ALVORADA

O SOL NASCE NO LESTE (VOSTOK) E PÕE-SE NO OESTE (EAST)

Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

Gripe espanhola-estadunidense no início do século XX... Coronavírus no início do século XXI... Barragem de rejeitos minerários arrasa Mariana-MG em 05/11/2015... Barragem de rejeitos minerários arrasa Brumadinho-MG em 25/01/2019... Anderson Gomes e Marielle Franco são executados no Rio de Janeiro-RJ em 14/03/2018... Médicos ortopedistas são executados com 30 tiros em 30 segundos em restaurante na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro-RJ... (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...) E por aí vai...

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Minhas férias

POR Mara Narciso, médica-endocrinologista e jornalista

No Ginásio, essa temática era obrigatória na volta às aulas. Em janeiro último foram doze dias de descanso. Partimos em dois carros de Montes Claros para a Bahia, Ilhéus, a 750 km. As praias não urbanas têm pouca infraestrutura, mas ao mesmo tempo oferecem mar limpo e tranquilidade. Esta foi a terceira vez em Una, Ilha do Desejo. Segundo Ana Valda Vasconcelos, nossa companheira de viagem, o nome se refere ao desejo de liberdade, de ser feliz, e não algo relativo a filme pornográfico, como sugeriu meu filho Fernando.

Depois da capital baiana do chocolate, dirigimo-nos ao sul. Abaixo de Olivença e depois do Rio Acuípe entramos à esquerda. Há uma pequena torre com um vigia, que controla entradas e saídas, além de observar os carros estacionados, que ficam no continente. Então, adentramos num mangue, passando sobre uma ponte de madeira. Chegamos ao cais de onde tomamos uma pequena balsa movida a braços que puxam uma corda presa a uma roldana. Seriam uns 100 a 200 metros, conforme a maré. Leva dez pessoas e éramos nove, com muita bagagem, apesar da arrumação resumida em bolsas e mochilas. O transporte fluvial tem bancos, toldo e coletes salva vidas. O Rio Acuípe abastece as casas da ilha com água salobra, in natura.

Tínhamos alugado uma casa avarandada de dois andares com um observatório no topo onde era quase possível pegar internet e ver o mundo ilhéu. A liberdade de uma ilha quase deserta na qual moram cinco pessoas, deveria ser sinônimo da liberdade, mas o telefone celular escraviza, especialmente quando temos apenas um tênue sinal.

Na primeira manhã nosso carro não deu a partida. Como é automático e já temos experiência, sabemos que se trata da bateria da chave sem carga. Basta abrir o corpo dela e trocar a bateria semelhante à de um relógio. Em casa temos sobressalentes. Quando foi possível, liguei para a seguradora, que deu a seguinte solução: enviaremos um guincho para rebocar o carro até a residência e outro para levá-los de volta para casa. Era nosso 2° dia de férias. Devido ao isolamento, sugeri que nos mandassem um técnico com a bateria e a possibilidade de verificar outras hipóteses. Desisti da seguradora. No dia seguinte, nos deslocamos num carro emprestado e compramos uma bateria de chave presencial por R$ 10, que resolveu o nosso problema.

Contratamos uma diarista que trouxe a irmã. Tinham feito curso no Hotel Transamérica, na Ilha de Comandatuba. Naidinha e Leidinha nos ensinaram como fazer um amplificador de sinal de telefonia e internet. Consiste numa garrafa pet na qual se abre uma janela do tamanho do celular. No fundo, colocam-se uns cinco cm de areia marinha e uma camada de pedras por cima. Procura-se o sinal e ao encontrá-lo põe-se o celular dentro da garrafa. Após uma pequena espera, o sinal fraco melhora e as mensagens entram. As que ficam girando sem sair também saem. Escrever fora da garrafa e colocar o celular dentro dela para enviar e receber. Para a telefonia, na viva voz é possível falar. Ainda há uma boa caixa de ressonância. Testamos e funciona.

Exceto perto da pousada, observei um maior descuido com o lixo plástico, que começa a comprometer a paisagem. O mar oferece um belo show e, junto com o céu e o sol, faz um terceto, explodindo em alvoradas e crepúsculos extasiantes. Do nosso ponto de observação no segundo andar, o espetáculo era ainda mais completo. O mar de águas quentes, para além de mornas, obriga até o mais resistente a dar um mergulho. As presenças de umas poucas águas vivas davam seu alerta, mas ninguém se feriu.

O convívio agradável regado à água de côco e cerveja estimulou as centenas de cliques. Lá estávamos Beatriz Santana, Belmiro Santana - Bil, Ana Valda Vasconcelos, Vera Flávio, Carolina Pimenta, Karla Celene Campos, Marco Emanuel Silveira, Fernando Narciso e eu, para dividirmos espaço, impressões e experiências.

Quando íamos até a civilização, em Ilhéus (35 km ao norte) ou Canavieiras (70 km ao sul) nos primeiros minutos ficávamos atados ao celular, para depois partirmos para a contemplação e sessão de fotos.

Frida, a nossa cachorrinha, ficou em casa com a cozinheira Geny Fernandes. Quando chegamos, foi uma festa imediata que não mais terminou. A viagem acaba, mas continua em nós, pois retornamos transformados.

Domingo, 03 de fevereiro de 2019


Nenhum comentário: