ALVORADA

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Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Como fazer para eliminar os cascalhos do dia a dia?

Para celebrar os seus 10 anos de atuação social, a Pastoral Operária (PO) de Vitória, do Estado do Espírito Santo, Sudeste do Brasil, produziu a cartilha “O QUE É O POVO? E O QUE É A MASSA?”. Na verdade, são anotações realizadas por um operário do Setor de Itacibá, a partir da palestra feita no IPAV [alguém sabe o que significa a sigla em 1985? Seria Instituto de Pastoral Vocacional?], por Pedro Ribeiro de Oliveira, sociólogo e que esteve presente no 6º Encontro de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), acontecido no ano de 2010, em Montes Claros, Norte de Minas Gerais. Com 12 páginas, a publicação é de 1º de setembro de 1985, na capital capixaba. Na época da produção da cartilha, a Comissão Pastoral Operária da Arquidiocese de Vitória tinha sede à Caixa Postal 107, CEP 29.000, Vitória (ES).

“O QUE É O POVO E O QUE É A MASSA, em letras maiúsculas mesmo. Agora vamos ao texto propriamente dito. “Imagine um bloco de terra que represente parte da crosta terrestre. Assim: [é mostrado um desenho]. Agora suponha que este bloco representa A ELITE DE NOSSA SOCIEDADE [brasileira]. Neste bloco, estão os donos de grandes porções de terra. Os donos de fábricas. Os banqueiros. Os empresários [grandes e multinacionais]. O Governo sustentado pelas Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) e ainda as PMs [Polícias Militares, Polícias Civis, Polícias Legislativas, Guardas Municipais].

Logo se vê que este bloco de terra é muito forte. É por demais resistente. Agora imagine que, por debaixo do bloco, corre um rio. Assim: [mostra-se outro desenho]. E que o bloco faz cada vez mais pressão sobre este rio. Assim: [outra ilustração]. Agora suponha que este RIO que corre por debaixo do bloco é o POVO, e que a PRESSÃO DO BLOCO exercida sobre o rio é O ARROCHO SALARIAL, O DESEMPREGO, O ANALFABETISMO, A FALTA DE TRANSPORTE, AS PÉSSIMAS CONDIÇÕES DE SAÚDE, A DESNUTRIÇÃO, A FALTA DE MORADIAS, ETC... causados, acima de tudo, pela política externa, pelo imperialismo norte-americano, pelo FMI [Fundo Monetário Internacional].

Só podemos chegar a uma conclusão: o rio ficará de tal forma exposto à PRESSÃO DO BLOCO que procurará, de uma forma ou de outra, rompê-lo. Surgirão, rompendo o bloco, algumas NASCENTES. Assim: [outra ilustração é mostrada]. Já que o BLOCO é a ELITE, que o RIO é o POVO, vamos supor que as NASCENTES sejam as ORGANIZAÇÕES DO POVO.

Temos assim como NASCENTES, digamos: OS MOVIMENTOS POPULARES: (ver desenho na página 07) [quando são listados os organismos Comissão Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Pastoral Operária, a Comissão Pastoral da Terra, as Comunidades Eclesiais de Base, o Comitê de Senhoras, a Associação de Moradores, os Amigos de Bairro, o Partido Trabalhista Brasileiro, o Partido Comunista Brasileiro, o Partido dos Trabalhadores, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro e outros, a Central Única dos Trabalhadores, Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, Comissões de Fábrica, Federações e Sindicatos, Meio Ambiente, Mulheres, Índios e Negros].

O rio, porém, não é forte o suficiente para, por si mesmo, ter furado o bloco. Vimos que foi preciso que houvesse uma pressão. Além do mais, após as nascentes entrarem no exercício de suas atividades, convém lembrar que, hora por outra, caem CASCALHOS, que desprendem-se do bloco, prejudicando o fluxo normal das nascentes.

E que CASCALHOS são estes? Podemos citar alguns: as perseguições [cooptações e assédios morais] às lideranças dos movimentos; intervenções em sindicatos [hoje através dos partidos políticos dominantes e do marketing]; jogo psicológico para colocar o povo contra suas reais lideranças nos diversos movimentos populares [os meios de comunicação de massa, sobretudo a televisão, o rádio e a internet, a mídia grande de um modo geral, fazem o papel de transmissores da ideologia dominante quando lhe é conveniente]; prisões e torturas [principalmente sobre as classes mais marginalizadas economicamente]; demissões de líderes sindicais; repressão a manifestantes, etc... e etc...

A tentativa do presidente Sarney [até hoje é mandatário político] em dar poderes constitucionais ao Congresso para feitura da NOVA CONSTITUIÇÃO, não permitindo desta forma a participação popular no processo constituinte, pode ser encarado como um destes CASCALHOS.

Como já vimos: o RIO é o POVO.

Devemos, no entanto, ter em mente que, como a água do rio é, de certa forma, escassa, é óbvio que, ora teremos uma FONTE mais FORTE, ora outra FONTE com menor FLUXO. Isto porque a água que ora alimenta uma fonte passa a alimentar outra.

