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Queridos irmãos e irmãs...
A liturgia quaresmal nos ajuda a purificar as nossas ideias e atitudes que tomamos na nossa vida cristã. Muitas vezes, nós temos uma imagem de Deus que não corresponde como Deus é. Deus não é um juiz severo e castigador e, sim, um Deus amoroso e misericordioso que tem compaixão e piedade por nós pecadores e falhos.
Se olharmos, com carinho, vamos ver que a imagem de Deus pelo povo da Bíblia é diferente. Temos um Deus criador e amigos que cuidam de cada detalhe para que o homem sobreviva na terra. Encontramos o dialogo de Deus com Adão. Durante a História do Povo de Deus, vemos um Deus que faz aliança e acompanha-o na sua trajetória no mundo.
É um Deus presente, um Deus conosco, o nosso Emanuel. Ele nos ama e nos perdoa sempre, caminhando com seu povo, dando força e coragem diante das situações hostis. Ele acolhe os pecadores e o filho pródigo. Deus o integra a vida. Se houver um castigo, é como remédio para que a pessoa se arrependa e volte a Ele na sua amizade.
No Segundo Livro das Crônicas, nos é mostrada revelada a Justiça e a Misericórdia de Deus no tempo do exílio e da libertação do Povo de Deus. Aqui vemos as etapas da nossa História da Salvação. Há o episódio do pecado do homem e vemos o castigo que veio por causa da sua transgressão, mas também vemos o perdão de Deus.
Deus não deixa o homem sozinho. Temos a infidelidade do Povo de Deus na aliança que Deus propôs para que o homem encontrasse vida e felicidade. Por causa disso, Jerusalém foi destruída e a sua elite foi deportada para a Babilônia. Assim, o Povo de Deus fica cativeiro, sem liberdade e paz.
Mas, Deus não deixa o seu povo apesar das suas transgressões e infidelidades. Deus aceita o arrependimento do seu povo e volta à amizade com ele. Deus os leva novamente à sua terra e, desse modo, podemos dizer que Deus é mais misericórdia do que justiça vingativa (cf. 2 Cr 36, 14-16.19-23).
Na Carta de São Paulo aos Efésios é afirmado que Deus é rico em misericórdia. Embora a situação pecadora do homem peça uma resposta severa a ele, Deus é infinitamente misericordioso e nos dá a graça, porque Ele nos ama muito e não pede nada em troca, e o seu amor nos atinge por inteiro.
Somos agraciados por Deus, que nos oferece vida, salvação e libertação de todos os erros e pecados que não nos deixam livres. Por que não voltar para Deus e largar definitivamente dos erros e optar por Ele que é salvação e amor? (cf. Ef 2, 4-10).
No Evangelho de São João, vemos Jesus como salvador e não como um juiz severo que quer nos castigar de qualquer jeito (cf. Jo 3, 14-23). Temos aí a conclusão do diálogo de Jesus com Nicodemos. É na noite que simboliza trevas que ele procura Jesus que é Luz.
O projeto de Deus é a salvação dos homens e do mundo, como podemos ver. "Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu próprio filho e este não veio para julgar o mundo, mas para salvá-lo".
Sabemos que, no deserto, o Povo de Deus foi curado pela mordida da cobra, quando olhavam para a haste levantada com uma serpente de bronze. Esse é um sinal, pois, através dela, as pessoas eram libertadas e curadas. Esta imagem prefigura Cristo na cruz. Lá, Jesus foi crucificado e morto, mas brotou a salvação, a vida e a saúde por todos os lugares da terra.
Não precisamos ter medo da cruz, pois ela nos ensina que o amor é capaz de doar vida, sem exigir nada em troca. Isto é, amor-doação total de um Deus que nos ama muito e que é capaz de morrer por nós.
Deus nos oferece amor e pede a nossa adesão a Ele. Ele não virá como juiz severo, mas como Bom Pastor para levar as ovelhas que ouvem a sua voz e fazem a sua vontade. Precisamos tirar de nós as trevas do egoísmo, do desamor, da incompreensão, da não ajuda aos doentes e pobres. João nos dá a pista como será o julgamento, que é uma opção de cada um de nós: ou dizemos sim ao projeto de Deus da vida ou dizemos não a Ele, e ficamos no materialismo que cega o homem e o deixa insensível às dores dos fracos e excluídos da nossa sociedade capitalista.
A salvação passa pelo viés da adesão a Jesus que é Luz do mundo como podemos ver. "Quem Nele crê não é condenado. Mas quem não crê, já está condenado”... Deus é a luz, mas muitas vezes optamos pelas trevas do rancor, do ódio e da falta de perdão e misericórdia. Então vamos aceitar Jesus e ter a coragem de mudar de vida para melhor. Vamos ser mais fraternos, mais irmãos uns dos outros, mais bondosos e partilhar os nossos bens com os necessitados que estão gritando ao nosso lado por justiça, por saúde, por moradia, por salário justo e digno, por bem comum e amor.
Deus cuida e zela por todos nós e pede que façamos o mesmo para os que estão juntos nesta caminhada rumo à Páscoa do Senhor.
Amém!!!
Texto pensado e escrito para ser publicado em 15 de março de 2012
Bacharel em Teologia pela Pontificium Athenaeum S. Anselmi de Urbe (Roma/Itália) e Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), José Benedito Schumann Cunha é engenheiro. Tem ainda formação em História e Pedagogia. Nasceu em 03 de abril de 1957, em Cristina, Minas Gerais. Atualmente mora em Itajubá (MG). Além de colaborar com o Blog da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Arquidiocese de Montes Claros, ajuda na Pascom da Paróquia São José Operário de Itajubá. Preside também Celebração da Palavra nesta Paróquia e em algumas paróquias vizinhas. Já esteve, por dois meses e meio, experimentando a vocação religiosa.
Foto de José quando ministro do Batismo
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