ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

domingo, 29 de outubro de 2017

Sagarana

POR Clara Nunes (interpretação)
 
A ver, no em-sido
Pelos campos-claros: estórias
Se deu passado esse caso
Vivência é memórias

Nos Gerais
A honra é-que-é-que se apraz
Cada quão
Sabia sua distrição

Vai que foi sobre
Esse era-uma-vez, sas passagens
Em beira-riacho
Morava o casal: personagens
Personagens, personagens, personagens

A mulher
Tinha a morenês que se quer
Verde olhar
Dos verdes do verde invejar
Dentro lá deles
Diz-que existia outro gerais
Quem o qual, dono seu
Esse era erroso, no à-ponto-de ser feliz demais

Ao que a vida, no bem e no mal dividida
Um dia ela dá o que faltou, ô, ô, ô

É buriti, buritizais
É o batuque corrido dos gerais
É buriti, buritizais
É o batuque corrido dos gerais

O que aprendi, o que aprenderás
Que nas veredas por em-redor Sagarana
Uma coisa é o alto bom-buriti
Outra coisa é buritirana

A pois que houve
No tempo das luas bonitas
Um moço êveio
Viola enfeitada de fitas
Vinha atrás
De uns dias pra descanso e paz
Galardão, Mississo-redó, Falanfão,
No-que se abanque que ele deu nos óio o verdêjo
Foi se afogando
Pensou que foi mar, foi desejo
Foi desejo, foi desejo, foi desejo

Era ardor
Doidava de verde o verdor
E o rapaz quis logo querer os Gerais
E a dona deles: “Que sim”
Que ela disse verdeal
Quem o qual, dono seu
Vendo as olhâncias, no avôo virou bicho-animal

Cresceu nas facas
O moço ficou sem ser macho
E a moça sem verde ficou, ô, ô, ô

É buriti, buritizais
É o batuque corrido dos gerais
É buriti, buritizais
É o batuque corrido dos gerais

O que aprendi, o que aprenderás
Que nas veredas por em-redor Sagarana
Uma coisa é o alto bom-buriti
Outra coisa é buritirana

Quem quiser que cante outra
Mas à-moda dos Gerais
Buriti: rei das veredas

Guimarães: buritizais!
Guimarães: buritizais!
Guimarães: buritizais!


“Música de João de Aquino e de Paulo César Pinheiro. Sagarana é um livro de contos publicado por João Guimarães Rosa”, Jota Lacerda


“Entender um texto de Guimarâes Rosa é um desafio pra quem não é muito afinado em cultura. Digo, porque esta letra é baseada nos contos dele. Mas na interpretação poética e magnífica de Clara Nunes, qualquer texto se torna uma maravilha e fácil de se entender.” Noel Costa

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