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"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

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domingo, 4 de junho de 2017

Pentecostes : o Papa exorta a ser cristãos “de Jesus” (texto completo)

Pentecostes : o Papa exorta a ser cristãos “de Jesus” (texto completo)

Pentecostes 2017, CTV

Homilía do Papa Francisco, Pentecostes 2017

"Queridos irmãos e irmãs, Hoje celebramos o dia de Pentecostes, onde podemos dizer que ação do Espirito Santo em nós e na Igreja fazem com que a mensagem de Cristo se espalhem de modo veloz através do nosso testemunho das maravilhas que acompanham as pregações dos evangelizadores.

Quando estamos em uma comunidade cristã aprendemos a ser pessoas de oração e ação. Há diversidades de dons e serviços que cada pessoa vai receber de acordo com a sua capacidade de agir.
Sabemos que a mola que impulsiona os cristãos no mundo tem duas engrenagens importantes que são o amor e o perdão. Sem eles nós fraquejamos e desistimos do caminho que Deus traçou a cada um para chegar a casa do Pai, 

Na historia da Igreja percebemos a ação do Espirito Santo, pois em cada época há um modo peculiar da sua ação, mas nada pode atrapalhar sua ação na Igreja e no mundo. Que possamos abrir a coração aos dons que Deus quer nos dar  para que esse mundo seja mais humano, mais fraterno, mais solidário e mais propicio ao perdão e misericórdia aos que afastam e falham na caminhada a vida eterna." (Jose Benedito Schumann Cunha)

O Papa Francisco exortou os cristãos a serem cristãos “ de Jesus” e não a serem ”apoiantes” … dos cristãos “de direita ou de esquerda”; nem a serem “guardiões inflexíveis do passado”, nem os “visionários do futuro” – foi este o desejo do Papa Francisco na celebração da missa do Pentecostes na praça de S. Pedro, no dia 4 de junho de 2017. Na sua homilia, também sublinhou que o Espírito Santo “cria a diversidade; em cada época, na verdade, ele faz florescer novos e variados carismas”.
Como no inicio e nos dias de hoje, o Espirito Santo vem para nos unir na fé no Senhor e ainda sermos fortes na missão de levar a boa nova de Cristo a todos.

“O mesmo Espírito cria a diversidade e a unidade” – afirmou o Papa, alertando os cerca de 60,000 fiéis presentes na celebração, para as duas tentações “frequentes”: procurar a diversidade sem a unidade ou “procurar a unidade sem a diversidade”.

Os cristãos não se devem fechar nem “em particularismos próprios”, nem “fazer tudo junto e tudo igual” – prosseguiu o papa, mas ter um “olhar que abraça e ama, para além das preferência pessoais…acabar com as conversas que semeiam a divisão e as invejas que envenenam, pois ser homens e mulheres de Igreja significa ser homens e mulheres de comunhão”.

Para obter esta unidade na diversidade, o Papa deu a via do perdão pois “o Espírito é o primeiro dom do Ressuscitado e ele é dado antes de tudo para perdoar os pecados. Eis o começo da Igreja, eis a cola que nos mantém juntos, o cimento que une os tijolos da casa: o perdão”.

O perdão, declarou o Papa, é “o maior amor, o que guarda unido todas as coisas, que impede de se afundar, que reforça e consolida”. “Sem o perdão a Igreja não se edifica” – afirmou o Papa enquanto encorajava a “rejeitar outras vias”: as vias apressadas daquele que julga, aquelas vias sem saída, as vias daquele que fecha todas as portas; aquelas vias em sentido único, as vias daquele que critica os outros. O Espírito exorta-nos, pelo contrário, a percorrer a via de sentido duplo do perdão recebido e dado”.



Homilía do Papa Francisco, Pentecostes 2017

Chega hoje ao seu termo o tempo de Páscoa, desde a Ressurreição de Jesus até ao Pentecostes:

cinquenta dias caraterizados de modo especial pela presença do Espírito Santo. De facto, o Dom pascal por excelência é Ele: o Espírito criador, que não cessa de realizar coisas novas. As Leituras de hoje mostram-nos duas novidades: na primeira, o Espírito faz dos discípulos um povo novo; no Evangelho, cria nos discípulos um coração novo.

