Somos
feitos para amar e abertos para Deus e aos outros. Não somos uma ilha e nem
podemos viver isolados uns dos outros. Embora a nossa sociedade capitalista
invista na competição entre as pessoas para que vença a melhor, isso não pode
ser a tônica entre nós, cristãos, que queremos seguir Cristo. Jesus nos deu uma
lição muito grande. Ele, sendo Deus, que tem poder, não quis privilégios e nem
honrarias, mas optou por fazer o bem. Nascendo pobre, dignificou o homem, mesmo
não tendo nada. Ele tinha a Família de Nazaré, que era temente a Deus. Na sua
pobreza, não havia acúmulo, mas o necessário para viver. Sua vida pública se
colocou a favor dos mais humildes e tentou abrir os olhos dos poderosos para
que voltassem ao Deus da Vida que estão ao lado dos fracos e excluídos do mundo
(1).
Esta
pequena palavra - “effatà” (abre-te) -, resume em si toda a missão de Cristo,
explicou Bento XVI no Ângelus deste domingo. Um alegre grupo de fiéis e
peregrinos acolheu o papa Bento XVI, no pátio interno da residência de Castel
Gandolfo, para rezar com ele a oração mariana do Ângelus deste domingo, 9. Ao
comentar o Evangelho de hoje (cf. Mc 7, 31-37), o papa explicou que há uma
pequena palavra, muito importante, que, no seu sentido profundo, resume toda a
mensagem e toda a obra de Cristo. O evangelista Marcos a cita na mesma língua
em que Jesus a pronunciou, de modo que a sentimos ainda mais viva. Esta palavra
é “effatà”, que significa: “abre-te” (2).
Jesus
estava atravessando a região dita “Decápoli”, entre o litoral de Tiro e Sidônia
e a Galileia. Levaram a ele um homem surdo-mudo, para que o curasse. Jesus o
apartou, tocou suas orelhas e a língua e depois, olhando em direção ao céu, com
um profundo suspiro, disse: “Effatà”, que significa justamente: “Abre-te”. E
imediatamente aquele homem começou a ouvir e a falar. Graças ao gesto de Jesus,
aquele surdo-mudo “se abriu”; antes estava fechado, isolado; a cura foi para
ele uma “abertura” aos outros e ao mundo, uma abertura que, partindo dos órgãos
do ouvido e da palavra, envolvia toda a sua pessoa e a sua vida. Bento XVI
acrescentou que o fechamento do homem, o seu isolamento, não depende somente
dos órgãos do sentido. Há um fechamento interior, que diz respeito ao núcleo
profundo da pessoa, aquilo que a Bíblia chama de “coração”. É isso que Jesus
abriu, libertou para nos tornarmos capazes de viver plenamente a relação com
Deus e com os outros (2).
“Eis
porque dizia que esta pequena palavra - “effatà” (“abre-te”) -, resume em si
toda a missão de Cristo. Ele se fez homem para que o homem, que se tornou
interiormente surdo e mudo pelo pecado, se torne capaz de ouvir a voz de Deus,
a voz do Amor que fala ao seu coração, e assim aprenda a falar, por sua vez, a
linguagem do amor, a comunicar com Deus e com os outros", destacou. Antes
de rezar o Ângelus, o papa recordou que Maria, por sua especial relação com o
Verbo Encarnado, é plenamente “aberta” ao amor do Senhor, o seu coração está
constantemente à escuta da sua Palavra. “Que sua materna intercessão nos
permita experimentar todos os dias, na fé, o milagre do ‘effatà’, para viver em
comunhão com Deus e com os irmãos”, concluiu o santo padre (2).
A
Palavra de Deus e a do papa nos permitem que tomemos consciência da verdadeira
missão que os cristãos devem cumprir, aqui, na Terra. Embora estejamos no
mundo, não podemos misturar ou ficar sem identidade cristã, que nos permite ser
de Cristo. A Igreja se faz sinal da presença de Cristo no mundo quando está a
serviço dos mais pobres e humildes de nossa sociedade capitalista. Não podemos
ignorar as necessidades dos outros. Nesta Terra, não temos morada permanente. É
preciso partilhar os dons que recebemos de Deus. Tudo existe para vivenciar o
amor entre nós numa comunidade de irmãos e irmãs (1).
Amém!
(1) José Benedito Schumann Cunha
Bacharel em Teologia
Mora em Itajubá (MG)
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