É justamente, por esse motivo, que ora vemos o Sindicato mais forte e a Associação de Moradores mais fraca. Noutra oportunidade, vice-versa, ou ainda os dois fracos, e forte então o Partido Político.

Agora, uma coisa fundamental precisamos saber. O rio não é fraco porque falta-lhe água. Muito pelo contrário; há uma quantidade enorme de água num lago, também debaixo do bloco de terra, que não entra no rio. [outra ilustração é mostrada]. Se o BLOCO de TERRA é a ELITE, se o RIO é o POVO e as NASCENTES as ENTIDADES DE ORGANIZAÇÃO DO POVO (MOVIMENTOS POPULARES), então o que é O LAGO?

Importante isso: Nem tudo que é MASSA é POVO! [Lembre-se da canção criada por Almir Sater & Renato Teixeira: “Tocando em frente”, pois, é preciso “Conhecer as manhas e as manhãs/O sabor das MASSAS e das maçãs”].

O POVO está constituído daquela parcela minoritária [não seria majoritária? Ou então o autor quis dizer a classe proletária, como garis, serventes, pedreiros, pipoqueiros, aqueles que só são realmente felizes em seus tempos de folga, como todo ser humano] de GENTE SOFRIDA de nossa sociedade [brasileira] que se manifesta através dos MOVIMENTOS POPULARES [ocupações urbanas e rurais de terras].

A MASSA ainda é aquela parcela majoritária que, apesar de MUITO SOFRIDA, por um ou outro motivo, talvez até de certa forma justo, ainda não passou a manifestar-se através dos MOVIMENTOS POPULARES existentes. [Massa hoje seria a grande classe média em suas perversas subdivisões mercadológicas].

No entanto, vez por outra, esta MASSA ameaça virar POVO. Por exemplo: durante a campanha das [IN]DIRETAS JÁ, a maior parte daqueles que foram às ruas não eram pessoas engajadas em nenhuma espécie de MOVIMENTO POPULAR. Isto por que? Porque a pressão que estava sendo exercida pela ELITE sobre o POVO era tão grande, que chegou a agitar as MASSAS. Então a nossa realidade é esta: [mais uma imagem com a ELITE ao centro e a pressão dos movimentos populares, massa e povo sobre a ideologia dominante; a massa pode ser influenciada e manipulada em situações como o Golpe Civil-Militar de 1º de abril de 1964, em campanhas como Brasil: Ame-o ou Deixe-o, da compra de votos por R$ 200 mil cada da emenda da reeleição em 1998, do impeachment da presidente Dilma Roussef que pedalou para salvar tanto o agronegócio, como o programa bolsa-família].

Vemos então que alguém passa a atuar nos MOVIMENTOS POPULARES, este alguém está deixando de ser MASSA para ser POVO. A MASSA pode ser uma coisa ESTÁTICA, PARADA. Pode ser considerada como simples MATÉRIA.

Quando esta MATÉRIA começa a mexer-se, a preocupar-se com os problemas SÓCIO-ECONÔMICOS do MEIO em que habita, ela então deixa automaticamente de ser simplesmente MASSA. Começa a possuir VIDA. A locomover-se. [Seria como o fermento que faz crescer o bolo. O POVO é o fermento que faz a MASSA se conscientizar enquanto propulsora de transformações realmente sociais ou como o SAL que dá gosto à comida].

Quando bem preparada, bem alimentada, passa a ter em sua locomoção, em sua capacidade de LIBERTAÇÃO [Foi o que ocorreu com a Revolução Bolchevique Russa de Outubro de 1917 brilhantemente liderada por Vladimir Lênin; com a Revolução Cubana de 1959; com o período mais democrático brasileiro entre 1945 a 1964; o POVO congrega soldados, artesãos, camponeses, trabalhadores urbanos e intelectuais, une o trabalho intelectual ao trabalho manual, alimenta a MASSA, e faz a revolução proletária].

Porém, é importante lembrar o seguinte: Se a massa entra na correnteza do rio sem procurar preparar-se [teoria e prática sintonizadas], pode prejudicar o fluxo das nascentes.

Basta para isto olharmos para dentro de nossos movimentos e descobrimos, principalmente nos sindicatos e partidos políticos, como muitos têm atrapalhado o bom andamento das coisas [na década de 1990, com o aparecimento do neoliberalismo, tivemos a companhia das organizações não-governamentais, das organizações da sociedade civil de interesse público, dos institutos e das fundações que, com o suposto intuito de se solidarizarem com causas sociais e ambientais, acabam por fazer pornografia nos movimentos sociais. O exemplo mais recente é a Tragédia de Janaúba do dia 05 de outubro de 2017 ou a maior tragédia ambiental brasileira: o Rompimento da Barragem do Fundão em 05 de novembro de 2015. Os pobres sofrem com escolas em condições sempre precárias, a barbárie dinamita gentes e as fundações e suas transgenias se aproveitam para solicitar encarecidamente verbas governamentais. Caso não haja severa fiscalização na aplicação das verbas, outras tragédias voltarão a ocorrer e o povo pobre a sofrer as consequências eternas]".    

Com digitação e acréscimos entre colchetes da Pastoral Noturna Revolucionária

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