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Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Não podemos atirar pedras

por José Benedito Schumann Cunha
jbscteologo@gmail.com

A Quaresma é uma grande oportunidade de fazer uma revisão de vida, achar o que se deve mudar em nossa vida e procurar não condenar os outros com os nossos julgamentos, pois podemos cometer injustiças que podem levar pessoas à perdição. Pelo contrário, devemos buscar a fraternidade e combater o pecado e o mal através da nossa atitude de amor e de misericórdia.

No Livro do Profeta Isaías é anunciada a libertação do exílio e o retorno do Povo de Deus a Israel. É o novo Êxodo acontecendo para o Povo, a Terra Prometida. Deus não abandona o seu povo e sempre caminha com ele, dando força e esperança de fazer a caminhada para a libertação. Deus não nos quer prisioneiros (Cf. Is 43, 16-21).

Na Quaresma, somos convidados a fazer uma caminhada para a libertação de tudo o que nos deixa prisioneiros. Esta volta à Terra Prometida nos vai dar vida nova e uma liberdade de nos sentirmos filhos amados pelo Deus da Vida. Devemos ter coragem de deixar o orgulho, a ganância, o egoísmo, de nos despojar de alguns bens em favor daqueles que nada têm. Devemos procurar não ser escravos do dinheiro e procurar fazer dele instrumento de justiça, partilha e solidariedade às pessoas mais carentes.

São Paulo, na sua carta aos Filipenses, nos exorta a procurar Cristo, pois é Ele quem dá sentido ao nosso viver. Tudo o que temos e fazemos só terá sentido se tivermos vida nova com Ele. O que mais importa ao cristão é fazer uma experiência de Cristo na vida e isto vem do conhecimento que devemos ter d’Ele. Jesus é o Salvador e nos faz pessoas novas. Tornamo-nos mais humanos e solidários na medida em que Jesus Cristo é central em nossa vida. O resto deve ser considerado lixo porque passa e não dá sentido à vida (Cf. Fl 3, 8-14).

O evangelista São João narra a cena da Mulher Pecadora que foi é flagrada em adultério. Os homens queriam apedrejá-la até a morte. Ela é levada até Jesus. Este é questionado. Jesus sabe a intenção e o coração do homem que age sem compaixão, embora cada um carregue também a sua culpa e pecado. As pedras, se forem atiradas, não eliminam as falhas das pessoas. Por isso Jesus os reprime dizendo. “Quem não tiver pecado atire a primeira pedra”.

Cada um se retira começando pelos mais velhos. No lugar, fica apenas Jesus e a mulher. Jesus pergunta a ela: alguém a condenou? Eu também não a condeno. Vá e não peque mais (Cf. Jo 8, 1-11). Esta mulher sai redimida e a sua vida foi transformada. Uma nova mulher surge com toda a dignidade e valorização da vida. Ela se torna livre porque o pecado já não vai fazer parte da sua vida.

A escravidão termina porque Deus a agracia com o perdão que regenera todo ser humano. Não é o saber e os vastos conhecimentos que nos fazem dignos e mais importantes do que os outros, e sim a humildade e o amor nos fazem irmãos uns dos outros. Somos parceiros de jornada rumo à Nova Jerusalém, de filhos redimidos pela paixão, morte e ressurreição de Cristo.

Jesus renova a lei. É a lei do amor que impera e desmascara toda a hipocrisia das atitudes dos fariseus. Jesus mostra a eles que Deus zela e ama a todos, e que Ele não é um Deus vingativo. Se Deus castigasse pelas nossas faltas e infidelidades ao seu projeto, não escaparia ninguém. Mas Deus nos acolhe, perdoa os nossos pecados e transgressões, e nos faz criaturas novas com dignidade de filhos amados por Ele. Jesus não aprova o pecado, mas ama o pecador e o quer resgatado com a sua graça santificante.

“Quae dixit: Nemo, Domine. Dixit autem Iesus: Nec ego te condemno; vade et amplius iam noli peccare.” ( (Jo 8, 11)


Teólogo José Benedito Schumann Cunha é engenheiro. Tem ainda formação em História, Pedagogia e Filosofia. Nasceu em 03 de abril de 1957, em Cristina, Minas Gerais. Atualmente mora em Itajubá (MG). Além de colaborar com o Blog da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Arquidiocese de Montes Claros, ajuda na Pascom da Paróquia São José Operário de Itajubá. Preside também Celebração da Palavra nesta Paróquia e em algumas paróquias vizinhas. Já esteve, por dois meses e meio, experimentando a vocação religiosa.

Texto pensado, produzido e escrito em 17 de março de 2010

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