas delas, e uma professora, que deu a vida para que algumas sobrevivessem.
As crianças sobreviventes guardarão em sua pele uma verdade profunda: os adultos podem enlouquecer e matar, mas os adultos também podem se compadecer e salvar!

Hoje, o Brasil está de luto. É hora de chorar por nossas crianças e pela violência louca que se apossou de alguns de nós. Hoje, não desviemos nosso olhar da nudez dos crucificados – crianças! – de nossa terra: nesta sexta-feira, como naquela outra, a Salvação pode começar com um olhar fixo dirigido “Àquele que foi transpassado”.
Amanhã, no silencio de um sábado aparentemente sem sentido, talvez começaremos a entender que os crucificados do Brasil de hoje revelam, sim, a nudez de nossa crueldade coletiva. Mas, tentando ampliar nossa memória e lembrar de tudo o que aconteceu nestes últimos dias, talvez nosso coração comece a arder de modo novo, pois nossa humanidade nua e frágil não se mostrou morta e insensível: o Brasil, uma vez mais, deixou as divisões de lado e conseguiu se compadecer, chorar junto e desejar o bem para os mais frágeis.
Podemos esperar, com a fé pascal que habita o coração de muitos de nós: nossa humanidade brasileira poderá se reerguer, com a graça do Senhor Vivo, num “terceiro dia”.

Se isso acontecer – e já está acontecendo – a morte sem sentido daqueles anjos não terá sido em vão. Eles esperam também e já intercedem pela ressurreição de nossa humanidade no Brasil. Que o Senhor acolha, como oferta dolorosa, as lágrimas de suas famílias e as de todos nós, e faça brotar, pouco a pouco, a Paz revolucionária do Ressuscitado em nossos corações.
*Francys Silvestrini Adão é padre jesuíta e realiza estudos especiais em Paris.
Fonte: Dom Total





sábado, 7 de outubro de 2017

Veja o todo e não só a parte

Uma ideia na cabeça e um monte de materiais descartáveis (lixo) à disposição. Com uma tampinha de plástico transparente na mão, enchemo-la de pedrinhas amarelas. Com outra tampinha de plástico da mesma cor, completamos o vácuo com mais pedrinhas amarelas. Com mais uma caixinha de plástico industrializada, preenchemos o vazio com pedrinhas vermelhas. Capas de apostilas de xerox costuradas por uma cordinha branca nos serviu de toalha de mesa no passeio da nossa casa.

Em cima de cada caixinha com as pedras, colocamos, arrumados, terços quebrados que ninguém mais utilizava ou que já foram muito utilizados por beatas donas-de-casa que rezavam muito e comportavam-se conforme a regra social da sua época. Hoje em dia, com a televisão e os telefones celulares, as pessoas nem se dão mais ao trabalho de rezar com o santo terço.

Fazem tudo mecanicamente. Nem passam o dedo em cada bolinha do terço para sentirem o nosso quinto sentido: o tato. E, ao tatearmos a tela do celular, o comportamento do dedo é tão repetitivo que parecemos robôs. A visão está tomando o lugar de todos os nossos outros sentidos. E nós ainda nos consideramos possessos de um tal de sexto sentido.

Ornamentamos os objetos no passeio. Saímos. Fomos dormir. Quem já trabalhou à noite sabe que nada ocorre de madrugada na sociedade capitalista, tirando os recepcionistas de hotel, radialistas e vigias. Mas, os poucos ventos da madrugada, muito certamente, vieram e causaram uma bagunça em uma suposta performance poética de porta de rua. Muito difícil alguém ter chutado as muambas e os terços. A disposição dos objetos prova isso. Longe de sermos peritos no assunto, tá?

A reação das pessoas no outro dia é de surpreender. Como o povo brasileiro é extremamente religioso, espiritualista, supersticioso e desconhece a realidade geral diante dos contextos de opressão capitalista a que está submetido (nosso olhar é particularista), foi logo acusando: é macumba!!! Demorou mais de 12 horas para alguém observar aquela bagunça e tomar providência. Curiosamente uma estagiária de arquitetura curiosa e sorridente. Ou a macumba é poderosa (ninguém tasca o dedo porque protege mesmo), ou... infinitas possibilidades.

A verdade é que a história, o tempo e vento quebram e estragam, mas não matam. A ânsia pelo capital mata todo dia. Lembre-se da sabedoria popular: é melhor prevenir do que remediar. É muito melhor ser saudável por meios fáceis do que precisar tomar remédios.


