ALVORADA

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Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

Fatos

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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Trabalhadores conscientes votam nulo

Festa eleitoral... Voto nulo!


Mais uma vez a democracia se veste de festa e vai às ruas. E também vai às fábricas, às oficinas, às lojas, às agências bancárias, aos estabelecimentos de ensino. A democracia vai à luta. Invade a casa dos trabalhadores. Rouba-lhes sono e repouso. Caninos agudos e afiados, o vampiro democrático cruza as noites escuras do país em busca desesperada do sangue/voto do proletariado que lhe garanta a eternidade da empulhação, da legitimação espúria, da mentira e, é claro, dos lucros da burguesia.

Sim, porque o voto é o principal alimento que mantém vivo o insaciável vampiro democrático que suga cotidianamente o sangue/consciência dos trabalhadores a serviço do capital e dos capitalistas. Como alertou Marx, o capital é o morto-vivo que sobrevive do sangue do proletariado. E nisso a eleição burguesa desempenha um papel igualmente insubstituível e indispensável. É preciso mentir, mais que nunca é preciso mentir, é preciso dar ao proletariado a sensação de que ele decide alguma coisa através do voto democrático, da democracia. Sem a eleição popular, todos os esforços da mídia e da indústria editorial burguesas não seriam capazes de, sozinhas, suportarem ideologicamente a exploração capitalista. As academias deixariam de produzir as fornadas de agentes ideológicos do capitalismo que despejam sistematicamente no cada vez mais pujante mercado de consciências.

Ninguém do campo da esquerda que tem referências minimamente sólidas no marxismo duvida de tudo isso. Temos todos a convicção de que, ao contrário do que se enganaram alguns por algum tempo, a democracia não é um valor universal. Porém, optam algumas formações daquele campo por participar de eleições que sabem burguesas defendendo o voto e apresentando candidatos. E argumentam que sua posição é meramente ‘tática’ e que estrategicamente são contra as eleições burguesas.

Vejamos em primeiro lugar o que significa a expressão eleição burguesa. Em princípio, qualquer eleição realizada no interior de um estado democrático de direito e de acordo com suas regras é burguesa, cumprindo fundamentalmente o papel acima mencionado. Para o marxismo, é preciso, além disso, suportar toda e qualquer ação tática na análise concreta da conjuntura em que ocorre o fato político, no caso a eleição, para que se identifique a real possibilidade de o proletariado usá-la – se o proletariado deve, se pode, usar a eleição burguesa, e não ser usado por ela – em proveito de sua conscientização e organização. Toda a questão, assim, fica fácil, resumindo-se a uma pergunta: pode o proletariado/esquerda obter nas atuais eleições ganhos de natureza organizatória e/ou de consciência?

Não, não pode. Pelo contrário, o resultado geral de qualquer eleição em que o trabalhador não apresente sinais claros de saber que estão em jogo – efetiva, aberta e concretamente – seus interesses de classe, contra a burguesia portanto, se constituirá, tal eleição, em fator de bloqueio ao avanço da consciência e da organização deste proletariado. Estes sinais, ressalte-se, seriam sinais de que estaríamos em uma conjuntura outra, qualitativamente diversa da atual, seria uma conjuntura de avanço claro e de mobilização do proletariado enquanto tal, condição em que nossa propaganda e agitação de massa não cairiam no vazio. Votar com o proletariado desmobilizado politicamente fatalmente reforça a ideologia dominante, burguesa, no seio deste proletariado.

Trabalhador que vota sem consciência política estará, sempre, dando um voto burguês. E não será participando de eleições – QUE TENHAMOS CLARO – que o trabalhador obterá esta consciência política. A eleição burguesa, pois, só pode ser pensada enquanto útil se se realiza em um quadro conjuntural em que o proletariado (ou segmentos do mesmo a que tenhamos acesso) possa ter sua consciência política aprofundada por nossa agitação e nossa propaganda. É fato que, por efeito do festival eleitoral promovido estado democrático burguês e seus aparelhos de dominação ideológica, a questão política ingressa no universo de toda a classe trabalhadora. Que fazer, então? Contribuir para aprofundar a consciência daqueles trabalhadores esparsos que apresentam uma percepção, mesmo que inicial, de que esta eleição em nada lhes beneficiará. Temos então os marxistas que defender, propor, agitar e propagandear o VOTO NULO. É rigorosamente impossível conciliar consciência política classista com o voto democrático. A não ser, ridiculamente, que alguém venha a adotar o lema “faça o que eu digo, não o que faço”, ou seja, que este alguém guarde para si a consciência revolucionária e, simultaneamente, aconselhe ao outro que mergulhe no pântano da ideologia burguesa através do voto democrático.

