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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O discurso que vale

por Maicon Deivison Pinto Tavares
maicon_ptavares@hotmail.com
maiconmissionariodapascom@yahoo.com.br

“Vida em Primeiro Lugar: a Força da Transformação está na Organização Popular” - Foi lindo ver as Pastorais Sociais da Arquidiocese de Montes Claros unidas fazendo o 15º Grito dos Excluídos, 16ª edição em Montes Claros, Norte de Minas Gerais, Sudeste do Brasil. Com muita força, indignação e oração, as Pastorais Sociais Arquidiocesanas e demais movimentos populares caminharam e cantaram no dia Sete de Setembro deste 2009, “seguindo a canção”, enaltecendo que "somos todos iguais braços dados ou não", como ensina a bela música (1968) de Geraldo Vandré.

Mas, infelizmente, em toda a história do Grito dos Excluídos, na sexta maior cidade de Minas Gerais, nunca ocorreu uma tentativa de opressão tão grande por parte de policiais militares, civis, guardas municipais, estes últimos principalmente, a mando, é claro, do poder público municipal. Em 2008, as Pastorais Sociais também sofreram repressão parecida, o que é comum em eventos populares que objetivam ser um contraponto ao discurso oficial.

Os administradores dos bens públicos sempre se utilizam da maldade para agredir o Povo de Deus, que está nesta difícil estrada da vida. Acordou às 6h de uma segunda-feira chuvosa, feriado nacional, para celebrar ecumenicamente o que Jesus Cristo pregava há mais de dois mil anos - “Que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10).

Este Povo de Deus, guerreiro, tentava “gritar por um mundo melhor”. Estavam presentes nesta manifestação o Arcebispo Metropolitano de Montes Claros, Dom José Alberto Moura, o Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima de Montes Claros, Frei Ari Piedade da Silva, o Vigário da Paróquia Nossa Senhora de Montes Claros e Beato José de Anchieta, Padre Luiz Arnaldo Sefrin, o Pároco da Paróquia Nossa Senhora Rosa Mística de MOC, Cônego Oswaldo Gonçalves Vieira, o Frei José Inácio Vieira (Frei Zezinho), além de outros sacerdotes, religiosos e religiosas, seminaristas, educadores e educadoras, psicólogos e psicólogas, assistentes sociais e muita gente de luta com vontade de fazer “um outro Brasil possível” através da organização e de uma efetiva participação popular.

No entanto, quem participou do Grito dos Excluídos deste ano e do Desfile da Independência em MOC, é observador e tem um mínimo de sensibilidade humana pôde perceber a profunda tristeza, misturada com indignação, no olhar de Sônia Gomes, moradora do Bairro Nossa Senhora de Fátima em MOC, assistente social, coordenadora e animadora das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na Arquidiocese de Montes Claros, e liderança do Grito e das Assembleias Populares (APs).

Em todo momento, os manifestantes, que estiveram ali nas avenidas João Luiz de Almeida (a da Câmara Municipal) e Deputado Esteves Rodrigues (Sanitária), quiseram apenas pensar diferente do discurso oficial. No entanto, mesmo com a embromação das autoridades policiais, que prometiam dar passagem para os manifestantes e descumpriam o acordo, mais uma edição do Grito não terminou em pizza, como acontece nos conchavos do atual cenário político brasileiro.

Enfrentando uma forte corrente de segurança armada, de jipes que compunham um bloco do Desfile da Independência e de cavaleiros que marchavam com as bandeiras do Brasil, de Minas Gerais e do Município de Montes Claros, o tema nacional do 15º Grito dos Excluídos percorreu toda a Avenida Sanitária até chegar às proximidades da Pizzaria Papaula. Lá os manifestantes conscientizaram a população da ilegalidade do aumento da passagem do transporte coletivo urbano em MOC, da falta de assistência às poucas comunidades rurais do município, do péssimo planejamento urbano de bairros montes-clarenses, dentre outros reclames populares locais.

Com reduzido espaço na mídia grande, o Grito dos Excluídos é uma iniciativa das Pastorais Sociais e dos movimentos populares em denunciar o que angustia a alma humana, como a imensa desigualdade social que “teima” em permanecer em nosso país, apesar da ascensão da "nova classe média” surgida no Brasil e enfatizada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em seu discurso do último domingo, 06 de setembro de 2009, e que foi retransmitido em cadeia nacional de rádio e televisão. O Grito acontece desde 1995 no Brasil e sua primeira edição mobilizou 170 cidades do país. Em MOC, manifestantes organizaram ato em 1994 para pedir por melhores condições de vida no Major Prates, hoje um dos maiores bairros do município norte-mineiro.


Maicon Deivison Pinto Tavares é estudante secundarista, voluntário da Pastoral da Criança da Paróquia Santa Rita de Cássia de Montes Claros e missionário da Pastoral da Comunicação Arquidiocesana

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