Estamos cansados de perder vidas e ser forçados a uma solidariedade de etiqueta. O público-estatal cobra do público-privado adequação às suas normas, porém, o primeiro burla suas próprias leis e assassina milhares de seres humanos todos os dias. Que dia alguém vai dar um basta nisso? Será que estamos vivendo os fantasmas revolucionários da primeira metade do século XX?





sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Cinema Comentado na programação do 31º Psiu Poético


No sábado (7/10) o Cinema Comentado Cineclube exibe CRÔNICA DE UM AMOR LOUCO (1981), dentro da programação do 31º Salão Nacional de Poesia Psiu Poético. 

A trama, dirigida por Marco Ferreri, conta a história de Charles Serking, poeta alcoólico e viciado em sexo que, durante uma de suas aventuras - entre bebedeiras, poesia, erotismo e bizarrices - conhece a prostituta Cass, por quem se apaixona, e passa a viver um romance ardente.

CRÔNICA DE UM AMOR LOUCO, que ganhou status de Cult entre os fãs de cinema - é uma das adaptações da obra do escritor Charles Bukowski. O livro homônimo é o primeiro de dois volumes da saga “Ereções, Ejaculações e Exibicionismos”, e o filme foi inspirado principalmente no primeiro conto, que leva o nome de “A Mulher mais Linda da Cidade”.

Apesar de parecer extremamente difícil traduzir a obra de Bukowski para outra linguagem, o diretor consegue trazer ao público uma ideia do que o autor transmite em seus escritos.  CRÔNICA DE UM AMOR LOUCO é todo poesia, paixão e prazer. Mas também é loucura, desejo e decadência.

A crítica à sociedade e o humor negro são características marcantes do cinema de Ferreri. O diretor, nascido em Milão, na Itália, chegou a estudar medicina veterinária, mas acabou seguindo carreira na sétima arte. Ele faleceu em 1997.

As sessões do Cineclube acontecem na sala de audiovisual anexa ao Centro Cultural Hermes de Paula, a partir das 19h. A entrada é gratuita e aberta aos interessados em discutir Cinema.

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Modestas Propostas para o Poder Público

Acontece em Montes Claros, Norte de Minas Gerais, de 04 a 12 de outubro, desde 1987, o Salão Nacional de Poesia Psiu Poético, que movimenta escolas públicas estaduais e particulares e pontos públicos do município, como o Mercado Central e a Rodoviária.

O Fundo Municipal de Turismo tem verba de mais de R$ 242 mil, dos quais R$ 21 mil são das Festas de Agosto, já realizadas este ano. Os projetos apoiados pelo Conselho Municipal de Turismo devem contemplar trabalhos que gerem renda e emprego. Não seria uma ideia interessante o Poder Público Municipal comprar livros vendidos durante o Psiu Poético para agregá-los ao acervo da Biblioteca Pública Antônio Teixeira de Carvalho? Geraria serviço e receita para os poetas e os livreiros, e possibilitaria que munícipes se formassem para conhecer a fundo a história regional para, quem sabe, conseguirem emprego de guias turísticos. É possível?

Se, através de legislação municipal publicada no Diário Oficial em 15 de agosto de 2017, a Câmara Municipal de Montes Claros aprovou o repasse de R$ 30 mil para ajudar na Feira Nacional de Indústria, Comércio e Serviços (Fenics), por que não colaborar com a cultura?

Tragédias como a de Janaúba seriam evitadas se o Estado Democrático de Direito investisse mais dinheiro na nossa minguada cultura. E a opinião não é só minha. É também do José Luiz Ramos da Cruz, autor do livro “Antônio Dó Cangaceiro ou Justiceiro de São Francisco”.  

O que o Poder Público Municipal faz para preservar a memória de Hermes Augusto de Paula, Godofredo Guedes, Cândido Canela, Antônio Teixeira de Carvalho e outras? As boas e resistentes cadeiras com mais de 30 anos de uso do teatro do Centro Cultural foram substituídas por novas cadeiras e de péssima qualidade, no início do mandato de 2013 a 2016, provavelmente, a toque de caixa. Hoje o novo já está velho. Mas a arte permanece viva no centro histórico da cidade graças à luta dos operários da cultura.