É, argumentam os votantes, mas Lênin falou que devemos participar dos parlamentos burgueses. Sim, Lênin falou isso. Mas falou mais que isso, muito mais que isso. No mesmo trecho do “Esquerdismo”, Lênin faz a decisiva, absolutamente decisiva, ressalva de que podemos e devemos participar dos parlamentos burgueses DESDE QUE possamos ali desenvolver nossa agitação e propaganda comunista. Aí está o x do problema. Ora, como todo mundo sabe, se algum candidato alardear sua condição de comunista (se, de fato, for um dos raríssimos comunistas que ora se apresentam), se defender a ditadura do proletariado contra a democracia, ele correrá fatalmente o risco de ser ridicularizado e, mesmo, apedrejado em praça pública.

Coloquemos, então, a questão de maneira direta e clara: a esquerda marxista só participa de eleições em que possamos nos apresentar, sem os riscos acima, como comunistas, condenando o estado democrático e defendendo um estado de trabalhadores.

Por propor o voto nulo, o MM5 tem sido acusado de “principista” por organizações e companheiros da esquerda, significando isso que nós não estaríamos sendo materialistas por não levarmos em contra o conceito de tática em nosso posicionamento.

Vejamos, então. Cremos que por ‘princípios’ estejamos todos falando no programa e na estratégia revolucionária marxistas – que indubitavelmente nos obrigam a não acreditar no voto como armas da tomada do poder, quer processualmente (como querem reformistas e neorreformistas gramscianos), quer como um hipotético ato revolucionário. Restaria, então, a possibilidade de usar o voto democrático como arma de mediação tática. Mas que diabo de tática é essa que jogaria na lata do lixo o programa e a estratégia marxistas ao, votando, reforçar a ideologia burguesa na linha do reformismo e do neorreformismo gramsciano?

É básico, e disso não se pode esquecer, que a tática é e só pode ser a concretização da estratégia em um tempo e um lugar objetivamente dados. Fugir disso, fazendo da tática um exercício de esperteza mental, adotando posicionamentos distantes e mesmo contrários aos princípios estratégicos e programáticos, é se afundar no pantanal do taticismo, termo cunhado pelo militante marxista húngaro Gheorgy Luckacs.

O momento hoje, mais que nunca, exige de nós marxistas firmeza e decisão. O impeachment da presidenta Dilma Rousseff instala um chão escorregadio extremamente propício às acrobacias e manobras da burguesia e da pequena burguesia. Há muito o MM5 tem identificado os governos Lula e Dilma como governos a serviço da burguesia, assim como o PT como um partido burguês. Com o impeachment o que houve foi uma troca de gerente da burguesia no poder, já que Dilma não teria condições de aprofundar a exploração sobre o proletariado ao nível exigido pela crise do capitalismo, sob pena de perder suas bases junto ao proletariado, o que inviabilizaria o PT. (Ver postagens anteriores em nosso site.) Com o impeachment – elevado pelos democratas à condição de golpe de estado quando na realidade não passou de um golpe palaciano com todos os lances de intrigas e traições descritas no “podre reino da Dinamarca” –, reformistas e neorreformistas se enchem de entusiasmo na defesa do voto nas próximas eleições, acrescentando ao voto atual a absurda virtude de combater a quadrilha tucano-peemedebista. Mais grave, organizações de lastro marxista embarcam nesta canoa furada.

Aos marxistas, nos cabe resistir. E resistiremos.

VOTO NULO !
Venceremos !!

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