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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Emoção nos olhos de Francisco no voo de regresso da Albânia

Emoção nos olhos de Francisco no voo de regresso da Albânia

Durante conferência de imprensa no voo de Tirana para Roma, o Papa fala da "surpresa" de ter tocado o sofrimento de um povo e da forte emoção de "escutar um mártir falar sobre o próprio martírio"

Por Salvatore Cernuzio

ROMA, 22 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Em uma hora e meia de voo de Tirana para Roma, acreditava-se que o Papa Francisco - após o tour de force na Albânia – fosse descansar e não haveria a tradicional conferência de imprensa aérea. Em vez disso, o incansável Papa ainda se reuniu com cerca de 50 jornalistas de dez países diferentes a bordo do Boeing da Alitalia.

A entrevista foi introduzida pelo porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, que deixou claro como seria a condução: "Somos muito gratos ao Santo Padre por estar conosco, mesmo no final de um dia agitado, ele se colocou à disposição para algumas perguntas, mas poucas, e durante a viagem".

A prioridade foi dada aos três repórteres albaneses, que foram de Tirana para Roma, a fim de acompanhar o passo a passo do Santo Padre.

A primeira questão foi sobre a "ideia" que o bispo de Roma tinha do povo albanês: um povo "sofrido" e "tolerante". "Alguma outra qualidade, que o senhor tocou? - Pergunta o repórter ao Papa- essas qualidades são as qualidades mais adequadas para trazer de volta a águia ao ninho?”

"Não é somente tolerante, o albanês é irmão", disse Francisco, afirmando que ele "tocou" com a mão a dor inerente ao povo dos Balcãs. O albanês - disse - "tem a capacidade da fraternidade”.  Aspecto demonstrado  "na convivência, na colaboração entre muçulmanos, ortodoxos e católicos", trabalhando juntos "como irmãos".

Outra característica que chamou a atenção do Papa foi “a juventude do país". "Disseram que é o país mais jovem da Europa", mas a Albânia tem um “desenvolvimento superior na cultura e também na governance, graças a esta fraternidade."

Então, a pergunta que não poderia faltar, sobre os mártires do país, mencionados várias vezes pelo Papa em seus cinco discursos, e que Francisco ‘viu’ nos retratos dos sacerdotes martirizados durante o regime comunista, que se encontravam no boulevard principal que conduzem do aeroporto de Tirana até a Praça Madre Teresa.

Esta foi uma grande emoção para o Bispo de Roma, que durante dois meses – contou o Papa - estudou esses dramáticos 25 anos, onde o ateísmo reinava na Albânia. "Suas raízes culturais são belas e fortes, de grande cultura, desde o início", observou ele. E comentou que ficou impressionado com o "terrível nível de crueldade".

"Quando vi aquelas fotos - disse o Papa - não apenas católicos, mas também ortodoxos e até mesmo muçulmanos... e quando pensei no que lhes diziam: ‘Não têm que acreditar em Deus’- 'Eu acredito!'. E bum! Matavam-nos. Por isso eu digo que os três componentes religiosos deram testemunho de Deus e agora dão testemunho da fraternidade”.

Falando sobre este ‘ecumenismo de sangue', perguntaram a Bergoglio sobre a "situação mundial instável", especialmente devido à onda de morte e destruição semeada pelos extremistas muçulmanos do Estado islâmico. Estamos em uma espécie de "terceira guerra mundial", disse o próprio Papa no voo de volta da Coréia do Sul.

Neste contexto, o que significa a visita de um Papa a um país "de maioria muçulmana"? Sobretudo, a sua exortação a um fervoroso diálogo religioso, bem como a denuncia que "matar em nome de Deus é um sacrilégio", é uma mensagem apenas para os albaneses “ou vai mais além?".

"Não, vai mais além", respondeu Papa Francisco, recordando o caminho de "paz, convivência e cooperação", percorrido pela  Albânia "que vai mais além", toca a “outros países que também têm diversas raízes étnicas”.

Em seguida, afirmou que a Albânia é, sim, um país de maioria muçulmana, mas "não é um país muçulmano. É um país europeu”. Para mim, isso foi uma surpresa – disse-  é um país europeu, por sua cultura, a cultura da convivência, também pela cultura histórica que teve".

Além das palavras do Papa, que marcaram esta quarta viagem internacional, o que permanecerá forte são as lágrimas de Francisco depois de ouvir o testemunho do sacerdote e da religiosa, na Catedral de São Paulo, vítimas de perseguição nos anos do regime comunista. "Ouvir um mártir falar do seu próprio martírio é forte!", confidenciou o Papa com a emoção ainda nos olhos. "Eu acho que todos nós que estávamos ali ficamos comovidos. E aquelas testemunhas falavam como se falassem de outro, com uma naturalidade, uma humildade. Isso me fez muito bem."

No encerramento da conferência recordaram as próximas viagens do Santo Padre: dia 25 de novembro, a Estrasburgo, com uma visita ao Conselho da Europa e ao Parlamento Europeu. Depois, dia 28, a Turquia, para participar da festa do Padroeiro Santo André, dia 30, com o Patriarca Bartolomeu. E quando lembrado que a Turquia fica na fronteira com o Iraque, o Papa respondeu com uma brincadeira: "Sim, mas a geografia, eu não posso mudar". 

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