ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

sábado, 7 de outubro de 2017

Veja o todo e não só a parte

Uma ideia na cabeça e um monte de materiais descartáveis (lixo) à disposição. Com uma tampinha de plástico transparente na mão, enchemo-la de pedrinhas amarelas. Com outra tampinha de plástico da mesma cor, completamos o vácuo com mais pedrinhas amarelas. Com mais uma caixinha de plástico industrializada, preenchemos o vazio com pedrinhas vermelhas. Capas de apostilas de xerox costuradas por uma cordinha branca nos serviu de toalha de mesa no passeio da nossa casa.

Em cima de cada caixinha com as pedras, colocamos, arrumados, terços quebrados que ninguém mais utilizava ou que já foram muito utilizados por beatas donas-de-casa que rezavam muito e comportavam-se conforme a regra social da sua época. Hoje em dia, com a televisão e os telefones celulares, as pessoas nem se dão mais ao trabalho de rezar com o santo terço.

Fazem tudo mecanicamente. Nem passam o dedo em cada bolinha do terço para sentirem o nosso quinto sentido: o tato. E, ao tatearmos a tela do celular, o comportamento do dedo é tão repetitivo que parecemos robôs. A visão está tomando o lugar de todos os nossos outros sentidos. E nós ainda nos consideramos possessos de um tal de sexto sentido.

Ornamentamos os objetos no passeio. Saímos. Fomos dormir. Quem já trabalhou à noite sabe que nada ocorre de madrugada na sociedade capitalista, tirando os recepcionistas de hotel, radialistas e vigias. Mas, os poucos ventos da madrugada, muito certamente, vieram e causaram uma bagunça em uma suposta performance poética de porta de rua. Muito difícil alguém ter chutado as muambas e os terços. A disposição dos objetos prova isso. Longe de sermos peritos no assunto, tá?

A reação das pessoas no outro dia é de surpreender. Como o povo brasileiro é extremamente religioso, espiritualista, supersticioso e desconhece a realidade geral diante dos contextos de opressão capitalista a que está submetido (nosso olhar é particularista), foi logo acusando: é macumba!!! Demorou mais de 12 horas para alguém observar aquela bagunça e tomar providência. Curiosamente uma estagiária de arquitetura curiosa e sorridente. Ou a macumba é poderosa (ninguém tasca o dedo porque protege mesmo), ou... infinitas possibilidades.

A verdade é que a história, o tempo e vento quebram e estragam, mas não matam. A ânsia pelo capital mata todo dia. Lembre-se da sabedoria popular: é melhor prevenir do que remediar. É muito melhor ser saudável por meios fáceis do que precisar tomar remédios.


Estamos cansados de perder vidas e ser forçados a uma solidariedade de etiqueta. O público-estatal cobra do público-privado adequação às suas normas, porém, o primeiro burla suas próprias leis e assassina milhares de seres humanos todos os dias. Que dia alguém vai dar um basta nisso? Será que estamos vivendo os fantasmas revolucionários da primeira metade do século XX?





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