João Renato Diniz Pinto, diretor do Regional Norte do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) Diretoria 2017-2020. O SJPMG tem vaga no Conselho Municipal de Turismo de Montes Claros (Comtur-MOC) desde 1999.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Dez anos da injusta demissão dos professores da Fumec

Em novembro de 2007, 14 dos melhores professores da Fumec foram demitidos sem explicações por denunciarem irregularidades administrativas e malversação de recursos financeiros por parte de ex-diretores das unidades que compõem a Universidade Fumec. Era o início da investigação do Mensalão. Jair Messias Bolsonaro visitou a Fumec na terceira semana de setembro deste ano e não proferiu nenhuma palavra de apoio aos professores demitidos sem justa causa. Bolsonaro não é contra a corrupção ou, por conveniência, cala-se diante do mal feito? 

Mesmo com seca e falta d’água, reflorestadora insiste em devastar cerrado em Grão Mogol, Norte de Minas, para monocultura do eucalipto; leia nota da Pastoral da Terra

Terça-feira (03/10/2017), por volta das 15h

Conflito Urgente!!! Geraizeiros do Vale das Cancelas enfrentam a destruição da JR Reflorestadora (Grupo da Floresta Minas)

Neste momento, Famílias das Comunidades Tradicionais Geraizeiras do Vale das Cancelas estão em confronto com a empresa JR Reflorestadora ligada ao Grupo Floresta Minas. O conflito ocorre na Comunidade São Francisco, localizada no município de Grão Mogol, Norte de Minas Gerais.

A empresa destruiu uma grande área de CERRADO localizado na comunidade. Desmataram e gradearam a terra para o plantio de eucalipto. As Famílias Geraizeiras foram para a chapada e fizeram um cordão humano para impedir que as suas terras ancestrais sejam novamente tomadas pela monocultura do eucalipto. Esta área é devoluta e pertence ao Território Geraizeiro.

O confronto ocorre neste momento. Num clima muito tenso, as famílias impedem com o próprio corpo o avanço das máquinas. Que os órgãos públicos cumpram sua função de defesa das comunidades e do meio ambiente, ainda que as organizações populares ajudem neste momento de enfrentamento. Fomos informados que a polícia já foi acionada pela empresa. Funcionários da JR foram até o local, de forma agressiva e ameaçadora. Disseram que os trabalhadores serão retirados à força pela polícia.

A PM irá cumprir esse papel de guarda de empresas grileiras e degradadoras do meio ambiente? Não podemos deixar que mais essa injustiça aconteça com o povo sofrido e de luta do Vale das Cancelas. Pedimos às autoridades e órgãos responsáveis que tomem as devidas providências.

Em defesa da Casa Comum!
Em defesa do Povo Pobre!
Em defesa da Vida!

Comissão Pastoral da Terra do Norte de Minas Gerais

(38) 3016-7707

Alexandre Gonçalves
Luzia Alane Rodrigues Dias
Ana Paula Alencar da Silva
Etelvina Moreira de Arruda

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Projeto “Escola Sem Partido” é anarquismo de Direita


Na última quinta-feira (28/09), participei da audiência pública do Projeto “Escola Sem Partido” na Câmara Municipal de Montes Claros, Norte de Minas Gerais, solicitada pela Direita Minas e inicialmente com representantes únicos, sem pluralidade social como exige uma democracia decente. Após pressão do Regional Norte do Sindicato dos Professores da Educação de Minas Gerais (Sinpro-MG) é que houve abertura para a diversidade de ideologias.

Fui com uma camisa branca com a imagem da sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) escrito em letras gráficas “Pelo tombamento da Casa do Jornalista”, em Belo Horizonte, pois a especulação imobiliária já está de olho nela para construir mais um dos “poucos” prédios existentes na capital mineira e acabar com a memória material e histórica do povo brasileiro. A camisa ainda tinha escrito, com minha letra, “Casa do Jornalista: 70 anos de resistência à Ditadura Militar Brasileira (1964-1985) e solidarizava-se com os 100 operários da notícia demitidos sem justa causa do jornal "Hoje em Dia", em fevereiro de 2016 e que até hoje não receberam os valores previstos na legislação trabalhista para tal ação feita pelos mais de 100 Cadastros Nacionais das Pessoas Jurídicas (CNPJs) ligadas a Ruy Adriano Borges Muniz e transgêneros. Este rouba tanto do público-estatal, como do público-privado através de laranjas e capangas previamente selecionados e de confiança.