Um povo novo. No dia de Pentecostes o Espírito desceu do céu em «línguas, à maneira de fogo, que se iam dividindo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas» (At 2, 3-4). Com estas palavras, é descrita a ação do Espírito: primeiro, pousa sobre cada um e, depois, põe a todos em comunicação. A cada um dá um dom e reúne a todos na unidade. Por outras palavras, o mesmo Espírito cria a diversidade e a unidade e, assim, molda um povo novo, diversificado e unido: a Igreja universal. Em primeiro lugar, com fantasia e imprevisibilidade, cria a diversidade; com efeito, em cada época, faz florescer carismas novos e variados. Depois, o mesmo Espírito realiza a unidade: liga, reúne, recompõe a harmonia. «Com a sua presença e ação, congrega na unidade espíritos que, entre si, são distintos e separados» (Cirilo de Alexandria, Comentário ao Evangelho de João, XI, 11). E desta forma temos a unidade verdadeira, a unidade segundo Deus, que não é uniformidade, mas unidade na diferença.

Para se conseguir isso, ajuda-nos o evitar duas tentações frequentes. A primeira é procurar a diversidade sem a unidade. Sucede quando se quer distinguir, quando se formam coligações e partidos, quando se obstina em posições excludentes, quando se fecha nos próprios particularismos, porventura considerando-se os melhores ou aqueles que têm sempre razão – são os chamados guardiões da verdade. Desta maneira escolhe-se a parte, não o todo, pertencer primeiro a isto ou àquilo e só depois à Igreja; tornam-se «adeptos» em vez de irmãos e irmãs no mesmo Espírito; cristãos «de direita ou de esquerda» antes de o ser de Jesus; inflexíveis guardiães do passado ou vanguardistas do futuro em vez de filhos humildes e agradecidos da Igreja. Assim, temos a diversidade sem a unidade. Por sua vez, a tentação oposta é procurar a unidade sem a diversidade. Mas, deste modo, a unidade torna-se uniformidade, obrigação de fazer tudo juntos e tudo igual, de pensar todos sempre do mesmo modo. Assim, a unidade acaba por ser homologação, e já não há liberdade. Ora, como diz São Paulo, «onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade» (2 Cor 3, 17).

Então a nossa oração ao Espírito Santo é pedir a graça de acolhermos a sua unidade, um olhar que, independentemente das preferências pessoais, abraça e ama a sua Igreja, a nossa Igreja; pedir a graça de nos preocuparmos com a unidade entre todos, de anular as murmurações que semeiam cizânia e as invejas que envenenam, porque ser homens e mulheres de Igreja significa ser homens e mulheres de comunhão; é pedir também um coração que sinta a Igreja como nossa Mãe e nossa casa: a casa acolhedora e aberta, onde se partilha a alegria multiforme do Espírito Santo.

E passemos agora à segunda novidade: um coração novo. Quando Jesus ressuscitado aparece pela primeira vez aos seus, diz-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados» (Jo 20, 22-23). Jesus não condenou os seus, que O abandonaram e renegaram durante a Paixão, mas dá-lhes o Espírito do perdão. O Espírito é o primeiro dom do Ressuscitado, tendo sido dado, antes de mais nada, para perdoar os pecados. Eis o início da Igreja, eis a cola que nos mantém unidos, o cimento que une os tijolos da casa: o perdão. Com efeito, o perdão é o dom elevado à potência infinita, é o amor maior, aquele que mantém unido não obstante tudo, que impede de soçobrar, que reforça e solidifica. O perdão liberta o coração e permite recomeçar: o perdão dá esperança; sem perdão, não se edifica a Igreja.

O Espírito do perdão, que tudo resolve na concórdia, impele-nos a recusar outros caminhos: os caminhos apressados de quem julga, os caminhos sem saída de quem fecha todas as portas, os caminhos de sentido único de quem critica os outros. Ao contrário, o Espírito exorta-nos a percorrer o caminho com duplo sentido do perdão recebido e do perdão dado, da misericórdia divina que se faz amor ao próximo, da caridade como «único critério segundo o qual tudo deve ser feito ou deixado de fazer, alterado ou não» (Isaac da Estrela, Discurso 31). Peçamos a graça de tornar o rosto da nossa Mãe Igreja cada vez mais belo, renovando-nos com o perdão e corrigindo-nos a nós mesmos: só então poderemos corrigir os outros na caridade.

Peçamos ao Espírito Santo, fogo de amor que arde na Igreja e dentro de nós, embora muitas vezes o cubramos com a cinza das nossas culpas: «Espírito de Deus, Senhor que estais no meu coração e no coração da Igreja, Vós que fazeis avançar a Igreja, moldando-a na diversidade, vinde! Precisamos de Vós, como de água, para viver: continuai a descer sobre nós e ensinai-nos a unidade, renovai os nossos corações e ensinai-nos a amar como Vós nos amais, a perdoar como Vós nos perdoais. Amen».

[Texto original: Italiano]
© Libreria Editrice Vaticana

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