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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Depois do pó, a ressurreição

por José Benedito Schumann Cunha
jbscteologo@gmail.com

Com o início da quaresma, começamos a caminhar um itinerário pascal, onde, depois de quarenta dias, celebraremos a Páscoa do Senhor. Deus nos ama e quer nos salvar, mas é preciso conversão e mudança de vida a cada um de nós. Esta vida deve levar a uma dignidade de filhos de Deus. O amor divino nos abraça por inteiro e infunde em nós a paz e o desejo da justiça. Esta justiça vem ate nós no reconhecimento que precisamos de Deus. Somente Ele nos liberta e nos leva a um caminho seguro para a vida eterna. Se conseguirmos entrar em comunhão com Deus, então vamos ser irmão um do outro. Deus nos ama e nos quer feliz. Vamos experimentar a ressurreição de Cristo que é a garantia da nossa ressurreição Nele (1).

Conforme a tradição, a Quarta-Feira de Cinzas (este ano em 22/02) foi marcada pela celebração das "estações" romanas, uma procissão penitencial entre a Igreja de Santo Anselmo no Aventino e a Basílica de Santa Sabina. Na procissão, liderada pelo papa Bento XVI, participaram os cardeais, arcebispos, bispos, os monges beneditinos de Santo Anselmo, os padres dominicanos de Santa Sabina e alguns fiéis. Bento XVI presidiu a missa com o rito da bênção e a imposição das cinzas na Basílica de Santa Sabina, depois da procissão (2).

O sinal litúrgico das cinzas, disse o papa durante a homilia, já estava enraizado na cultura judaica, para a qual "o costume de aspergir de cinzas a cabeça em sinal de penitência era comum, assim como vestir-se de trapos".


Em imagem da jornalista Valéria Borborema, arcebispo metropolitano de Montes Claros, dom José Alberto Moura, asperge cinzas em fiel durante a Missa de Abertura da Quaresma e da Campanha da Fraternidade de 2012, na última quarta-feira (22/02), na Catedral

As cinzas na liturgia católica, ao contrário do óleo, da água, do pão e do vinho, são um sinal "não sacramental", mas ainda assim "ligado à oração e à santificação do povo cristão". As cinzas nos levam "até o grande afresco da criação, que diz que o ser humano é uma unidade singular da matéria e do sopro divino, através da imagem do pó da terra moldado por Deus e animado pelo seu sopro, insuflado nas narinas da nova criatura" (2).

No Gênesis, o símbolo do pó passa depois por uma "transformação negativa por causa do pecado". Ela "deixa de referir-se ao ato mais criativo de Deus, todo aberto à vida, e se torna um sinal de um destino inexorável de morte: tu és pó e ao pó retornarás (Gn 3, 19)". A terra, portanto, "compartilha o destino do homem", disse o papa, citando São João Crisóstomo, que, por sua vez, observou que tudo é imposto ao homem "de uma forma contrária ao seu estilo de vida anterior" por causa da sua desobediência. Acontece uma "maldição do solo", que tem "função medicinal para o homem", prossegue Bento XVI. A "resistência da terra" deve ajudar as pessoas a "permanecer dentro dos seus limites e reconhecer a sua natureza" (2).

Isto significa, explicou o papa, "que a intenção de Deus, sempre benéfica, é mais profunda do que a sua própria maldição", devida não a Deus, mas ao pecado, porque Deus "respeita a liberdade humana e as suas consequências, mesmo que negativas". Ao anunciar ao homem que ele "é pó e ao pó retornará", Deus não só anuncia a "punição justa" aos seres humanos, mas também "uma forma de salvação, que passará por dentro da terra, através do pó, ou da carne que será assumida pelo Verbo". O pó, as cinzas nos recordam, portanto, a necessidade da "penitência", da "humildade", nos lembram da nossa "condição mortal", não para nos aprofundarmos no desespero, mas para reforçar em nós "a impensável proximidade de Deus", que abre caminho para a ressurreição, "o paraíso enfim recuperado". Como Orígenes sublinha, o homem "é novamente ressuscitado da terra" por mérito do perdão do próprio Deus, que, observou Bento XVI, "quis partilhar na pessoa do seu Filho a nossa condição, mas não a corrupção do pecado". "O Deus que expulsou nossos primeiros pais do Éden enviou seu Filho à nossa terra devastada pelo pecado, e não o poupou, para que nós, filhos pródigos, possamos voltar, arrependidos e remidos pela sua misericórdia, ao nosso lar verdadeiro", conclui o pontífice (1).

A quaresma é a oportunidade de se encontrar o nosso interior, através da oração pessoal e comunitária, da penitência que fazemos, do jejum que praticamos e da nossa assídua escuta da palavra de Deus que penetram o nosso interior. As palavras do nosso papa nos fazem ver e reconhecer que a humildade dos nossos gestos e do amor aos pobres nos ajudam a ser pessoas novas que retratam Deus a todos. Deus fez a pessoa livre e deu a ela o paraíso para que pudesse ser feliz, mas a desobediência fez com que o pecado entrasse na vida do homem e trouxesse a morte.

Os exercícios quaresmais que vamos fazer durante esse período nos ajudam a tomar consciência de que somos mortais e dependemos de Deus. Ele sempre vai estar ao nosso lado, mesmo se distanciarmos Dele, mas sempre Ele vai nos esperar no arrependimento e na volta para sua companhia. São quarenta dias que dispomos para caminhar para a verdadeira mudança que leva a uma sincera conversão. Que cada dia possamos ser melhores e experimentar e vivenciar a graça de Deus que vem até nós em abundância para termos vida plena em Cristo Ressuscitado (1).

Amém!


Texto pensado, produzido e escrito para ser publicado em 23-02-2012

(1) > Reflexão do teólogo José Benedito Schumann Cunha
(2) > www.zenit.org

Bacharel em Teologia pela Pontificium Athenaeum S. Anselmi de Urbe (Roma/Itália) e Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), José Benedito Schumann Cunha é engenheiro. Tem ainda formação em História e Pedagogia. Nasceu em 03 de abril de 1957, em Cristina, Minas Gerais. Atualmente mora em Itajubá (MG). Além de colaborar com o Blog da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Arquidiocese de Montes Claros, ajuda na Pascom da Paróquia São José Operário de Itajubá. Preside também Celebração da Palavra nesta Paróquia e em algumas paróquias vizinhas. Já esteve, por dois meses e meio, experimentando a vocação religiosa.


Foto de José quando ministro do Batismo

REUNIÃO AMPLIADA DA PASTORAL DA COMUNICAÇÃO
ARQUIDIOCESE DE MONTES CLAROS


05/03/2012 às 18h

LOCAL
Sede da Associação Bom Pastor/Comunidade Esdras
Rua Grão Mogol, 287, Centro de Montes Claros (MG)
Telefone: (38) 3213-3060
Site: www.bompastor.org.br

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