Sensibilizei-me também com a situação dos professores das Faculdades Unidas Norte de Minas (Funorte)/Sociedade Educativa do Brasil (Soebras) em apoio ao Sinpro-MG. Os professores da Funorte/Soebras já começam a sofrer assédio moral para se enquadrarem logo no processo de terceirização imposto pelo Estado Republicano Democrático de Direito antes de novembro deste ano, prazo para a lei entrar em vigor. Mais uma vez, como ocorre com os adolescentes autores de atos ditos criminosos, a sociedade capitalista criminaliza sempre a vítima do processo mercantil: os professores, que entrarão agora na pejotização e precarização das relações trabalhistas.

O Estado Republicano Democrático de Direito Brasileiro é o maior cobrador de impostos, talvez do mundo. Para ajeitar a situação, passa seus problemas para terceiros, ao invés de resolvê-los por conta própria. Não oferece praticamente um retorno social sequer das taxas cobradas à população brasileira. Entrega, de bandeja, os bens público-estatais duramente construídos pelos trabalhadores brasileiros durante o período mais democrático da história do país: de 1945 a 1964.

Pela leitura do folder (tem propaganda parlamentar por trás) do Projeto “Escola Sem Partido”, vê-se o anarquismo de Direita. Acredite! Anarquismo de Direita! Na pergunta nove do folder, há a pergunta: “a lei não representaria uma intervenção estatal na educação?”. E a própria autoria do projeto responde: “Obviamente, não. O ensino obrigatório é que é uma gigantesca intervenção estatal na vida dos indivíduos e suas famílias. O Programa Escola sem Partido apenas explicita os marcos jurídicos dessa intervenção, com o objetivo de impedir o abuso de poder por parte dos agentes do Estado, e de proteger os direitos da parte mais fraca, como determina o Artigo do ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente]”: “é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente”.

Quanta baboseira anarquista liberal de Direita! Utilizar-se do ECA como argumento do Projeto “Escola Sem Partido”! O ECA é de 1990 e até hoje sucessivos governos não têm o mínimo interesse em colocar em prática e dar prosseguimento a essa legislação. Já tivemos excelentes trabalhos desenvolvidos pelo ECA, como o Programa “Liberdade Assistida”, desenvolvido por verdadeiros missionários da Pastoral do Menor do Bairro Maracanã, da Vila Greice, São Judas, Alto São João, Vila Guilhermina.  Tivemos o Projeto “Egressos” no Bairro Todos Os Santos, administrado pela Cáritas Arquidiocesana de Montes Claros e que acolhia adolescentes recém saídos do Centro Socioeducativo do Adolescente Nossa Senhora Aparecida (Cesensa), trazido para a região graças a luta de missionários da Pastoral do Menor, tão desvalorizada pelas igrejas e pelo Estado. Até hoje não temos os quatro conselhos tutelares previstos pelo Estado para a cidade. Será que só quatro conselhos resolverão o nosso problema de caos social?

A Pastoral observa primeiro a realidade social e cultural da criança e do adolescente. Faz um trabalho de inculturação e não de aculturação, típico das sociedades altamente burguesas. A sociedade dirigente capitalista brasileira quer é enjaular crianças e adolescentes empobrecidas, entorpecidos pelos restos da cocaína (o crack), entre quatro paredes e transformá-los em marginais com alto poder destrutivo para trabalhar no comércio paralelo do tráfico de drogas. Os empresários e políticos do tráfico de drogas nunca são vigiados e punidos. Apenas os operários desse setor o são.

Não compensa aqui comentar mais o Projeto “Escola Sem Partido”. É perda de tempo e de neurônios. Só pela presença dos convidados para a audiência pública, vê-se que é um projeto fadado ao fracasso. Apenas sete (nem um terço) dos 23 vereadores compareceram ao chamamento da sessão. Dos 13 convidados, quatro se animaram a debater o assunto, e bastante perfumados: o casal coordenador da Direita Minas em Montes Claros, o coordenador do Projeto “Escola Sem Partido” e a representação do Movimento Estudantil local (este porque pressionaram pela participação social). Nem os deputados federais Jair Messias Bolsonaro e o seu filho Eduardo Bolsonaro (Nepotismo na Câmara dos Deputados? Pode isso, Arnaldo?) compareceram à audiência pública. Mandaram representação.

