Perdão sem limites deve ser uma meta
Queridos irmãos e irmãs, celebramos no último domingo o 24º Domingo do Tempo COMUM. Hoje como é difícil dar e pedir Perdão. Estamos em uma sociedade longe de Cristo e ainda individualista, vingativa e cheia de ódio. Essa realidade vemos na sociedade, na família e na Igreja.
A liturgia bíblica nos dá pistas importantes para esse exercício do perdão. Uma sociedade que se perdoa mutuamente ela segue construindo pontes.
No Antigo Testamento temos um olhar aperfeiçoado sobre o perdão. Havia a tolerância sobre o direito de se vingar para que fosse feita como lição ao que fez o mal não se repetir. Era uma forma de compensar o mal feito. Após isso veio a Lei do Talião que tinha como objetivo de limitar a vingança. E a sua forma era para ser feita proporcional a ofensa recebida. Como diziam dente por dente e olho por olho.
Se sabemos que Deus é amor, misericórdia e perdão, devemos encarnar isso em nossas atitudes para conosco e para com os outros também. No livro Eclesiástico nos faz refletir como deve ser a nossa atitude. Se queremos perdão de Deus pelas nossas falhas devemos aprender a amar e perdoar. Devemos adotar esses sentimentos que vem de Deus para conosco.
Aqui vemos claramente a relação do perdão de Deus e do ser humano. Se não perdoamos os outros, como podemos pedir o perdão de Deus? Assim a nossa felicidade está no amor, no perdão e na misericórdia que devemos ter para com os outros. O cristão é um ser diferente se quiser seguir plenamente o Cristo que nos ama e nos perdoa, como já sabemos no seu maior sofrimento e desprezo dos outros, Ele no alto da cruz pede para Deus perdoa porque as pessoas que faziam o mal não sabia o que está fazendo. (cf. Eclo 27,33-29,9)
O Salmo 102 nos exorta nesse sentido. Deus é bom sempre. Assim diz o salmista: "O Senhor é bondoso e compassivo... ele perdoa toda culpa..." (Sl 102)
Queridos irmãos e irmãs, a comunidade – igreja deves ser lugar do exercício do amor, do perdão e compaixão. Aqui deve reinar a tolerância, aceitação das diferenças e perdoar-se mutuamente. Procurar a união e e desprezar o que é secundário que divide. São as regras frias que atrapalham a comunidade ser viva em Deus. (cf. Rm 14,7-9)
O Evangelista São Mateus nos mostra Jesus falando sobre o caminho da reconciliação. É a continuação do 4º discurso de Jesus. É uma explicação como que devemos viver em comunidade. Sabemos que devemos praticar a correção fraterna. É uma forma de amor que temos para o irmão. Quando corrigimos fraternalmente ganhamos o irmão ou a irmã.
O costume era dar um limite para o perdão quando alguém nos faz mal. Podia ser até 4 vezes. Pedro melhorou essa condição de dar perdão para 7, mas Jesus multiplicou por 70 vezes 7. Isso quer dizer sempre e com qualidade do perdão que deve brotar do nosso coração convertido a Deus. Para ilustrar essa infinidade conta a parábola do devedor que tinha uma dívida muito grande e impagável. Quando foi cobrado ele pediu mais tempo.
O credor perdoou por completo, demonstrando perdão e misericórdia. Este devedor tinha alguém que devia pouco, mas não tinha condição de pagar e ele pede que de tempo para pagar aquela pequena dívida. Infelizmente esse credor que foi perdoado pelo outro que tinha um valor muito alto, mas não teve compaixão com esse devedor pequeno. Então aquele que tinha um grande crédito dele ficou irritado e por ele não ser misericordioso. O credor cobra tudo sem piedade por que esse não soube ser bom e compassivo.
Como podemos ser uma pessoa que perdoa, alguns exemplos: amar os inimigos, perdoar os que nos ofendem, bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia". "Se estiveres diante do altar... vá antes te reconciliar...".
Na parábola do Filho pródigo, o pai foi misericordioso com o filho que veio maltrapilho e com fome, mas ele perdoa e recebe com alegria e com festa e também na cruz, mesmo após sofrimento algoz, Jesus pede ao pai perdoar os que esta fazendo mal a Ele, dizendo: "Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem..." (cf. Mt 18,21-35)
Queridos irmãos e irmãs, se Deus nos ama de modo infinito e nos perdoa sempre porque tem compaixão pelas nossas falhas, então devemos ser assim para com os outros.
Que esta liturgia nos ajude a sermos diferentes e viver bem em comunidade. Devemos ser bons sempre porque Deus é bom o tempo todo.
José B. Schumann Cunha
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