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Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A salvação é para todos; basta querer...

por José Benedito Schumann Cunha
jbscteologo@gmail.com

Ninguém se salva sozinho e nem por mérito próprio. A salvação é dom de Deus e é para todos que se dispõem caminharem juntos na comunidade de irmãos, num só coração e numa só alma. Ninguém fica de fora do banquete quando se dispõe a partilhar a vida, a se comprometer com ela e a ainda ser coerente. Deixar-se ser moldado por Deus é crucial. A liturgia deve ser o momento alto da nossa ação de graças a Deus pelos tantos dons distribuídos a cada um de acordo com a capacidade de cada pessoa em prol de todos. Ela brota da nossa intimidade com Deus, na oração pessoal e comunitária. É uma aliança eterna com Deus fiel e nós como membros vivos da comunidade cristã.

O Profeta Isaías nos fala de uma Comunidade Universal. Ninguém fica excluído e as nações são chamadas a integrar o Povo de Deus, como podemos confirmar na palavra do profeta Isaías. "Eu virei para reunir os homens de todos os Povos; eles virão e verão a minha glória" (Is 66, 18-21).

Ainda é proposto algo extraordinário, que Deus diz claramente e em bom tom. "Porei, no meio deles, um sinal, e enviarei, dentre os que foram salvos, mensageiros para os povos... para as terras distantes, para aqueles que ainda não ouviram falar de mim e na viram a minha glória”. Nosso Deus não é exclusivista. Ele é para todos.

O Apóstolo Paulo, na Carta aos Hebreus, mostra-nos, de modo categórico, que o homem é corrigido por Deus porque Ele nos ama e cada pessoa deve deixar-se guiar por Ele que, como Pai, corrige e repreende os que se desviam do bom caminho da Salvação para que alcancem a meta final: a herança reservada a seus filhos. Deus é atento e é um Pai zeloso que quer o nosso bem. Por isso Ele nos ensina, corrige, nos orienta e nos conforta com a sua graça (Hb 12, 5-7.11-13).

O Evangelista Lucas nos questiona sobre a salvação. Ele nos faz uma pergunta: todos se salvam e como deve proceder a pessoa para obter essa salvação de modo pleno. Esta salvação está à disposição de todos. Não há privilegiados na salvação, e nem favoritos. Deus escolhe um povo e propõe a salvação, e a opção é de cada um. Israel se sente já participante deste prêmio, mas Jesus já nos alerta que a salvação se conquista e é comparada a uma porta estreita que muda, transforma e regenera o homem e a mulher, tornando-os mais humanos e mais humanas. Contudo, todos e todas configurados e configuradas no Cristo Jesus (Cf. Lc 13, 22-30).

Jesus então nos indica a via da salvação. Esta passa pelo amor-doação, uma renúncia de si mesmo em favor daqueles que mais precisam: ser compassivo, fraterno e solidário aos que necessitam de ajudas urgentes para ter vida digna, plena e em abundância. Pois não se tem fraternidade sem justiça. Não se tem o amor se não houver desapego para uma vida em comum. O mundo contemporâneo segue na contramão a Deus.

As pessoas querem mais. Desejam possuir muito, tentadas constantemente por uma propaganda maliciosa. Geradas em um contexto social capitalista, os seres humanos hoje têm excessiva ganância, produzem injustiças, passam por cima da dignidade do outro. É a porta larga do egoísmo, da indiferença e do desamor que fala mais alto.

Jesus mostra o banquete abundante e este é para todos. A vestimenta é a roupa da verdade, do amor e da vivência comunitária. O convite está feito. O bilhete da entrada precisa ser entregue quando esta porta está disponível. Isto quer dizer que, quando peregrinamos neste mundo, precisamos repassar que aqui é o lugar privilegiado para exercitar o amor fraterno e a partilha que gera justiça e vida dignificante.

Depois que fechar esta porta, não adianta mais clamar, porque a vida se finda e as mãos ficam vazias das obras boas. Então, querido irmão e irmã, para quem está ainda vivo, viva para o Senhor comprometido na vivência e na coerência do nosso agir cristão na comunidade, e assim o mundo se transfigura e uma nova realidade surge no meio de nós, momento em que Deus será o centro que irradia a paz, a graça, a justiça, a vida e alegria para todos.

Amém!


Bacharel em Teologia pela Pontificium Athenaeum S. Anselmi de Urbe (Roma/Itália) e Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), José Benedito Schumann Cunha é engenheiro. Tem ainda formação em História e Pedagogia. Nasceu em 03 de abril de 1957, em Cristina, Minas Gerais. Atualmente mora em Itajubá (MG). Além de colaborar com o Blog da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Arquidiocese de Montes Claros, ajuda na Pascom da Paróquia São José Operário de Itajubá. Preside também Celebração da Palavra nesta Paróquia e em algumas paróquias vizinhas. Já esteve, por dois meses e meio, experimentando a vocação religiosa.

Texto pensado, produzido e escrito em 19 de agosto de 2010

Assista aqui a vídeo com trecho das orientações do arcebispo metropolitano dom José Alberto Moura na segunda Reunião Ampla de Pastoral (RAP) da Arquidiocese de Montes Claros, realizada nos dias 27 e 28 de agosto de 2010

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