Parabéns ao secretário municipal de Educação, Benedito Said; ao representante da Superintendência Regional de Ensino, Roberto Jairo Torres; ao representante das escolas particulares, Hélio Soares; ao representante da Funorte, Cristiano Júnior; ao representante das Faculdades Santo Agostinho, Antônio Pereira; ao reitor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), João dos Reis Canela; e à representante das Faculdades Pitágoras, Maria de Fátima Turano. A ausência de vocês significa o boicote da sociedade brasileira a uma lei que se traveste de neutra, porém carrega a mais dura doutrinação política liberal anarquista de Direita.

Fui aluno dos professores Andréia e José Gílson, de História, e de Hellen, de Geografia, na década de 1990, no Colégio Padrão/Pitágoras. Todos ligados à verdadeira esquerda do Partido dos Trabalhadores (PT). Era o ano de 1989. Filiar-se ao PT era motivo de orgulho e de ética. Uma professora tinha um automóvel Gol antigo, da cor bege, com o adesivo surrado e honrado do PT. A disputa com o confiscador de poupança do povo brasileiro, Fernando Collor de Melo (Partido da Reconstrução Nacional), foi cruel. Havia as edições macabras e permissivas do “Jornal Nacional”, da Rede Globo, apresentado por Cid Moreira, com aquela voz transmissora de credibilidade e seriedade.

Nenhum dos professores de esquerda acima citados doutrinavam os seus estudantes. Muito pelo contrário. A escola brasileira se preocupa hoje em dia se o aluno está aprendendo apenas português formal e matemática, orientado por uma pedagogia estatal para formar tecnicistas e especialistas para mão-de-obra cada vez mais barata. Em matéria de Geografia e História, os brasileiros são péssimos estudantes. Os aparelhos de telefones celulares são os norteadores do nosso caminho atual. Nós odiamos conhecer o que os nossos antepassados fizeram. Será por qual motivo? Foi tão ruim assim? Atente-se para as convicções que mais crescem no mundo: o ateísmo, a teologia da prosperidade e o espiritismo. Só o inventado Estado de Israel já conta com 70% de ateus em sua população.   

E se o PT foi perdendo sua coesão moral e ética foi porque ele foi sendo moldado e institucionalizado pelo marketing político. O Lula de 1989 jamais foi o mesmo de 2002. Aliou-se a um liberal para vencer as eleições e acalmar a luta de classes no Brasil. Depois, em 2010, o PT se juntou a um conservador para ganhar o pleito nacional. Uma mulher torturada pela história (nos dizeres de Karl Marx, presa e servidora da luxúria coletiva), aguentou seis dos oitos anos a que tinha direito. Foi caçada pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o partido mais corrupto e prostituído (perdoe-me as prostitutas) da sociedade brasileira.         

A sociedade brasileira precisa urgentemente resgatar a ortodoxia marxista leninista, tão dissimulada por teóricos reformistas, anarquistas e pelo capitalismo ocidental.

“Um regime tão fortemente enraizado nas massas não tem o menor motivo para atentar contra a democracia”, Vladimir Lênin (página 38 do livro “O Sistema Judicial na URSS”, de Igor Volochin e Lev Simkin, Edições da Agência de Imprensa Nóvosti, Moscou, 1989). Nos anos 1801, o papa Pio XI já havia alertado: “o grande escândalo da Igreja, no século XIX, foi ter perdido o contato com a classe operária”.

Não deu outra. O mundo estourou em revoluções burguesas e proletárias. Ocorrerá de novo? Quem sabe! “A história se repete: a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”, Karl Marx. A sua boa alma ainda ronda o mundo contemporâneo.  

Como gritei muito para protestar na audiência pública do Projeto “Escola Sem Partido”, o presidente da sessão me chamou a atenção e sugeriu-me: em respeito à sua pessoa, peço que se comporte. Respeite a todos e não só um. Nunca personifique e personalize, pensei comigo mesmo e, poucos minutos depois, deixei aquela audiência pública caricata e burlesca.


No caminho de casa, na Praça Capitão Enéas, havia encostados em uma das poucas árvores de Montes Claros, um vinho, uma taça com água, cestas com frutas devidamente ornamentadas para algum ato. Macumba?, perguntaram uma adolescente e uma criança. Acho que alguém quer é tornar o ambiente mais romântico como as músicas de samba do Angenor de Oliveira, o Cartola (1908-1980). Até para nascer e morrer esse cara foi poeta. 




segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Rio São Lamberto de ontem e hoje

POR Mara Narciso

Quando alguém menciona a infância maravilhosa imaginamos que a mente infantil se confunde e traduz, anos depois e de forma exagerada, algo que foi apenas bom. Boa era a natureza, um presente para uma criança enjaulada num pequeno apartamento no centro da cidade e que fazia piqueniques nos arredores de Montes Claros com seus pais, tios e primos. O destino era o Rio São Lamberto, na região do Pentáurea Clube.

