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Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

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terça-feira, 31 de outubro de 2017

Enquanto você gritava gol...

Era o dia 24 de julho de 2013. O jogo entre Atlético-MG e Olímpia do Paraguai mobilizava o Brasil para a definição do Campeão da Copa Libertadores daquele ano. O Olímpia havia vencido os mineiros por dois a zero no jogo de ida. O grito de “Eu acredito!”, e não o de “Nós acreditamos!”, unia atleticanos e até não-atleticanos.

O primeiro jogo da finalíssima no Estádio Reformado Governador Golpista José de Magalhães Pinto seguia para o segundo tempo depois de uma primeira etapa de muito sofrimento, como qualquer jogo de futebol ensina e a vida bate o cartão.

Guilherme chuta de fora da área e marca o primeiro do Atlético-MG. Quando ninguém mais esperava, a bola é alçada na área e a torre gêmea Leonardo Silva marca de cabeça o segundo gol do time preto e branco.

Enquanto você gritava o primeiro gol do jogo, a moça bonita de 28 anos era submetida na Santa Casa de Montes Claros a uma curetagem para retirada de restos da gravidez que perdeu após um aborto espontâneo, após resistir durante três meses, sofrer calada ao lado do filho e companheiro do primeiro relacionamento conjugal com hemorragias seguidas e tentar gerar a vida que todos são a favor, mas que quase ninguém é obreiro o suficiente para oferecer condições de saúde ideais a todo brasileiro para que ele nasça, alimente-se e cresça da melhor forma possível. No segundo gol do jogo, ela já estava sedada para dormir e descansar em paz após aquele procedimento médico curativo.

O jogo vai para a prorrogação. O zero a zero persiste. Já são mais de meia-noite: 25 de julho de 2013, quinta-feira. No calendário religioso, celebra-se São Cristóvão, o carregador de cristos e, no calendário da história, recorda-se o dia do trabalhador rural. Como duas equipes de operários urbanos que são oprimidos e forçados a esquecer as suas raízes rurais, Atlético-MG e Olímpia vão decidir a Copa Libertadores de 2013 nas penalidades máximas, na loteria esportiva. A trave mata o Olímpia e glorifica o Atlético-MG.

Porém, a noite no hospital é de melancolia e dor. Mais um filho teu fugiu à luta, enquanto você gritava é campeão ou chorava a perda de um título como se fosse um olimpiano. Libertas que serás também libertado! E ainda cospem e voltam a cuspir e a degustar no prato em que comem: o campeonato mineiro é apelidado pejorativamente de rural, essa nostalgia que teima em permanecer na alma da gente.  


“A consciência é, pois, um produto social e continuará a sê-lo enquanto houver seres humanos. A consciência é, antes de tudo, a consciência do meio sensível imediato e de uma relação limitada com outras pessoas e outras coisas situadas fora do indivíduo que toma consciência; é simultaneamente a consciência da natureza que inicialmente se depara ao ser humano como uma força francamente estranha, toda poderosa e inatacável, perante a qual os seres humanos se comportam de uma forma puramente animal e que os atemoriza tanto como os animais; por conseguinte, uma consciência de natureza puramente animal (religião natural)”


[Karl Marx e Friedrich Engels escrevem homens no século XIX, uma época em que o papel entre homem e mulher era mais delimitado, o que não quer dizer necessariamente que Marx, Engels e os comunistas fossem e são machistas. Muito pelo contrário. A obra de Karl Marx e Friedrich Engels é marcada por um humanismo nunca visto até então. Marx se torna comunista ao ter contato com o operário J. Moll. Marx ainda anota sobre a questão da religião natural que “compreende-se imediatamente que esta religião natural ou este tipo de relações com a natureza estão condicionados pela forma da sociedade e vice-versa. Neste caso, como em qualquer outro, a identidade entre o ser humano e a natureza toma igualmente esta forma, ou seja, o comportamento limitado dos seres humanos perante a natureza condiciona o comportamento limitado dos seres humanos entre si e este condiciona por sua vez as suas relações limitadas com a natureza, precisamente porque a natureza mal foi modificada pela história.] 

A Ideologia Alemã (Primeiro Capítulo), por Karl Marx e Friedrich Engels

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