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Frase

"(...) A história se repete: a primeira vez como tragédia. A segunda e outras vezes como farsa da tragédia anunciada. (...)" Karl Heinrich Marx (05/05/1818-14/03/1883)

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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A Bíblia é a Palavra de Deus mais perto de nós

por José Benedito Schumann Cunha
jbscteologo@gmail.com

Neste mês, toda a Igreja celebrou a Bíblia. Esta tem lugar muito especial na nossa liturgia, em cada celebração eucarística ou celebração da palavra. A Bíblia está no meio do povo que reza. Oxalá se, em todas as manifestações religiosas, estivesse a Palavra de Deus sendo lida, refletida e meditada na atitude orante. A Bíblia é a Palavra de Deus mais perto de nós. Devemos lê-la, estudá-la, escutá-la e colocá-la em prática, observando do contexto social de cada época, para que este mundo seja mais humano e cristão.

A liturgia nos remete para as coisas do alto e nos faz um convite muito especial para dar o devido valor aos bens naturais deste mundo, que são dádivas de Deus para nós e que devemos cuidar deles de modo gratuito e com gesto de amor solidário. O profeta Amós tem a missão de promover a justiça de Deus. Por isso ele denuncia os ricos avarentos e gananciosos que tinham poder de explorar os pobres, enganando-os e deixando-os miseráveis e excluídos na sociedade [sobretudo na capitalista]. Ele diz, em bom tom, que Deus não compactua com estas injustiças e dá um alerta: o castigo virá na forma de exílio em terra dos outros (Cf. Am 6, 11-16).

Hoje, podemos confrontar esta profecia com a nossa realidade. É o que acontece semelhante no nosso tempo. Alguns “privilegiados” gastam fortunas em guerras, em luxúrias, usam mal o dinheiro público, praticam a corrupção e tiram vantagens ilícitas [ou até lícitas, mas ilegítimas] para si e para os seus. São insensíveis com à causa dos pobres, dos doentes, dos idosos e dos indefesos, que são mortos e assassinatos antes de nascer.

São Paulo nos alerta que o amor exagerado ao dinheiro é a raiz de todos os males deste mundo. Depois de um processo doloroso de conversão, o Apóstolo dos Gentios critica a cobiça, o roubo, as falcatruas, a corrupção e toda forma de injustiça que não deixa o bem comum ser a primazia do bom uso do dinheiro. Precisamos de alimentos que nos sustentem e vestimentas que nos abriguem para não haver morte prematura (Cf. 1 Tm 6, 10-16).

No Evangelho, São Lucas narra o julgamento de Deus sobre a forma do uso do dinheiro e das riquezas. Na Parábola do Rico e do Pobre, percebemos três quadros com sentidos teológicos. Há descrição da vida do homem rico e do homem pobre. Este é Lázaro, que não tinha nem o alimento para sua real necessidade. Vemos a mudança da situação após a morte do rico e do pobre.

Um vai para o céu, lugar dos justos, e outro, vai para a “morte”, lugar de tormento e ausência do bem, do arrogante e insensível. Há o diálogo do rico para que haja aviso aos que estão ainda vivos para eles mudarem de vida e procurarem o bem, enquanto há tempo na terra. Todos são advertidos (Cf. Lc 16, 19-31).

Não há possibilidade de ninguém que já foi para a eternidade venha à terra para avisar ou exortar alguém para se converter. Na terra, há profetas e missionários de Deus [que não pretendem ser heróis, muito menos salvadores de pátrias]. Estes mostram o verdadeiro caminho que nos leva a Deus.

É uma escolha que devemos fazer neste mundo [cada dia mais globalizado e capitalista, e que afeta a vida de todos]. Os bens que temos não podem ser obstáculo para fazer o bem e a justiça. Não podemos ser materialistas e consumistas, mas solidários e fraternos com todos. Assim somos, de fato, cristãos que se nos comprometermos com a construção do Reino de Deus até a eternidade no céu.

Hoje vemos no mundo muitos “Lázaro” que estão à nossa frente e que são os que recebem um salário-mínimo que é insuficiente para uma vida digna. Os que não têm saúde de qualidade, os que não têm escola de bom nível, os que não têm moradia e saneamento básico, os que ficam esperando as migalhas dos poderosos e permanecem à margem dos bens que os ricos esbanjam nos seus altos cargos de poder, como o rico na Parábola que Jesus, que nos alertou no Evangelho de Lucas que ouvimos na liturgia diária.

Que o nosso coração se abra a Cristo e que sejamos solidários na partilha com todos os nossos irmãos na caminhada para o Reino definitivo com Deus e que a justiça, a paz e fraternidade sejam implantadas no nosso meio, isto é, na nossa sociedade, na nossa comunidade e na nossa família.

Amém!


Bacharel em Teologia pela Pontificium Athenaeum S. Anselmi de Urbe (Roma/Itália) e Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), José Benedito Schumann Cunha é engenheiro. Tem ainda formação em História e Pedagogia. Nasceu em 03 de abril de 1957, em Cristina, Minas Gerais. Atualmente mora em Itajubá (MG). Além de colaborar com o Blog da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Arquidiocese de Montes Claros, ajuda na Pascom da Paróquia São José Operário de Itajubá. Preside também Celebração da Palavra nesta Paróquia e em algumas paróquias vizinhas. Já esteve, por dois meses e meio, experimentando a vocação religiosa.

Texto pensado, produzido e escrito em 23 de setembro de 2010

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