Muito cedo no domingo, para reduzir a bagagem, a comida era levada semi-pronta, com a panela amarrada pela tampa com um pano de prato. O meio de transporte era a Kombi de Tio Zé. Nela se amontoavam Tia Ninha, Virgínia, Vânia e Júnior, meus pais Alcides e Milena, meu irmão Helder, os mais frequentes, mas os tios Chico, Áurea e Dida, também iam. Juntávamos até treze pessoas no carro. Motor traseiro, mesmo sem carteira (precisaria de um carro adaptado, inacessível), Tio Zé ia dirigindo pela estrada de terra. Os homens iam no banco da frente, as mulheres no segundo banco e as crianças atrás. As comidas ficavam empoleiradas no colo de alguém ou dentro de cestas de taquara. As cervejas iam geladas e no destino eram deixadas dentro do rio. Nenhum charme, apenas farofeiros.

A viagem era de uns 20 km, mas, para nós, os meninos, era demorada, sendo uma aventura no meio da poeira e das cantorias, num converseiro de gritos e risadas. E a emoção da chegada? Uma curva na descida e lá estava o Rio São Lamberto, caudaloso, com poços, lajes e corredeiras borbulhantes. A água era gelada e cristalina, cheia de piabas. A estrada atravessava o rio, e não se via qualquer detrito. De roupa de banho e com um adulto ao lado, colocávamos os pés na água. Que delícia! Tínhamos aulas de natação na Praça de Esportes, mas minha mãe não tirava os olhos nem os gritos de cima da gente.

Num descampado à margem, sobre areia clarinha, os homens, só de calção, ensaiavam uma pelada, porém sem regras nem trave. Era apenas uma brincadeira e as mulheres também fingiam jogar bola. Árvores frondosas faziam sombra, jogando folhas amarelas na água, com bichinhos de vários tipos, que eu coletava.

Menino quer é sumir no meio do mato. Não tinha perigo, nem medo do sol e a gente pegava uma trilha com algum adulto e desaparecia catando pequi, cagaita, coquinho, mangaba e outros do cerrado. Pegávamos gravetos cobertos de musgos, como também ninhos de passarinhos. Tirávamos os ovinhos sem nenhum pudor. Ninguém pensava que fosse errado.

As mulheres terminavam de fazer a comida em fogões de pedra improvisados, mas de olho nos meninos, em revezamento. Comíamos rápido (o arroz era papento e cheirando a fumaça) para não perder um minuto do rio. Perto dali tinha muitas nascentes, com riozinhos correndo para todo lado. Próximo, havia uma área extensa, de areia vermelha, com água rasa e transparente. Não se via chão pelado, apenas pequenas áreas para plantar ou criar gado. O terreno adiante era de cascalho, com pés de abacaxi, manga e jabuticaba nas fazendinhas perto. Os cachorros latiam, e os moradores eram pessoas simples, com as quais fizemos amizade. Fomos muitas vezes naquela água que encobria um homem, num rio-saudade onde encontrávamos outras famílias se divertindo.

Uma sequência de crimes ambientais gravíssimos, como desmatamento do Morro Vermelho para tirar areia e cascalho resultou em tragédia e desolação. Pelado, o morro desceu e entupiu a calha do Rio São Lamberto que jaz morto. Sua nascente é em Bocaiúva, passa por Montes Claros, recebia água de várias nascentes na região do Pentáurea e ia irrigar o Rio São Francisco. A Lagoa do Pentáurea, que é fruto do seu represamento, também se entupiu. Na sua revitalização foram retiradas quatro mil caçambas de terra, o canal do rio foi restaurado, mas em pouco tempo já estava outra vez assoreado. Medidas de contenção no morro não superam a sanha por destruição de pessoas, que jogam, inescrupulosamente, terra até dentro do leito do rio.

Vendo a situação de hoje, e de antes, não tem como não falar que a infância foi boa. A natureza era viva, e nós a destroçamos. Nós, pequenos, pensávamos que o Rio São Lamberto seria eterno. Eterna é a irresponsabilidade humana. E com seca tudo fica ainda mais dramático.


29 de setembro de 2017