POR
Roque Plínio Loss, irmão marista
Vamos
retomar alguns textos dos documentos do Concílio Vaticano II (1962-1965). Na abertura
deste Concílio, o papa João XXIII falou que a Igreja deveria espanar a poeira
que se acumulou sobre ela durante séculos. Com um novo vendaval, igual ao que
aconteceu no Dia de Pentecostes (cf. Atos 2, 1-12), deveria sacudi-la a fim de
que se adaptasse aos tempos atuais, através de um “aggiornamento” (colocar-se
em dia: giorno = dia). Isso foi falado e documentado há 50 anos, em 1962...
A
Igreja tem origem divina, pois seu fundador, Jesus Cristo é Deus. Jesus Cristo,
ao mesmo tempo em que é Deus, quis também tomar a natureza humana. Portanto,
era uma Pessoa com duas naturezas: Divina e Humana. Ele quis ser em tudo como
nós humanos, menos no pecado. Assim viveu entre as pessoas, ensinando e
fazendo-as cumprir o que ele ensinava. Após 33 anos de sua vida, sendo os 3
últimos formando comunidade com
alguns discípulos e discípulas,
preparou-os para que continuassem sua missão quando voltasse para o Pai. “Ide pelo mundo inteiro e pregai o
evangelho...”.
Formar
uma comunidade com tais pessoas exigiu muita paciência, amor, doação... de
Jesus, pois eram pessoas rudes e muitas vezes interessadas pelo poder,
sobretudo os doutores da lei, fariseus e escribas, os quais Jesus teve que enfrentar...
Essa
procura pelo poder é contada pelos evangelistas Mateus, Marcos e Lucas. Mateus
20, 20-28; Marcos 10, 35-45; Lucas 22, 24-28. Os três evangelistas narram este
episódio para explicar o que é o poder puramente humano e interesseiro. Jesus
corrige seus discípulos mostrando–lhes que a MISSÃO É SERVIR. Assim, ele
conclui dizendo: Eu vim para SERVIR e não para SER SERVIDO. Estou no meio de
vocês PARA SERVIR. Não é como o poder dos mandatários, explica Jesus. É doar a
vida, servir.
Imagine
Jesus sendo renegado por Pedro, traído por Judas, abandonado pelos discípulos,
amaldiçoado pelo povo diante de Pilatos, aguentando as zombarias dos dirigentes
do povo (doutores da lei, fariseus, escribas) que fizeram de tudo para condenar
Jesus à morte e conseguiram, embora tantas vezes tenham sido desmascarados por
Cristo, pois manipulavam o povo, interpretando erradamente a lei de Moisés e
condenando os que não a cumprissem, como no caso da mulher adúltera, de Zaqueu,
de Maria Madalena, que Jesus acolheu e perdoou, pois veio para salvar e não
condenar.
São
fatos que mostram a que ponto podemos chegar quando confiamos mais em nossas
próprias forças e poder interesseiro, do que na ajuda de Deus. Jesus alertou
Pedro: você me negará 3 vezes antes que o galo cante, pois está confiando
demais em si (cf. Mt 26, 33-35; Mc 14, 29-31; Lc 22, 33-34; Jo 13, 37-38).
Pedro arrependeu-se, mas Judas, não; enforcou-se... em vez de pedir perdão,
como Pedro fez...
Mesmo
assim, Jesus constituiu Pedro como chefe dos apóstolos citando-o antes dos
outros em várias passagens, assim como nos Atos dos Apóstolos: Mt 10, 2; Mc 3,
16; Atos 2, 14-42; 3, 11-26; 4, 8-31; 11, 1-18; 12, 1-18; 1 Pd 1, 1.12; 2 Pd 2,
1.21. Foi o primeiro papa. Lucas 22, 32 traz a frase de Jesus dizendo a Pedro: FORTALEÇA
OS SEUS IRMÃOS e garante-lhes o apoio de suas orações, dizendo a ele: Eu, porém,
rezei por você para que a sua fé não desfaleça. São expressões muito fortes e
de significado profundo, pois Jesus, nesses últimos momentos de sua vida, pedia
ao Pai que protegesse e guardasse seus seguidores, sobretudo Pedro que era o
chefe. Tanto Mateus, capítulo 26, como os capítulos 14 e 15 de Marcos e o 22 de
Lucas, falam sobre os sofrimentos e a morte próxima de Jesus, fortalecendo a fé
dos/as discípulos/as.
continua...
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