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Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS PARTICIPANTES NA PLENÁRIA DO CONSELHO PONTIFÍCIO PARA OS LEIGOS

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS PARTICIPANTES NA PLENÁRIA DO CONSELHO PONTIFÍCIO PARA OS LEIGOS
Sala Clementina - 7 de fevereiro, 2015
Caros irmãos e irmãs,
Com alegria acolho o Pontifício Conselho para os leigos reunidos em assembleia plenária. Agradeço o cardeal presidente pelas palavras que me dirigiu.
O tempo transcurso desde a ultima plenária foi para vocês um período de atividades e de realizações apostólicas. Nisto vocês adotaram a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium como texto programático e como bussola para orientar a suas reflexões e ações. O ano que começou a pouco tempo assinalará um importante retorno: o 50° aniversário do encerramento do Concilio Vaticano II. A tal propósito, eu sei que estão preparando um ato comemorativo da publicação do decreto sobre o apostolado dos leigos Apostolicam Actuositatem. Encorajo esta iniciativa, que não diz respeito somente ao passado, mas ao presente e ao futuro da Igreja.
O tema que escolheram para esta Assembleia Plenária – Encontrar Deus no coração da cidade – se põe no sulco do convite da Evangelii Gaudium a entrar nos “desafios das culturas urbanas” (n. 71-75). O fenômeno do urbanismo tornou-se agora uma dimensão global: mais da metade dos homens do planeta vive nas cidades. E o contexto urbano tem um forte impacto sobre a mentalidade, a cultura, os estilos de vida, as relações interpessoais e a religiosidade das pessoas.
Em tal contexto, assim vario e complexo, a Igreja não é mais a única “promotora de senso” e os cristãos se encontram a absorver “linguagens, símbolos, mensagens e paradigmas que oferecem novas orientações de vida, quase sempre em contraste com o Evangelho” (ibid., 73).
As cidades apresentam grandes oportunidades e grandes riscos: podem ser magníficos espaços de liberdade e de realização humana, mas também terríveis espaços de desumanização e de infelicidade. Parece próprio que todas as cidades, também aquelas que parecem mais floridas e ordenadas, tenham a capacidade de gerar dentro de si uma obscura “anti-cidade”. Parece que junto aos cidadãos existam também os “não-cidadãos”: pessoas invisíveis, pobres de meios e de calor humano, que moram em “não-lugares”, que vivem das “não-realizações”. Se trata dos indivíduos a que nenhum volta um olhar, uma atenção, um interesse. Não são só anônimos; são os “anti-homens”. E isto é terrível.
Mas diante a estes tristes cenários devemos sempre recordar que Deus não abandonou a cidade; Ele mora na cidade. O titulo desta plenária quer próprio sublinhar que é possível encontrar Deus no coração da cidade. Isto é muito belo. Sim, Deus continua a ser presente também nas nossas cidades assim frenéticas e distraídas.
É por isso necessário não abandonar nunca ao pessimismo e ao derrotismo, mas ter um olhar de fé sobre a cidade, um olhar contemplativo “que descubra aquele Deus que mora nas suas casas, nas suas ruas, nas suas praças” (ibid., 71). E Deus não é nunca ausente da cidade porque não é nunca ausente do coração do homem!
De fato, “a presença de Deus acompanha a pesquisa sincera que as pessoas e grupos cumprem para achar apoio e senso em suas vidas” (ibid).
A Igreja quer estar ao serviço desta pesquisa sincera que tem em tantos corações e se encontra aberto a Deus. Os fiéis leigos, sobretudo, são chamados a sair sem medo para andar ao encontro com os homens das cidades: nas atividades cotidianas, no trabalho, como singular ou como família, juntos a paróquia o nos movimentos eclesiais do qual fazem parte, podem parar o muro do anonimato e da indiferença que muitas das vezes reina soberana nas cidades. Se trata de encontrar coragem de fazer o primeiro passo de aproximação aos outros, para ser apóstolo do quarteirão.
Torna-se alegres anunciadores do Evangelho aos mesmos cidadãos, os fiéis leigos descobrem que tem muitos corações que o Espírito Santo já preparou para acolher os seus testemunhos, aproximações e atenções. Nas cidades existe quase sempre um terreno de apostolado muito mais fértil do que aquele que tanto imaginam. É importante por isso cuidar da formação dos leigos: educa-los a ter aquele olhar de fé, cheio de esperança, que saiba ver a cidade com os olhos de Deus. Encoraja-los a viver o Evangelho, sabendo que cada vida cristãmente vivida tem sempre um forte impacto social. Ao mesmo tempo, é necessário alimentar neles o desejo do testemunho, afim que possam doar aos outros com amor o dom da fé que receberam, acompanhando com afeto aqueles irmãos que dão os primeiros passos na vida de fé.
Em uma palavra: os leigos são chamados a viver um humilde protagonismo na Igreja e tornar-se fermento de vida cristã para toda a cidade.
É importante além de que, neste renovado lançamento missionário a cidade, os fieis leigos, em comunhão com seus Pastores, saibam propor o coração do Evangelho e não os seus apêndices.
Também ainda o Arcebispo Montini, as pessoas envoltas na grande missão cidadã de Milão, falava da “pesquisa do essencial”, e convidava a ser acima de tudo nós mesmos “essenciais”, isto é verdadeiros, genuínos, e a viver disto que conta realmente (conf. Discursos e escritos milaneses 1954-1963, Instituto Paulo VI, Brescia-Roma, 1997-1998, p.1483). Só assim se pode propor na sua força, na sua beleza, na sua simplicidade, o anuncio libertador do amor de Deus e da salvação que Cristo nos oferece. Só assim se vai com aquela atitude de respeito em direção as pessoas; se oferece o essencial do Evangelho.
Confio o trabalho de vocês e os seus projetos a materna proteção da Virgem Maria, peregrina junto com o seu filho no anuncio do Evangelho, de vilas em vilas, de cidade em cidade, e deixo de coração a todos vocês e aos seus caríssimos a minha Benção. E por favor, não esquecer de rezar por mim. Obrigado.

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